ARTIGO - ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO ESTUDO ERGONÔMICO DO ÍNDICE DE ILUMINAÇÃO NO SETOR DE ALMOXARIFADO DE UMA CONSTRUTORA CIVIL

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ARTIGO - ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO ESTUDO ERGONÔMICO DO ÍNDICE DE ILUMINAÇÃO NO SETOR DE ALMOXARIFADO DE UMA CONSTRUTORA CIVIL NILTON SADI FREITAS DE BITENCOURT, LUCAS LEMOS Resumo: A ergonomia é peça fundamental no estudo tanto das condições de trabalho como dos mecanismos de prevenção adequados para a segurança e bem estar do trabalhador. Deste modo, ela torna-se uma importante ferramenta para analisar setores do trabalho que apresentam grandes potenciais não só de acidentes em relação as tarefas desenvolvidas mas também pelos risco a saúde do funcionário. Entre estes setores, está o segmento da construção civil, principal responsável pelos acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, físicas e psicológicas no Brasil. O objetivo deste trabalho é mapear os níveis de iluminância do almoxarifado de uma construtora civil e propor as devidas melhorias de acordo com as normas técnicas e de segurança para o setor. Palavras-chave: Construção Civil, Ergonomia, Iluminância. 1. Introdução No decorrer do tempo, as transformações na economia e no mercado competitivo, fizeram da globalização e da livre concorrência importantes desafios para as organizações, impondo cenários desafiadores. Diante do aumento da informação e do conhecimento dentro das empresas, cresceu também o desempenho e a preocupação com os colaboradores, especialmente no que diz respeito a sua saúde, satisfação no trabalho e performance em suas atividades. Entretanto atualmente, muitas atividades realizadas dentro de indústrias, por exemplo, necessitam do trabalho em conjunto entre homem/maquinário e homem/computador, fazendo com que problemas fisiológicos apareçam em virtude de aspectos como ruídos, iluminação, vibração e etc. Para auxiliar e descobrir novos métodos e maneiras para o trabalhador exercer suas atividades no posto de trabalho o estudo da Ergonomia é indispensável. Segundo Vidal (2008) a ergonomia, busca solucionar desequilíbrios relacionados ao homem e às suas ferramentas na produção de um determinado bem ou serviço, para o seu melhor funcionamento. Neste sentido, o segmento da construção civil por apresentar um grande índice de acidentes e riscos ergonômicos torna-se pertinente como o centro deste estudo. O objetivo deste trabalho - 146 -

consiste em avaliar estes riscos no posto de trabalho em um almoxarifado. Os principais fatores analisados foram os índices de iluminação e a sua conformidade com a Legislação Brasileira. 2. Referencial Teórico 2.1. Ergonomia A ergonomia é uma ramificação da ciência que estuda o desenvolvimento e aplicação de técnicas e métodos que visam o conhecimento das limitações humanas tanto físicas como psicológicas e seu relacionamento entre o homem e seu posto de trabalho. De acordo com a Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO), entende-se por ergonomia o estudo das interações das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente, objetivando intervenções e projetos que visem a melhorar, de forma integrada e não dissociada, a segurança, o conforto, o bem-estar e a eficácia das atividades humanas. Além do foco na integridade física do trabalhador, a ergonomia segundo Slack et al (1997), preocupa-se com segmentos fisiológicos do posto de trabalho,ou seja, com o corpo humano e como ele se comporta ao ambiente, sendo importante indicar o comportamento das pessoas sob diferentes condições de trabalho, tentando encontrar o melhor conjunto de condições de conforto e desempenho para a realização do mesmo. Para dar suporte aos cuidados com o trabalhador e o posto de trabalho, a ergonomia conta com um aparato de normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que dentre suas principais funções objetiva estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores. A norma regulamentadora para Ergonomia (NR 17) é a principal norma de respaldo para tratar das condições de trabalho no Brasil. 2.2. Iluminação nos Postos de Trabalho A iluminação em locais de trabalho deve ser cuidadosamente planejada e coerente, unindo o aproveitamento da luz natural com a luz artificial. A luz natural utilizada de maneira correta propicia a redução de custos com gastos energéticos, entretanto, ela deve ser evitada diretamente ao contato do trabalhador, pois pode provocar perturbações visuais e aquecer em demasiado o ambiente de trabalho. Segundo Millanvoye (2006) a iluminância é relatada como um fator de risco ao trabalhador. Para Iida (2005), o sistema de iluminação como um todo, assim como a escolha do tipo de lâmpadas, luminárias e a distribuição das mesmas depende das características do trabalho a ser executado. Basicamente para Iida (2005) existem três modelos de iluminação: - 147 -

- Iluminação Geral: Consiste na colocação regular de luminárias em toda a área, garantindo-se, assim, um nível uniforme de iluminamento sobre o plano horizontal. - Iluminação Localizada: Neste tipo de iluminação o ideal é concentrar a maior parte da luz sobre a tarefa, enquanto que o ambiente geral passa a receber um menor índice. - Iluminação Combinada: A iluminação geral é complementada com focos de luz localizada sobre a tarefa, com intensidade de 3 a 10 vezes superior ao do ambiente geral. A claridade do ambiente é determinada não apenas pela intensidade da luz, mas também pelas distâncias e pelo índice de reflexão das paredes, tetos, piso, máquinas e mobiliário. Um bom sistema de iluminação, com o uso adequado de cores e a criação dos contrastes, pode produzir um ambiente de trabalho, onde as pessoas desempenham suas funções confortavelmente, com pouca fadiga, monotonia e acidentes, e produzem com maior eficiência. No Brasil, a NBR 541 de 1992, estabelecia os valores de iluminância média em serviços como o comércio, indústria, ensino, esporte e outras. Essa norma foi revogada e substituída pela NBR ISO/IEC 8995-1 de 2013 (Iluminação de ambientes de trabalho Parte 1: Interior) na qual especifica os níveis de iluminação para locais de trabalho internos e os requisitos para que as pessoas desempenhem tarefas visuais de maneira segura, confortável e com o melhor rendimento possível. 2.3. A Ergonomia na Construção Civil O segmento da construção civil é um dos que mais apresentam índices de acidente de trabalho, pois além de oferecer uma grande variedade de riscos em suas diversas etapas e atividades de apoio, ainda é pouco estudado no que diz respeito ao enfoque de metodologias ergonômicas. Iida (2005) argumenta que isso, se deve ao fato das atividades serem dispersas, realizando diversas funções, da alta rotatividade dos trabalhadores e do pouco poder de organização entre os mesmos. Por sua vez estes estão sujeitos à realização de tarefas manuais árduas e repetitivas e, ao mesmo tempo, possuem na maioria dos casos baixa remuneração e pouca escolaridade. Isso os torna profissionais mais suscetíveis aos riscos de trabalho. Segundo Ribeiro (2005) muitas vezes estes trabalhadores subestimam os riscos a que estão expostos. Além disso, possuem confiança de que o conhecimento prático e rotineiro é suficiente para a realização da atividade, sem os devidos treinamentos para suas respectivas tarefas. Apesar do contínuo avanço do conhecimento através do desenvolvimento de pesquisas ergonômicas e técnicas realizadas no Brasil e no exterior, a ergonomia ainda não é encarada - 148 -

como prioridade nos canteiros de obra. Para que esta realidade venha a fortalecer-se na construção civil, é preciso um estudo de conscientização e cumprimento das normas regulamentadoras. 2.4. O Almoxarifado na Construção Civil Em cada atividade e setor, a construção civil oferece diferentes riscos para o trabalhador. Dentre esses setores está o almoxarifado, local de recebimento, armazenamento e direcionamento dos materiais dentro da obra. Este local caracteriza-se por manter estoques de curto prazo, em que os insumos para a execução das tarefas chegam à obra de acordo com o serviço a ser realizado, caracterizando-se com alta rotatividade de materiais e elevado número de tarefas a serem realizadas pelo trabalhador (SZAJUBOK, MOTA e ALMEIDA, 2006). Conforme Yázigi (2000) o almoxarifado deve ser dividido em seções de acordo com o tipo de material (elétrico, hidráulico, etc.) além de armazenar ferramentas, material de segurança, material administrativo e material de uso geral (cal, cimento, etc.). O trabalhador que está desempenhando suas tarefas no almoxarifado possui responsabilidades como: controle da entrada e saída de material, controle da contagem do material entregue, controle da saída do material requisitado pelo pessoal da obra, guarda de equipamentos e armazenamento de forma organizada de tudo que lhe for entregue (YÁZIGI, 2000). Aspectos como a adequada iluminação de acordo com as normas recomendadas e postura dos trabalhadores são indispensáveis para a execução das atividades no setor de almoxarifado. A iluminação, a ventilação e a umidade devem ser controladas, para evitar efeitos prejudiciais sobre as matérias-primas e produtos estocados. 3. Procedimentos Metodológicos O trabalho foi realizado no setor de almoxarifado de uma empresa de construção civil, localizada na cidade de Bagé/Rs. Para realização desta pesquisa, utilizou-se para medir os níveis de iluminação um luxímetro, conforme a Figura1. Figura 1 - Luxímetro utilizado nas medições - 149 -

Fonte: Autores (2016) A coleta de informações foi feita com o auxílio de visitas in loco ás dependências da empresa e ao posto de trabalho estudado. Através do levantamento de informações, fotos da atual situação do local, foram tiradas para auxiliar no melhor entendimento dos resultados e de acordo com as Normas Regulamentadoras da ABNT foi possível determinar quais os parâmetros ideais para a situação problema deste artigo. Para definir quais os procedimentos e a serem adotados para os níveis de iluminação do almoxarifado utilizou-se a Figura 2 descrita na norma, na qual nos fornece os valores de iluminâncias por classe de tarefas visuais. Figura 2- Índices de iluminâncias por classe de tarefas visuais Fonte: NBR ISO/IEC (2013) Entretanto para definir qual o valor mais adequado para o posto de trabalho estudado de acordo com a norma vigente, foi necessário analisar aspectos físicos relacionados ao trabalhador e que serão discutidos a seguir nos resultados deste artigo. 4. Resultados e Discussões - 150 -

Com o auxílio de fotos e visitas presenciais, foi possível identificar a situação do posto de trabalho no almoxarifado como mostra a Figura 3. Nesta primeira etapa de análise fica claro que o almoxarifado possui distorções pontuais em relação aos níveis satisfatórios de iluminação. Figura 3 - Posto de trabalho estudado Fonte: Autores (2016) No almoxarifado foi visível que pelo fato de haver somente um funcionário responsável por recebe e organizar as matérias-primas, o mesmo acaba sobrecarregado ainda pela limpeza e controle da entrada e saída dos materiais. Além da falta de mão de obra para auxiliar no controle, o ambiente é quente e úmido, provocando desconfortos físicos ao trabalhador. No que diz respeito a organização do local, pode-se notar que os insumos estão organizados de acordo com a sua utilidade, porém, a quantidade de materiais está limitando o espaço físico e com isso diminuindo o fluxo de movimento. A Figura 3 mostra também as discrepâncias entre os níveis de iluminação do local. Apesar do posto de trabalho contar com 4 lâmpadas fluorescentes, não existe uma alternativa de entrada de luz e ar natural. Com bases nestas observações a segunda etapa do estudo consistiu em elaborar a planta baixa do almoxarifado com os valores de iluminância nos pontos identificados como prioridade (Figura 4). Figura 4- Planta baixa do almoxarifado com os valores de iluminância obtidos - 151 -

Fonte: Autores (2016) Logo após a medição de dados referente à iluminação, a terceira parte do trabalho visou a comparação dos níveis atuais de iluminância do local com os níveis ideais estabelecidos pela norma NBR ISO/IEC 8995-1. A partir desta comparação, os resultados obtidos são mostrados no Quadro 1. Quadro 1- Iluminâncias em lux, por tipo de atividade Valores de Iluminância (lux) Ideal Atual (Média) 150 84,6 Fonte: Autores (2016) O valor mostrado no Quadro 1 da situação atual de iluminação do posto de trabalho foi obtido através da média aritmética entre os pontos medidos com o luxímetro. Com bases nos resultados obtidos para o almoxarifado da empresa recomenda-se que seja implementado pela mesma, um sistema de iluminação geral com os índices de iluminância adequados e uniformes sobre toda a área do plano de trabalho do ambiente. Este sistema permitirá que as luminárias sejam fixadas regularmente no teto e assim funcionário responsável pelo setor poderá realizar suas atividades com um maior grau de eficiência e precisão. De acordo com o item seleção de iluminância previsto na norma, este atribui valores que devemos aceitar dependo do cargo ou função exercida pelo funcionário, levando em consideração diversas características dentre elas a fisiologia, as atribuições de função e as capacidades do operador. Ela considera a idade do colaborador, se o cargo pede por uma alta - 152 -

produtividade ou por um alto índice de precisão ou capacidade visual do mesmo como mostra a Figura 5. Figura 5 - Fatores determinantes da iluminância adequada Fonte: NBR ISO/IEC (2013) A norma recomenda levar em conta tais fatores para decidirmos o valor aceitável de iluminância. Assim o resultado da analise das características da tarefa e do colaborador teve como resultado o índice de -1, e, portanto de acordo com a NBR ISO IEC 8995-1, o valor recomendado para o almoxarifado deve estar na faixa de 150 lux. 5. Considerações Finais Os resultados obtidos apontam que o almoxarifado estudado apresenta de certa maneira um espaço físico organizado, entretanto com baixo nível de iluminação para as atividades desenvolvidas pelo trabalhador responsável. O ambiente não possui entradas de ar e de iluminação natural o que provoca o aumento da umidade no local e o desconforto físico do funcionário. A análise dos dados levantados serviu também para mapear os níveis de iluminância do posto de trabalho, onde se notou que o centro apresenta maior valor de iluminação, entretanto, a parte mais ao fundo, apresentam valores menores. Além disso, os dados mostraram que o posto de trabalho não está de acordo com os padrões ideais e recomendados pela NBR ISO/IEC 8995-1 / 2013. Estes fatores podem ser explicados devido ao tamanho do almoxarifado e a distribuição do atual tipo de iluminação. Por fim o trabalho realizado espera contribuir para a conscientização da empresa em investir nas condições adequadas de trabalho aos funcionários, respeitando os padrões da legislação brasileira e visando o bem estar e segurança do trabalhador. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Norma Regulamentadora N.º17, Norma Técnica. Disponível em: <http://www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_17.asp>. Acesso em 11 de - 153 -

dez. de 2015. ABERGO, Associação Brasileira de Ergonomia. Ergonomia, o que é?. Disponível em: <http://www.abergo.org.br/oqueeergonomia.htm>.acesso em: 05 jan. 2016. VIDAL, Mário César. Guia para Análise Ergonômica do Trabalho na empresa: Uma metodologia realista, ordenada e sistemática. Rio de Janeiro: Editora Virtual Científica, 2008. SLACK, Nigel [et al.] Administração da produção - Operations management. São Paulo: Atlas, 1997. CORDEIRO, E. O comportamento ansiógeno no tratamento do LER / DORT. Dissertação de Mestrado, Fisioterapia Universidade Estadual de Goiás, Anápolis, 2000. MILLANVOYE, M. In: FALZON, P et al. Ergonomia. São Paulo: Editora Blucher, 2007. IIDA, I. Ergonomia: Projeto e Produção. 2. ed. São Paulo: Edgard Blücher Ltda. 2005. RIBEIRO, B. Análise dos riscos ergonômicos da atividade do gesseiro em um canteiro de obras na cidade de João Pessoa/PB através do software Winowas. Revista Gestão Industrial. 1 : (4), 528-535. UTFPR. Ponta Grossa PR, 2005. SZAJUBOK, N. K.; MOTA, C. M. de M.; ALMEIDA, A. T. de. Uso do método multicritério ELECTRE TRI para classificação de estoques na construção civil. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s010174382006000300010&script=sci_arttext&tlng=e s>. Acesso em 12 de janeiro de 2016. YÁZIGI, W. A técnica de edificar. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo: Pini, 2000. FERNANDES, J. C. Influência dos Protetores na Inteligibilidade da Voz, 2000. NORMA BRASILEIRA, Iluminação de Ambientes de Trabalho Parte 1: Interior. Disponível em: <http://edsonjosen.dominiotemporario.com/doc/nbr%20iso_cie%208995_1.pdf>. Acesso em 7 de jan de 2016. - 154 -

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