VIDA QUE SEGUE Coletânea de ensaios e narrativas dos alunos do Colégio Estadual Euclydes da Cunha, turma NEJA I, 3º turno
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VIDA QUE SEGUE Coletânea de ensaios e narrativas dos alunos do Colégio Estadual Euclydes da Cunha, turma NEJA I, 3º turno Primeira Edição Teresópolis 2017
Índice Agradecimentos Prefácio Alunos/autores 1- Marcilene dos Santos Rosa 2- Juliana Pacheco Pereira 3- Daniela Gomes Bello 4- Claudia de Carvalho Maia Neves 5- Iago da Conceição André de Oliveira 6- Douglas Ribeiro Gonçalves 7- Gregory de Almeida Silva 8- Pedro Luiz Santos Rosa 9- Marcela Ferreira Maia 10- Sônia Barbosa Nunes 11- Vinicius Coelho Batista 12- Enriete Maia Ferreira 13- Felipe Carlos dos Santos Silva 14- Luciano Morais 15- Hélio de Souza 16- Juliana da Cunha Souza 17- Kamilla de Paula Costa 18- Ana Carolina Carvalho Dias Nunes 19- Rose Mary Braga Pinheiro 20- Yago Pacheco de Souza 21- Wesley Machado da Silva Cintra Palavras finais 4
Agradecimentos Agradecemos a cada um que acreditou em nosso sonho, ao amado diretor do Colégio Estadual Euclydes da Cunha, José Nildo Onofre Amorim, por todo carinho e apoio, aos professores da turma NEJA I, pelo empenho e dedicação em construir um ambiente acolhedor para todos nós. Agradecemos e dedicamos esse trabalho aos nossos pais, mães, filhos, irmãos e amigos que fazem de nossas vidas uma história que vale a pena ser contada. 5
Prefácio Conheci a professora Cláudia há 14 anos, quando iniciou suas aulas de Língua Portuguesa no Colégio Euclydes da Cunha. O CEEC é uma escola do estado do Rio de Janeiro e atende, atualmente, alunos do Ensino Médio em três turnos. Claudinha sempre atuou no turno da noite e quando chegou, eu soube que também era professora dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Talvez alguns pudessem pensar como atuaria no Ensino Médio, uma pessoa tão acostumada com crianças pequenas. Com o passar do tempo, todos foram percebendo que o olhar atento da professora alfabetizadora, que ela traz na sua alma, e que conhece seu aluno, potencializando através da sua intervenção o que cada um deles tem de melhor, foi fundamental para cativar cada pessoa que teve a sorte de ser seu aluno. Suas aulas sempre foram recheadas de um carinho que aproxima e que faz com que se sintam confortáveis em suas individualidades. Têm vontade em falar de quem são, 6
de qual leitura fazem do mundo e de suas histórias de vida sem que se sintam julgados. Claudinha sonha e faz sonhar. Encanta-se e faz encantar. Acredita e faz acreditar. O projeto desse ano começou numa turma da Educação de Jovens e Adultos, a NEJA I: alguns alunos acabaram de fazer 18 anos, ainda com atitude de meninos, mas com muita história para contar. Outros que estavam há muito tempo longe dos bancos escolares, com tanta coisa para ensinar. É uma turma numerosa! Cheia de gente! De gente igual e diferente! De gente que ainda tem brilho no olhar e esperança de uma vida melhor. Gente que ainda acredita na escola, na mudança que pode proporcionar as suas vidas. Que belo cenário para se iniciar esse projeto, que antes de ser de um trabalho de produção textual, é um trabalho que mexe com as emoções, que valoriza histórias de vida e que aproxima as pessoas nas suas forças e fraquezas. Esse projeto faz parte de um sonho que virou realidade. Seu envolvimento com os alunos é tal que resultou nesse livro, cheio de sonhos realizados, amores perdidos. De realidade dura e de abandonos. Enfim, cheio de histórias de verdade que são capazes de nos incomodar, de nos sacudir e de nos tornar mais abertos à realidade da vida. Este livro nos torna mais abertos às pessoas e nos impulsiona a aprender 7
com elas, mesmo que isso represente sair da nossa zona de conforto. Somente nos surpreendendo, entendendo e respeitando a história de cada um, poderemos nos tornar mais humanos e mais preparados para ajudarmos as pessoas e sermos ajudados por elas. Márcia de Oliveira Orientadora Pedagógica do 3º turno 8
VIDA QUE SEGUE Coletânea de ensaios e narrativas dos alunos do Colégio Estadual Euclides da Cunha, turma NEJA I, 3º turno Nota: Embora tenhamos feito várias correções, constam nos textos marcas de expressividade e linguagem coloquial dos alunos. Estas marcas, deixadas propositalmente para enfatizar a característica de escrita, trazem suas histórias para um ambiente mais informal e amigável, dividindo com todos a descoberta do prazer da escrita e os desafios que ela nos impõe. Contudo, poderão encontrar outros errinhos que, na pressa de concluir o trabalho, possam ter passado despercebidos, quanto a estes, pedimos sinceras desculpas... 9
MUDANÇAS BEM-VINDAS Há cerca de dez anos atrás eu conheci uma pessoa muito gente boa, mas, para eu poder falar dele, primeiro tenho que falar um pouco de mim. Como tudo começou: Eu aos 40 anos de idade, e com 21 anos de casada, separei-me do meu marido por motivos particulares, os motivos eram muito fortes. Os bons momentos deste casamento, eu não me lembro mais, até porque eles nunca existiram, meu casamento foi muito sofrido, mas eu dei a volta por cima. Contudo, não é de mim que eu quero falar, e sim, de uma pessoa cheia de defeitos e com poucas qualidades, com a qual eu me envolvi e estou até hoje. Tudo começou numa noite muito bonita em que eu estava dentro de um pagode curtindo um pouco a minha vida, mas algo me dizia que ali não era o meu lugar. Eu queria que Deus colocasse uma pessoa decente na minha vida, então me apareceu um homem de 60 anos. Na hora, eu não entendi qual eram os planos de Deus em minha vida. 10
Será que era, realmente, com um senhor acima de 60 anos que Deus queria que eu ficasse? Mas, tudo bem, Deus sabe o que faz. Ele colocou esse homem em minha vida para que eu pudesse consertá-lo. Hoje já faz oito anos que estamos juntos, com a ajuda de Deus eu consegui corrigi-lo, hoje ele é um homem correto e íntegro, porém foi preciso ele sofrer um acidente e ficar à beira da morte para que ele visse quem era. Hoje posso dizer que ele aprendeu muito e que tem um pouco de Jesus em sua vida. Agradeço muito a Deus pela vida dele, pois é graças a Ele que meu marido está vivo. Muito obrigado meu Deus. Aluna/autora: Marcilene Santos Rosa 11
JULIETA Julieta era uma menina doce e meiga que adorava ajudar as pessoas, ela se sentia feliz fazendo isso. Um belo dia ela se apaixonou por um rapaz que ela achava que era o homem de sua vida, porém, Julieta enganou-se profundamente, pois ele era um caso perdido, além dele já ter dois filhos, era muito volúvel e só queria saber de ficar com todas as meninas. Nesse meio tempo Julieta engravidou. Desesperada e sem saber o que fazer, Julieta foi procurar o rapaz para falar o que tinha acontecido, mas já era tarde demais, ele já estava com outra e foi justamente ela quem atendeu Julieta. Desnorteada, Julieta vagou horas e horas pela cidade, tentando achar uma solução, pois sabia que se voltasse para casa, sua mãe brigaria com ela, porque iria notar que Julieta estava grávida, foi aí, que ela viu de longe o homem que amava e foi correndo ao encontro dele. Com os olhos cheios de lágrimas ela disse: -Que bom que te encontrei! -Por quê? Aconteceu algo? Minha namorada disse que você foi me procurar. perguntou Miguel. 12
- Sim! Eu fui até a sua casa para te mostrar algo, só que fiquei tão sem graça quando ela atendeu que preferir deixar para lá. - Disse Julieta. - Pois bem, estou aqui, pode falar o que você queria de tão importante e que fez você ir me procurar lá em casa. - Disse Miguel - Queria te mostrar isto! -O que é isto? -É um exame de gravidez. - Disse Julieta. -O quê? Como assim? Tá ficando louca? A gente só ficou uma vez, como você pode estar grávida? Julieta, pode parando, nesse jogo eu não caio, não tem como esse filho ser meu, me desculpe, mas eu não acredito nesta história absurda, estou indo embora, minha namorada está me esperando. - Disse Miguel. -Como vou fazer agora, meu amor? Este filho é nosso! Não posso cuidar dele sozinha, minha mãe vai me matar. - Disse Julieta, com lágrimas nos olhos. -Sinto muito, mas não posso ajudar, tenho que ir. Ela ficou ali parada, enquanto ele ia embora. Para Julieta, a vida não tinha mais sentido, pois estava sem o grande amor da sua vida e ainda por cima estava grávida. Nesse momento, apareceu um jovem rapaz e disse: - Oh minha princesa, porque está tão triste? 13
E Julieta, com os olhos cheios de lágrimas, contou ao rapaz tudo o que tinha acontecido com ela. Eles ficaram conversando por horas, até que ele a chamou para ir à casa dele e disse que ela não precisava se preocupar, pois ele iria ajudá-la. Com o passar do tempo Julieta foi se aproximando e se apaixonando por ele e a barriga de Julieta foi crescendo cada dia. E, finalmente, chegou o grande dia, Julieta foi para o hospital ganhar seu bebê, era um menino lindo. Ele recebeu o nome de Rafael. Depois que o bebê nasceu Julieta nunca mais ouviu falar do pai verdadeiro do seu filho, e, assim, Julieta pode viver feliz com o seu filho e o seu marido que ela tanto amava. Aluna/autora: Juliana Pacheco Pereira 14
MY LIFE Meu nome é Daniela, nasci dia 11 de outubro de 1996, tenho 20 anos, sou nascida e criada em Teresópolis RJ. Eu tive uma infância muito boa, sempre fui moleca, brincava de tudo: jogava bola no meio dos garotos, gude, soltava pipa em cima da laje, brincava de boneca, panelinha, de tudo um pouco. Eu não tinha preocupação com nada, fui crescendo e entrei para a escola, formei amigos, foi uma época muito boa também. Sempre fui bagunceira, vivia parando na secretaria com minhas amigas, mas a diretora sempre mandava voltar para a sala, pois ela não acreditava que eu fazia bagunça e sim minhas amigas, pois além de tudo eu era quieta, na minha, quase não falava, e o tempo foi passando. Entrei no ensino médio e tive que trocar de escola. Fui para o CEEB, Colégio Estadual Edmundo Bittencourt, foi a melhor turma que eu já tive. Todo mundo era amigo e eu dei a sorte da minha melhor amiga estudar na mesma sala que eu, pois no começo do ano eu não conhecia ninguém, parecia que eu estava em outro mundo. 15