Beatriz de Oliveira Matos1 Lais Miranda de Melo2 Maria Grossi Machado3 Milene Peron Rodrigues Losilla4

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Transcrição:

PERFIL ANTROPOMÉTRICO E PREVALÊNCIA DE DIABETES MELLITUS E HIPERTENSÃO ARTERIAL EM PROFISSIONAIS CAMINHONEIROS E MOTORISTAS ATENDIDOS EM AÇÃO EDUCATIVA Beatriz de Oliveira Matos1 Lais Miranda de Melo2 Maria Grossi Machado3 Milene Peron Rodrigues Losilla4 1,2 Graduanda do Departamento de Nutrição/Centro de Ciências da Saúde - (USC) Bauru/SP beahmatos@gmail.com 3,4 Docente do Departamento de Nutrição/Centro de Ciências da Saúde - (USC) Bauru/SP RESUMO Os motoristas constituem uma categoria profissional com grande vulnerabilidade em relação à obesidade e ao sedentarismo, com risco de acometimento de doença cardiovascular devido às condições da profissão. O diabetes mellitus (DM) e a hipertensão arterial sistêmica (HAS) são consequências do excesso de peso e da falta de atividade física, e podem causar complicações, que resultam em perda da qualidade de vida e da produtividade no trabalho, além de predisposição à mortalidade. O objetivo do presente trabalho foi descrever o estado antropométrico de caminhoneiros e motoristas, bem como a prevalência de HAS e DM nesta população. Foram avaliados antropometricamente motoristas e caminhoneiros que participaram de uma ação educativa em conjunto com o GRAAL na cidade de Bauru. Foi aferida altura, peso e circunferência da cintura, que foi classificada de acordo com risco de desenvolvimento de doença cardiovascular. Foi realizado cálculo do índice de massa corporal e a presença de hipertensão arterial e diabetes mellitus foi autorrelatada pelos participantes. Os resultados demonstraram que houve prevalência de sobrepeso e risco muito elevado de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, além da presença de HAS e DM, que podem estar relacionadas aos maus hábitos alimentares, devido às refeições altamente calóricas consumidas pelos motoristas de caminhão nos restaurantes rodoviários, e à falta de atividade física consequente do excesso de horas trabalhadas. Portanto, são necessárias orientações multiprofissionais, com a finalidade de melhorar hábitos de vida e riscos de comorbidades e mortalidade nestes profissionais. Palavras-chave: Saúde Pública; Doença crônica; Antropometria. INTRODUÇÃO Os caminhoneiros constituem uma categoria profissional com grande vulnerabilidade em relação à obesidade e ao sedentarismo. Os motoristas profissionais são indivíduos com risco de acometimento de doença cardiovascular (DCV) e todas as suas complicações, uma vez que as condições peculiares próprias da profissão favorecem o desenvolvimento de patologias. (ROCHA et al., 2015; TROIANI; FRANÇA-BOTELHO, 2015). 52

Esses profissionais possuem hábitos de vida nocivos à saúde, tais como alimentação não saudável, falta de atividade física, tempo insuficiente de descanso, vícios (cigarro e álcool), além da ausência de controle periódico em saúde. Estes hábitos podem estar relacionados às doenças encontradas nestes profissionais, como hipertensão (HAS) arterial, excesso de peso, diabetes mellitus (DM) e dislipidemias. (ALESSI; ALVES, 2015). O Diabetes mellitus está associado a complicações que comprometem a produtividade, a qualidade de vida e a sobrevida dos pacientes, além dos altos custos para o controle de suas complicações, enquanto a hipertensão, quando não tratada, acarreta aumento no número de hospitalizações, aumento dos custos do tratamento, perda da qualidade de vida e da produtividade para o país (GARATINI et al., 2004; LESSA, 2006). O excesso de peso possui origem multifatorial e um dos motivos relevantes para explicar o aumento de doenças crônicas não transmissíveis, já que está associado a doenças como hipertensão arterial, dislipidemias, diabetes tipo 2, osteoartrite e certos tipos de câncer, sendo uma importante condição que predispõe a mortalidade. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA). Nesse contexto, o objetivo do presente trabalho foi descrever o estado antropométrico de caminhoneiros e motoristas, bem como a prevalência de HAS e DM nesta população. MATERIAIS E MÉTODOS Foram avaliados antropometricamente motoristas e caminhoneiros que participaram de uma ação educativa semestral denominada Pit Stop pela Saúde em conjunto com o GRAAL na cidade de Bauru. A ação contou com a presença de alunos e professores do curso de nutrição e fisioterapia da que realizaram ações relacionadas com suas funções profissionais. Os alunos de nutrição realizaram aferição de altura em metros e peso em quilogramas, utilizando estadiômetro portátil e balança mecânica Filizola, para cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC). A classificação do IMC utilizada para os adultos foi a proposta pela Organizacão Mundial da Saúde, (1997) e para os idosos Lipschitz, (1994). Foram considerados adultos os participantes com idade de 19 a 59 anos e 11 meses e idosos os que possuíam idade superior a 60 anos. A circunferência da cintura foi aferida utilizando fita inelástica inextensível na região da cicatriz umbilical e a classificação de risco cardiovascular foi realizada de acordo com a OMS (1997) que determina para homens o valor de >=94 como risco aumentado e >=102 como risco muito elevado de desenvolvimento de DCV. A presença de hipertensão arterial e diabetes mellitus foi auto relatada pelos participantes. Todos os dados foram tabulados em tabela específica desenvolvida pela equipe para a ação educativa para posterior verificação. Os dados foram tabulados em planilha do Excel, sendo calculadas porcentagens relacionadas às variáveis. RESULTADOS E DISCUSSÃO 53

Foram avaliados 42 motoristas, do sexo masculino, com idade média de 42 anos, sendo que houve variação de 28 a 61 anos, conforme apresentado na Tabela 1. A Tabela 2 demonstra características antropométricas, sendo que a maioria apresentou risco muito elevado de desenvolvimento de doenças cardiovasculares levando em consideração a circunferência da cintura acima de 102 cm, classificação proposta pela OMS. Quanto a classificação do IMC houve prevalência de sobrepeso e obesidade 1. Tabela 1 - Características gerais Variáveis 54 Valores Gênero Masculino (%) 100 Idade (anos) 42 Diabéticos (%) 12 Hipertensos (%) 19 Fonte: Elaborada pelos autores. Tabela 2 - Características antropométricas Parâmetros Circunferência da cintura (%) Baixo risco Risco elevado Risco muito elevado Valores 28,5 23,8 47,6 Estado nutricional pelo IMC (%) Eutrofia 9,5 Sobrepeso 42,8 Obesidade 1 Obesidade 2 Obesidade 3 Fonte: Elaborado pelos autores Existe associação entre a pressão arterial, estresse psicológico e o tempo acumulado de trabalho. O excesso de horas de trabalho em turnos estressantes, como o de motorista, proporciona menos horas de sono aos indivíduos, sendo que aqueles que dormem menos de 6 horas por dia podem ter aumento de doenças cardíacas, incluindo maior ocorrência de acidentes de trânsito. (LANDSBERGIS, 2004). A circunferência abdominal aumentada e o excesso de peso aumentam o risco cardiovascular, além da associação com apnéia obstrutiva noturna que resulta em despertares frequentes durante o sono noturno e consequente sonolência diurna. (DRAGER et al., 2012). Esses profissionais possuem hábitos alimentares que contribuem para o desenvolvimento da obesidade e não possuem o hábito da prática de atividades físicas regulares, o que ocorre devido à rotina de trabalho. (ROCHA et al., 2015; TROIANI; FRANÇA-BOTELHO, 2015). As alterações encontradas podem estar relacionadas aos maus hábitos alimentares, devido às refeições altamente calóricas consumidas pelos motoristas de caminhão nos restaurantes rodoviários, e à falta de atividade física consequente do excesso de horas trabalhadas. (MANSUR et al., 2015). 35,7 7,1 4,7

CONCLUSÃO A população avaliada demonstra um perfil composto por motoristas do sexo masculino, com média de idade de 42 anos, com sobrepeso e risco muito aumentado de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Portanto, são necessárias orientações multiprofissionais, com a finalidade de melhorar hábitos de vida e riscos de comorbidades e mortalidade nestes profissionais. REFERÊNCIAS ALESSI, A.; ALVES, M. K. Hábitos de vida e condições de saúde dos caminhoneiros do Brasil: uma revisão da literatura. Ciência e Saúde, v. 8, n. 3, p. 129-136, set./dez. 2015. DRAGER, L. F. et al. Obstructive sleep apnea syndrome and its relation with systemic arterial hypertension. Arq Bras Cardiol., v. 78, n. 5, p. 531-536, 2002. GARATTINI, L. et al. Direct medical costs unequivo- cally related to diabetes in Italian specialized centers. The European Journal of Health Economics, v. 5, n. 1, p. 15-21, 2004. LANDSBERGIS, P. Long work hours, hypertension, and cardiovascular disease. Cadernos de Saúde Pública, v. 20, n. 6, p. 1746-48, 2004. LESSA, I. Impacto social da não-adesão ao tratamento da hipertensão arterial. Revista Brasileira de Hipertensão, v. 13, n. 1, p. 39-46, 2006. LIPSCHITZ, D. A. Screening for nutritional status in the elderly. Primary Care, v. 21, n. 1, p.55-67, 1994. LOTEMBERG, A. M. P. et al. Tratamento não medicamentoso e abordagem multiprofissional. In: VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. Arq Bras Cardiol., v. 95, n. 1, p. 16-20, 2010. MANSUR et al. Fatores de Risco para Doença Cardiovascular, Síndrome Metabólica e Sonolência em Motoristas de Caminhão. Arq Bras Cardiol, v. 105, n. 6, p. 560-565, 2015. ROCHA, E. M. et al. Prevalência de obesidade e sedentarismo em caminhoneiros. Revista eletrônica interdisciplinar, v. 1, n. 13m, p. 165-169, 2015. Disponível em: <http://revista.univar.edu.br >. TROIANI, I. F.; FRANÇA-BOTELHO, A. C. Fatores de risco e proteção para doenças cardiovasculares em motoristas profissionais de transporte de carga Revista UNIABE, v. 8, n. 18, jan./abr. 2015. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA - VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial Sistêmica. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq Bras Cardiol., v. 95, n. 1, Supl 1, p. I-III, 2010. 55

SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES Sociedade Brasileira de Diabetes - Consenso Brasileiro sobre Diabetes 2002. Diagnóstico e classificação do diabetes melito e tratamento do diabetes melito do tipo 2. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Oral health survey: basic methods. 4. ed. Geneva, 1997. 56