LIÇÃO 11 - AS TAÇAS DA IRA Texto bíblico: Apocalipse 16.1-9 Motivação É doloroso ser injustiçado. A injustiça dói profundamente. Infelizmente, durante toda a nossa vida sofremos injustiças. As sociedades constroem mecanismos para tentar fazer a justiça. Mas, como reflexo da imperfeição humana, elas não conseguem. Nem todo bandido é preso, nem todo criminoso é penalizado, nem toda corrupção é castigada. Em alguns momentos, até mesmo instrumentos montados para praticar a justiça são pervertidos, como um policial corrompido ou um juiz preconceituoso. Será assim para sempre? Não, responde o Apocalipse. No dia do juízo, a justiça será despejada do céu, na forma de pragas escatológicas. Exposição bíblica A PREPARAÇÃO DAS TAÇAS No final de Apocalipse 15, João descreve a abertura do tabernáculo do testemunho. Essa tenda do testemunho é outra referência a Moisés e os peregrinos do deserto. Os judeus entendiam que o tabernáculo, que serviu de modelo para o Templo de Salomão, fora construído segundo modelo celestial contemplado por Moisés (Êx 25.40). Esse tabernáculo possuía um santuário, onde ficava a arca da aliança, ou do testemunho. Entendia-se que era nesse lugar, o santo dos santos, que Deus habitava. É desse santuário que sairão os sete anjos que operarão as sete taças do Apocalipse. É uma outra maneira de dizer que as últimas pragas sairão da morada de Deus, ou, simplesmente, da sua presença. Sete anjos saem diretamente do santuário, da presença de Deus, da sua arca e do seu testemunho. Para ampliar a imagem, eles são caracterizados como tendo sete taças nas mãos e vestidos de roupas majestosas. Suas
vestes são de linho puro, tal como o Filho do homem (Ap 1.13), e usam coroas de ouro na cabeça. São anjos diferenciados, não apenas pelo local de onde saem, mas pela sua aparência. As vestimentas lembram o paramento sacerdotal usado para ministrar no santuário (Êx 39.1-31), o que aponta para anjos ministradores. Outra ação é realizada por um dos seres viventes: ele entrega aos anjos as taças repletas da ira de Deus. Ao compararmos essa cerimônia celestial com uma outra encontrada no livro (Ap 8.3), percebemos que há uma relação entre as taças e as orações dos crentes. Estes, com seus testemunhos e suas orações, apressaram a chegada do juízo sobre a humanidade incrédula. Da mesma forma que as harpas aparecem no lugar da espada, as orações ocupam o lugar dos escudos. AS SETE TAÇAS Primeira taça. Evento: derramada sobre a terra (como as pragas do Êxodo, derramadas sobre a terra do Egito). Consequência: chagas ruins e malignas. Alvo: homens que têm o sinal da besta e que adoram a sua imagem. Apocalipse 16.2 lembra a sexta praga do Egito (Êx 9.8,9). Quando as pessoas se manifestam impenitentes e contrárias à vontade de Deus, sua própria saúde pode ser atingida. Segunda taça. Evento: derramada sobre o mar. Consequência: água transformada em sangue como de um morto (frio e coagulado). Alvo: os que habitam o mar, os animais aquáticos, mas também aqueles que navegam sobre ele. Apocalipse 16.3 se relaciona com a primeira praga do Egito (Êx 7.17-21). Esta praga atinge o ser humano indiretamente, visto que ele depende do mar para viver. Terceira taça. Evento: derramada sobre os rios e fontes de águas. Consequência: água, que seria dada a beber, transformada em sangue. Alvo: aqueles que derramaram o sangue dos santos e profetas. Apocalipse 16.4-7 também se relaciona com a primeira praga do Egito (Êx 7.17-21). Aqui se fala da água enquanto necessária para a vida humana. Possivelmente sua poluição
deve-se à pecaminosidade do homem. E ainda se ouve, vindo do altar de Deus, vozes que louvam a justiça de Deus ao exercer juízo. Quarta taça. Evento: derramada sobre o sol. Consequência: transformou o calor do sol em brasas de fogo. Alvo: homens, possivelmente os mesmos da taça anterior, já que foram eles que blasfemaram contra Deus. Apocalipse 16.8-9 lembra a maldição de Deus sobre os que não o temem (Dt 28.22). Quinta taça. Evento: derramada sobre o trono da besta. Consequência: transformou o reino da besta em trevas, provocando dor. Alvo: homens, os mesmos que foram atingidos pelas chagas. A taça de Apocalipse 16.10-11 atinge diretamente a besta (o Imperador). Com isso, ela descreve a ação de Deus sobre os poderes políticos e religiosos que se levantam contra Ele. A história tem mostrado como povos que não deram ouvidos a Deus foram retirados do cenário internacional, como o Egito, Assíria, Babilônia, Grécia e Roma. Sexta taça. Evento: derramada sobre o Rio Eufrates. Consequência: secou as águas do rio, transformando-o em caminho para grupos que viriam do Oriente. Alvo: não explicitamente declarado, mas parece ser o dragão, a besta e o falso profeta. São estes que se reúnem para uma batalha contra Deus, com aliados demoníacos convocados de toda a terra. Apocalipse 16.12-16 indica a oposição do diabo (dragão), da besta e do falso profeta. Eles procuram a união de um grande grupo de pessoas contra Deus (v.14). Seria esta a famosa batalha do Armagedom? Não há concordância quanto a isso. Esse conflito, entretanto, aparece repetido em Apocalipse 19.1-21 e 20.7-10. Sétima taça. Evento: derramada sobre o ar. Consequência: uma grande voz do santuário afirma que está feito, seguida de relâmpagos, vozes, trovões, um grande terremoto que destrói a cidade e uma chuva de pedra. Alvo: a grande cidade da Babilônia, que é rachada, e os homens atingidos pela praga anterior. Apocalipse 16.17-21 apresenta a vinda de Cristo para a destruição da Babilônia.
A QUEDA DA BABILÔNIA A cólera de Deus descrita nas taças se manifestará na história, visando os seguidores da besta (Ap 16.2) e a cidade de Roma (Ap 16.19). Os inimigos de Deus e da Igreja vão sendo derrotados um por um. Nas taças, a ênfase estava sobre os que têm a marca da besta. Nos capítulos 17 e 18 vemos a vitória sobre Roma, a besta e o falso profeta, com a seguinte estrutura: Descrição de Roma, a Grande Meretriz - Apocalipse 17. A queda de Roma e suas conseqüências - Apocalipse 18. O objetivo dessa descrição é mostrar com detalhes a razão de tal cidade ser destruída. Um anjo traz tal revelação para João (Ap 17.1). Primeiramente vem uma visão de Roma, a meretriz (v.3-6). Através das indicações do texto torna-se claro concluir que essa mulher é a cidade de Roma (Ap 17.18). Suas vestes e adornos enfatizam sua realeza e riqueza (v.4). Ela está assentada sobre a besta (v.3), que é o império romano, mostrando, assim, que o governa e é o seu centro. Ela é descrita como a mãe das meretrizes e das abominações da terra (v.5), sendo, portanto, o centro de todo o mal que havia no mundo de então. Sua última e principal característica é estar embriagada com o sangue dos santos (v.6), referência ao seu papel de assassina do povo de Deus. Domiciano, o imperador que governava no momento em que João escrevia, representava a besta, os anteriores também a representaram e o seguinte também a representaria. João quer mostrar, assim, que o império em toda a sua extensão tem sido representante da besta. A QUEDA DE ROMA E SUAS CONSEQUÊNCIAS Assim como o primeiro anjo introduziu a visão de Roma (Ap 17.1-3), outro faz o anúncio de sua queda (Ap 18.1-3). Embora essa destruição se apresente como já tendo acontecido ( caiu, caiu - v.2), ela, na realidade, será efetuada no futuro. Tal modo de falar é para enfatizar que sua ruína já está determinada. Relação com a vida
Apocalipse gasta uma grande quantidade de frases e palavras para falar da queda da Prostituta, referência simbólica à cidade de Roma, centro de toda oposição aos discípulos de Jesus, no início da história cristã. Quando o Apocalipse foi escrito, ninguém poderia imaginar que aquela cidade centenária iria tombar. Mas não há instituições humanas invencíveis. A Roma dos dias de João caiu violentamente, de forma muito semelhante a tantas outras cidades que ela conquistou. Isso se deu vários séculos depois do Apocalipse, mas ainda assim, indica que estados ou agências do mundo que agem como se fossem onipotentes um dia cairão. Em termos escatológicos, a cena da derrota da Prostituta pode se referir à destruição das estruturas políticas que darão suporte ao Anticristo no final dos tempos. Para pensar e agir As taças descrevem os mesmos eventos descritos pelas trombetas. É o Juízo de Deus sobre a terra. Durante a história, toda a terra foi atingida pelas catástrofes, incluindo cristãos e não-cristãos. Nas trombetas e nas taças, entretanto, somente aqueles que não crerem em Cristo serão atingidos. Leituras diárias: Segunda-feira: Apocalipse 16.10-16 Terça-feira: Apocalipse 16.17-21 Quarta-feira: Apocalipse 17.1-18 Quinta-feira: Apocalipse 18.1-8 Sexta-feira: Apocalipse 18.9-20 Sábado: Apocalipse 18.21-24 Domingo: Isaías 14.1-23