NOBLESSE D ÉTAT: GÊNESE E ESTRUTRA DO CAMPO DIPLOMÁTICO BRASILEIRO



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Transcrição:

ANEXO I FORMULÁRIO DE PROJETO DE PESQUISA 1. IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO Título do projeto: NOBLESSE D ÉTAT: GÊNESE E ESTRUTRA DO CAMPO DIPLOMÁTICO BRASILEIRO Pesquisador responsável: Karla Gobo Contatos: 41-30194346 41-91498646 Telefones: e-mail: Tipo da pesquisa: ( X) BÁSICA ( ) APLICADA Área de conhecimento (Curso de Vínculo): Ciência Política e Relações Internacionais Linha de pesquisa a que o projeto está vinculado: Elites Políticas Área de atuação: [X ] Nacional [ ] Regional [ ] Estadual [ ] Municipal [ ] Outra/ Especificar... Prazos de execução: Data de início Previsão de término Data de envio do relatório parcial Data de envio do relatório final 20/02/2012 20/11/2013 01/08/2013 25/11/2013 1. RESUMO DO PROJETO (máximo 2 laudas) A presente proposta é o desdobramento de uma análise anterior sobre a Política Externa e o papel do Itamaraty na década de 1970, cujo objetivo era investigar o teor da política externa dos anos Médici (1969-1974) e Geisel (1974-1979), cujo propósito era verificar se haveria mudança de paradigma ou somente ajustes nos dois governos (HERMANN. 1999). Para tal estudo, julgou-se importante analisar o papel do

Itamaraty diante da formulação e implementação da política externa, qual seja: se o Ministério das Relações Exteriores formulava e implementava a Política Externa Brasileira (PEB) ou se estava complemente subordinado às diretrizes do líder do Eexecutivo, como é verificado no período ditatorial brasileiro 1 (1964-85). Durante a pesquisa se fez necessário entrevistar alguns atores que tiveram um papel relevante durante o período 2. Um aspecto singular e que já num primeiro momento causou estranhamento nas abordagens com os entrevistados foi a facilidade de acesso, já que se vinha de um trabalho anterior com deputados estaduais e representantes do empresariado 3, em que os contatos eram duramente estabelecidos e se contava, não raro, com recusas, dificuldade de agenda, atrasos, ou até mesmo a não colaboração, ao passo que com os atores em questão, o contato se deu de forma mais eficaz e em nenhum dos casos foi preciso desmarcar ou contar com o atraso, pois todas as entrevistas se deram exatamente no dia e locais marcados através de contato telefônico ou de e-mail. Nesses momentos foi observada a importância de se referir aos demais colegas de exercício diplomático pelo nome completo, inclusive da lista de aprovados no processo seletivo do Instituto Rio Branco 4 no seu ano de ingresso. Nas entrevistas realizadas na casa dos entrevistados, percebia-se objetos de várias partes do mundo, tapetes, louças, uma biblioteca particular, enfim, objetos que remetem à tradição, cultura e ilustração de seus moradores e acabam por se colocar como fortes fatores de distinção e a preservação de um habitus 5 cortês muito peculiar à aristocracia brasileira do século XIX. Em outras palavras, embora seja observada mudanças, no 1 LIMONGI e ARGELINA (1999) apontam para o aumento do poder legislativo do Presidente da República no regime militar (1964-1985) 2 Dentre os entrevistados, pode-se citar o embaixador e ex-ministro do governo Médici, Mario Gibson Barboza; seu assessor político Alberto da Costa e Silva; o secretário geral do Itamaraty nos anos Geisel e posteriormente ministro das relações exteriores no período do presidente Figueiredo (1980-1985), Ramiro Saraiva Guerreiro; o embaixador Rubens Ricupero; o diplomata e estudioso de política externa que ingressou no Itamaraty em 1977, Paulo Roberto de Almeida; o assessor econômico e secretário de imprensa e porta voz do ministro Azeredo da Silveira, embaixador Luiz Felipe Lampreia, dentre outros. 3 Durante os anos de 2004 e 2005 participei da coordenação de campo das pesquisas Empresariado, instituições e democracia: a questão da reforma política, sob coordenação geral do Professor Doutor Paulo Roberto Neves Costa; A Assembléia Legislativa do Estado do Paraná: comportamento parlamentar e processo decisório na 14ª Legislatura (1999-2003), sob coordenação geral do Professor Doutor Mario Fuks. Além do treinamento e coordenação dos entrevistadores na pesquisa Quem governa? Mapeando as elites políticas e econômicas no Paraná contemporâneo, do projeto Instituições e comportamento político no Brasil contemporâneo: O Paraná em perspectiva histórica, sob a coordenação geral dos professores Dr. Renato Monseff Perissinotto e Dr. Adriano Nervo Codato. 4 Este foi um fator curioso das minhas incursões pela diplomacia brasileira, um dos entrevistados fez questão nomear o primeiro, que fora o próprio, até o nono colocado do seu processo de seleção para o Instituto Rio Branco, salvo engano seu ano de ingresso se deu no ano de 1947. 5 De acordo com BOURDIEU (2006) O habitus, como indica a palavra, é um conhecimento adquirido e também um haver, um capital (de um sujeito transcendental na tradição idealista) o habitus, a hexis, indica a disposição incorporada, quase postural ( p. 61).

decorrer do tempo, na forma de recrutamento, parece prevalecer no Itamaraty traços de ilustração comum às aristocracias do século XIX 6, sendo portanto fundamental conhecer a história desse campo. Ao analisar este grupo a partir da perspectiva bourdiesiana, é possível dizer que se estabelecem laços de poder simbólico que podem ser mensurados através de seus gostos artísticos, julgamento, domínio das regras de etiqueta e que influenciam na estrutura do próprio campo, inclusive na relação com os de fora, notadamente deputados federais e senadores, inserindo características muito peculiares ao Ministério das Relações Exteriores (MRE). A condução dos assuntos externos do país conduzido por elementos da aristocracia e da elite agrárias brasileira após a Independência do Brasil em 1822 já foram evidenciadas tanto por analistas de política externa (VIZENTINI, PINHEIRO, CERVO E BUENO), assim como na observação acerca das mudanças institucionais ocorridas no Ministério das Relações Exteriores (CHEIBUB) ou em estudos sobre os principais atores que atuaram no Ministério (ALONSO). Cumpre agora investigar se há a perpetuação deste modelo ou mudanças significativas dos atores ou do habitus da diplomacia brasileira que poderiam ajudar a explicar a especificidade do Ministério perante às demais instituições, principalmente Câmara de Deputados e Senadores, que compõem o aparelho de Estado. Nas entrevistas, outras questões foram se tornando relevantes, como a diferença entre os aparelhos de Estado, ou seja, os atores que representam o Itamaraty se definem, e talvez sejam definidos, como uma burocracia de carreira que defende o interesse nacional, independente do partido político ou do sistema de governo 7. Além de cultivarem uma postura que parecia ter como um dos objetivos justamente se distinguir dos demais atores presentes no aparelho de Estado. Dito de outra forma, os diplomatas, notadamente embaixadores 8, procuravam se distinguir dos políticos profissionais, notadamente deputados federais e senadores. Ao afirmar que sua preocupação era com o Estado, deixavam subentendido que seus anseios iam além das questões propriamente políticas, ou seja, a preocupação não seria com o cotidiano da política ou com uma política de governo, mas com as questões macro, tais como com a defesa do interesse nacional no cenário internacional e a manutenção de um paradigma na PEB. Em outras palavras, essas afirmações deixam claras as 6 ALONSO (2007), ao analisar a vida de Joaquim Nabuco destaca que...a abdicação da suntuosidade cortesã pela família imperial pulverizou a vida social em salões particulares (p. 33) 7 Nas entrevistas alguns pontos relevantes foram apontados por diversos atores, como a defesa de que o Itamaraty defende o interesse nacional e não os governos 8 Os aprovados no processo de seleção do Instituto Rio Branco são nomeados como Terceiro-Secretário, os cargos seguintes são: Segundo-Secretário, Primeiro-Secretário, Conselheiro, Ministro de Segunda Classe e Ministro de Primeira Classe (Embaixador).

diferenças que se pretendem estabelecer entre o Itamaraty e o restante dos ministérios, a única semelhança razoavelmente aceita foi aquela que aproximava Itamaraty e Forças Armadas 9 na semelhança organizacional, ou seja, no sistema fortemente hierarquizado e disciplinar - esta é inclusive uma das variáveis apontadas para a manutenção do suposto insulamento burocrático do Itamaraty mesmo nos anos do regime militar (1964-1985). Nas palavras de Alberto da Costa e Silva, assessor político de Mario Gibson Barboza (1969-1974), e um dos grandes responsáveis pela aproximação do Brasil com o continente africano. Tanto Costa e Silva e o presidente Médici, diferentemente de Geisel que se interessa por política externa, coisa que os outros dois não tinham, deixaram o Itamaraty, de uma maneira geral, aos ministros do exterior, que tinham certa liberdade na formulação e na execução da política externa. Havia certa liberdade de ação, uma liberdade para a formulação de uma doutrina de política externa. Os militares tinham certo respeito pelo profissionalismo do Itamaraty. (entrevista com Alberto da Costa e Silva. 2006) Tendo em vista essas observações iniciais cumpre apontar que a presente proposta tem por objetivo realizar uma análise sociológica do corpo diplomático brasileiro através da análise histórica e documental, além de questionários aplicados aos embaixadores brasileiros 10, já que eles ocupam o posto mais elevado da hierarquia diplomática 11, para isso certamente contaram com o domínio do habitus e conhecimento da estrutura do campo presentes na carreira. Em outras palavras, o que se pretende aqui é realizar um trabalho de Sociologia da Política 12, no qual os diplomatas brasileiros constituem objeto de estudo. 9 Para Cheibub (1985), a diplomacia é uma atividade que encontra correlação e complementaridade com as forças armadas, principalmente quando se analisa o estabelecimento dos Estados nacionais europeus. 10 Nos dias atuais, o Itamaraty conta com 260 Embaixadores ativos, e 275 diplomatas aposentados, que em sua maioria alcançaram o grau mais elevado da carreira. No entanto, para a presente pesquisa pretende-se entrevistar tão somente o universo de Embaixadores que estão na ativa. 11 Os critérios de promoção na carreira: são a antigüidade e o merecimento, o período mínimo de permanência em cada cargo é de quatro anos. Dessa forma, a ascensão a carreira de Ministro de Primeira Classe (Embaixador) tem como tempo mínimo pelo menos 20 anos. 12 SARTORI (1972) aponta as diferenças entre Sociologia da Política e Sociologia Política: na primeira método, a estrutura e o enfoque são de natureza sociológica, enquanto a segunda, seria...um híbrido interdisciplinar que tenta combinar as variáveis sociais e políticas explanatórias, isto é, os insumos (inputs) sugeridos pelo sociólogo e os sugeridos pelo cientista político (p. 112)

2. CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES DO PROJETO PERÍODO 1º mês 2º mês 3º mês 4º 5º mês 6º mês 7º 8º mês 9º mês 10º mês mês mês Revisão X X X X bibliográfica Coleta de X X X X X X X X dados Entrega do X Relatório Parcial Entrega do Relatório Final X 3. RECURSOS PREVISTOS NO PROJETO. DESCRIÇÃO UNID. QUANT. CUSTO UNITÁRIO R$ SUBTOTAL R$ 4. GRUPO DE PESQUISA Nome TOTAL DE RECURSOS (R$) Professor Estudante Titulação Unidade Além da professora, o grupo de alunos serão selecionados caso o grupo seja aprovado. 5. RESPONSÁVEL PELO PROJETO Karla Gobo Data 07/02/2013 Assinatura do Responsável OBS: Anexar os currículos Lattes do(s) professor (es) pesquisador(es).