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Transcrição:

INFLUÊNCIA DA ARBORIZAÇÃO SOBRE O CAFÉ CONILON NA DINÂMICA POPULACIONAL DO BICHO-MINEIRO PARA REGIÃO SUL CAPIXABA Genilson Pereira Souza 1, Amarilson de Oliveira Candido 3, Antônio Fernando de Souza 4, Ricardo Antonio Polanczyk 5, Waldir Cintra de Jesus Junior 2 CCA-UFES/Departamento de Produção Vegetal, Alegre-ES, genilsonsouza17@hotmail.com CCA-UFES/Departamento de Produção Vegetal, Alegre-ES, amarilsonoc@hotmail.com CCA-UFES/Departamento de Produção Vegetal, Alegre-ES, anfersouza@yahoo.com.br CCA-UFES/Departamento de Produção Vegetal, Alegre-ES, ricardo@cca.ufes.br CCA-UFES/Departamento de Produção Vegetal, Alegre-ES, wcintra@cca.ufes.br Resumo - Embora a cafeicultura no país tenha se desenvolvido basicamente em monocultivo, é de suma importância o conhecimento da ocorrência do bicho-mineiro no sistema de cafeeiros arborizados, para que se obtenha êxito no manejo. Objetivou-se com esse trabalho avaliar a infestação do bicho-mineiro em plantas de café conilon submetidas a diferentes níveis de sombreamento no período entre setembro de 2008 a junho de 2009. O delineamento utilizado foi em blocos casualizado, com cinco tratamentos e quatro repetições, cada repetição composta por oito plantas. O monitoramento do bicho-mineiro nas plantas foi realizado por meio de avaliações quinzenais em todas as parcelas. Em cada ramo marcado efetuou-se contagem do número de folhas minadas, utilizando-se método não destrutivo, em que as folhas são avaliadas e permanecem na planta. Os cafeeiros a pleno sol apresentaram maiores infestações durante toda a realização do experimento. Desta forma, dentre todos os fatores que diretamente estão ligados ao controle do bicho-mineiro sobre o cafeeiro, o sombreamento é mais um dos pilares no controle da Leucoptera coffeela. Palavras-chave: Coffea canephora, bicho-mineiro (Leucoptera coffella), arborização. Área do Conhecimento: Ciências Agrárias Introdução O bicho-mineiro (Leucoptera coffeella), é considerado, atualmente, como a principal praga do cafeeiro no Brasil, em razão da sua ocorrência generalizada nos cafezais e também por prejuízos quantitativos e econômicos causados por esse inseto na produção de café (SOUZA et al., 1998). Este inseto é monófago, holometábolo, e sua fase larval é a única etapa do ciclo prejudicial ao cafeeiro. As larvas consomem o parênquima paliçádico, causando necrose no limbo foliar, redução na atividade fotossintética e queda de folhas. Estes danos reduzem a longevidade do cafeeiro e a produção (SOUZA et al., 1998). As principais razões da alta infestação do inseto esta relacionada a adoção de uma substancial modificação no sistema de cultivo, onde espaçamentos maiores, visando à mecanização das lavouras para o controle químico da ferrugem, passaram a ser adotados pelos produtores (CONCEIÇÃO, 2005). Sabe-se que, a cafeicultura brasileira se desenvolveu basicamente em ambiente a pleno sol uma vez que a infestação do bicho-mineiro sobre o café conilon é influenciada pelo microclima em que a cultura está instalada. Segundo Gravena (1983), a temperatura, a precipitação e a umidade relativa atuam significativamente sobre as populações do bicho-mineiro. Contudo o cultivo consorciado surge como uma das alternativas mais promissoras no manejo da praga, além de despertar grandes interesses aos agricultores, desde que a planta consorciada não possua características de competição por água e nutrientes com o cafeeiro e não produza sombra excessiva (CAMARGO & PEREIRA, 1994). Entretanto é de suma importância conhecer a influência da arborização no cafeeiro, como ponto chave na intensidade com que a praga ocorre nesses sistemas. Devido aos elevados custos de produção da cafeicultura e a um mercado cada dia mais competitivo, torna-se necessário conhecer a dinâmica de ocorrência do bicho-mineiro nesses sistemas de cultivo de cafeeiros sombreados. Poucos são os estudos disponíveis na literatura que relacionam o ataque da praga em café conilon conduzidos sobre sistemas arborizados. Objetivou-se, portanto, avaliar o efeito do consórcio de café conilon (Coffea canephora) com pupunha na dinâmica populacional do bichomineiro. 1

Metodologia O experimento foi conduzido em nível de campo, na Fazenda Experimental de Bananal do Norte pertencente ao Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (INCAPER), localizada no distrito de Pacotuba, município de Cachoeiro de Itapemirim ES, latitude 20º 45 Sul, longitude 41º47 Oeste e altitude de 146 m. A lavoura foi formada por nove clones de cafeeiro com 10 anos de idade da variedade clonal tardia EMCAPA 8131 (C. canephora Pierre ex Froenher cv. Conilon), cultivados no espaçamento fixo de 3,0 m entre linhas e 1,5 m entre plantas. O experimento foi instalado no delineamento em blocos casualizados com cinco tratamentos e quatro repetições, cada repetição composta por oito plantas. Os tratamentos foram constituídos de diferentes espaçamentos da pupunha cultivada em consórcio com o café conilon. A pupunha foi plantada nas entre linhas do café em diferentes espaçamentos conforme se segue: T1 monocultivo do café (testemunha); T2 pupunha espaçada de 6,0 x 2,0 m (833 plantas por hectare); T3 pupunha espaçada de 6,0 x 1,0 m (1666 plantas por hectare); T4 pupunha espaçada de 3,0 x 2,0 m (1666 plantas por hectare) e T5 pupunha espaçada de 3,0 x 1,0 m (3333 plantas por hectare). Ao redor de cada parcela, composta de oito plantas de café, foi estabelecida uma bordadura, separando as repetições dentro de cada tratamento. O monitoramento do bicho-mineiro nas plantas foi o realizado em avaliações quinzenais em todas as repetições, iniciado em setembro de 2008 a junho de 2009. Em cada planta foram marcados 2 ramos, totalizando 16 ramos por repetição. Em cada ramo efetuaram-se a contagem do número total de folhas e o número de folhas minadas, sendo classificadas como mina ativa, todas as minas contendo larvas vivas do bicho-mineiro e mina inativa todas aquelas minas correspondentes a minas predadas, minas velhas e minas parasitadas. O método de avaliação utilizado foi o não destrutivo, em que as folhas são avaliadas e permanecem na planta. A infestação do bichomineiro foi obtida através da seguinte expressão: IBM (%) = n de folhas com lesões x 100 n total de folhas avaliadas em que: IBM: Infestação do bicho-mineiro Após ser elaborada a curva de flutuação populacional do bicho-mineiro, foi realizada a análise descritiva dos dados ao longo de todo o período monitorado, visando verificar o efeito do cultivo de café conilon arborizado comparado ao plantio convencional na dinâmica populacional da praga. Resultados Com base nos dados obtidos percebe-se que, no inicio da condução do trabalho, não houve diferença entre os tratamentos quanto ao nível de porcentagem de folhas infestadas pela praga, porém nas avaliações subseqüentes à diferença se manifestou até o fim do período avaliado (Figura 1). Observa-se que o cafeeiro cultivado a pleno sol, apresentou maior infestação de bichomineiro durante grande parte do período monitorado, e que a maior infestação ocorreu no início de março de 2009 atingindo quase 71% de infestação. À medida que reduziu o espaçamento da pupunha, as infestações do bicho-mineiro foram diminuindo. Percebe-se que as plantas de café cultivadas com a pupunha espaçada de 3,0 x 1,0m apresentaram menor infestação da praga, e que o final de novembro registrou a menor infestação. A pupunha cultivada em um adensamento de 833 e 1666 plantas hectare, cujos espaçamentos correspondentes de 6,0 x 2,0 e 6,0 x 1,0m respectivamente, notou-se que não houve diferença expressiva quanto à porcentagem de infestação do bicho-mineiro, o que mostra que arborização desses dois diferentes espaçamentos não é capaz de regular a intensidade de infestação com que a praga ocorre sobre o café conilon. O mesmo ocorreu no cafeeiro consorciado com a pupunha cultivada no adensamento de 1666 e 3333 plantas por hectare, cujos espaçamentos correspondentes de 3,0 x 2,0 e 3,0 x 1,0m respectivamente, pois ambos não apresentaram diferença, contudo a pupunha arranjada no adensamento de 3333 plantas por hectare apresentou menor infestação da praga durante todo período avaliado. No inicio do mês de março de 2009, a intensidade de infestação da praga sobre a testemunha sofreu um decréscimo até o fim da realização do experimento, embora todos os outros tratamentos tenham passado por um avanço gradativo na intensidade populacional do bicho-mineiro, até o final do experimento. Essa resposta está de acordo com pesquisas realizadas por Seixas et al. (1980), que considera o período de janeiro a junho o de maior evolução do bichomineiro, com o período crítico nos meses de fevereiro, março e abril (Figura 1). 2

FIGURA 1 - Flutuação populacional do bicho-mineiro em café conilon consorciado com pupunha cultivada em diferentes espaçamentos e cafeeiro a pleno sol, no período entre setembro de 2008 a junho de 2009. FIGURA 2 - Porcentagem de infestação do bicho-mineiro em fase de mina ativa e mina inativa em plantas de café conilon consorciadas com pupunha cultivada em diferentes densidades de plantas por hectare. 3

A figura 2 mostrou que houve maior incidência de mina inativa comparada à mina ativa em todos os tratamentos durante toda a realização do ensaio. Os dados obtidos revelaram que, a infestação de mina ativa do bicho-mineiro no experimento variou de 19,8% em abril de 2009 a 0% atingido em junho de 2009, ambos na pupunha arranjada no adensamento de 1666 plantas (espaçada de 6,0 x 1,0m). A decisão de controle da praga tem que ser tomada em cima da porcentagem de incidência de mina ativa. O inicio do controle do bicho-mineiro deve ser realizado quando há 20% de incidência de mina ativa no terço superior ou 30% ou mais nos terços médio e superior do cafeeiro (SOUZA et al., 1998). Observa-se que a testemunha obteve os maiores índices de folhas com minas inativas até o final de fevereiro de 2009, ocorrendo um aumento gradativo do inicio até o final do experimento, registrando a maior incidência no mês de março, chegando a atingir 67,5% de folhas com minas predadas, minas velhas e minas parasitadas. Percebe-se que tanto a infestação do bichomineiro em fase de mina ativa quanto mina inativa tende a uma redução na infestação à medida que se aumenta o número de plantas de pupunha por hectare segundo o modelo ajustado. Espaçamentos menores, ao qual proporcionam ambientes mais fechados e sombrios sobre o dossel do cafeeiro, geram um decréscimo acentuado na dinâmica populacional com que a praga ocorre sobre esses sistemas. Discussão Com base nos resultados obtidos, é bem provável que um dos fatores que governa a dinâmica populacional do bicho-mineiro no café conilon, seja as variações climáticas no meio ao qual a cultura esta inserida. Dessa forma os diferentes níveis no sombreamento proporcionado pela pupunha nos diferentes espaçamentos, foi o principal fator responsável pelas variações climáticas no dossel do cafeeiro. Segundo Parra et al., (1977), a ocorrência de populações do bichomineiro está relacionada a fatores climáticos, tais como temperatura, umidade relativa e sistema de condução da lavoura. Segundo o autor, diferentes níveis de sombreamento tendem a demonstrar respostas distintas quanto ao nível de infestação da praga sobre o cafeeiro. Enfatiza-se que, não somente as culturas de interesse agronômico podem compor esse sistema de consórcio com o café conilon, mas também espécies florestais podem apresentar resultados bem satisfatórios no manejo do bicho-mineiro nas lavouras. As variações na infestação da praga sobre as plantas de café consorciadas com pupunha cultivada nos diferentes espaçamentos podem ser explicados em estudos realizados por Parra (1981), que demonstrou que a viabilidade e a duração da fase ovo do bicho-mineiro podem variar especialmente em função da temperatura, sendo que a eclosão das larvas é mais precoce em temperaturas mais elevadas. Embora corresponda a um período curto de avaliação, é bem provável que os espaçamentos diferenciados da pupunha proporcionaram mudanças microclimáticas no dossel do cafeeiro, as quais desfavoreceram a ocorrência do bicho-mineiro. Assim a consorciação de culturas surge como importante alternativa no contexto dos impactos das Mudanças Climáticas Globais (MCG) na ocorrência de pragas na agricultura. Esta medida poderá interferir nas condições climáticas no dossel das plantas e induzir mudanças significativas na dinâmica populacional de pragas. No caso específico do bicho-mineiro foi observado que o sombreamento proporcionado pelo plantio consorciado da pupunha com o cafeeiro reduziu infestação da praga na cultura. Os índices de mina ativa obtidas nas plantas avaliadas, não apresentaram níveis de infestação do bicho-mineiro a que venham decidir na realização de um controle. Entretanto observa-se que houve um aumento na infestação de folhas minadas durante o período de monitoramento do trabalho, embora não ocorreu um aumento nas infestações de mina ativa para justificar esse acréscimo populacional da praga. O fato pode ser explicado devido ao intervalo de tempo entre a realização das avaliações. Estudos realizados por Parra (1981) revelaram que a duração da fase larval (a única prejudicial ao cafeeiro) diminui com o aumento da temperatura, sendo a duração média das lagartas igual há 20,5 dias a 20 ºC, 9,5 dias a 27 ºC, 9,5 dias a 30 ºC e 10,1 dias a 35 ºC. Contudo ao se levar em conta o índice total de folhas minadas (mina ativa e mina inativa), sem desconsiderar folhas com minas predadas, minas velhas e minas parasitadas, os índices de infestação são superestimados para avaliação da tendência de crescimento populacional do bichomineiro. Porém, objetivando verificar a tendência de desfolha da cultura, o índice porcentagem de folhas minadas pode ser adequado, pois, segundo Gravena (1983), a presença de uma única lesão (não importa se intacta, predada, velha ou parasitada), já é suficiente para antecipar a queda da folha. Conclusão O cultivo consorciado do café com a pupunha promoveu uma redução na infestação do bichomineiro sobre plantas de C. canephora. 4

Referências - CAMARGO, A. P.; PEREIRA, A. R. Agrometeorology of the coffee crop. Geneva: World Meteorological Organization, 1994. 43 p. - CONCEIÇÃO, C. H. Biologia, dano e controle do bicho-mineiro em cultivares de café arábica. 2005. 86p. Dissertação (Mestrado em Agricultura Tropical e Subtropical, Área de Concentração em Tecnologia da Produção Agrícola) IAC, Campinas. - GRAVENA, S. Táticas de manejo integrado do bicho-mineiro do cafeeiro Perileucoptera coffeella (Guérin-Mèneville, 1842): I - Dinâmica populacional e inimigos naturais. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, Londrina, v.12, p. 61-71, 1983. - PARRA, J. R. P. Biologia comparada de Perileucoptera coffeella (Guérin-Menéville, 1842) (Lepdoptera-Lyonetiidae), visando ao seu zoneamento ecológico no Estado de São Paulo. 1981. 96 p. Tese (Livre Docência) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba. - PARRA, J. R. P.; GONÇALVES, W.; GRAVENA, S.; MARCONATO, A. R. Parasitos e predadores do bicho-mineiro do cafeeiro Perileucoptera coffeella (Guérin-Menéville, 1842) em São Paulo. Anais da Sociedade de Entomologia do Brasil, Londrina, v.6, n.1, p.138-143, 1977. - SEIXAS, R. T. L.; COSTA, E. C. Flutuação populacional de bicho-mineiro Perileucoptera coffeella (Guérin-Menéville, 1842) em regiões cafeeiras do estado do Mato Grosso do Sul. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISAS CAFEEIRAS, 8, Campos do Jordão, SP, 1980. Resumos. Rio de Janeiro, IBC/GERCA, 1980, p. 310-11. - SOUZA, J.C.; Reis P.R. e RIGITANO, R.L. de O. Bicho-Mineiro do cafeeiro: biologia, danos e manejo integrado. Boletim técnico-epamig. Belo Horizonte, 2 ed., n. 54, maio 1998, p. 7-48. 5