EMENTA ACÓRDÃO. Ivori Luis da Silva Scheffer Relator

Documentos relacionados
RELATÓRIO VOTO. É o relatório.

AGRAVO REGIMENTAL EM APELAÇÃO CÍVEL Nº /SC

EMENTA PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. EMENDA CONSTITUCIONAL Nº. 20/98. ARTIGO 201, IV, CF/88. DEPENDENTE DE BAIXA RENDA.

EMENTA ACÓRDÃO. Osório Ávila Neto Relator

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO JEF Nº

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO CÍVEL Nº /SC

ACÓRDÃO. Maria Cristina Saraiva Ferreira e Silva Juiz Federal Relator

Poder Judiciário TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO APELAÇÃO CÍVEL Nº /PR

JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 3ª Turma Recursal Juízo A V O T O. Relator: Juiz Federal André Luís Medeiros Jung

Superior Tribunal de Justiça

Tribunal Regional Federal da 3ª Região

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº /PR

EMENTA ACÓRDÃO. RELATOR : Juiz Federal HERMES SIEDLER DA CONCEIÇÃO JÚNIOR

COMPILADO DE NORMAS CERTIDÃO POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO

Superior Tribunal de Justiça

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO EMENTA

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO EMENTA

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO

TEMPO RURAL E SEUS REFLEXOS NA APOSENTADORIA

Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 1ª Composição Adjunta da 5ª Junta de Recursos

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 1ª Composição Adjunta da 26ª Junta de Recursos

EMENTA ACÓRDÃO. Juiz Federal JORGE ANTONIO MAURIQUE Relator

14/10/2016 SEGUNDA TURMA : MIN. TEORI ZAVASCKI

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O 4ª TURMA GDCCAS/CVS/NC/iap

RELATOR : CARLOS EDUARDO THOMPSON FLORES LENZ APELANTE :

E M E N T A A C Ó R D Ã O

Supremo Tribunal Federal

Superior Tribunal de Justiça

Supremo Tribunal Federal

RELATÓRIO. pmm/eba VOTO

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

EMENTA ACÓRDÃO RELATÓRIO APELAÇÃO CÍVEL Nº /PR

EMENTA ACÓRDÃO. Poder Judiciário TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO

Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 24ª Junta de Recursos

EMENTA. 2. Recurso parcialmente conhecido e improvido. ACÓRDÃO

Supremo Tribunal Federal

AGRAVO EM APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº /SC RELATOR : MARIA LÚCIA LUZ LEIRIA AGRAVANTE :

Superior Tribunal de Justiça

RELATÓRIO. A Excelentíssima Senhora Desembargadora Federal Relatora, Dra. Vesna Kolmar:

A carência é o número mínimo de contribuições mensais necessário a fruição de determinados benefícios.

Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 1ª TURMA RECURSAL JUÍZO A

19/05/2017 SEGUNDA TURMA : MIN. GILMAR MENDES

20/05/2014 PRIMEIRA TURMA : MIN. ROBERTO BARROSO

Superior Tribunal de Justiça

Certificação do Tempo de Contribuição e Alterações na Portaria MPS nº 154/2008

III o de serviço público federal exercido anteriormente à opção pelo regime da CLT;

29/09/2017 SEGUNDA TURMA : MIN. GILMAR MENDES (29179/SC OAB)

Superior Tribunal de Justiça

Comentário. Autor: Fabiana Carsoni Alves F. da Silva Paulo Coviello Filho Débora Regina March

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO

RELATÓRIO A EXMA. SRA. DESEMBARGADORA FEDERAL LEIDE POLO:

EMENTA ACÓRDÃO. Porto Alegre, 17 de maio de Poder Judiciário TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO

O Exmº. Sr. Desembargador Federal EDILSON PEREIRA NOBRE JÚNIOR (Relator):

EMENTA ACÓRDÃO RELATÓRIO APELAÇÃO CÍVEL Nº /RS

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO APELAÇÃO CÍVEL Nº /SP

RECURSO INOMINADO (CRIME CAPITAL/CÍVEL E CRIME INT.) 0328/2008

Supremo Tribunal Federal

30/06/2017 SEGUNDA TURMA

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

Supremo Tribunal Federal

Supremo Tribunal Federal

09/09/2016 SEGUNDA TURMA : MIN. TEORI ZAVASCKI

Superior Tribunal de Justiça

EMENTA ACÓRDÃO. Porto Alegre, 15 de março de Poder Judiciário TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO

Superior Tribunal de Justiça

REEXAME NECESSÁRIO CÍVEL Nº /SC RELATOR : CÂNDIDO ALFREDO SILVA LEAL JUNIOR PARTE AUTORA EMENTA

30/06/2017 SEGUNDA TURMA : MIN. GILMAR MENDES

Supremo Tribunal Federal

Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 2ª Composição Adjunta da 13ª Junta de Recursos

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 29, DE 4 DE JUNHO DE 2008: Altera a Instrução Normativa no- 20 INSS/PRES, de 10 de outubro de 2007.

Processo PEDILEF Publicação 09/10/2015. Julgamento 19 de Agosto de Relator JUIZ FEDERAL WILSON JOSÉ WITZEL.

06/10/2017 SEGUNDA TURMA : MIN. RICARDO LEWANDOWSKI SÃO PAULO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO

Supremo Tribunal Federal

:: Portal da Justiça Federal da 4ª Região ::

Poder Judiciário TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO REMESSA NECESSÁRIA CÍVEL Nº /PR

PARECER CONSULENTE: Federação dos Municipários do Estado do Rio Grande do Sul - FEMERGS

Poder Judiciário Tribunal Regional Federal da 5ª Região Gabinete do Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira

CARLOS MENDONÇA DIREITO PREVIDENCIÁRIO

EMENTA ACÓRDÃO APELAÇÃO CÍVEL Nº /RS

Supremo Tribunal Federal

Superior Tribunal de Justiça

EMENTA ACÓRDÃO. JOEL ILAN PACIORNIK Relator

Superior Tribunal de Justiça

CONTAGEM RECÍPROCA DE TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. Agosto/2017. Daniel Machado da Rocha

Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 24ª Junta de Recursos

CENTRO DOS PROFESSORES DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - CPERS Agravante D E C I S Ã O

Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 1ª TURMA RECURSAL JUÍZO C

Poder Judiciário TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO

Superior Tribunal de Justiça

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO


Supremo Tribunal Federal

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO WILDO

02/05/2017 SEGUNDA TURMA : MIN. RICARDO LEWANDOWSKI

Transcrição:

1 de 6 19/09/2012 17:09 INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO JEF Nº 2008.72.64.000249-8/SC RELATOR : Juiz IVORI LUÍS DA SILVA SCHEFFER RECORRENTE : ANTONIO ROGERIO FERNANDES ADVOGADO : Francisco Vital Pereira e outro RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS ADVOGADO : Milton Drumond Carvalho D.E. Publicado em 03/07/2009 EMENTA PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. TEMPO DE SERVIÇO MILITAR. CÔMPUTO PARA FINS DE CARÊNCIA. POSSIBILIDADE. ARTIGO 55, INCISO I, 2º, LEI 8.213/91. O tempo de serviço militar, além de expressamente computar como tempo de serviço/contribuição, nos termos do artigo 55, I, da Lei 8.213/91, e artigo 60, IV, do Decreto 3.048/99, também deve ser considerado para fins de carência. Incidente de Uniformização conhecido e provido. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Turma Regional de Uniformização do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade, conhecer e dar provimento ao pedido de uniformização, nos termos do relatório, votos e notas taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Florianópolis, 15 de junho de 2009. Ivori Luis da Silva Scheffer Relator Documento eletrônico assinado digitalmente por Ivori Luis da Silva Scheffer, Relator, conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, e a Resolução nº 61/2007, publicada no Diário Eletrônico da 4a Região nº 295 de 24/12/2007. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico https://www.trf4.gov.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 2922285v2 e, se solicitado, do código CRC 692E7794. Informações adicionais da assinatura: Signatário (a): IVORI LUIS DA SILVA SCHEFFER:2291 Nº de Série do Certificado: 44357714 Data e Hora: 30/06/2009 15:32:28

2 de 6 19/09/2012 17:09 INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO JEF Nº 2008.72.64.000249-8/SC RELATOR : Juiz IVORI LUÍS DA SILVA SCHEFFER RECORRENTE : ANTONIO ROGERIO FERNANDES ADVOGADO : Francisco Vital Pereira e outro RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS ADVOGADO : Milton Drumond Carvalho RELATÓRIO Trata-se de Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal interposto contra acórdão da Primeira Turma Recursal de Santa Catarina - TRSC01. Insurge-se o autor contra decisão que negou provimento ao seu recurso inominado, por considerar que não há possibilidade de contagem do tempo de serviço militar para fins de carência. Sem contra-razões. O Ministério Público Federal manifestou-se favorável ao provimento do pedido de uniformização. É o breve relatório. Passo a proferir voto. Ivori Luis da Silva Scheffer Relator Documento eletrônico assinado digitalmente por Ivori Luis da Silva Scheffer, Relator, conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, e a Resolução nº 61/2007, publicada no Diário Eletrônico da 4a Região nº 295 de 24/12/2007. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico https://www.trf4.gov.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 2853703v6 e, se solicitado, do código CRC 28CE27C9. Informações adicionais da assinatura: Signatário (a): IVORI LUIS DA SILVA SCHEFFER:2291 Nº de Série do Certificado: 44357714 Data e Hora: 04/06/2009 17:18:46 INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO JEF Nº 2008.72.64.000249-8/SC RELATOR : Juiz IVORI LUÍS DA SILVA SCHEFFER RECORRENTE : ANTONIO ROGERIO FERNANDES ADVOGADO : Francisco Vital Pereira e outro

3 de 6 19/09/2012 17:09 RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS ADVOGADO : Milton Drumond Carvalho VOTO Tempestividade. O recorrente foi intimado do acórdão no dia 8.8.2008 (sexta-feira), iniciando-se a contagem do prazo no dia 11.01.2008. Tendo o recurso sido apresentando recurso no dia 20.08.2008, é tempestivo. Demonstração da divergência Foi invocada como paradigma a decisão TRRS 2005.71.95.011145-6, da qual destaco o seguinte excerto: [...] nos termos do artigo 55, I, da LBPS, o período de atividade militar será computado como tempo de serviço para fins previdenciários, inexistindo qualquer ressalva no sentido de que o tempo de serviço militar não é considerado para fins de carência. Na forma do artigo 55, 2º da LBPS, apenas o tempo de serviço do segurado trabalhador rural, anterior à data de vigência da mencionada Lei, não será aproveitado para fins de carência. Demonstrada a divergência. Mérito O presente pedido de uniformização tem por objeto uniformizar a interpretação do art. 55, inciso I e parágrafo 2º, da LBPS, que dispõe que: O tempo de serviço será comprovado na forma estabelecida no Regulamento, compreendendo, além do correspondente às atividades de qualquer das categorias de segurados de que trata o art. 11 desta Lei, mesmo que anterior à perda da qualidade de segurado: I - o tempo de serviço militar, inclusive o voluntário, e o previsto no 1º do art. 143 da Constituição Federal, ainda que anterior à filiação ao Regime Geral de Previdência Social, desde que não tenha sido contado para inatividade remunerada nas Forças Armadas ou aposentadoria no serviço público. Essa questão já foi enfrentada pela Turma Regional de Uniformização, no julgamento do processo nº. 2007.72.95.001932-7, Relator Juiz Rony Ferreira, em sessão realizada em 22 de agosto de 2008, cuja ementa segue transcrita: PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. TEMPO DE SERVIÇO MILITAR. CÔMPUTO PARA FINS DE CARÊNCIA. POSSIBILIDADE. 1. Os institutos da carência e de tempo de serviço/contribuição não se confundem. A carência se caracteriza tanto pela existência da relação jurídica de filiação quanto da relação jurídica de custeio. O tempo de serviço/contribuição se caracteriza pela relação jurídica de filiação, mediante o exercício de atividade abrangida pela previdência social, que pode ou não ter caráter contributivo. 2. O artigo 63 da Lei nº 4.375/64 (Lei do Serviço Militar), ao tratar dos direitos garantidos aos convocados, prescreve que os prestadores do serviço militar inicial terão o direito de contar esse tempo para fins de aposentadoria. 3. O artigo 100 da Lei nº 8.112/90 (Estatuto dos Servidores Públicos da União), reconhece que o tempo de serviço prestado às Forças Armadas é tempo de serviço público federal, computado para todos os efeitos, de modo que, mediante o instituto da contagem recíproca, o artigo 3º da Lei

4 de 6 19/09/2012 17:09 9.796/99 garante a compensação financeira ao Regime Geral de Previdência Social pela União Federal, ente público ao qual o militar estava vinculado. 3. Como a prestação de serviço militar inicial não é uma faculdade do cidadão, mas sim uma obrigação imposta constitucionalmente, não é razoável admitir que o convocado tenha que ser sacrificado com possível exclusão previdenciária decorrente da não contagem para fins de carência daquele período em que esteve servindo à Pátria. 4. O tempo de serviço militar, além de expressamente computar como tempo de serviço/contribuição, nos termos do artigo 55, I, da Lei 8.213/91, e artigo 60, IV, do Decreto 3.048/99, também deve ser considerado para fins de carência. 5. Incidente conhecido e provido. Confira-se o seguinte trecho do voto do Juiz Relator, cuja fundamentação passo a adotar como razão de decidir: A Constituição Federal, em seu artigo 143, estabelece que o serviço militar é obrigatório, nos termos da lei. Como principal instrumento legal, a Lei do Serviço Militar (Lei nº 4.375, de 17 de Agosto de 1964) e seu Regulamento (Dec nº 57.654, de 20 de Janeiro de 1966) fixam as normas, os procedimentos, os direitos e os deveres de todos os cidadãos brasileiros, no que tange à prestação do Serviço Militar obrigatório. A Lei do Serviço Militar dispõe em seu artigo 1º que "o serviço militar consiste no exercício de atividades específicas desempenhadas nas Forças Armadas - Exército, Marinha e Aeronáutica - e compreenderá, na mobilização, todos os encargos relacionados com a defesa nacional". Por sua vez, o Estatuto dos Militares, Lei 6.880/80, classifica os prestadores do serviço militar inicial obrigatório como militares da ativa, que, na qualidade de membros das Formas Armadas, constituem "uma categoria especial de servidores da Pátria". Art. 3º Os membros das Forças Armadas, em razão de sua destinação constitucional, formam uma categoria especial de servidores da Pátria e são denominados militares. 1 Os militares encontram-se em uma das seguintes situações: a) na ativa: II - os incorporados às Forças Armadas para prestação de serviço militar inicial, durante os prazos previstos na legislação que trata do serviço militar, ou durante as prorrogações daqueles prazos; Assim, o serviço militar assume elevada importância dentro de nossa ordem constitucional na medida em que as Forças Armadas se destinam à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais, da lei e da ordem. Em face da obrigatoriedade do serviço militar, que geralmente causa o afastamento dos cargos/empregos dos convocados, a Lei do Serviço Militar, ao tratar dos direitos a eles garantidos, prescreve que os prestadores do serviço militar inicial terão o direito de contar esse tempo para fins de aposentadoria, conforme o artigo 63 abaixo transcrito: Art 63. Os convocados contarão, de acordo com o estabelecido na Legislação Militar, para efeito de aposentadoria, o tempo de serviço ativo prestado nas Forças Armadas, quando a elas incorporados. Tanto é assim que a Lei 8.112/90, Estatuto dos Servidores Públicos da União, reconhece que o tempo de serviço prestado às Forças Armadas é tempo de serviço público federal, computado para todos os efeitos. Art. 100. É contado para todos os efeitos o tempo de serviço público federal, inclusive o prestado às Forças Armadas. Como durante o período de prestação de serviço militar inicial os convocados permanecem à disposição e vinculados exclusivamente à União Federal, é razoável admitir esse tempo para todos os efeitos na esfera do serviço público federal. Ocorre que no âmbito do Regime Geral da Previdência Social não há essa previsão, de contagem do tempo de serviço militar para todos os efeitos, que autorizaria sem maiores discussões seu cômputo para fins de carência. Porém, considerando que o único empecilho para tal seria a falta de contribuições previdenciárias, é de se considerar que a Lei 9.796/99 estabeleceu os critérios de compensação financeira entre o Regime Geral de Previdência Social e os regimes de previdência dos servidores da União, nos casos de contagem recíproca de tempo de contribuição para efeito de aposentadoria. Se o tempo de serviço militar é computado para todos os efeitos na esfera do serviço público

5 de 6 19/09/2012 17:09 federal, a compensação financeira com o Regime Geral da Previdência Social, prevista no artigo 3º da Lei 9.796/99, deve ser garantida pela União Federal, ente público ao qual o militar estava vinculado. Desse modo, além da contagem do tempo de serviço militar como tempo de contribuição, entendo possível, nos termos da fundamentação, admitir que esse tempo seja computado também para fins de carência no regime geral da previdência. Note-se que a conclusão contrária pode gerar situações extremamente graves e que, sem dúvida, importariam em involuntária exclusão dos convocados da proteção previdenciária. Por exemplo, suponhamos alguém que mantenha vínculo empregatício por 06 meses com determinada empresa e que tenha sido convocado para prestar o serviço militar obrigatório. No caso, essa pessoa era segurada do RGPS e já tinha vertido 06 contribuições, mas, com a convocação ocorre a suspensão do seu contrato de trabalho para a prestação do serviço militar. Ao término de sua obrigação de serviço às Forças Armadas, ocorre seu retorno ao emprego, em razão da garantia legal do artigo 60 da Lei 4.375/64, o que o faz retomar o vínculo com o RGPS e reiniciar a contagem das contribuições. Caso essa pessoa exemplificativamente venha a ficar incapaz para o trabalho nos próximos três ou quatro meses depois de seu retorno ao emprego, não poderá receber benefício por incapacidade em razão do não preenchimento da carência (12 contribuições), haja vista que menor número de contribuições teriam sido vertidas ao RGPS e o tempo de serviço militar não lhe serviria para somar carência. Diante dessa situação, considerando que a prestação de serviço militar inicial não é uma faculdade do cidadão, mas sim uma obrigação imposta constitucionalmente, não é razoável admitir que o convocado tenha que ser sacrificado com possível exclusão previdenciária decorrente da não contagem para fins de carência daquele período em que esteve servindo á Pátria. É por isso que entendo que o tempo de serviço militar, além de expressamente computar como tempo de serviço/contribuição, nos termos do artigo 55, I, da Lei 8.213/91, e artigo 60, IV, do Decreto 3.048/99, também pode ser considerado para fins de carência. Ante o exposto, voto por conhecer e dar provimento ao pedido de uniformização, para uniformizar o entendimento de que o tempo de serviço militar é computado para fins de carência, remetendo os presentes autos à Turma Recursal de origem para a devida adequação e análise do preenchimento dos requisitos necessários à concessão do benefício pleiteado. Ivori Luis da Silva Scheffer Relator Documento eletrônico assinado digitalmente por Ivori Luis da Silva Scheffer, Relator, conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, e a Resolução nº 61/2007, publicada no Diário Eletrônico da 4a Região nº 295 de 24/12/2007. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico https://www.trf4.gov.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 2853724v6 e, se solicitado, do código CRC F6D77A23. Informações adicionais da assinatura: Signatário (a): IVORI LUIS DA SILVA SCHEFFER:2291 Nº de Série do Certificado: 44357714 Data e Hora: 04/06/2009 17:18:49

6 de 6 19/09/2012 17:09