O CONSELHO MUNICIPAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL NO FORTALECIMENTO DA EDUCAÇÃO DO CAMPO: POTENCIALIDADES E AÇÃO

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O CONSELHO MUNICIPAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL NO FORTALECIMENTO DA EDUCAÇÃO DO CAMPO: POTENCIALIDADES E AÇÃO Wagner José de Aguiar 1 ; Maria Aparecida Tenório Salvador da Costa 2 Universidade Federal Rural de Pernambuco 1 wagner.wja@gmail.com; 2 aparecidatcosta@hotmail.com RESUMO Este trabalho discute as potencialidades dos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável para o fortalecimento da educação do campo. Nesse sentido, foi realizado um estudo exploratório, em torno uma ação educativa e cultural promovido pelo Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentável do município pernambucano de Brejo da Madre de Deus. Através de observações diretas, registros iconográficos e consultas a fontes escritas, foram identificadas potencialidades na ação estudada que sugerem que esses conselhos representam agentes estratégicos na promoção de ações educativas contextualizadas com a realidade rural, na direção de um desenvolvimento local sustentável, abrindo possibilidades para o fortalecimento da educação do campo. INTRODUÇÃO Este trabalho é fruto de uma pesquisa em andamento, desenvolvida no âmbito da Pós-graduação em Educação do Campo e Desenvolvimento Sustentável (lato sensu), promovida pela Universidade Federal Rural de Pernambuco, no âmbito da Rede Nacional de Formação Continuada dos Profissionais do Magistério da Educação Básica Pública (RENAFORM). O estudo consiste na análise da produção intersetorial das políticas públicas de educação do campo, a partir da atuação de três conselhos gestores municipais Educação, Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural Sustentável, sobretudo deste último conselho.

Os Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS) são mecanismos de participação e controle social na definição, implantação e avaliação das políticas de desenvolvimento rural municipal, com vistas ao aumento da produção, emprego e qualidade no campo, com o respeito ao meio ambiente (MOURA, 2007). São nessa conjuntura que se inserem as políticas públicas de educação do campo, uma vez que não se pode garantir uma política educacional desarticulada de outras políticas dirigidas para a população do campo (SANTOS; PALUDO; OLIVEIRA, 2009). Nessa direção, parte-se do reconhecimento da sustentabilidade enquanto um dos princípios da educação do campo, que deve fazer parte da formulação dos projetos político-pedagógicos das escolas (BRASIL, 2010). Ao mesmo tempo, a maior parte destas instituições demonstra ainda não ter internalizado plenamente o viés da sustentabilidade nos seus processos formativos, o que reforça a necessidade de alternativas em outros setores de políticas que possam contribuir para potencializar o debate do desenvolvimento local sustentável nas práticas curriculares das escolas. No intento de analisar a política pública de educação do campo a partir de uma abordagem intersetorial, este trabalho tem como objetivo discutir as potencialidades na atuação dos CMDRS para o fortalecimento da educação do campo, tomando por base um estudo exploratório focado em uma ação promovida por um CMDRS em um município do Agreste pernambucano. Uma vez destacado enquanto parte de um estudo em andamento, este trabalho não pretende apontar conclusões, mas trazer algumas reflexões de um esforço de aproximação inicial da realidade do campo da pesquisa. METODOLOGIA A pesquisa exploratória corresponde a uma aproximação inicial, que cumpre a finalidade de aumentar a familiaridade do pesquisador com o ambiente ou fenômeno de estudo (LAKATOS; MARCONI, 2003). Nesse sentido, tem como campo de investigação o município pernambucano de Brejo da Madre de Deus, situado a 198 km da capital, estando inserido na Região de Desenvolvimento (RD) do Agreste Central,

tendo como base econômica a agricultura (tomate, banana, mandioca) e a pecuária (bovino, caprino, ovino) (PERNAMBUCO, 2014), além do turismo cultural e religioso (PROJETEC, 2010). Uma das particularidades do município, dentro do foco de abrangência deste estudo, tange ao seu reconhecimento como a capital da Agroecologia 1, título dado em reconhecimento aos esforços envidados localmente para o fortalecimento de uma produção agrícola voltada para a conservação da natureza e a produção e comercialização de produtos orgânicos. Um desses esforços tem sido a Feira do Verde 2, ação promovida pelo Conselho de Desenvolvimento Sustentável de Brejo da Madre de Deus (Condesb), com a participação de diferentes atores e entidades locais, a exemplo das escolas públicas, foco de interesse deste trabalho. Partindo desta ação, foram feitas observações durante a 15ª Feira do Verde, realizada nos dias 24 e 25 de abril de 2015. Como instrumentos de coleta de informações, foram utilizados o diário de campo e uma câmera fotográfica, além do recolhimento de materiais educativos entregues pelas escolas e conversas informais com estudantes e docentes. Como fontes complementares, foram pesquisados textos referentes à divulgação da ação (inclusive das edições anteriores), bem como consultada a lei de criação do Condesb. Este foi percurso adotado para a obtenção dos resultados. RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com sua a lei de criação, o Condesb é reconhecido como uma entidade autônoma de articulação social destinada a colaborar com o desenvolvimento local sustentável, bem como apoiar a descentralização das políticas públicas do município. Tem como uma de suas competências a promoção do entrosamento entre as atividades desenvolvidas pelo Poder Executivo Municipal e órgãos e entidades públicas e privadas voltadas para o desenvolvimento rural do município (BREJO DA MADRE DE DEUS, 2001). É nesse plano que se estrutura a Feira do Verde. Existente desde 2001, a ação conta com parcerias como a Prefeitura Municipal, a 1 Reconhecimento feito através da Lei estadual nº 14.612/2012. 2 Ação regulamentada pela Lei estadual nº 14.613/2012 como parte do calendário de eventos do estado.

Federação de Trabalhadores da Agricultura do estado de Pernambuco (FETAPE), o Sindicato de Trabalhadores Rurais (STR), e o Instituto de Pesquisa Agronômica de Pernambuco (IPA); e patrocínios dos governos federal e estadual, através dos setores ligados à agricultura e ao desenvolvimento agrário, e de fundação ligadas ao setor bancário. Com a finalidade de promover a conscientização ambiental da população local, a ação tem abrangido a comercialização de produtos orgânicos, artesanatos, produtos in natura e beneficiados, mudas de plantas ornamentais e árvores frutíferas. Segundo notícias consultadas 3,4, nos últimos cinco anos a Feira do Verde tem contado com a participação de escolas do município, cumprindo a ação, o papel de fomentar a socialização dos saberes escolares (Figura 1). As escolas têm participado com mostras de trabalhos produzidos a partir do tema da Feira, com o uso de diferentes meios didáticos (cartazes, maquetes, experimentos, etc.), havendo ainda a distribuição de materiais como mensagens de caráter educativo (folders, ímãs de geladeira, etc.), dentro do viés da cultura da sustentabilidade no contexto das questões locais. Figura 1 Participação das escolas nos estandes da 15ª Feira do Verde Fonte: acervo dos autores Quanto ao conteúdo de edições anteriores, foi possível identificar uma relação próxima de temas trabalhados na educação do campo como: Saber Cuidar: Sustentabilidade e Solidariedade (2010), Tudo que sustenta a vida sai da terra; Ela é a 3 http://www.portalbrejonoticias.com.br/2015/04/15-feira-do-verde-em-brejo-da-madre-de.html 4 http://educacaobrejomdeus.blogspot.com.br/2011/05/11-ferida-do-verde-em-brejo-da-madre-de.html

fonte de tudo (2012) e Uso Sustentável do Solo e Combate à Desertificação (2015), além de suscitar questões como a solidariedade, a sustentabilidade e o trabalho. No caso do tema da edição recente, este foi eleito em virtude do Ano Internacional dos Solos, e trabalhado pelas escolas a partir de problemas relacionados às práticas de uso dos solos (Figura 2). Figura 2 Representação da temática dos solos nos trabalhos das escolas (A maquete com dois cenários diferentes de conservação do solo; B- banner com práticas agrícolas sustentáveis) Fonte: acervo dos autores Outra atividade educativa promovida na 15ª Feira do Verde foi a 1ª Mostra Fotográfica Brejo Capital da Agroecologia, resultado de um concurso promovido no intuito de dar visibilidade às práticas agroecológicas do município. O concurso foi aberto através de um edital público, aberto a estudantes e turistas para registro e envio de imagens em três categorias temáticas: (1) Produção Agroecológica, focada nas práticas de plantio, colheita e comercialização de produtos orgânicos; (2) Paisagens Naturais, com destaque para as belezas cênicas do município, como cachoeiras, matas, etc.; e, (3) Feira do Verde, com foco nas vivências das edições anteriores do evento. Este tipo de atividade vem ao encontro da importância do reconhecimento das percepções e representações do meio ambiente em um processo educativo (AGUIAR; SILVA, 2014). São abordagens como estas que poderiam ser potencializadas na

educação escolar, aumentando as possibilidades para uma educação contextualizada com a realidade do campo. Nessa direção, os CMDRS podem se superar para além da sua função burocrática (ABRAMOVAY, 2001), na medida em que tem ampliadas suas chances de participação em outras políticas setoriais, como a educação do campo. CONCLUSÕES Os CMDRS representam agentes estratégicos na promoção de ações educativas contextualizadas com a realidade rural, na direção de um desenvolvimento local sustentável, abrindo possibilidades para o fortalecimento de significativas contribuições à educação do campo. Embora se tenha partido de uma ação pontual para um estudo exploratório, potencialidades existem para o diálogo intersetorial, ou seja, do setor da agricultura ou desenvolvimento rural com o setor educacional. É nessa perspectiva que este trabalho espera contribuir para o conhecimento acerca da Educação do campo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRAMOVAY, R. Conselhos além dos limites. Estudos Avançados, São Paulo, v. 15, n. 43, p. 121-140, 2001. AGUIAR, W. J. ; SILVA, A. C. P. Representações de meio ambiente de alunos de uma escola do campo de Paudalho/PE: possibilidades para vivências ecopedagógicas no currículo. In: CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 1., 2014, Campina Grande. Anais... Campina Grande: Realize, 2014. BRASIL. Decreto nº 7.352, de 4 de novembro de 2010. Dispõe sobre a política de educação do campo e o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária - PRONERA. Diário Oficial da União, 5 nov. 2010. BREJO DA MADRE DE DEUS. Lei municipal nº 093, de 13 de dezembro de 2001. Revoga a lei de nº 084/2001 e dá outras providências. LAKATOS, E. M; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003. 312 p. MOURA, J. T. V. Os conselhos municipais de desenvolvimento rural (CMDRs) e a

construção democrática: esfera pública de debate entre agricultores familiares e o Estado? Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 9, n. 2, p. 241-255, 2007. PERNAMBUCO. Secretaria de Planejamento. Perfil municipal de Brejo da Madre de Deus. 2014. Disponível em: <http://cod.ibge.gov.br/1bny>. Acesso: 8 ago. 2015. PROJETEC. Plano hidroambiental da bacia hidrográfica do Rio Capibaribe. Recife: Projetec, 2010. SANTOS, C. E. F.; PALUDO, C.; OLIVEIRA, R. B. C. Concepção de educação do campo. In: TAFFAREL, C. N. Z.; SANTOS JÚNIOR, C. L.; ESCOBAR, M. O. (Org.). Cadernos didáticos sobre Educação do campo. Salvador: UFBA, 2009. p. 17-72.