REDUZIR É OMITIR, EDUCAR É AGIR!
MANIFESTO DE DEFESA Contra a Redução da Maioridade Penal A ORGANIZAÇÃO Aldeias Infantis SOS Brasil, presente em 12 estados brasileiros e Distrito Federal, integrante da SOS Kinderdorf International, presente em 134 países, atende diretamente crianças, adolescentes e jovens que perderam ou estão em risco de perder o cuidado parental, com ações de fortalecimento de vínculos familiares e comunitários e de defesa de direitos. Vimos, por meio deste manifesto, defender nossa posição contrária à redução da maioridade penal:
01 DEFENDEMOS a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Convenção dos Direitos da Criança da ONU, a Constituição Brasileira, o Estatuto da Criança e do Adolescente e as Políticas Públicas previstas no SINASE (Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo) como instrumentos necessários para a efetivação dos direitos e deveres dos meninos e meninas que infringiram a lei; 02 DEFENDEMOS o respeito aos tratados internacionais e nacionais de direitos humanos acima de qualquer manobra política e financeira que interfira no interesse superior de crianças e adolescentes; 03 DEFENDEMOS que o melhor ambiente para o desenvolvimento de crianças e adolescentes é aquele que propicia cuidado de qualidade, baseado no carinho, afeto e atenção; 04 05 DEFENDEMOS metodologias educativas a partir do princípio do processo de respeito pela singularidade e potencialidade de cada pessoa na perspectiva de sua autonomia; DEFENDEMOS a força transformadora dos educadores como agentes que promovem uma educação libertária para seus educandos;
DEFENDEMOS ações que priorizem o fortalecimento das redes familiares e comunitárias e que respondam ao interesse superior de cada criança e adolescente; 06 07 DEFENDEMOS o direito de ser escutado e de receber suporte de defesa para todos aqueles que são convocados a responder diante da justiça; 08 DEFENDEMOS a ampla divulgação de dados e informações sobre crianças e adolescentes para toda a população, que muitas vezes desconhece as leis, políticas e investimentos existentes e necessários neste campo; 09 10 DEFENDEMOS a utilização das mídias privadas e públicas como meios para o desenvolvimento educativo, informativo e cultural da população, e não para apelos de violência, de sensacionalismo e de consumismo; DEFENDEMOS que o problema social da violência não se resume à falta de políticas e orçamentos públicos e sim à inoperância da implementação de todos os marcos e estratégias políticas e legais já existentes em âmbito nacional;
11 DEFENDEMOS a intersetorialidade das políticas públicas para crianças e adolescentes com base no Plano Decenal; 12 DEFENDEMOS a ampliação de serviços e ações de educação, cultura e formação para produções laborais; 13 DEFENDEMOS o fortalecimento das Organizações, Movimentos, Projetos Sociais e Coletivos, que são o contraponto de respostas não institucionalizadas e judicialescas frente à vida de crianças e adolescentes, e que nestes últimos anos são criminalizados e enfraquecidos politica e financeiramente; 14 DEFENDEMOS o combate ao preconceito com crianças, adolescentes e suas famílias (negras, pobres e de periferias urbanas e rurais), que são as principais vítimas da violação de direitos. 15 DEFENDEMOS a implantação do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos como estratégia para a construção de um novo paradigma social baseado prioritariamente no direito à vida;
16 DEFENDEMOS a implementação efetiva do SINASE (Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo), que nestes últimos anos não tem sido prioridade de planejamento e muito menos execução nos Estados; 17 DEFENDEMOS a punição severa dos gestores públicos que não garantem a implementação das políticas voltadas aos direitos humanos de crianças e adolescentes; 18 DEFENDEMOS a construção de uma nova política de segurança pública, que tenha como foco a prevenção e a utilização de ações inteligentes, humanizadoras e amigáveis com a população; 19 DEFENDEMOS a efetivação de políticas públicas de enfrentamento ao tráfico de drogas em todos os seus âmbitos; 20 DEFENDEMOS as campanhas de desarmamento que possibilitam um paradigma baseado na não-violência;
22 DEFENDEMOS a desmilitarização das estruturas e ações policiais; DEFENDEMOS a implementação de outras modalidades presentes no Estatuto da Criança e do Adolescente que possam oferecer medidas socioeducativas para adolescentes; 24 21 23 DEFENDEMOS a abertura de CPIs para o acompanhamento e investigação das unidades de atendimento socioeducativas em todo o país; DEFENDEMOS a publicação de pesquisas permanentes sobre a situação de torturas e mortes de adolescentes em unidades de atendimento socioeducativas; 25 DEFENDEMOS a carta magna, que preconiza em seu art. 227 que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Por estes e outros motivos não apoiamos qualquer tipo de proposta que interfira nos marcos constitucionais presentes em nosso país, com relação aos Direitos de Crianças e Adolescentes. Somos Contra a Redução da Maioridade Penal! REDUZIR É OMITIR, EDUCAR É AGIR!
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