Editora da Universidade Estadual de Londrina

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Transcrição:

1971-1984

Reitor Vice-Reitor Wilmar Sachetin Marçal Cesar Antonio Caggiano Santos Editora da Universidade Estadual de Londrina Conselho Editorial Diretora Neide Maria Jardinette Zaninelli (Presidente) Ângela Pereira Teixeira Victória Palma Carlos Roberto de Resende Miranda Ernesto Fernando Ferreyra Ramirez Gilmar Arruda Maria Luiza Marinho Marta Dantas da Silva Odilon Vidotto Pedro Paulo da Silva Ayrosa Rossana Lott Rodrigues Neide Maria Jardinette Zaninelli A Eduel é afiliada à

1971-1984

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Catalogação na publicação elaborada pela Bibliotecária Neide Maria Jardinette Zaninelli/CRB-9/884. C235m Caobianco, Renata Maria. Movimento estudantil na UEL - 1971/1984 / Renata Maria Caobianco. -Londrina: EDUEL, 2007. 130p.; 23cm ISBN 85-7216-294-1 1.Contexto histórico. 2.Movimento estudantil. 3.Universidade Estadual de Londrina. I. Título. CDU: 378.18 Direitos reservados à Editora da Universidade Estadual de Londrina Campus Universitário Caixa Postal 6001 86051-990 Londrina PR Fone/Fax: (43) 3371-4674 e-mail: eduel@uel.br www.uel.br/editora Impresso no Brasil / Printed in Brazil Depósito Legal na Biblioteca Nacional 2007

Medo, véu denso com o qual a morte separa a gente da vida, envolvida por esse medo, a gente se imobiliza e tudo perde o sentido, eles espalharam esse medo, espalhando um vazio por todos nós. (PAIVA, 1981, p. 33)

Movimento Estudantil na UEL - 1971 / 1984 DEDICATÓRIA N o decorrer deste trabalho, inúmeras foram as pessoas que compartilharam das dúvidas, preocupações e descobertas, fazendo assim parte da sua elaboração. Dedico este trabalho a minha família, especialmente aos meus pais José Carlos e Francisca, a meu esposo Leandro, a minha irmã Denise e a seu marido Marcos; aos amigos de Universidade, entre eles, Marta, Jociane, Rita, Vanderley, Ademar e Rafael; a Jozimar Paes de Almeida, orientador e amigo; a Jairo Queiroz Pacheco e toda equipe responsável pelo Centro de Documentação e Pesquisa Histórica CDPH; a Claudete Debértolis Ribeiro que tão gentilmente fez a correção ortográfica e gramatical da presente obra; aos professores do Curso de História UEL; aos meus colegas de trabalho e alunos. E a todos os jovens que fizeram e fazem o Movimento Estudantil, que este jamais desapareça, sendo sempre bandeira de luta pela justiça e melhoria na qualidade de ensino.

I 01 17 43 71 75 81 83 99 100 101 104 105 114 Apresentação Capítulo I Contextualizando Capítulo II A dura batalha: Movimento Estudantil versus Ditadura Militar Capítulo III - Buscando verdades: Movimento Estudantil e UEL Conclusão Referências Anexos Anexo 1 Organizações Políticas de Esquerda Anexo 2 Porcentagem dos estudantes pertencentes às organizações de esquerda nos anos 60 e 70 Anexo 3 Capa do Jornal Terra Roxa Anexo 4 Capa e Fragmento do Jornal Poeira Anexo 5 Foto Universidade Democrática Anexo 6 Texto Integral do Código Diciplinar Anexo 7 Vitória da Chapa Poeira

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APRESENTAÇÃO Este trabalho terá como espaço temporal os vinte anos do regime Militar no Brasil. Foram anos difíceis, de virada e rebeldia; de 1964 a 1984 a economia brasileira degenerou-se, mas a fachada do milagre econômico foi incutida na população: institucionalizou-se a corrupção e a tortura, que se tornaram práticas cotidianas. As informações contidas nesta obra dizem respeito ao período compreendido entre 1964 e 1984, no entanto, a ênfase cairá nos anos posteriores a 1971, em decorrência da formação oficial do objeto de estudo deste livro, ou seja, a Universidade Estadual de Londrina que foi reconhecida como instituição em 1971. Portanto, o período inicial do regime Militar no Brasil corresponde aos anos de luta do povo londrinense pela aquisição de uma Universidade para a região norte do Estado do Paraná, o que se oficializa quando o Período Ditatorial está sendo classificado como Anos de Chumbo. É vasta a quantidade de trabalhos escritos a respeito do Período Ditatorial, no entanto, como já se comentou foi um período conturbado de nossa história e merece uma análise aprofundada. Muitos foram os setores sociais atingidos, nada ficou impune aos atos ditatoriais: religião, educação, política, economia e cultura, optou-se aqui por priorizar o Movimento Estudantil e mais precisamente a realidade da Universidade Estadual de Londrina UEL. A constituição de uma Universidade na cidade de Londrina era algo almejado por muitos na região norte do Paraná, devido à dificuldade dessa população em se locomover a outros centros para completar os estudos. Sendo a cidade de Londrina considerada a segunda maior do Estado, merecia uma Universidade à altura. Inicialmente, constituíram-se faculdades isoladas, em 1956 surgiu a Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de Londrina, e, no mesmo ano a Faculdade de Direito, em 1962 entra em funcionamento a Faculdade Estadual de Odontologia. Após o Golpe Militar de 1964 surgiram as Faculdades de Medicina Norte do Paraná (1967) e a I

Faculdade Estadual de Ciências Econômicas e Contábeis (1967). Através do Decreto nº 14.923, de 12/04/1969, foi instituída uma comissão que conclui que o Estado do Paraná poderia comportar três Universidades Estaduais (Londrina, Maringá e Ponta Grossa). Convocou-se dois representantes de cada uma das cinco faculdades existentes em Londrina, e essa equipe enviou ao Governador Paulo Pimentel o anteprojeto do Estatuto (14/03/1970). Este foi aprovado no dia 20/04/1970 pelo Decreto nº 18.163. O governador expediu o decreto nº 18.110 de 28 de Janeiro de 1971 criando, sob forma de Fundação, a Universidade Estadual de Londrina, integrando as faculdades isoladas. Londrina conquistou definitivamente sua Universidade após o reconhecimento pelo decreto nº 69.324 de 7 de Outubro de 1971. A UEL surgiu no período chamado de Linha Dura da Ditadura, após o complicado ano de 1968, que foi fechado com o AI-5 1 e a Lei 5.540 2, devendo seguir o que prescrevia a Reforma Universitária. Segundo a Reforma Universitária proposta pelo Movimento de 1964 a missão permanente da Universidade deveria ser a de se constituir como o centro criador da ciência e da expressão da cultura de um povo. A Reforma Universitária só poderia ocorrer sob a ação estimuladora e disciplinadora do Estado. Referindo-se ao movimento estudantil dizia que quaisquer que fossem os elementos ideológicos e políticos nele implicados, possuiria o mérito de ter propiciado uma tomada de consciência nacional do problema da crise da Universidade e despertado o senso de responsabilidade coletiva. A Reforma Universitária almejava impulsionar a Universidade para além de uma instituição tradicionalmente acadêmica e socialmente seletiva, para um centro de investigação científica e tecnológica em condições de assegurar a autonomia da expansão industrial. O trabalho dividir-se-á em três capítulos, sendo o primeiro 1. Ato Institucional nº 5 13/12/1968 coloca em recesso o Congresso Nacional e as Assembléias Legislativas dos Estados, reabre as cassações de direitos políticos por tempo indeterminado, abole o habeas-corpus, impõe o controle total da imprensa através de censura inflexível. 2. Lei 5.540 28/11/1968 fixa normas de organização e funcionamento do ensino superior. II

direcionado a apresentar o contexto histórico em que o tema está envolvido. O segundo capítulo tratará do relacionamento entre o Governo Ditatorial e o Movimento Estudantil em âmbito nacional. O último capítulo abordará, especificamente, o posicionamento do Movimento Estudantil na Universidade Estadual de Londrina. III