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DIREITO PROCESSUAL CIVIL III 4.º ANO/ EXAME FINAL ÉPOCA DE RECURSO/ NOITE 18.07.2016 DURAÇÃO: 100 MINUTOS I Antonino, Bernardino e Constantino, vizinhos e amigos de longa data, em litígio há mais de dois anos, decidiram colocar termo ao processo judicial pendente entre ambos por meio de acordo escrito e homologado pelo Tribunal, nos seguintes termos: - Bernardino obrigou-se a pagar a Antonino o valor em dívida do frigorífico americano de última geração da marca Sanguessuga que este lhe vendera, em oito prestações mensais de 315,00 sendo que Antonino perdoou os juros de mora já vencidos; - Em alternativa, Bernardino ou alguém por este indicado poderia optar por entregar a Antonino um frigorífico da mesma ou de outra marca, desde que apresentasse as mesmas funcionalidades e fosse da mesma qualidade; - Constantino garantiu as obrigações assim assumidas por Bernardino, na qualidade de fiador. Há quatro dias atrás, Antonino, que precisava urgentemente do valor total do frigorífico e que sabia por um vizinho que Bernardino tem dito aos amigos que não lhe ia pagar, decidiu intentar ação executiva contra Constantino, apresentando para o efeito a sentença homologatória e peticionando o pagamento do valor total em dívida acrescido de juros contados desde a celebração do contrato de compra e venda. Por indicação de Antonino, o agente de execução penhorou os seguintes bens: (i) (ii) (iii) A totalidade do saldo de uma conta à ordem domiciliada no Banco Impopular, resultante de depósito do salário de Constantino do corrente mês (que ascende a 6.000,00 EUR) e de uma bolsa de mérito atribuída ao seu irmão Dionino (que ascende a 3.000,00 EUR), sendo que eram titulares da referida conta Constantino e Dionino; Um crédito de 20.000,00 EUR de Constantino sobre Henriquino; O frigorífico que foi vendido por Antonino a Bernardino, único da família, e que se encontrava na casa de Bernardino. Constantino veio deduzir oposição à execução e à penhora, com os seguintes fundamentos: (i) A nulidade da citação;

(ii) (iii) A nulidade do acordo de transacção por falta de forma, invocando que deveria constar de documento autenticado para valer como título executivo; A ilegalidade das penhoras realizadas, alegando que: (a) apenas deveria ter sido penhorado o frigorífico, para além do que Bernardino é proprietário de uma quota-parte de 1/150 de uma Quinta sita em Vilar Caloroso avaliada em 2 milhões de EUR, que servia perfeitamente para pagar a dívida; (b) não se poderia penhorar a totalidade do seu saldo bancário, como foi feito; (c) a penhora tinha sito realizada em excesso. 1. Verifique se estão preenchidos os pressupostos de exequibilidade extrínseca e intrínseca na execução instaurada por Antonino. (3 valores) - Distinção entre exequibilidade extrínseca e exequibilidade intrínseca. - Exequibilidade da sentença homologatória: a. Exequibilidade extrínseca: sentença homologatória de transação; trata-se de uma sentença condenatória (artigo 703.º, n.º 1, alínea a)), devendo observar-se os requisitos de exequibilidade da sentença (artigo 704.º); todavia, enquanto negócio jurídico judicial, a sentença homologatória encontra-se sujeita a um regime especial de impugnação que não se confunde com a impugnação dos títulos judiciais (artigo 729.º, alínea i)); b. Exequibilidade intrínseca: referência à certeza, exigibilidade e liquidez como requisitos da obrigação exequenda (artigo 713.º). i. Certeza: distinção entre obrigação genérica (artigos 539.º e ss. do CC), alternativa (artigos 543.º e ss do CC) e com faculdade alternativa (v.g. artigo 558.º do CC); trata-se de uma obrigação alternativa, razão pela qual a obrigação exequenda era incerta; aplicação do artigo 714.º; Bernardino deveria ter sido notificado no ato de citação para oposição à execução para, no mesmo prazo, declarar qual das prestações opta (artigo 714.º, n.º 1); cabendo a escolha a terceiro, este deveria ser notificado nos termos acima referidos (artigo 714.º, n.º 2); na falta de escolha pelo devedor ou por terceiro, esta caberia a Antonino (artigo 714.º, n.º 3). ii. Exigibilidade - relevância da distinção entre o artigo 707.º e o artigo 715.º; aplicação do artigo 715.º, atenta a natureza sinalagmática do contrato de compra e venda (exequente deveria alegar e provar documentalmente, no próprio requerimento executivo, que ofereceu a prestação ao devedor); obrigação liquidável em prestações (artigos 781.º e 934.º do CC); conjugação do artigo 715.º com o artigo 934.º do CC: poderia haver um problema de exigibilidade, sendo necessário perceber quantos meses haviam passado para determinar se Antonino poderia executar a totalidade do valor do frigorífico e apresentar

prova da resolução do contrato por aplicação analógica do artigo 715.º. iii. Liquidez - a obrigação exequenda era líquida embora ilíquida quanto aos juros de mora vencidos e vincendos, que se consideram abrangidos pelo título executivo (artigos 703.º, n.º 2); os juros vencidos deveriam ser liquidados no requerimento executivo pelo exequente (artigo 713.º e 716.º, n.º 2) e os juros vincendos liquidados a final (716.º, n.º 2, e artigo 805.º, n.º 3, do Código Civil). - Seria título executivo contra Bernardino e Constantino (artigo 53.º, n.º 1). Constantino assumiu a obrigação de devedor subsidiário, contudo, não se valeu do benefício da excussão prévia, nos termos do 638.º, nº 1, do CC); a falta de chamamento do devedor à demanda importa renúncia ao benefício da excussão (art. 641º, nº 2, do CC) 2. Aprecie a admissibilidade, os efeitos e a procedência da oposição à execução deduzida por Constantino. (5 valores) Oposição à execução e oposição à penhora: a oposição apresentada por Constantino assenta em fundamentos que permitem a dedução de oposição à execução (artigos 857.º e 728.º e ss.) e a dedução de oposição à penhora (artigos 784.º e 785.º). Natureza da oposição à execução: incidente declarativo; estruturalmente, tratase uma contra-ação que visa impedir a produção dos efeitos do título executivo; apresentação das diversas posições doutrinárias sobre a sua natureza ação constitutiva (visa combater diretamente a exequibilidade do título, pela declaração da inadmissibilidade da execução nele fundada e pela consequente extinção da execução) ou ação de simples apreciação negativa de um pressuposto processual (na oposição com fundamento processual) e ação de simples apreciação negativa da dívida exequenda ou dos seus termos (na oposição de mérito). Natureza da oposição à penhora: incidente declarativo, funcionalmente acessório da ação executiva; ação constitutiva extintiva (o pedido é a revogação da penhora de um bem do executado). Prazos: os executados podem opor-se à execução no prazo de vinte dias a contar da sua citação para a ação executiva (artigo 728.º, n.º 1) e poderiam oporse à penhora no prazo de dez dias a contar da notificação do acto da penhora (artigo 785.º, n.º 1); no entanto, tratando-se de processo sumário (artigo 550.º, n.º 2, alínea b)), a citação dos executados tem lugar no ato da penhora, sempre que eles estejam presentes (artigo 856.º, n.º 2), cumulando-se a oposição à execução com a oposição à penhora (artigo 856.º, n.º 3), que devem ser deduzidas no prazo de vinte dias a contar da citação dos executados (artigo 856.º, n.º 1).

Fundamentos de oposição à execução: sentença (artigo 729.º): Nulidade da citação: diferença entre falta e nulidade da citação (art. 188º e 191º); Nulidade de citação para a ação declarativa (art. 729º, c)): existe nulidade quando, apesar de ter a realização do ato processual, tenha existido a preterição de uma formalidade prescrita por lei (art. 191º, nº 1). A nulidade da citação pode ser invocada em oposição à execução quando não tenha sido feito valer no processo declarativo, contando que a ação tenha corrido à revelia do réu. Caso contrário, deveria ter sido feito valer na contestação no processo declarativo (art. 191º, nº 2). Poderá haver ainda nulidade de citação para a ação executiva (art. 729º, c)). A nulidade da citação, com a exceção da nulidade da citação edital prevista no art. 191º, nº 2, segunda parte, carecem de arguição (art. 851º, nº 1). A arguição da nulidade só é atendida se a falta cometida puder prejudicar a falta de defesa do citado. Nulidade do acordo de transação por falta de forma: fundamento invocável ao abrigo do artigo 729.º, alínea i); identificação do regime da transação no CPC (artigos 283.º e ss); referência à forma de realização da transação: por documentos autêntico ou particular, por termo no processo ou em acta (artigo 290.º, n.ºs 1 e 4), sendo posteriormente declarada/homologada por sentença (artigo 290.º, n.º 3). Referência a divergência doutrinária quanto à taxatividade dos fundamentos de oposição quando a transação é celebrada extrajudicialmente e posteriormente homologada pelo juiz. Era fundamento de oposição à execução, embora não fosse procedente. Fundamentos de oposição à penhora: Objecto da penhora: frigorífico (artigo 764.º) Regime de penhora: responsabilidade de todos os bens do devedor suscetíveis de penhora, que respondem pela dívida exequenda (artigos 817.º e 601.º do CC e 735.º do CPC); aplicação do artigo 737.º, n.º 3: o frigorífico, mesmo que fosse o único existente na casa de morada de família de Bernardino, poderia ser penhorado, por verificação da exceção prevista na parte final do mencionado preceito; no entanto, Antonino pode ver prioritariamente penhorados outros bens que não o frigorífico, desde que nos termos do artigo 735.º, n.º 3 e 751.º, não sendo obrigatória a penhora do frigorífico; Constantino poderia requerer ao agente de execução a substituição da penhora nos termos do artigo 751.º, n.º 4, al. a). Objecto da penhora: saldo de conta bancária à ordem (artigo 780.º). Regime da penhora: análise do artigo 739.º (casos de impenhorabilidade derivada); análise do art. 780º, nº 7 (gradus executionis) e art. 780º, nº 5 em conjugação com o art. 743º; Notificação do outro titular da conta bancária (art. 781º, nº 1); Desproporcionalidade da penhora: referência ao princípio da proporcionalidade da penhora (artigo 735.º, n.º 3); a

desproporcionalidade da penhora é fundamento de oposição à penhora (artigo 784.º, n.º 1, alínea a)), devendo, nesse caso, a penhora ser reduzida. Efeitos da oposição à execução e da oposição à penhora sobre a execução/penhora em curso: o recebimento da oposição à execução de Constantino não suspende a ação executiva, salvo se este prestasse caução idónea (artigos 733.º, n.º 1, alínea a), 906.º e ss. e 650.º, n.ºs 3 e 4, ex vi artigo 733.º, n.º 6); não se encontrando a execução suspensa por efeito da dedução da oposição à execução, importa notar que o recebimento da oposição à penhora também não suspende o curso da execução em relação ao bem penhorado, salvo se o executado prestasse caução (caso em que pode a execução prosseguir sobre outros bens que sejam penhorados) - artigo 785.º, n.º 3. Efeitos da procedência da oposição à execução: extinção da ação executiva, sendo os executados absolvidos da instância (artigos 732.º, n.º 4); formação de caso julgado «quanto à existência, validade e exigibilidade da obrigação exequenda» (artigo 732.º, n.º 5); apresentação das diversas posições doutrinárias relativas à natureza do caso julgado (material e/ou formal), no confronto com o novo artigo 732.º, n.º 5, do Código de Processo Civil de 2013. Efeitos da procedência da oposição à penhora: levantamento da penhora e cancelamento de eventuais registos (artigo 785.º, n.º 6). 3. Pronuncie-se sobre a penhora do saldo de conta bancária, designadamente sobre a admissibilidade e a forma por que será feita a penhora, assim como o meio de oposição de Dionino a esta penhora. (4 valores) - Objecto da penhora: saldo de conta bancária à ordem (artigo 780.º). - Impenhorabilidade: análise do artigo 739.º (casos de impenhorabilidade derivada); aplicação dos limites à penhora plasmados no artigo 738.º; uma parte do saldo da conta bancária resultava da satisfação de um crédito parcialmente penhorável (o salário de Constantino), no montante de 6.000,00 EUR); aplicação do limite máximo (artigo 738.º, n.º 3) quanto ao montante de 6.000,00 EUR, sendo a parte impenhorável equivalente a três salários mínimos nacionais; no que respeita à parte restante do saldo da conta bancária, este resultava da satisfação de um crédito pertencente a um terceiro (Dionino), podendo este opor-se à penhora nos termos referidos infra; articulação entre os limites plasmados no artigo 738.º, n.º 5 e os limites a que se refere o artigo 739.º. - Modo de realização da penhora: análise do artigo 780.º e do artigo 17.º e 18.º da Portaria n.º 282/2013, de 29 de Agosto; desnecessidade de despacho judicial; referência ao momento de constituição da penhora do saldo bancário, em particular, aos deveres de comunicação do agente de execução e das instituições bancárias (artigo 780.º, n.ºs 1, 2, 3, 8, e 9 e artigo 18.º, n.ºs 1 a 12, da Portaria n.º 282/2013, de 29 de Agosto) e à relevância da distinção entre bloqueio do saldo e penhora do saldo (artigo 780.º, n.ºs 2, 4 e 9 e artigo 18.º, n.ºs 3 a 16, da Portaria n.º

282/2013, de 29 de Agosto); protecção do saldo bloqueado e do saldo penhorado perante pretensões de terceiros, do executado e da própria instituição bancária (artigo 780.º, n.º 4, 10 e 11 e artigo 18.º, n.ºs 13, 14, 15 e 16, da Portaria n.º 282/2013, de 29 de Agosto); referência aos critérios de preferência na escolha de contas a penhorar (artigo 780.º, n.º 7); tratando-se de uma conta em contitularidade, presume-se a igualdade de quotas, sendo protegida a quota (metade) de Dionino, que não era executado (artigo 780.º, n.º 5); o agente de execução deve entregar ao exequente as quantias penhoradas, nos termos do artigo 780.º, n.º 13. - Oposição à penhora de Constantino: poderia deduzir oposição à penhora, alegando a provando que o depósito bancário resulta da satisfação de crédito parcialmente penhorável (artigo 784.º, n.º 1, alínea a)); o incidente de oposição à penhora segue os termos estabelecidos no artigo 785.º; menção, em particular, aos efeitos da oposição à penhora sobre a penhora em curso (artigo 785.º, n.º 3) e aos efeitos da sua procedência (artigo 785.º, n.º 6). - Oposição à penhora de Dionino: não tendo o agente de execução respeitado o estatuído no artigo 780.º, n.º 5, Dionino poderia embargar de terceiro; acção declarativa de oposição à penhora que corre por apenso à acção executiva (artigo 344.º, n.º 1); conceito de terceiro (nos termos do artigo 342.º, n.º 1, é alguém que não é parte na causa); in casu, a penhora ofende um direito incompatível de Dionino (o direito de crédito perante o Banco); conceito de direito incompatível (artigo 342.º, n.º 1); embargos com função repressiva; os embargos devem ser deduzidos no prazo de trinta dias subsequente à penhora ou ao posterior conhecimento pelo embargante (artigo 344.º, n.º 2) contra o exequente e o executado (artigo 348.º, n.º 1); referência à fase introdutória (artigos 344.º, n.º 2 e 345.º a 347.º) e à fase contraditória dos embargos (artigo 348.º); sendo os embargos procedentes, é determinado o levantamento da penhora em relação à parte do saldo de Dionino; formação de caso julgado material (artigo 349.º); atendendo ao objecto da penhora, referência à impossibilidade do recurso à acção de reivindicação (artigo 1311.º do Código Civil). 4. Analise a forma por que seria penhorado o crédito de Constantino sobre Henriquino, considerando que Henriquino não se pronuncia e não cumpre no prazo devido. (3 valores) - Objecto da penhora: penhora de créditos (artigo 773.º); intervenção de um terceiro estranho à execução: o devedor do devedor (debitor debitoris). - Modo de realização da penhora: o procedimento da penhora de direitos de crédito encontra-se plasmado nos artigos 773.º e 775.º a 777.º; constituição da penhora mediante notificação a Henriquino (condição de eficácia da penhora), na qualidade de debitor debitoris (artigo 773.º, n.º 1), ficando o crédito à ordem do agente de execução. - Posição jurídica do debitor debitoris: o terceiro devedor encontra-se adstrito a um conjunto de obrigações de facere (de informação e de comunicação v.g., artigo

773.º, n.º 2), de obrigações de dare (v.g., depositar a importância em instituição de crédito artigo 777.º, n.º 1), de ónus e de preclusões (efeito cominatório determinado no artigo 773.º, n.º 4) e de consequências que atingem a sua esfera jurídica patrimonial (ser-se executado, não sendo cumprida a obrigação de depósito artigo 777.º, n.º 3). - Silêncio de Henriquino: Henriquino tem o ónus de, num prazo de dez dias, emitir as declarações referidas no artigo 773.º, n.º 2 (artigo 773.º, n.º 3); não se pronunciando, Henriquino reconhece a existência do crédito, nos termos da indicação do crédito à penhora (efeito cominatório) (artigo 773.º, n.º 4); o silêncio de Henriquino não preclude a possibilidade de este se opor à execução contra ele movida (artigo 777.º, n.º 4). - Incumprimento de Henriquino: logo que a dívida se vença, Henriquino deveria realizar a sua prestação, observando o disposto no artigo 777.º, n.º 1; se Henriquino não cumprir, pode o exequente, na mesma acção executiva e em substituição do executado, exigir a prestação devida, servindo de título executivo, in casu, a notificação efectuada e a falta de declaração (artigo 777.º, n.º 3). Comente o seguinte excerto: II «Está vedado ao adquirente de bem penhorado embargar de terceiro, porque a penhora não ofende o seu direito, sendo este compatível com a realização daquela diligência». (Ac. TRC, 22-01-2008, Proc. 116-C/2002.C1 - FERREIRA DE BARROS) (4 valores) - Desenvolvimento das funções e efeitos da penhora; referência à indisponibilidade jurídica e, em especial, ao artigo 819.º do Código Civil; princípio da proporcionalidade; natureza do vício decorrente da prática de actos de disposição, oneração ou arrendamento dos bens penhorados ; âmbito temporal da indisponibilidade jurídica; relevância das regras do registo para o problema em análise; conceito de terceiro para efeitos de registo; discutir se a ineficácia relativa adveniente da alienação do bem penhorado afecta, ou não, a finalidade da acção executiva e, em consequência, se existe ou não incompatibilidade nos termos do artigo 342.º, n.º 1 do Código de Processo Civil; desenvolver o conceito, requisitos e finalidades dos embargos de terceiro. (Ponderação global: 1 valor)