CARTA DE ÓBIDOS PACTO PARA A CRIATIVIDADE Reuniram-se um conjunto de autarcas de Portugal, Espanha, Hungria, Roménia, Reino Unido e Itália no 1º Encontro de Autarcas para a Criatividade, que teve lugar em Óbidos (Portugal), no dia 22 de Janeiro de 2009, no âmbito da rede CREATIVE CLUSTERS Clusters Criativos em Áreas Urbanas de Baixa Densidade, apoiada pelo Programa URBACT II da União Europeia. A estes juntaram-se outros autarcas portugueses nomeadamente os membros da Rede Nacional para a Criatividade, assim como outras autoridades regionais e locais que privilegiam a criatividade e a inovação como motores do desenvolvimento. CONSIDERANDOS As cidades e as regiões são os actores chave da competitividade global e do dinamismo da União Europeia. A criatividade e a inovação são condições necessárias para o desenvolvimento económico, político, social e cultural das cidades e regiões, estando no cerne das respostas aos desafios que enfrenta actualmente a Europa: globalização, mudanças demográficas, alterações climáticas e construção da sociedade do conhecimento. Apesar da aposta na criatividade e inovação, cada região, cidade ou área urbana deve assentar a sua estratégia de desenvolvimento em factores diferenciadores do território, promovendo a sua identidade local, nomeadamente os produtos tradicionais, espécies autóctones e o Património material e imaterial. Estes novos factores de competitividade apelam à captação de empresas, investimentos e projectos com elevada intensidade de I&D, conhecimento e criatividade (as designadas indústrias criativas ) e à atracção e fixação de talentos (a dita classe criativa ). As indústrias criativas têm uma importância determinante para o desempenho económico, não só pelo impacto directo em variáveis macroeconómicas como o PIB e o emprego, mas também pelos efeitos multiplicadores sobre outros sectores de actividade (nomeadamente sectores tradicionais como os têxteis, o mobiliário, a agricultura, o turismo ou a gastronomia). 1
A diversidade cultural e a qualidade de vida (com destaque para o património natural e histórico-cultural, festivais e eventos, infra-estruturas culturais, etc.) são factores chave para a captação de recursos humanos criativos para uma cidade ou região. Os clusters criativos assentam em estratégias de parceria entre empresas, instituições culturais, espaços de arte, artistas individuais, centros de media, etc., mas são essencialmente comunidades para viver, trabalhar, aprender e interagir onde a produção se alia ao consumo cultural. Os clusters criativos não são apenas viáveis nas grandes cidades e metrópoles, mas podem constituir-se como importantes impulsionadores do desenvolvimento de áreas urbanas de pequena e média dimensão e de zonas rurais. A cooperação entre cidades, nomeadamente entre áreas urbanas de pequena e média dimensão e áreas rurais, afigura-se como essencial para a afirmação competitiva destas zonas a nível europeu. A emergência de fenómenos de presumida capitalidade não deve ser privilegiada, mas antes a constituição de redes e de projectos comuns entre vilas, cidades e regiões. O momento de crise que atravessa actualmente a Europa cria oportunidades para a mudança, sendo que a criatividade e a inovação deverão desempenhar um papel central nas políticas nacionais e europeias futuras. NÓS, AUTARCAS, RECONHECEMOS A relevância das conclusões da Reunião informal de Ministros do Desenvolvimento Urbano da União Europeia, que teve lugar em Novembro de 2008, que declaram as cidades como motores do desenvolvimento económico e da inovação e que propõem como uma das linhas de trabalho da Presidência Checa da UE a exploração de uma nova parceria urbano-rural. A importância do lançamento do Livro Verde sobre a Coesão Territorial Europeia para discussão pública, onde se assume a cooperação como uma das linhas de acção para a promoção do desenvolvimento sustentável das cidades e regiões europeias. 2
A relevância do conteúdo dos documentos estratégicos A Economia da Cultura na Europa (2006) e Agenda Europeia para a Cultura num Mundo Globalizado (2007) para o reconhecimento da cultura e da criatividade como motores do desenvolvimento económico e social. A importância do lançamento das Plataformas do Sector Cultural pela Comissão Europeia, uma das quais dedicada ao potencial das indústrias culturais e criativas, com a participação interactiva de diversas entidades e organizações europeias. A importância da decisão da União Europeia de designar 2009 como o Ano Europeu da Criatividade e Inovação que considera a criatividade e a inovação como motores da prosperidade económica e do bem-estar individual e social. A relevância dos tópicos lançados para discussão no referido Ano Europeu que integram: diversidade cultural como base para a criatividade e inovação; criatividade e inovação no sector público; educação para a criatividade e inovação; criatividade e inovação e a sociedade do conhecimento; criatividade e inovação e o desenvolvimento sustentável; artes e indústrias criativas. A importância da elaboração do Livro Verde para a Criatividade em curso pela Comissão Europeia, no âmbito do Ano Europeu para a Criatividade e Inovação 2009. NÓS, AUTARCAS, APELAMOS Às autoridades regionais e nacionais, a criação de agências, devidamente dotadas de recursos específicos para a implementação de estratégias e programas de acção para a Criatividade; Às autoridades nacionais, a criação do Voucher da Inovação e Criatividade de modo a incentivar e desenvolver o grau de relacionamento entre as empresas e a classe criativa. Ao aumento e fortalecimento da relação com as Universidades e suas unidades de investigação gerando novas centralidades ou territórios de inovação, aproveitando a excelência dos centros e parques tecnológicos existentes; 3
Às autoridades nacionais e europeias, a consideração das políticas para a criatividade como multi-sectoriais e horizontais, articulando as políticas económicas, cultural, urbana, de ciência e tecnologia, de ensino e educação, de energia e ambiente, etc. Às autoridades regionais, nacionais e europeias, o fomento de estratégias de investimento na educação orientada para o aumento da capacidade criativa, do espírito de risco e do empreendedorismo dos indivíduos, das organizações e das comunidades. Às autoridades regionais, nacionais e europeias, a geração de sistemas de informação e novos sistemas de produção estatística no domínio cultural e criativo que respondam às exigências de uma economia criativa e avaliem os respectivos impactos na sociedade, suportando os processos de decisão dos actores públicos e privados. Às autoridades nacionais e europeias, a promoção de novas estratégias de incentivo às indústrias criativas de fulcral importância para o desenvolvimento económico e de melhoria das condições financeiras e de investimento para as PME do sector a nível regional e local, através da criação de um programa financeiro específico. Às autoridades regionais, nacionais e europeias, o reconhecimento do papel das áreas urbanas de pequena e média dimensão e das zonas rurais como motores de criatividade e inovação e do desenvolvimento policêntrico do território, nomeadamente através do reforço das suas capacidades financeiras para a implementação de estratégias especificamente locais de desenvolvimento económico territorial. Às autoridades europeias e nacionais e regionais, o reconhecimento efectivo do potencial do sector criativo, em particular nas referidas áreas urbanas, no quadro dos Fundos Estruturais, de outros programas da União Europeia e dos programas nacionais e regionais. Às Autoridades europeias, a inclusão da visão e casos piloto de pequenas e médias cidades e áreas rurais no Livro Verde para a Criatividade em elaboração no âmbito do Ano Europeu da Criatividade e Inovação 2009. Às autoridades europeias, o lançamento de uma Rede Europeia para a Criatividade aliando as redes e cidades dos respectivos Estados-membros, de modo a articular os projectos já existentes na União Europeia. Às autoridades europeias, o lançamento de uma iniciativa designada Rede Europeia de Excelência da Inovação e Criatividade, para destacar anualmente uma rede de um Estado 4
Membro, ou que abranja mais do que um País da EU, de um prémio Território Criativo que assuma a importância das pequenas e médias áreas urbanas e não apenas das grandes metrópoles. Às autoridades europeias e nacionais que estabeleçam programas de promoção da rotatividade e mobilidade de projectos e criativos no espaço europeu, nomeadamente, através de bolsas de residência, residências criativas e agendas comuns. NÓS, AUTARCAS, COMPROMETEMO-NOS A promover as melhores condições sociais, culturais e espaciais para que a criatividade possa emergir nos nossos territórios. A desenvolver estratégias e planos de acção locais para a criatividade, com base nos factores diferenciadores e imagem única dos territórios. A estimular a participação activa da comunidade no desenvolvimento dessas estratégias e planos de acção, incluindo organismos públicos, universidades, escolas, empresas, associações empresariais e regionais, instituições financeiras e os cidadãos, sejam artistas, cientistas, engenheiros, arquitectos, designers, etc. A explorar o potencial de crescimento dos negócios criativos (fundos de investimento especializados, políticas de propriedade intelectual, iniciativas de marketing, etc.). A promover a imaginação e a criatividade e a descoberta de talentos nos currículos educativos, nomeadamente com a participação no concurso de escolas criativas da rede URBACT II. A assumir o empreendedorismo criativo como elemento chave das políticas para a criatividade, numa lógica de fomento da produção e não só do consumo cultural. A criar as condições infra-estruturais para o crescimento do sector criativo com foco na criação de espaços para os cidadãos, em particular grupos de jovens, poderem exprimir, experimentar e desenvolver as suas ideias, numa lógica de regeneração urbana de espaços degradados e abandonados no seio das cidades. 5
A promover a atractividade criativa das regiões, cidades e áreas urbanas, através de estratégias pró-activas de marketing territorial baseadas nos factores distintivos dos lugares, aliando património a inovação. A aprofundar processos de cooperação na área da criatividade e inovação com outras cidades e áreas urbanas a nível nacional, europeu e internacional com vista à partilha de boas práticas e ao desenvolvimento de iniciativas conjuntas. A promover a mobilidade de talentos e a colaboração entre organizações das diversas regiões, cidades e áreas urbanas da rede para a criatividade. A desenvolver políticas de ordenamento que qualifiquem o território e privilegiem a instalação da classe criativa. A monitorizar e avaliar o processo de implementação das estratégias e planos de acção para a criatividade, com base em estruturas partilhadas de intelligence. NÓS, AUTARCAS, INSTAMOS OUTRAS AUTORIDADES LOCAIS E REGIONAIS A ADERIREM À INICIATIVA DO PACTO PARA A CRIATIVIDADE, COM VISTA AO ESTABELECIMENTO/ APROFUNDAMENTO DE UMA REDE EUROPEIA PARA A CRIATIVIDADE. Óbidos 22 de Janeiro de 2009 6