Novo Regime Jurídico aplicável à energia produzida em Cogeração Decreto Lei nº 23/2010

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Transcrição:

Novo Regime Jurídico aplicável à energia produzida em Cogeração Decreto Lei nº 23/2010 José Perdigoto Director Geral de Energia e Geologia Lisboa, 09 de Junho 2010 0

Cogeração de Elevada Eficiência (EE) com base na procura de calor útil tem muitas vantagens associadas Vantagens da Cogeração de Elevada Eficiência Aumento da Eficiência Energética, através da poupança de Energia Primária; Supressão de perdas na rede eléctrica; Redução de emissões, nomeadamente de gases com efeito de estufa; Maior segurança do aprovisionamento energético; Melhoria da posição concorrencial da União Europeia e dos seus Estados-Membros; 1

Comissão Europeia adoptou Directiva sobre Cogeração de EE Directiva 2004/8/CE procura aumentar a eficiência energética e a segurança do abastecimento na UE Principais mensagens da Directiva Europeia sobre a Cogeração A Directiva 2004/8/CE aplica-se à Cogeração de Elevada Eficiência (EE) e tem como objectivo aumentar a eficiência energética e a segurança do abastecimento; Uma unidade de cogeração é considerada de Elevada Eficiência quando consegue uma poupança de energia primária (PEP) igual ou superior a 10%; Compete aos Estados-Membros assegurar a garantia de origem da electricidade produzida em cogeração de elevada eficiência; O apoio à cogeração unidades existentes e futuras deverá ser baseado na procura de calor útil e na poupança de energia primária; 2

Principais mensagens do DL nº 23/2010 sobre a Cogeração (I) Decreto-Lei nº 23/2010 Âmbito de Aplicação Cogerações de elevada eficiência: Potência Eléctrica Instalada superior a 25 MW Eficiência Global > 70% Poupança de Energia Primária 10% Potência Eléctrica Instalada entre 1 MW e 25 MW Poupança de Energia Primária 10% Potência Eléctrica Instalada inferior a 1 MW Poupança de Energia Primária > 0% Cogerações eficientes: Potência Eléctrica Instalada até 100 MW Poupança de Energia Primária > 0% Regime Remuneratório Modalidade Geral O regime remuneratório da cogeração prevê duas modalidades distintas: Modalidade Geral Modalidade Especial (acessível apenas a cogerações com potência instalada 100 MW) A remuneração da energia fornecida pelos cogeradores é efectuada através de: Fornecimentos de energia térmica a terceiros. O preço de venda é o que resultar dos contratos celebrados entre o cogerador e os clientes dessa energia térmica; Fornecimentos de energia eléctrica a clientes directamente ligados à instalação de cogeração. Fornecimentos através da celebração de contratos bilaterais com clientes ou comercializadores. Fornecimentos em mercados organizados. O preço resulta das vendas realizadas nesses mercados Prémio de participação no mercado, definido como uma percentagem da tarifa de referência, para instalações com potência instalada igual ou inferior a 100 MW. 3

Principais mensagens do DL nº 23/2010 sobre a Cogeração (II) Decreto-Lei nº 23/2010 Modalidade Especial A remuneração da energia fornecida pelos cogeradores é efectuada através de: Fornecimentos de energia térmica a terceiros. O preço de venda é o que resultar dos contratos celebrados entre o cogerador e os clientes dessa energia térmica; Fornecimentos de energia eléctrica ao comercializador de último recurso (CUR). O preço de venda é igual a uma tarifa de referência; Prémio de eficiência, calculado em função da poupança de energia primária; Prémio de energia renovável, em função da % de combustíveis de origem renovável consumidos. Desaparece prémio ambiental mas surgem duas novas componentes: prémio de eficiência e prémio de energia renovável. Duração da Tarifa e dos Prémios Para cogerações não renováveis: 120 meses 120 meses opcionais (com redução da tarifa de referência) Tarifa de Referência, Prémio de eficiência e Prémio de participação no mercado. Para cogerações renováveis: Não existe prazo Tarifa de Referência, Prémio de eficiência e Prémio de energia renovável Não existe prazo, mas valor deve ser revisto após 120 meses Prémio de participação no mercado. Mudança de Modalidade de Regime Remuneratório Passar da Modalidade Geral para a Modalidade Especial: 3 anos contados do início da exploração. Passar da Modalidade Especial para a Modalidade Geral: livre de o fazer. Um cogerador que se encontre enquadrado na Modalidade Especial e mude para a Modalidade Geral, apenas pode regressar à modalidade de origem após 3 anos de permanência efectiva na Modalidade Geral. 4

Principais mensagens do DL nº 23/2010 sobre a Cogeração (III) Decreto-Lei nº 23/2010 Garantias de Origem Qualquer produtor de electricidade em instalações de cogeração de elevada eficiência pode solicitar à Entidade Emissora de Garantias de Origem (EEGO) a emissão de uma garantia de origem referente à electricidade produzida em cogeração. Em Portugal, a EEGO é a Operadora da Rede Nacional de Transporte (REN). A garantia de origem destina -se: A comprovar a quantidade de electricidade produzida em cogeração de elevada eficiência; A certificar que a instalação permite a obtenção de uma poupança de energia primária de acordo com o estabelecido no DL; A ser utilizada, no âmbito da União Europeia, para fins estatísticos. Entidade Emissora de Garantias de Origem São competências da EEGO: A implementação e gestão de um sistema de emissão de garantias de origem da electricidade produzida em cogeração de elevada eficiência; A implementação e gestão de um sistema de recolha e registo da informação relativa às instalações de cogeração eficiente, mas não de elevada eficiência; A realização de acções de auditoria e monitorização das instalações e equipamentos de produção em cogeração, assim como dos equipamentos de medição de energia; A disponibilização para consulta pública da informação relevante e não confidencial relativa à emissão de garantias e de certificados de origem; A realização de outras acções e procedimentos considerados necessários ao desempenho das suas funções. 5

Principais mensagens do DL nº 23/2010 sobre a Cogeração (IV) Decreto-Lei nº 23/2010 Disposições relativas ao regime remuneratório transitório situações mais relevantes: As instalações com licença de exploração à data da entrada em vigor do novo DL continuarão enquadradas no regime de remuneração anterior, se assim o desejarem, continuando a beneficiar dele até que sejam atingidos 180 meses após a data de entrada em exploração da instalação de produção, ou sejam atingidos 120 meses após a entrada em vigor do novo DL (o que ocorrer primeiro). Regime Remuneratório Transitório As instalações existentes que procedam à conversão para gás natural, incluindo a substituição do equipamento principal, que solicitem licença, mediante processo de licenciamento devidamente instruído, até 12 meses após a entrada em vigor do novo DL e que entrem em exploração nos 24 meses subsequentes à obtenção dessa licença, serão consideradas como instalações novas, a contar da data de entrada em exploração da conversão. As instalações existentes que tenham procedido à conversão para gás natural numa data anterior à data da entrada em vigor do novo DL, que se encontrem em exploração ou entrem em exploração nos 24 meses subsequentes à obtenção da licença de estabelecimento serão consideradas instalações novas, a contar da data de entrada em exploração da conversão. 6

Adaptação da directiva deu origem a novo diploma da cogeração Comparação do novo Regime Especial proposto com o regime em vigor em Portugal e Espanha Portugal Regime em vigor (DL 538/99 e DL 313/2001) Portugal Regime proposto (DL 23/2010) Espanha Regime em vigor (após transposição da directiva) Âmbito de aplicação do Regime Especial Cogerações com: REE 1 0,55 (Gás Natural) REE 0,50 (Fuel) REE 0,45 (Renováveis) Cogerações de elevada eficiência Potência instalada 100 MW PEP 10% Cogerações eficientes Potência instalada 100 MW PEP > 0% Cogerações de elevada eficiência Potência instalada 50 MW PEP 10% Remuneração em Regime Especial Tarifa (custo evitado para o sistema) Prémio Ambiental (reduzido ao fim de 10 anos) Tarifa de Referência Prémio de Eficiência Prémio de Energia Renovável (para cogerações renováveis) Tarifa de Referência Prémio de Eficiência Duração da Remuneração Sem limite temporal Para cogerações não renováveis: 120 meses 120 meses opcionais (com redução da Tarifa de Ref.) Para cogerações não renováveis: 120 meses Duração até se atingirem os objectivos de penetração tecnológica fixados pelo Governo (com redução da Tarifa de Ref.) 1. Rendimento Eléctrico Equivalente 7

NOVAS ENERGIAS A INSPIRAR PORTUGAL. 8