Os Autores não carecem de apresentação mas, ainda assim, uma palavra de homenagem lhes é devida.

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Prefácio A crise política que eclodiu na República da Guiné-Bissau em Junho de 1998, na sequência do golpe promovido por uma Junta Militar chefiada pelo brigadeiro Ansumane Mané, deu origem a uma intervenção concertada da Diplomacia e Forças Armadas portuguesas, na tentativa de mediação e resolução do conflito e de forma a assegurar a evacuação dos cidadãos portugueses que desejassem abandonar o país, dado o crescente clima de insegurança que se vivia. É este o inesquecível e emotivo tema do presente livro. Contém uma narrativa pormenorizada das acções empreendidas por Portugal nas vertentes diplomática e militar, tendo como pano de fundo uma descrição genérica dos antecedentes e da situação gerada pelo golpe militar de 1998 e dos seus desenvolvimentos. Estudo pioneiro este, que os Autores, ambos distintíssimos Vice-Almirantes da Armada, na situação de Reserva, nos oferecem. Invocam como motivos determinantes para a sua publicação, por um lado, o ineditismo dessa intervenção militar portuguesa no

exterior - de âmbito exclusivamente nacional e fora do quadro de alianças - dada a urgência que a situação impunha; e, por outro, a forma como se gerou e desenvolveu a iniciativa diplomática de Portugal para a mediação do conflito, em condições de grande dificuldade e risco. Trata-se, afinal, de descrever e comentar, com inegável cuidado e grande minúcia, um conjunto de factos que constituíram um momento de gravidade e risco para muitos portugueses e nos quais ficaram bem evidenciadas a coragem, a sabedoria, a abnegação e a determinação dos portugueses que, nos diversos planos e momentos de acção, foram chamados a intervir no conflito. Como tive ocasião de referir, pouco tempo depois, na Sessão de Abertura da II Cimeira da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, que teve lugar na cidade da Praia, em Cabo Verde, em Julho de 1998, «... verificada que seja uma qualquer ruptura no consenso político e social em que assenta um dado regime, o Direito à Paz, tal como consagrado na Declaração Universal dos Direitos do Homem, requer que, na necessária reposição da legalidade constitucional e na reconstrução de uma ordem política que respeite aqueles direitos fundamentais, prevaleçam as vias do diálogo e da mediação, assim como as preocupações de carácter humanitário e de preservação da dignidade humana». 2

Para além da documentação disponível e do recurso à imprensa da época, os Autores tiveram o cuidado de enriquecer esta obra com depoimentos e testemunhos, não só de altas personalidades envolvidas nos acontecimentos como também de refugiados e de jornalistas que faziam no terreno a cobertura dos mesmos, dando-nos uma visão mais viva e alargada e, direi mesmo, praticamente exaustiva. Os Autores não carecem de apresentação mas, ainda assim, uma palavra de homenagem lhes é devida. O Vice-Almirante Alexandre Reis Rodrigues, que à data dos acontecimentos exercia o cargo de Comandante Naval, desempenhou um papel crucial e destacado nos eventos aqui relatados. A sua análise e visão crítica sobre os mesmos constituem um importante contributo para se compreender os acontecimentos e o sucesso da intervenção militar e diplomática portuguesa. Com uma rica experiência, obtida ao longo de uma brilhante carreira na Armada e no exercício de altos cargos de comando incluindo o de Vice-Chefe do Estado-Maior da Armada, o Vice- Almirante Reis Rodrigues tem uma significativa obra publicada sobre política de defesa e relações internacionais. Tem mantido colaboração destacada e regular em jornais e revistas, com artigos e ensaios sobre temas relativos ás questões de Políticas de Defesa e 3

Forças Armadas, Programação e Poder Naval, Estratégia Naval, Estratégia e Segurança Europeia, Relações Transatlânticas e Relações Internacionais. O seu interesse por estas questões levou-o até a fundar o «Jornal de Defesa» publicação on-line, notável no seu género. De realçar ainda as funções que exerce como Secretário-geral da Comissão do Atlântico e de Vice-Presidente da Atlantic Treaty Association. O Vice-Almirante Américo Silva Santos, co-autor deste livro, é também um distinto Oficial General da Armada, na situação de Reserva, com uma longa e brilhante folha de serviços. Exerceu os cargos de Comandante Naval e Comandante-Chefe do Sul do Atlântico e, à data dos acontecimentos relatados neste livro, era o Comandante da Escola Naval. Foi também distinto Professor do Instituto Naval de Guerra. A presente edição é ainda enriquecida por fotografias e por desenhos da autoria do Almirante Miguel A. Fernández y Fernández, da Marinha de Guerra da Espanha. Este livro vem preencher, com rigor e interesse, uma lacuna da nossa vida diplomática e militar. Como se disse, a intervenção diplomática e militar na Guiné-Bissau, em 1998, que este livro relata, pode bem considerar-se um caso de sucesso que evidenciou as nossas capacidades e a eficácia da nossa diplomacia e das nossas 4

Forças Armadas. Portugal saiu claramente prestigiado na cena internacional, pela sabedoria com que agiu num contexto de extrema dificuldade. Os Autores merecem uma forte palavra de apreço por não deixarem cair na obscuridade dos arquivos estes acontecimentos. Prestaram, com isso, um belo serviço a Portugal. Bem hajam! Maio de 2007 Jorge Sampaio 5