AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E O ESTÁGIO SUPERVISIONADO DE MATEMÁTICA NO IFRS-BG 1 M. MAGGIONI 2 ; J. SILVA 3 ; G. OLIVEIRA 4 ; A. L. PIEROZAN 5 ; M. L. DURO 6 RESUMO: Este trabalho visa discutir acerca das práticas pedagógicas desenvolvidas durante o período de estágio supervisionado do curso de licenciatura do IFRS e de que maneira estas práticas são escolhidas e desenvolvidas pelo estagiário na escola. Estas práticas possibilitam ao futuro professor estudar, planejar e ministrar aulas de matemática, inseridas no contexto da escola. As propostas desenvolvidas procuravam vincular a teoria estudada durante o curso às situações particulares de cada contexto escolar vivenciado pelo licenciando. Para isso, os estudantes puderam concluir que o melhor meio encontrado para promover a aprendizagem é partir de situações vinculadas ao mundo do aluno, trazendo atividades diversificadas e que priorizem-no como sujeito ativo no seu processo de aprendizagem. Para isso, o estudante que realiza o estágio passa a refletir sobre as diferentes práticas pedagógicas e a buscar novas possibilidades. PALAVRAS-CHAVE: Estágio supervisionado; práticas pedagógicas; ensino de matemática. INTRODUÇÃO 1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Câmpus Bento Gonçalves 2 Estudante, Curso de Licenciatura em Matemática, IFRS Câmpus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200, michelle.maggioni@bento.ifrs.edu.br 3 Estudante, Curso de Licenciatura em Matemática, IFRS Câmpus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200, jessica.silva@bento.ifrs.edu.br 4 Estudante, Curso de Licenciatura em Matemática, IFRS Câmpus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200, giovana.oliveira@bento.ifrs.edu.br 5 Estudante, Curso de Licenciatura em Matemática, IFRS Câmpus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200, angelica.pierozan@bento.ifrs.edu.br 6 Profa. de Matemática. Mestra, IFRS Câmpus Bento Gonçalves, Av. Osvaldo Aranha, 540, CEP 95.700-000, Bento Gonçalves, RS. Fone (54) 3455-3200, mariana.duro@bento.ifrs.edu.br 1
A oportunidade de realizar o estágio supervisionado durante o curso de licenciatura, tendo como foco as diferentes práticas pedagógicas em diferentes contextos, torna-se um desafio a medida que lidamos com questões subjetivas entre estudantes de matemática. Percebe-se que alguns alunos aprendem com muita facilidade, enquanto que outros não conseguem nem lembrar conceitos básicos da matemática. A grande dificuldade que o professor encontra para ensinar álgebra, por exemplo, é o alto nível de abstração exigido para a sua compreensão pelo aluno. Quando exige uma interpretação maior, por exemplo os problemas envolvendo equações fracionárias, a situação piora em alto nível. Eles começam a dizer que é muito difícil, que não sabem fazer, sem se quer ter tentado, ter refletido sobre a situação proposta. Eles apresentam uma resistência a algumas atividades, principalmente àquelas que visam interpretação, maior atenção e um nível de dificuldade maior. De acordo com o Maia, Scheibel e Urban (2009, p.9) [...] quem ensina aprende e quem aprende ensina. E esta é a beleza do processo educativo: a capacidade de transformação, a característica dinâmica do fazer educativo. Ou seja, o aluno aprende com o professor, mas ao mesmo tempo ele o ensina. Pois cada aluno já traz consigo alguns conhecimentos. Ensinar a pensar exige dos professores o conhecimento de estratégias de ensino e o desenvolvimento de suas próprias competências do pensar. Segundo Libâneo (1998, p.36), [...] se o professor não dispõe de habilidades de pensamento, se não sabe aprender a aprender, se é incapaz de organizar e regular suas próprias atividades de aprendizagem, será impossível ajudar os alunos a potencializarem suas capacidades cognitivas. Realmente, se talvez o professor relutasse em explicar de determinada maneira as equações fracionárias, tornaria o aprendizado mais complicado do que já é. Assim, procuramos adaptarmo-nos aos conhecimentos prévios trazidos pelos alunos. MATERIAL E MÉTODOS Caracterização da área experimental No início do trabalho foi um pouco difícil, pois ainda não conhecíamos a turma. Nas observações que fizemos durante as aulas da professora titular, acompanhávamos o desenvolvimento dos alunos. Tínhamos como meta saber utilizar de forma adequada o livro didático adotado pela escola, sabendo que devíamos relacionar seus conteúdos a outras situações práticas de aprendizagem. 2
Como afirma Vygotsky (2010), as crianças desde muito cedo já conseguem perceber o mundo que as cerca de diversas maneiras, principalmente com sentido e significado. Um aspecto especial da percepção humana que surge em idade muito precoce é a percepção de objetos reais. Isso é algo que não encontra correlato análogo na percepção animal. Por esse termo eu entendo que o mundo não é visto simplesmente em cor e forma, mas também como mundo com sentido e significado. (p. 24) Em todas as propostas buscamos dar explicações e intervenções ao decorrer do tempo. As atividades em grupo permitiram que os alunos pudessem se auxiliar, os realizados no quadro negro possibilitavam que os alunos estivessem no lugar do professor, explicando para a turma a maneira como entenderam o conteúdo e as dinâmicas procuravam estimular o raciocínio e a contribuição ativa de todos. Percebemos que, quando uma atividade os interessa e os fazem ficar atentos, conseguem compreender com maior facilidade o que lhes é solicitado. Na atividade Vamos ver quem ganha, dividiu-se a turma em dois grupos, meninos e meninas, o objetivo da atividade era resolver questões que envolviam transformação de números decimais em frações decimais e vice e versa. Tivemos que realizar a atividade três vezes, pois cada um dos grupos ganhou uma partida e a última foi o desempate. Os alunos ficaram por dias falando no jogo e pedindo mais, mesmo sabendo que era uma proposta bem simples de se realizar com eles, o interesse se apresentou nessa proposta. Uma das experiências realizadas durante o estágio foi sobre o conteúdo de Frações Algébricas, onde foi realizado um jogo: bingo. A estagiária já havia explicado o conteúdo e estava realizando uma revisão. Por esse motivo, no bingo constava simplificação, adição, subtração, multiplicação e divisão de frações algébricas. Cada aluno recebeu uma cartela para jogar, no tamanho de 3 colunas por 3 linhas. Na cartela, ao invés de números, como no jogo de bingo tradicional, continha expressões algébricas. Os alunos deveriam marcar em sua cartela a resposta da expressão sorteada. O jogo tinha por objetivo retomar o conteúdo estudado, além de relacionar as operações estudadas entre si para a resolução de expressões. Tratando-se de jogos no ensino de matemática, Moratori (2003) comenta: Um jogo, para ser útil no processo educacional, deve promover situações interessantes e desafiadoras para a resolução de problemas, permitindo aos aprendizes uma autoavaliação quanto aos seus desempenhos, além de fazer com que todos os jogadores participem ativamente de todas as etapas. (p. 9) O bingo se mostrou um jogo estimulante, onde os alunos participavam intensamente, pois todos os alunos queriam ganhar. Para que isso acontecesse, eles 3
realizavam as expressões rapidamente, porém com cuidado, e instigavam a professora a passar para a próxima expressão. Neste sentido, Moratori (2003) argumenta que É necessário que a atividade de jogo proposta, represente um verdadeiro desafio ao sujeito despertando-o para a ação, para o envolvimento com a atividade, motivando-o ainda mais. (p.12) Este tipo de desejo de realizar as contas solicitadas não se mostrou tão eficiente durante a resolução de expressões algébricas comuns, mostrando que o jogo realmente propõe situações desafiadoras e é bem aceito pelos estudantes. Durante o manuseio dos materiais, percebeu-se que os alunos tinham maior interação com o conteúdo estudado, e exemplificavam os questionamentos da professora com o material. Além disso, com o mesmo material foi possível realizar as atividades complementares propostas com maior facilidade, percebendo a ligação entre teoria e prática. Conforme o conteúdo foi desenvolvido o estagiário pode utilizar o material manipulável, um exemplo disso foi na adição e subtração de frações de mesmo denominador, pois os alunos visualizavam que se tinham um inteiro e retirassem ou colocassem certa quantidade quanto sobraria ou teria a mais, com o auxílio de discos fracionários fabricados durante o estágio. RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com o Pedrochi, (2012, p.16), [...] entendemos a aprendizagem como o desenvolvimento da capacidade de estabelecer relações, justificar, analisar, discutir e criar, independente de ser em um contexto matemático ou não. Realmente, o aprendizado acontece no momento em que o aluno consegue estabelecer relações com o que está vendo, justificar o porquê daquilo. Segundo Fiorentini (1995, p.19), Para o construtivismo, o conhecimento matemático não resulta nem diretamente do meio físico nem de mentes humanas isoladas do mundo, mas sim da ação interativa/reflexiva do homem com o meio ambiente e/ou com atividades. Ou seja, a tendência construtivista defende que ninguém nasce sabendo e que o conhecimento não vem apenas do meio físico ou da mente humana isolada do mundo, mas sim da interação do homem com o meio em que vive (a sociedade), com as atividades realizadas no dia-a-dia, juntamente com a reflexão dos fatos. 4
Em todas as aulas de introdução de conteúdo, procuramos levar os alunos a entenderem o mesmo, através de reflexões, questionamentos e comparações (relações) com conteúdos apreendidos anteriormente que faziam com que o aluno chegasse em um resultado refletindo o que estava aprendendo e ao final, a maioria dos alunos chegavam no ponto esperado por nós, atingiam a compreensão do conteúdo estudado. CONCLUSÕES Através dos exemplos dados podemos perceber a importância do material concreto em sala de aula, principalmente nas aulas de matemática, pois precisamos reforçar as questões relacionadas ao raciocínio lógico presente em todas as atividades interligadas as áreas exatas como nos afirma Oliveira dizendo que Ensinar Matemática é desenvolver o raciocínio lógico, estimular o pensamento independente, a criatividade e a capacidade de resolver problemas. Nós, como educadores matemáticos, devemos procurar alternativas para aumentar a motivação para a aprendizagem, desenvolver a autoconfiança, a organização, a concentração, estimulando a socialização e aumentando as interações do indivíduo com outras pessoas. (OLIVEIRA, 2007, p.5) É importante ressaltar que o professor sempre deve estimular o aluno a opinar sobre qual foi a função do material, se foi construtivo, se auxiliou, e até deixar o alunos opinar sobre outras atividades que poderiam ser realizadas com o mesmo. E por fim cabe destacar que todo material manipulável tem um caráter de auxiliar e não simplesmente ser um passatempo; o aluno deve relacionar o conteúdo estudado com o material e os mesmo devem ser interligados com o cotidiano do aluno, incentivando a compreensão matemática na busca para solução de situações problemas que é essencial para a socialização. Além disso, concluímos que nem sempre os livros didáticos trazem exemplos reais para uma melhor compreensão do conteúdo. Em um dos casos, o livro aderido pela escola para a 7ª série, não possuía nenhum exemplo prático para que os alunos fizessem uma associação. Esta foi uma das dificuldades encontradas durante o estágio. Diante desta dificuldade o estudante buscou um jogo que despertasse um interesse maior por parte dos alunos. Este se mostrou satisfatório e produtivo. Moratori (2003) ainda discorre que: Considera-se que o jogo, em seu aspecto pedagógico, se apresenta produtivo ao professor que busca nele um aspecto instrumentador, e, portanto, facilitador da aprendizagem muitas vezes de difícil assimilação, e também produtivo ao aluno, que 5
desenvolveria sua capacidade de pensar, refletir, analisar, compreender, levantar hipóteses, testá-las e avaliá-las com autonomia e cooperação. (p. 12) Enfim, o estágio se mostra uma importante e fundamental disciplina dentro de um curso de Licenciatura, pois é neste momento que o futuro professor consegue vivenciar situações desafiadoras e diferentes das aprendidas em sala de aula. Neste momento o licenciando necessita de jogo de cintura para lidar com situações ao qual não está habituado ainda, fazendo com que aprenda muito mais do que ensine. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA FIORENTINI. D. Alguns modos de ver e conceber o Ensino da Matemática no Brasil. Revista Zetetiké, ano 3, n. 4. p. 1-37.1995. LIBÂNEO, J. C. Adeus professor, Adeus professora? Novas exigências educacionais e profissão docente. São Paulo: Cortez, 1998. MAIA, C. M.; SCHEIBEL, M. F.; URBAN, A. C. Didática: organização do trabalho pedagógico. Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2009. MORATORI, P. B. Por que utilizar Jogos Educativos no processo de Ensino Aprendizagem? Trabalho de conclusão da disciplina Introdução a Informática na Educação no Mestrado de informática aplicada a Educação. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 2003. OLIVEIRA, S.A. O lúdico como motivação nas aulas de matemática. In: Mundo Jovem. Guanambi-BA, edição 337, p.5, jun.2007. PEDROCHI, O. J. Avaliação como oportunidade de aprendizagem em matemática. 2012. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Educação Matemática) Universidade Estadual de Londrina, UEL, Londrina, 2012. VYGOTSKY, L. S. A formação social da Mente. 4. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2010. 6