ADULTERAÇÃO DE SINAL IDENTIFICADOR DE VEÍCULO AUTOMOTOR Aula 3
Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal identificador de veículo automotor, de seu componente ou equipamento: Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em razão dela, a pena é aumentada de um terço. 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribui para o licenciamento ou registro do veículo remarcado ou adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação oficial.
Em decorrência de uma nova onda de criminalidade surgida na década de 1990, houve a edição do tipo penal contido no artigo 311. Os proprietários de oficinas ou mecânicos autônomos passaram a auxiliar grupos criminosos para modificar os sinais identificadores de veículos produtos de infração penal. Até 1996, ano da criação do tipo, estes agentes ficavam impunes já que, após a prática do furto ou roubo, não era mais possível a incidência do recurso do concurso de pessoas (art. 29 CP), salvo se esta função já fosse previamente designada hipótese que ele seria responsabilizado pelo próprio delito contra o patrimônio.
Concurso Material Com a criação típica do delito de adulteração de sinal identificador de veículo automotor permite-se a incriminação de forma autônoma, ou seja, que o agente seja responsabilizado em concurso pela prática do delito principal e também pela adulteração se houver participação em ambos.
Análise das Condutas Adulterar A adulteração ocorre com a modificação parcial da numeração, modificando apenas alguns números ou letras Remarcar A remarcação ocorre com a modificação total da numeração, retirando a identificação anterior e substituindo por outra completamente nova
Luis Regis Prado a adulteração do chassi ocorre quando o agente, valendo-se de qualquer instrumento, ferramenta ou processo (mecânico, térmico, etc) altera a numeração original acrescentando à letra F para que se transforme em E ou à letra P para transmudá-la em R, ou ainda ao número 3, para fazê-lo 8, ou ainda quando o agente subtrai partes de símbolo, letra ou caracteres, como a supressão de parte da letra L para que transforme em I Também pode se dar a adulteração mediante o expediente conhecido por transplante em que o agente seciona, recortando-a, parte do chassi ou monobloco do veículo onde está gravado o sinal identificador falso, via regra grada fixada com solda, ou mesmo substituindo a longaria ou outra peça de suporte
Sinal Identificador Art. 114. O veículo será identificado obrigatoriamente por caracteres gravados no chassi ou no monobloco, reproduzidos em outras partes, conforme dispuser o CONTRAN. 1º A gravação será realizada pelo fabricante ou montador, de modo a identificar o veículo, seu fabricante e as suas características, além do ano de fabricação, que não poderá ser alterado. 2º As regravações, quando necessárias, dependerão de prévia autorização da autoridade executiva de trânsito e somente serão processadas por estabelecimento por ela credenciado, mediante a comprovação de propriedade do veículo, mantida a mesma identificação anterior, inclusive o ano de fabricação. 3º Nenhum proprietário poderá, sem prévia permissão da autoridade executiva de trânsito, fazer, ou ordenar que se faça, modificações da identificação de seu veículo. Art. 115. O veículo será identificado externamente por meio de placas dianteira e traseira, sendo esta lacrada em sua estrutura, obedecidas as especificações e modelos estabelecidos pelo CONTRAN.
Chassi Estrutura de aço sobre a qual se monta a carroceria do veículo. Número do Motor Placas ou Lacres
Supressão do Sinal Identificador Fato atípico pela ausência de expressa previsão legal. Aquele que recortar ou apagar completamente o chassi ou remover a placa do veículo não comete crime. Falsificação do Sinal Identificador Responde pelo crime de falsificação de documento público (297 CP) Aquele que, ao invés de adulterar lacre ou placa verdadeira, fabrique uma materialmente falsa e instale em veículo automotor responde pela falsificação Obstrução do Sinal Identificador Fato atípico pela ausência de expressa previsão legal. Não é considerado crime a conduta de utilizar instrumento, objeto ou meio para tampar ou ilidir a visão do sinal identificador. Ex: uso de tinta preta para cobrir a placa, levantar a placa da moto ou cobrir com as mãos.
Adulteração do Número do Chassi ou Placa Inscrito no Documento Veicular O crime do artigo 311 diz respeito à fraude empregada contra o próprio sinal de identificação contido no veículo. Se a adulteração for no documento, será tipificado o crime de falsificação de documento público (art.297 CP)
Forma Equiparada Crime próprio, só pode ser cometido pelo funcionário público. O funcionário público não adultera ou remarca o sinal. Ele atua para contribuir que o agente tenha sucesso perante o órgão de trânsito no pedido de licenciamento ou registro deste veículo, por meio do fornecimento de material ou informação oficial. Material impresso espelhos, papel para confecção de documentos, adesivos, placas, lacres. Informação código de chassi ou placa, senha do sistema.
Falsificação Grosseira A falsificação grosseira não se subsume ao delito tipificado no art 311. Isto ocorrerá pois a conduta não tem o condão de ilidir a fé pública.
Semi-Reboque EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - ADULTERAÇÃO DE CHASSI DE VEÍCULO AUTOMOTOR - ABSOLVIÇÃO - NECESSIDADE - SEMI- REBOQUE - NÃO INCLUSÃO NA CATEGORIA DE VEÍCULO AUTOMOTOR - ATIPICIDADE DA CONDUTA. O semi-reboque não se inclui na categoria de veículo automotor, essa exigida para a caracterização do crime previsto no artigo 311 do Código Penal, sendo, portanto, atípica a conduta do acusado, impondo-se, pois, a sua absolvição. APELAÇÃO CRIMINAL Nº 1.0145.10.042788-2/001 - COMARCA DE JUIZ DE FORA - APELANTE (S): ELIZABETH FRANCISCO SANCHEZ - APELADO (A)(S): MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Alteração de Placa com Fita Adesiva CORRENTE 1 Rogério Sanches Cunha Não se apresentando adulteração concreta e definitiva com o objeto de fraudar a propriedade, o licenciamento ou o registro de veículo, trata-se de mera infração administrativa. Ao lado de outros sinais de identificação, se constitui num sinal externo. A circunstância de estarem em artigos distintos (internos no 314 e externos no 315 do CTB) implica que devam receber tratamento jurídico diferenciado. De consequência a adulteração de placa não constitui o crime do artigo 311 do CP. CORRENTE 2 MAJORITÁRIA (STF)
TJ-SP, 2014 De acordo com o entendimento do STF, se o agente coloca uma fita adesiva para alterar a identificação da placa de seu automóvel e assim poder burlar o rodízio de veículos, ele pratica a) o crime tipificado no art. 311 do CP. b) o crime tipificado no art. 311 do CP, somente ante a presença de elemento subjetivo do injusto ou a finalidade específica. c) o crime de falso previsto no art. 297 do CP. d) o crime de falso previsto no art. 299 do CP. e) fato atípico em razão da falsificação grosseira.