Património e Turismo



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Património e Turismo Locais Visitáveis: - Cidade de Moura - CASTELO DE MOURA O castelo de Moura encontra-se implantado na zona mais alta da Cidade, em posição inter-fluvial. Edificado sobre um grande povoado da Idade do Ferro, numa zona intensamente ocupada pelo homem, constitui um importante repositório da História de Moura. Detendo a classificação de Imóvel de Interesse Público, esta fortificação integra no seu recinto torres circulares e quadradas. Do período islâmico chegou até nós uma torre de taipa sobranceira ao edifício da Biblioteca municipal, que terá sido construída nos séculos XI ou XII. Dessa época é também a lápide que comemora a edificação do minarete da mesquita, mandada fazer por Almutadide Billahi, rei da taifa de Sevilha, em meados do século XI. Após a reconquista definitiva que data de 1232, a primeira notícia de campanhas de obras importantes reporta-se ao reinado de D. Dinis, podendo datar dessa altura a construção da Torre de menagem. No século XVI foi edificado o Mosteiro de Nossa Senhora da Assunção, integrando a Igreja de Santa Maria, onde segundo a tradição se teria implantado a mesquita, passando de Igreja Matriz a dependência do convento. Três grandes nascentes brotam no castelo e as mais importantes abastecem ainda a Fonte de Santa Comba e a Fonte das Três bicas. Aliás, a existência de vastos mananciais de água, com reconhecidas qualidades minero-medicinais, tornaram possível a existência de termas em Moura desde 1899. No século XVII é a vez da Guerra da Restauração impelir a um reforço da fortificação que foi adaptada ao tipo abaluartado, militarmente mais eficiente

para a tecnologia bélica de então. Mais tarde, na sequência da Guerra da Sucessão, o Duque de Osuna, depois de invadir a Vila em 1707, mandou destruir o castelo, data em que vários sectores do castelo sofreram graves danos e em que foi parcialmente demolida a Torre de Salúquia. O grande sismo de 1755, a perda das funções militares da Praça em 1805 e a exploração do salitre no recinto do castelo com o consequente desmantelamento dos muros, vieram acelerar o estado de ruína deste monumento. O Castelo de Moura e área envolvente, constitui a zona mais nobre da Cidade, pelo importante valor patrimonial e cultural de que é detentor apesar de se encontrar despojado das funções religiosas, habitacionais e defensivas que outrora conservou. IGREJA DE S. JOÃO BATISTA A igreja de S. João Baptista, classificada como Monumento Nacional, foi edificada nos inícios do Séc. XVI, constituindo assim o melhor exemplar do estilo Manuelino existente no concelho. O templo tem três naves abobadadas, separadas entre si por oito arcos quebrados, assentes em duas séries de pilares octogonais. Na torre sineira pode ser apreciado o varandim onde se deveria dar a missa aos reclusos da prisão. A igreja sofreu derrocada parcial em 1708, tendo desabado o coro alto e parte da nave do meio, o que obrigou à sua reconstrução. As obras duraram dois anos, tendo-se verificado a reabertura do templo ao culto a 12 de Abril de 1710. A última grande campanha de restauro do monumento foi levada a cabo há quase cinquenta anos. A beneficiação geral do edifício então efectuada, incluiu o arranjo interior do templo, a demolição de pequenas casas entretanto anexadas à igreja e demolição do coroamento da torre sineira.

CONVENTO DO CARMO Não existe a menor dúvida de que a primeira fundação carmelita em terras portuguesas se realizou em Moura, no ano de 1250. Menos certa, é contudo a responsabilidade da fundação do Convento do Carmo, que muitos historiadores atribuem ao infante D. Afonso de La Cerda (fundador de mais dois conventos, um em Gibraleon e outro em Requena). Desde a sua fundação, este convento beneficiou de numerosos privilégios reais e era tal a devoção dos habitantes da Vila e arredores que, já no séc. XVI, temos bens de famílias importantes a serem doados ao convento, por vontade testamentária. De referir a título de exemplo a doação efectuada por Afonso Gonçález, cónego de Badajoz, em 1428, de todos os bens que o mesmo tinha em Moura (com obrigações de missas e sufrágios). Este espaço é merecedor de uma visita atenta, não só pela história que lhe é intrínseca, como pela interessante componente arquitectónica que ostenta. Inicialmente construído no chamado gótico alentejano, este templo imponente com as suas três naves de seis tramos, sofreu várias alterações manuelinas e renascentistas na sua traça. De destacar, a bonita abóbada artesonada manuelina da sacristia, em cujas intersecções está a cruz de cristo representada, o magnífico púlpito em muito semelhante ao da Igreja de S. João, e, um pouco por todo o Convento, a presença da simbologia da ordem de Malta, nomeadamente na entrada para o refeitório, e no muro de ingresso ao templo. Renascentistas são a fachada e o pórtico principal, assim como o claustro e algumas capelas. Como personalidades ilustres ligadas a Moura e simultaneamente á História do Carmo, devemos ressaltar Frei Baltazar Limpo, natural de Moura e figura de destaque no seu tempo (1478-1558), uma vez que foi bispo do Porto e participou no Concílio de Trento, encontrando-se sepultado numa das capelas laterais da Igreja do Carmo. Menos conhecido pelos naturais da terra, foi Martin de Sottomayor. Nascido em Moura no sec. XV, esteve vinculado ao Carmo de Lisboa, exerceu

o cargo de pregador do Rei D. Afonso V, foi bispo titular de Tripoli e juiz apostólico dos Breves que vinham de Roma. D. Nuno Álvares Pereira também é uma figura desde sempre ligada a este convento uma vez que daqui foram levados por ele os primeiros religiosos para o Convento do Carmo em Lisboa, e sempre se interessou pelo Convento de Moura, ao qual atribuiu sempre avultados donativos. CONVENTO DE S. FRANCISCO Este convento foi fundado em 1547, altura em que contou com numerosas contribuições, em especial do Rei D. João III. Este monarca tinha um afecto especial pela Ordem Franciscana, pelo que dotou o Algarve de conventos que mandava construir à sua custa. Em Moura, D. João III, doou aos franciscanos um pequeno bosque com uma casa de campo, para que aí fosse instalado o Convento de S. Francisco. Apesar de a data da construção remontar a 1547, a obra foi demorada e somente foi concluída em 1693, data em que terminou a construção do adro e da porta da igreja. Vários foram os contributos para a construção deste edifício, mas entre eles destaca-se o de D. Isabel de Moura, que custeou a construção da capelamor. O claustro foi construído por vontade do padre, Frei Martinho de Santo António, da família dos Vieiras. Luís Pereira de Sequeira foi o responsável, no século XVII, pela construção da abóbada da igreja e consta que, havendo falta de materiais, as pedras e outros materiais, os que estavam destinados a esta construção foram aproveitados na fortificação da praça, tendo parte da igreja sido coberta com um lanço de telha vã e ficando o restante a descoberto. Com a extinção das ordens religiosas, algumas partes do convento foram desmanteladas ou reaproveitadas. Tal foi o caso do portão de entrada do campo de futebol D. Maria Vitória, que ostenta cantaria pertencente a este

edifício. Digna de admirar pela sua magnificência é a capela lateral da Vieira, uma das mais belas do distrito de Beja, construída em forma de concha e dedicada a Asumptio Beatae Mariae Virginis. IGREJA DE S. PEDRO MUSEU DE ARTE SACRA Por volta de 1600, a colegiada dos padres de S. Pedro obteve provisão de Filipe III para trocar olival por casas (pertencentes a Dª Brites Lourenço Estibéria) onde queriam fundar a igreja, tendo conseguido obter bula papal para esse efeito. Apenas em 1674 é esta igreja concluída, conforme atesta a data existente no portal. Classificada como imóvel de interesse público desde 1963, esta igreja é de arquitectura simples, com portal em granito, de linhas rectas, onde existe um nicho que encima o portal, com a imagem de S. Pedro. No interior, o revestimento riquíssimo da igreja, é feito com azulejos de padrão seiscentista policromos e azulejos setecentistas, em tonalidades de azul, branco e com apontamentos a amarelo. A capela mor, que sofreu a reconstrução da sua abóbada em 1963, apresenta um revestimento azulejar particular, com a representação de panejamentos afastados que deixam ver o altar mor, num efeito cenográfico ao estilo barroco. Desde 17 de Dezembro de 2004, a igreja de S. Pedro foi refuncionalizada como núcleo museológico, albergando a exposição Visões do Invisível- Arte Sacra na Diocese de Beja, com uma preciosa mostra de arte sacra alentejana. IGREJA DE SANTO AGOSTINHO Inicialmente este edifício onde se encontra a igreja era ocupado por uma capela dedicada a Nossa Senhora da Glória. Esta capela foi mandada edificar por António Gonçalves, almocreve de profissão, no ano de 1650. Quando o

fundador da capela morreu foi sepultado numa cripta, ainda hoje existente, e a igreja foi doada a El-Rei D. João IV. Em 1732 D. João V mandou demolir esta igreja e construir uma outra no mesmo local, respeitando sempre a sepultura do fundador. No início do século XIX no ano de 1812, entra finalmente em funcionamento o novo edifício. Antes desta mudança, a igreja de Santo Agostinho era uma casa pequena, de telha vã e com uma capelinha de abóbada. Estava rodeada de uma vasta vinha e nela residiam dois ou três eremitas. A igreja, de uma só nave, tem abóbada de berço, um púlpito e um baptistério. O pórtico e o altar-mor são de estilo barroco clássico do século XVIII português. O altar-mor é de talha dourada, assim como as capelas laterais que são decoradas por retábulos. Numa delas encontra-se um bonito desenho em gesso, rematado com o «Agnus dei». A igreja tem todas as paredes azulejadas. MONUMENTOS - QUARTÉIS Classificado como Imóvel de Interesse Público, o edifício dos quartéis, ilustra bem o que de mais puro existe nesta arquitectura de âmbito militar, construída com o propósito único de defender esta zona fronteiriça, nas guerras da restauração. Moura, como praça de armas, foi um importante centro de operações militares do Baixo Alentejo durante as Guerras da Restauração e outras lutas de defesa do território Nacional. Na sua construção se empenharam alguns especialistas de arquitectura militar da época, e a sua tipologia reflecte a construção militar que se efectuava na Europa, nos séculos XVII e XVIII. A harmonia e simetrismo do edifício são-lhe conferidas pela sua construção alongada de dois pisos, por onde estão distribuídas as várias casernas, que são rematadas por uma série de chaminés de tipo tradicional.

Outro pormenor faz deste edifício algo de notável e assinalável, trata-se da Igreja do Senhor Jesus dos Quartéis de Moura, uma Capela adjunta ao edifício dos quartéis que teve na época da Restauração grande devoção. A capela mantém ainda o seu aspecto original, e conta com um dos mais belos altares da Diocese de Beja cujo estilo roça o neoclassicismo. Todo em Mármore, e com diferentes tonalidades, este altar contava ainda com a célebre tela de Nosso Senhor Jesus Crucificado (que aguarda restauro), atribuída a Domingos António de Sequeira. A ilustrar o espaço da pequena capela, temos a presença de vários painéis de azulejos da época da construção, que não podemos deixar passar desapercebidos. A construção deste edifício figurou de entre um conjunto de medidas, que tinha como principal objectivo a protecção de uma zona estrategicamente importante. De entre o plano de construções militares, do qual a edificação dos quartéis foi apenas um exemplo, contam-se também a construção de uma nova cintura de muralhas, dois fortes anexos, o restauro da Atalaia Magra (Século XIV) e a construção de 5 novas atalaias campestres. Situado numa zona em crescimento, está estabelecido junto a uma das mais importantes artérias de acesso á Cidade de Moura. Trata-se de um local que se integra na expansão de meados do século XVII, que ficou marcada pela construção da cerca de muralhas moderna e que marcou profundamente a expansão urbana de Moura, com a consequente consolidação da malha urbana renascentista. O recinto envolvente ao edifício dos quartéis, é já nessa altura deixado propositadamente desocupada, por razões militares e de exploração agrícola.