Proposta de Razão Recursal



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Transcrição:

Concurso: Banca examinadora: Proposta de Razão Recursal Oficial Escrevente FAURGS Questões recorríveis: 46, 47, 48, 49 e 52 Professor: Davi André Costa Silva Objeto de recurso Questão Motivo 46 Objeto de questionamento não contemplado no edital. 47 Objeto de questionamento não contemplado no edital. 48 Objeto de questionamento não contemplado no edital. 49 Objeto de questionamento não contemplado no edital. 52 Duas assertivas corretas. Matéria criminal e processual segundo o edital nº 26/2010 DRH SELAP RECSEL Código Penal: dos crimes praticados por funcionários públicos contra a Administração: arts. 312 a 314, 316 e 317, 319 e 320, 322 e 323, 325, 327. Código de Processo Penal: das citações e intimações (arts. 351 a 372), do processo comum (arts. 394 a 405), do procedimento relativo aos processos da competência do Tribunal do Júri (arts. 406 a 435; arts. 453 a 481). Lei nº 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais) e Lei nº 11.340/06 (Lei Maria da Penha). Prof. Davi André Costa Silva 1

I. Questão 46 1. Enunciado Maria foi denunciada pela prática de crime de moeda falsa (art. 289, CP). Por oportunidade de sua citação, Maria, vislumbrando a possibilidade de prescrição da pretensão punitiva, ofereceu ao Oficial de Justiça determinada quantia em dinheiro para que esse adiasse o cumprimento do ato. O Oficial de Justiça aceitou a quantia oferecida. Maria e o Oficial de Justiça praticaram, respectivamente, os crimes de (A) Corrupção ativa e corrupção passiva. (B) Corrupção ativa e prevaricação. (C) Corrupção passiva e corrupção ativa. (D) Corrupção ativa e condescendência criminosa. (E) Corrupção passiva e prevaricação. 2. Gabarito preliminar (A) Corrupção ativa e corrupção passiva. 3. Razões recursais A questão pretendeu examinar a matéria atinente aos crimes contra a Administração Pública. A digna banca examinadora apresentou como certa a assertiva (A). Ocorre que, embora não se discuta o acerto na eleição da referida assertiva, a alternativa (A) contempla matéria flagrantemente fora do edital, pois exige dos candidatos o conhecimento acerca dos crimes praticados por particular contra a Administração em geral corrupção ativa (arts. 333, CP). No certame de abertura do concurso há referência expressa aos arts. 312 a 314, 316 e 317, 319 e 320, 322 e 323, 325, 327 do Código Penal, ou seja, dos crimes praticados por funcionário público contra a Administração em geral. Prof. Davi André Costa Silva 2

A resposta exigida pela banca examinadora, corrupção ativa, é contemplada no art. 333 do Código Penal. Assim, evidencia-se exigência de matéria não contemplada pela Lei do Concurso, o edital nº 26/2010 DRH SELAP RECSEL. 4. Do pedido cabível ANULAÇÃO da questão por exigir matéria não contemplada no edital. II. Questão 47 1. Enunciado Daniel, funcionário público, concorreu culposamente para que João, igualmente funcionário público, se apropriasse intencionalmente de valores de que tinham a posse em razão de seus cargos. Ambos foram denunciados pelo Ministério Público, processados e condenados na Justiça Criminal. Daniel, entretanto, após a publicação da sentença condenatória e antes do trânsito em julgado, reparou o dano causado aos cofres públicos. Pode-se afirmar que (A) Daniel e João terão a extinção da punibilidade, pois houve a reparação do dano antes do trânsito em julgado da sentença. (B) Daniel e João terão redução de 1/3 da pena imposta na sentença, pois houve a reparação do dano antes do trânsito em julgado. (C) A reparação do dano, mesmo antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, não tem efeito jurídico. (D) Pela reparação do dano, Daniel terá redução de metade da pena imposta na sentença. (E) Pela reparação do dano, Daniel terá redução de 1/3 da pena imposta na sentença. Prof. Davi André Costa Silva 3

2. Gabarito preliminar (D) Pela reparação do dano, Daniel terá redução de metade da pena imposta na sentença. 3. Razões recursais A questão pretendeu examinar a matéria atinente aos crimes contra a Administração Pública. A digna banca examinadora apresentou como certa a afirmação (D). Ocorre que, embora o respeitável entendimento da douta banca, NÃO HÁ ASSERTIVA que contemple a resposta correta. Consta do enunciado que Daniel e João praticaram peculato, o primeiro na modalidade culposa e, o segundo, de forma dolosa, o que se depreende da expressão se apropriasse intencionalmente de valores de que tinham a posse em razão de seus cargos. Para que o candidato pudesse responder o questionamento, deveria ter pleno conhecimento do art. 312 do Código Penal que, assim, dispõe: Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 1º - (...) Peculato culposo 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. Prof. Davi André Costa Silva 4

No que diz respeito ao peculato culposo ( 2º), o Código Penal revela o benefício da extinção da punibilidade para a hipótese de o agente reparar o dano antes do trânsito em julgado da sentença condenatória ( 3º). Não há qualquer previsão da mesma benesse penal para o peculato doloso. Dessa forma, João não seria beneficiado pela reparação do dano efetuada por Daniel. De qualquer forma, o enunciado é claro em afirmar que Daniel reparou o dano causado aos cofres públicos após a publicação da sentença condenatória e antes do trânsito em julgado. Dessa forma, o benefício seria a extinção da punibilidade, nos termos do art. 312, 3º, CP e não a redução da pena, como afirmado na assertiva eleita pela douta banca, que só ocorreria se a reparação ocorresse após o trânsito em julgado. Embora não reste dúvida da inexistência de assertiva que contemple a resposta correta, passa-se à análise de todas as assertivas. (A) Daniel e João terão a extinção da punibilidade, pois houve a reparação do dano antes do trânsito em julgado da sentença. Não há acerto na assertiva, porque, como referido anteriormente, o benefício só se aplica ao peculato culposo. Assim, João, que praticou peculato doloso, não seria beneficiado pela extinção da punibilidade. (B) Daniel e João terão redução de 1/3 da pena imposta na sentença, pois houve a reparação do dano antes do trânsito em julgado. João não fará jus a qualquer benefício, por ausência de previsão legal, pois praticou peculato doloso. Daniel seria beneficiado pela extinção da punibilidade, pois reparou o dano antes do trânsito em julgado. (C) A reparação do dano, mesmo antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, não tem efeito jurídico. O efeito extinção da punibilidade é explícito no art. 312, 3º, do Código Penal. (D) Pela reparação do dano, Daniel terá redução de metade da pena imposta na sentença. Prof. Davi André Costa Silva 5

Estaria correto se a reparação do dano tivesse ocorrido depois do trânsito em julgado da sentença condenatória. Como ocorreu antes, o benefício é a extinção da punibilidade. (E) Pela reparação do dano, Daniel terá redução de 1/3 da pena imposta na sentença. Não há previsão legal deste quantum de redução da pena. Como afirmado nos itens anteriores, a reparação do dano antes do trânsito em julgado da sentença condenatória é a extinção da punibilidade, nos termos do art. 312, 3º, do Código Penal. 4. Do pedido cabível ANULAÇÃO da questão por não contemplar assertiva correta. III. Questão 48 1. Enunciado Considere as assertivas abaixo quanto a crimes contra a Administração Pública. I. No tipo legal de peculato mediante erro de outrem (art. 313, CP), denominado pela doutrina de peculato impróprio, o sujeito ativo não tem previamente a posse da res objeto material do crime. O funcionário público, neste crime, aproveita-se do erro de outrem e se apropria de dinheiro ou qualquer outra utilidade recebidos no exercício do cargo. II. Em decorrência do caráter subsidiário do crime de extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento (art. 314 CP), a configuração de infração mais grave afasta a incidência do referido dispositivo, especialmente quando concretizar algum crime de dano contra a Administração Pública; III. Para a configuração do crime de corrupção passiva (art. 317, CP), é imprescindível a ocorrência concomitante da corrupção ativa (art. 333, CP). Prof. Davi André Costa Silva 6

Quais estão corretas? (A) Apenas I; (B) Apenas I e II; (C) Apenas I e III; (D) Apenas II e III; (E) I, II e III. 2. Gabarito preliminar (B) Apenas I e II; 3. Razões recursais A questão pretendeu examinar a matéria atinente aos crimes contra a Administração Pública. A digna banca examinadora apresentou como certa a afirmação (B). Ocorre que, embora não se discuta o acerto na eleição da referida assertiva, o enunciado III contempla matéria flagrantemente fora do edital, pois exige dos candidatos o conhecimento acerca dos crimes praticados por particular contra a Administração em geral (arts. 328 a 337-A, CP), na medida em que faz referência à corrupção ativa, crime do art. 333 do Código Penal. No certame de abertura do concurso há referência expressa aos arts. 312 a 314, 316 e 317, 319 e 320, 322 e 323, 325, 327 do Código Penal, ou seja, dos crimes praticados por funcionário público contra a Administração em geral. Assim, não sendo matéria exigida pelo edital, os candidatos não tinham condições de avaliar o acerto (ou equívoco) do enunciado III, que fazia referência ao crime de corrupção ativa, do art. 333 do Código Penal. Dessa forma, evidencia-se exigência de matéria não contemplada pela Lei do Concurso, o edital nº 26/2010 DRH SELAP RECSEL. Prof. Davi André Costa Silva 7

4. Do pedido cabível ANULAÇÃO da questão por exigir matéria não contemplada no edital. IV. Questão 49 1. Enunciado Acerca dos crimes contra a Administração Pública, assinale a alternativa INCORRETA. (A) Se o funcionário público, no exercício de suas funções, revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deveria permanecer em segredo, incorrerá no crime de violação de sigilo (art. 325, CP). No entanto, se o funcionário público revelar o fato de que teve ciência em razão do cargo, desconhecendo que deveria permanecer em segredo, incorrerá em erro de tipo, cuja evitabilidade ou inevitabilidade deverá ser apurada. (grifei) (B) O Código Penal (art. 327) adota a noção extensiva do conceito de funcionário público, abarcando quaisquer indivíduos que exerçam, ainda que transitoriamente e sem remuneração, cargo, emprego ou função pública. Não são, porém, funcionários públicos, para efeitos penais, aqueles que apenas exerçam um múnus público, como, por exemplo, os inventariantes judiciais e os leiloeiros dativos. (C) Se o funcionário público dolosamente retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, para satisfação de interesse ou sentimento pessoal, incorrerá no crime de condescendência criminosa (art. 320, CP). (D) Consuma-se o crime de excesso de exação (art. 316, 1º, CP) com a simples exigência de tributo indevido, ou, quando devido, com o emprego vexatório ou gravoso na cobrança. Prof. Davi André Costa Silva 8

(E) O crime de corrupção passiva consuma-se instantaneamente, isto é, com a simples solicitação, recebimento ou aceitação da promessa de vantagem indevida. 2. Gabarito preliminar (C) Se o funcionário público dolosamente retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, para satisfação de interesse ou sentimento pessoal, incorrerá no crime de condescendência criminosa (art. 320, CP). 3. Razões recursais A questão pretendeu examinar a matéria atinente aos crimes contra a Administração Pública. A digna banca examinadora apresentou como certa a afirmação (C). Ocorre que, embora não se discuta o acerto na eleição da referida assertiva, a alternativa (A) contempla matéria flagrantemente fora do edital, pois exige dos candidatos o conhecimento acerca do erro de tipo, tópico próprio da teoria geral do delito, previsto no art. 20 do Código Penal. Mesmo que não se trate da assertiva eleita pela douta banca, o desconhecimento da teoria do delito, tema não exigido pelo edital de abertura do certamente, prejudicou, sobremaneira, a sua compreensão. 4. Do pedido cabível ANULAÇÃO da questão por exigir matéria não contemplada no edital. Prof. Davi André Costa Silva 9

V. Questão 52 1. Enunciado No procedimento Sumaríssimo da Lei nº 9.099/95, não sendo possível a citação pessoal do acusado por estar em local incerto, deve o juiz (A) determinar a sua citação por edital. (B) determinar a sua citação por hora certa. (C) encaminhar as peças existentes ao juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei. (D) encaminhar as peças existentes à Delegacia de Polícia para novas diligências com o intuito de localizar o autor do fato. (E) determinar o prosseguimento do processo e declarar o acusado ausente, nomeando-lhe defensor dativo. 2. Gabarito preliminar (C) encaminhar as peças existentes ao juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei. 3. Razões recursais A questão pretendeu examinar a matéria atinente à Lei n.º 9.099/95 Juizados Especiais Criminais. A digna banca examinadora apresentou como certa a afirmação (C). Ocorre que, nos termos do Enunciado n.º 110 do FONAJE (Fórum Nacional dos Juizados Especiais), também é cabível a citação por hora certa. Enunciado 110 - No Juizado Especial Criminal é cabível a citação com hora certa. (Aprovado no XXV FONAJE São Luís/MA) Não se nega que a assertiva eleita pela digna banca examinadora está correta, porque retrata o art. 66, parágrafo único, da Lei n.º 9.099/95. Entretanto, Prof. Davi André Costa Silva 10

imperioso reconhecer o enunciado do XXV Fórum Nacional dos Juizados Especiais que orienta a atuação dos Juizados Especiais Criminais em todo o país. 4. Do pedido cabível ANULAÇÃO da questão por existir, dentre as assertivas, DUAS CORRETAS ou, alternativamente, a atribuição de grau aos candidatos que optaram pela assertiva B. Prof. Davi André Costa Silva 11