Editorial Neste número dedicar-nos-emos apenas às actividades levadas a cabo pela SADE, porque a Astronomia também se faz na rua e com a população em geral. Apresentamos um registo do que foi a observação do trânsito de Vénus, levada a cabo na Escola Superior de Tecnologia de Viseu e a reportagem possível de uma exposição organizada e projectada pela SADE dedicada aos relógios de Sol. Esta exposição publicitada em diversos orgãos de comunicação teve bastante afluência e teve a capacidade de mostrar a riqueza patrimonial e ciêntífica que esses objectos representam. Olhos no céu SAdeBolso Nº10, Setembro de 2004. Boletim (In)Formativo Trimestral Distribuição Gratuita Edição e Redacção: SADE DEMGI 1
Trânsito no parque de estacionamento! No dia 8 de Junho de 2004, a SADE levantou-se bem cedinho e foi para o parque de estacionamento da Escola Superior de Tecnologia montar o seu estaminé. Um evento de enorme importância estava para acontecer: o trânsito de Vénus. Amplamente divulgada, esta acção contou não só com a participação de muitos alunos, docentes e funcionários da ESTV, como também da população em geral. Ao longo da manhã passaram pelos nossos telescópios centenas de pessoas que foram convidadas e registar as suas observações e a partilhar os seus resultados com outros ali presentes. Aqui ficam pois algumas das perguntas mais frequentes daquela manhã, assim como o registo fotográfico do fenómeno. A meio da manhã, já muitos tinham passado pelas oculares dos telescópios, devidamente protegidos com filtros solares. O que é o trânsito de Vénus? Chama-se trânsito de Vénus à passagem do Planeta Vénus à frente do disco solar. Essencialmente devido ao facto dos planos das órbitas dos planetas Terra e Vénus não serem os mesmos e uma vez que o período de translação de cada um dos planetas é substancialmente diferente, este fenómeno é extremamente raro de se observar. Na realidade a última vez que tal foi observável foi em 6 de Dezembro de 1882. O próximo trânsito visível em Portugal será apenas em Dezembro de 2117. O que poderei observar? A observação do fenómeno também pôde ser feita através de solarescópios, instrumentos que usam a simples projecção do disco solar e a sombra como método de visualização. 2 À primeira vista apenas se verá um disco pequeno preto a passar em frente do disco solar, esse disco pequeno é Vénus. No entanto há dois instantes decisivos durante o trânsito: a entrada e a saída, onde com alguma atenção se poderá observar o efeito gota negra (uma deformação no disco pequeno preto que assume a forma de uma gota) e um anel muito fino brilhante em volta do pequeno disco preto (a atmosfera de Vénus reflectida pela luz solar de fundo).
O 2º contacto: por volta das 6:40. Névoas no horizonte e muito sono. Vénus descola e inicia a sua travessia já bem dentro do disco Solar 10:00, pessoas vêm e vão. Duas de conversa e muito calor. 11:00, já faltou mais... 11:40, a manhã passa lenta e quente. Tempo para um refresco O terceiro contacto aproxima-se. Sente-se a tensão no ar... 12:00, eis que surge o tão esperado efeito gota negra. 3º contacto será? ou ainda não? clique clique, foto foto. 12:05 Ainda se vê? ainda se vê? Queriamos ver a atmosfera de Vénus, mas não foi possível... 12:23, ainda lá está, por pouco mas ainda lá está. Está quase a ir embora,a próxima vez só em 2117 (visível de Portugal) O registo fotográfico dos principais momentos do trânsito de Vénus, devidamente comentados e organizados. O primeiro confacto não foi visível do local escolhido para a observação. Fotos por Pedro Almeida. Qual a importância deste fenómeno? Durante muito tempo conheciam-se apenas as dimensões relativas do sistema solar, ou seja, sabia-se que a distância da Terra ao Sol era 1,36 vezes mais que a distância de Vénus ao Sol e todas as outras proporções, mas não se sabia uma única distância absoluta. O problema resolverse-ia se fosse possível determinar uma qualquer distância absoluta. Essa distância seria por exemplo a distância da Terra ao Sol. Tal poderia ser calcultado pela observação minuciosa de um fenómeno como o Trânsito de Vénus, observado de diferentes latitudes. A partir da informação da duração do trânsito, da latitude e longitude do lugar e dos instantes precisos de entrada e saída de Vénus do disco solar, seria possível determinar o valor da distância da Terra ao Sol e assim determinar as dimensões do sistema solar. 3
C o n c e ito e G r a f is m o : SA D E TrânsitodeVénus Secção de Astronomia Divulgação e Estudo 12:24:59 S 8 de Junho de 2004 Escola Superior de Tecnologia de Viseu 06:20:17 232480548/232480545 sade@demgi.estv.ipv.pt Cartaz de promoção do evento. Numa primeiria fase a actividade pretendia dar a conhecer à própria escola as actividades da SADE e o fenómeno em si. Alguns termos usados na descrição do fenómeno: Contacto: momento em que o disco de Vénus entra em contacto com a circunferência que define o disco solar, quer seja à medida que se aproxima (entrada) quer seja à medida que se afasta (saída). Assim teremos quatro contactos, três dos quais se podem ver nas fotografias presentes neste artigo. Efeito gota negra: Ao se aproximar do limite do disco solar (também conhecido por limbo), o disco negro (Vénus) começa a sofrer uma ligeira deformação na sua forma, a princípio imperceptível mas tornando-se aos poucos completamente distinguível. Em vez de ter a forma de um disco perfeito, começa a assumir a forma de uma gota. Até hoje não se sabe muito bem a razão deste fenómeno, mas já se sabe que não está relacionado com a atmosfera terrestre mas sim com um efeito óptico. A SADE gostaria de agradecer a todos os que participaram neste evento de forma activa e entusiasta. Contamos com todos para mais acções dentro e fora da Escola. 4 O trânsito observado pelo solaresópio. É perfeitamente visível o disco preto, no lado superior esquerdo do disco solar. Esse disco é o planeta Vénus.
À sombra do tempo A ideia era antiga: organizar uma recolha de imagens de relógios de Sol - eles mesmos misto de património, História e Astronomia. O tempo marcado pela sombra, a evolução do Homem marcada pelo tempo. À sombra do tempo é uma mostra dos vários modelos de relógio de Sol, da sua complexidade e do seu encanto, da sua ligação com o Homem e a sua relação com o tempo. Este catálogo reúne fotografias dos modelos mais interessantes apresentados na exposição e procura chamar a atenção para a variedade e para o pormenor. Esta mostra tenta fazer o levantamento de uma herança por muitos deconhecida e por tanto tempo negligenciada. Entre os dias 7 e 15 de Junho decorreu, no átrio do bar da Escola Superior de Tecnologia de Viseu, uma exposição dedicada aos Relógios de Sol entitulada À sombra do tempo. Da exposição constavam 31 relógios de Sol, alguns representados por modelos funcionais à escala, outros na sua versão original. A maior parte foi fruto de um levantamento cuidado e da construção dedicada do Eng. Pedro Gomes de Almeida, docente da ESTV e membro da SADE. Iniciado em Dezembro de 2003, este projecto da SADE contou com a colaboração da Escola e do Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão industrial. A exposição contava com diversos expositores que proporcionavam ao visititante a possibilidade de observar com atenção os relógios de vários ângulos e supôr o seu Cartaz de promoção à exposição de Relógios de Sol. O funcionamento da exposição foi sempre acompanhado por um elemento de DEMGI que fornecia, sempre que solicitado, informações adicionais sobre os relógios de Sol. 5
Abertura da exposição. Três relógios de Sol abriam a exposição e convidavam a pessoa a visitá-la Docentes, funcionários e alunos visitam a exposição. Sempre que possível foi proporcionada uma visita guiada. Lugar de passagem, o átrio do bar proporciona um local 6 tranquilo e agradável para este tipo de eventos. funcionamento através da ajuda do guia fornecido à entrada da exposição. Nele encontravam-se as descrições detalhadas de cada relógio de Sol presente assim como uma descrição sucinta das suas características principais. De vários tipos e formatos, esta mostra contou com vinte tipos de relógios diferentes e com um levantamento fotográfico de vários outros relógios espalhados pela região. O catálogo da exposição estava disponível ao visitante, nele se encontravam fotos dos relógios mais importantes e um resumo sobre a história dos relógios de Sol e a sua ligação à História da evolução do Homem enquanto elemento construtor de uma sociedade. A adesão de público foi elevada, não só funcionários, docentes e alunos do Instituto Politécnico a visitaram, como muitos docentes e alunos de outras escolas da região, particulares e simples interessados. Destas visitas, surgiu, não raras vezes, a troca de experiêcias, de informações e de esboços de iniciativas futuras. Pensada inicialmente como uma iniciativa pontual, esta exposição começa a assumir contornos ainda mais interessantes, estando já a decorrer a sua transformação para uma forma itinerante. Outras modificações estão previstas como a sua expansão, quer em número quer em tipos de relógios de Sol apresentados, a projecção e construção de um simulador da luz diária em que o visitante poderá experimentar um relógio de Sol e compreender a evolução da sombra ao longo do dia e ao longo do ano e a execução de diagramas didácticos para a orientação e funcionamento de cada tipo de
relógio de Sol. Das inúmeras conversas que surgiram durante a exposição, algumas tiveram resultados surpreendentes. Muitos dos que nos visitaram não só construiram um conhecimento mais aprofundado do funcionamento e da utilidade do relógio de Sol, como passaram a ser capazes de o reconhecer, não só identificando pretensos relógios de Sol e expondo a fraude como percebendo que, pequenas e muitas vezes despercebidas reliquias, são de facto objectos de interesse não só astronómico, como de interesse Histórico, patrimonial e utilitário. Desta interacção entre público e elementos da SADE ficaram também algumas alterações à organização da exposição, como por exemplo a sugestão de um horário de funcionamento mais alargado, tentando assim cobrir o intervalo póslaboral. Como tudo, também esta exposição está limitada por dificuldades físicas e de recursos humanos mas será com todo o gosto que numa próxima edição, esta alteração será levada em conta. Por pequena em dimensão e duração que um evento desta natureza possa parecer, existe sempre uma quantidade considerável de trabalho por detrás. Não só na idealização, concretrizaçao, montagem, divulgação e manutenção como no próprio funcionamento ao longo do tempo em que a exposição está aberta ao público. Aqui a SADE gostaria de agradecer aos elementos do DEMGi que connosco colaboraram, dando uma ajuda inestimável, em particular ao secretariado do DEMGi, que não só se disponibilizou a tratar de muita da logistíca como surgiu como fonte dinamizadora do O catálogo da exposição onde constava um registo fotográfico dos momentos mais significativos da exposição. Pormenor de expositor onde diversos tipos de Relógios de Sol, devidamente identificados, se encontravam. 7
A visita de muitas pessoas interessadas em saber mais sobre os relógios de Sol. próprio projecto e o abraçou com o entusiasmo que caracteriza o próprio secretariado. Poderemos ainda acrescentar em tom de balanço que a exposição de Relógios de Sol À sombra do tempo foi extremamente recompensadora e satisfatória de todos os pontos de vista e muito embora ainda estejamos a assimilar as experiências que daí advieram, os nossos olhos já estão colocados no futuro e na perspectiva de refazermos a exposição para mais e melhor. Assim, esteja atento às iniciativas da SADE, porque prometemos não parar por aqui. Dois exemplos de relógios de Sol expostos no átrio do Bar da Escola Superior de Tecnologia de Viseu. Para mais informações sobre a exposição, o catálogo ou a História e funcionamento dos Relógios de Sol não hesite em contactarnos. O nosso contacto está na ficha tércnica deste boletim, no fundo desta página. OUTROS OLHARES OUTROS MUNDOS OUTROS HORIZONTES OUTRA ESCOLA OUTRAS FRONTEIRAS É O QUE SOMOS ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE VISEU Secção de Astronomia, Divulgação e Estudo (SADE) Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial da Escola Superior de Tecnologia de Viseu, Instituto Politécnico de Viseu. Contactos: tel. 232480545, 232480548 e-mail: sade@demgi.estv.ipv.pt, http://www.demgi.estv.ipv.pt/dep/demgi/sade.htm 8