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Data de entrada: 01 de setembro de 2005 Autos nº: / Nota Técnica em Ato de Concentração Econômica

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Ministério da Justiça CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA CADE Gabinete do Conselheiro Luís Fernando Rigato Vasconcellos

Transcrição:

MINISTÉRIO DA FAZENDA Secretaria de Acompanhamento Econômico Parecer Técnico n.º 06222/2005/RJ COGPI/SEAE/MF 27 de maio de 2005 Referência: Ofício n 2368/2005/SDE/GAB, de 18 de maio de 2005. Assunto: ATO DE CONCENTRAÇÃO n.º 08012.010697/2004-31 Requerentes: Lojas a Palavro Ltda e Magazine Luiza S/A. Operação: Aquisição dos ativos da Lojas A Palavro pela Magazine Luiza S.A. Recomendação: Aprovação sem restrições. Versão:Versão Pública Procedimento Sumário A Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça solicita à SEAE, nos termos do art. 54 da Lei n.º 8.884/94, parecer técnico referente ao ato de concentração entre as empresas Lojas a Palavro Ltda e Magazine Luiza S/A. O presente parecer técnico destina-se à instrução de processo constituído na forma a Lei n.º 8.884, de 11 de junho de 1994, em curso perante o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência SBDC. Não encerra, por isto, conteúdo decisório ou vinculante, mas apenas auxiliar ao julgamento, pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica CADE, dos atos e condutas de que trata a Lei. A divulgação de seu teor atende ao propósito de conferir publicidade aos conceitos e critérios observados em procedimentos da espécie pela Secretaria de Acompanhamento Econômico SEAE, em benefício da transparência e uniformidade de condutas.

I Requerentes 1. Magazine Luiza S.A (doravante Magazine Luiza) é uma sociedade que opera através de uma rede brasileira de lojas do comércio varejista. Fundada há 47 anos com sede na cidade de Franca, no interior do Estado de São Paulo é controlada pela LTD Administração e Participações S.A., empresa holding do Grupo Luiza, que detém mais de 92% do seu capital. 2. A trajetória de algumas empresas do Grupo encontra-se disponibilizada na sua página na internet. De acordo com tais informações, em 1991, surgiu a necessidade de se criar uma holding e Luiza Helena Trajano Inácio Rodrigues passou a assumir o cargo de superintendente do Magazine Luiza. Além da rede de eletrodomésticos, a holding administra outras empresas como concessionárias Fiat e General Motors, um consórcio de veículos e eletrodomésticos e empreendimentos imobiliários. Em 2003 foram inauguradas 50 novas lojas e adquirida a rede Líder, com 18 unidades na região de Campinas. Neste ano, o Magazine Luiza inaugurou 22 filiais em Estados onde já atua, abriu uma loja em Goiás e comprou a rede Arno, no Rio Grande do Sul, que possuía 51 lojas. Também inaugurou 4 lojas virtuais na zona leste de São Paulo. 3. Vale observar que o caso da aquisição da rede Arno trata-se da presente operação em análise, conforme se verá detalhadamente em descrição posterior. 4. No requerimento inicial as Requerentes afirmam que o Magazine Luiza tem hoje 183 lojas nos estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás. No ano passado a empresa, que tem 4,7 mil funcionários, faturou R$ 930 milhões, num grande salto em relação aos R$ 100 milhões de 1992, quando iniciou o processo de expansão. Constam, entretanto, nas informações do Anexo I, do requerimento inicial, que a Requerente Magazine Luiza S.A. apresentou o faturamento de R$ 1.016.744.825,08, no último exercício. 5. A empresa Lojas A Palavro Ltda, com sede localizada em Caxias do Sul, no Estado do Rio Grande do Sul, foi criada tendo por objeto social o comércio, a importação e exportação de: a) eletrodomésticos, brinquedos, artigos para presentes, perfumarias, móveis e tapetes, confecções em geral, motocicletas e motores de popa, novos e usados, artigos de cine-foto-som, relógios, jóias e peças de reposição; b) artigos para ginástica e esporte em geral; c) aparelhos de comunicação; d) artigos para decoração de interiores; e) computadores e impressoras e componentes de informática; f) prestação de serviços destinados a garantir a assistência técnica de produtos e mercadorias de sua comercialização; g) serviços de aluguel de tempo de acesso a banco de dados e serviços televendas; h) comunicação por meio de terminais de computador, transmissão de mensagens e de imagens recebidas por computador; e i) participação em outros empreendimentos e sociedades, à exceção daquelas de responsabilidade solidária e limitada. 6. Os controladores da empresa são os seguintes sócios quotistas: Gelson Luiz Palavro (26,7%); Jones Henrique Palavro (26,7%); Vitor Roque Schiavenin (26,7%) e Adriane Cristina Palavro Biazus (19,9%). 7. No último exercício, a Lojas A Palavro Ltda apresentou o faturamento de R$108,3 milhões no Brasil. 2

II Descrição da Operação 8. Trata-se da aquisição pela empresa Magazine Luiza de quotas do capital da sociedade constituída por Lojas A. Palavro Ltda, envolvendo as operações comerciais e certos ativos operacionais. 9. Através do Instrumento Particular de Compra e Venda de Quotas, datado de 1 de setembro de 2004, a Magazine Luiza adquiriu o controle societário da sociedade Magazine Luiza-Sul Ltda (doravante Luiza-Sul) que foi constituída pelos excontroladores da Lojas A Palavro Ltda (a Lojas Arno), para o único e específico propósito de servir de veículo para a transferência das suas operações comerciais das Lojas Arno para a Magazine Luiza. 10. Desta forma, como afirmam as Requerentes, a Magazine Luiza, que até então não tinha participação no mercado do Estado de Rio Grande do Sul, por sua controlada Luiza-Sul, passou a operar neste estado, onde a Lojas Arno atuava, e mais notadamente, nas cidades de Caxias do Sul e Porto Alegre, incluindo os municípios da Grande Porto Alegre. 11. O valor da operação monta a R$ 44,8 milhões e corresponde aos ativos e estoques localizados no Rio Grande do Sul, a saber: a) cadastro de clientes; b) direitos de uso do nome fantasia Lojas Arno ; c) móveis, utensílios, máquinas e veículos; d) equipamentos de informática de software terceirizados e programas de computadores desenvolvidos pela Arno; e) 46 pontos comerciais e respectivas inscrições estaduais e municipais; f) 5 contratos de franquias; e g) estoques de revenda. 12. O presente ato, que consiste em operação comercial envolvendo grupos de empresas com atuação apenas no Brasil, não havia sido notificado ao SBDC, por ocasião de sua realização (setembro de 2004). Através do Ofício n 819 GABIN/SEAE/MF, de 3 de novembro de 2004, esta SEAE comunicou a operação ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica-CADE, após ter tomado conhecimento de sua realização através da imprensa escrita. O CADE, por sua vez, através do Ofício n 3336/2004/CADE, de 15 de dezembro de 2004, encaminhou o referido ofício à Secretaria de Direito Econômico, que por fim, através do Ofício n 2368/2005/SDE/GAB, de 18 de maio de 2005, encaminhou a esta SEAE a documentação, enviada pelas Requerentes, que formalizou a citada operação. III Setores de atividades das empresas envolvidas 13. Os setores de atividades das empresas envolvidas na operação são os comercializados no ramo varejista. As Requerentes listam os seguintes produtos ofertados por ambas as empresas: móveis, bazar, utensílios domésticos, cutelaria, eletrodomésticos, eletro-eletrônicos, cama, mesa e banho. IV Considerações sobre a natureza da Operação 14. A Magazine Luiza, até a presente operação, não tinha participação no Estado do Rio Grande do Sul. Através de sua controlada Luiza Sul, passou então a operar principalmente na cidade de Caxias do Sul e na região da chamada Grande Porto Alegre, locais de atuação da Lojas Arno. 3

15. As Requerentes afirmam que no Rio Grande do Sul, o mercado, além da participação de inúmeras outras empresas locais, de há muito tem a competição de empresas nacionais do setor, a saber, Ponto Frio, Lojas Americanas, Casas Pernambucanas, Lojas Renner, Lojas Cem, Lojas Insinuante, Lojas Quero-Quero e Lojas Colombo, de acordo com o ranking das maiores do mercado nacional, que constam da Revista Valor. A participação das Lojas Arno em 2003, no confronto com as demais participantes, foi de 0,0148%. 16. Em seguida afirmam que a Magazine Luiza, no ranking das dez (10) maiores empresas do setor, dessa mesma Revista Valor para os anos de 2002 e 2003, ocupava o sétimo lugar e a Lojas Arno não figurava neste ranking nacional. Tomandose por base o faturamento das maiores empresas do setor, conforme o mesmo ranking da Revista Valor, e mantida a mesma participação para o ano de 2004, a posição da Magazine Luiza, comparando com o faturamento dessas mesmas empresas relacionadas (Ponto Frio, Lojas Americanas, Casas Pernambucanas, Lojas Renner, Lojas Cem, Lojas Insinuante, Lojas Quero-Quero e Lojas Colombo), no mercado foi de cerca de 5,1349%. 17. Cabe observar que as participações apresentadas dizem respeito ao mercado tomado em âmbito nacional. A consideração do mercado de forma mais ampla e não limitada à dimensão regional, torna-se plausível admitindo-se a hipótese das vendas dos produtos de todas as empresas poderem ser efetuadas através da internet, por exemplo. Nas informações prestadas pelas Requerentes, não há menção a tal possibilidade por parte da empresa adquirida, embora tal forma de comercialização apareça atualmente na página da internet relativamente às empresas do Grupo Luiza. 18. Das empresas listadas, esta SEAE confirmou que estão presentes no Rio Grande do Sul, e mais precisamente em Porto Alegre, as empresas Ponto Frio, Lojas Americanas, Lojas Renner e Lojas Colombo. A Casas Bahia, importante empresa do setor, embora não mencionada pelas Requerentes no ranking das ofertantes para o cálculo das participações de mercado, está também presente no Estado. Sendo assim pode-se inferir que a empresa adquirida enfrentava a concorrência das mais importantes empresas do país, mesmo no Rio Grande do Sul. 19. Diante de todas as informações obtidas, pode-se considerar, que trata-se apenas de uma substituição de agente econômico, pois a Magazine Luiza não atuava no mercado do Rio Grande do Sul. Mesmo admitindo-se que todos os ofertantes do setor possam ter atuação em âmbito nacional (na hipótese de todas as empresas do mercado utilizarem-se da internet em suas vendas, por exemplo) trata-se de situação de baixa participação de mercado, pois as participações das Requerentes geram o controle de parcela indubitavelmente baixa (inferior a 10%). Por fim, o faturamento da empresa Lojas A Palavro Ltda (R$108,3 milhões) é inferior ao valor de R$ 400 milhões estipulado na Portaria Conjunta n 8/2004/SEAE/SDE. 20. As razões acima alinhadas levaram esta SEAE a optar pelo não prosseguimento da análise da presente operação. 4

V Recomendação 21. Recomendamos a aprovação da operação sem restrições. À apreciação superior. FERNANDO DA SILVA SANTIAGO[m1] Técnico [m2]cláudia VIDAL MONNERAT DO VALLE Coordenadora-Geral de Produtos Industriais De acordo. MARCELO BARBOSA SAINTIVE Secretário - Adjunto 5

Página: 5 [m1] Colocar aqui o Nome do Técnico Página: 5 [m2]