REDE BRASILEIRA DE JARDINS BOTÂNICOS. Documento Colaborativo Oficial para Criação e Implantação de Jardins Botânicos CONTEÚDO 1.

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Transcrição:

REDE BRASILEIRA DE JARDINS BOTÂNICOS CONTEÚDO 1. APRESENTAÇÃO 2. DEFINIÇÃO DE JARDIM BOTÂNICO 3. OBJETIVOS E ORGANIZAÇÃO DOS JARDINS BOTÂNICOS BRASILEIROS 4. O PAPEL DOS JARDINS BOTÂNICOS 5. CONTEXTO 6. PLANEJAMENTO E ESTRUTURA 7. PASSOS PARA CRIAÇÃO, REGISTRO E IMPLANTAÇÃO Elaborado por: João Neves Toledo Presidente do Comitê Executivo da RBJB Fevereiro de 2013

1. APRESENTAÇÃO A Rede Brasileira de Jardins Botânicos tem como um dos objetivos, fomentar e facilitar a criação e implantação de jardins botânicos, e atualmente congrega 46 instituições. A RBJB é uma associação civil sem fins lucrativos, dotada de personalidade jurídica de direito privado, fundada em 1991, com prazo de duração indeterminado, sendo a única instituição que congrega os jardins botânicos brasileiros. A RBJB é a entidade exclusiva e legítima para representar os jardins no Sistema Nacional dos Jardins Botânicos e na Comissão Nacional de Jardins Botânicos, instituída pela Resolução CONAMA 339. Nossos objetivos são: a) Estimular a cooperação entre jardins botânicos, arboretos, hortos e instituições congêneres que mantenham coleções científicas de plantas vivas e material preservado, bem como entre os cientistas e técnicos de tais instituições; b) estimular o estudo da taxonomia das plantas em benefício da humanidade e da educação ambiental em todos os níveis educacionais, extensiva ao grande público; c) estimular o estudo e a prática correta da introdução de plantas nas coleções científicas de jardins botânicos e instituições congêneres; d) promover a documentação e o intercâmbio de informações e espécimes de mútuo interesse entre os jardins botânicos, arboretos, hortos e instituições congêneres; e) estimular e fomentar a conservação de espécies preferencialmente raras e/ou ameaçadas; f) incrementar o papel dos jardins botânicos na conservação da diversidade biológica brasileira, em estreita relação com outras entidades, promovendo a colaboração entre a RBJB e tais instituições; g) estimular o cultivo de plantas de interesse econômico atual ou potencial; h) incentivar a criação de coleções temáticas regionais nos jardins botânicos; i) prestar consultoria e apoio à criação de novos jardins botânicos; j) estimular a ligação entre jardins botânicos e universidades, no nível nacional e internacional, sobretudo aquelas que desenvolvem atividades relacionadas às ciências da terra. Para atendimento dos nossos objetivos prestamos serviço aos jardins associados e ao mesmo tempo fortalecemos a política institucional para conservação da flora brasileira. Este Documento, tem por base a Resolução Conama 339, o Plano de Ação dos Jardins Botânicos, as Normas Internacionais de Conservação em Jardins Botânicos, alem de outros documentos que instruíram o processo de criação de jardins nos moldes da RBJB. De maneira muito simples, elencamos os passos para a criação formal de jardins botanicos e o Planejamento Estratégico para sua Implantação e Operação, exposto a seguir. João Neves Toledo Presidente da RBJB

2. DEFINIÇÃO DE JARDIM BOTÂNICO Trata-se da definição oficial de Jardim Botânico, expressa na resolução CONAMA 339, que rege os jardins botânicos brasileiros: Para os efeitos desta Resolução entende-se como jardim botânico a área protegida, constituída no seu todo ou em parte, por coleções de plantas vivas cientificamente reconhecidas, organizadas, documentadas e identificadas, com a finalidade de estudo, pesquisa e documentação do patrimônio florístico do País, acessível ao público, no todo ou em parte, servindo à educação, à cultura, ao lazer e à conservação do meio ambiente. 3. OBJETIVOS E ORGANIZAÇÃO DOS JARDINS BOTÂNICOS BRASILEIROS Quanto aos objetivos, trata-se do resumo do Plano de Ação para os Jardins Botânicos brasileiros combinado a Resolução CONAMA nº 339: I - promover a pesquisa, a conservação, a preservação, a educação ambiental e o lazer compatível com a finalidade de difundir o valor multicultural das plantas e sua utilização sustentável; II - proteger, inclusive por meio de tecnologia apropriada de cultivos, espécies silvestres, ou raras, ou ameaçadas de extinção, especialmente no âmbito local e regional, bem como resguardar espécies econômica e ecologicamente importantes para a restauração ou reabilitação de ecossistemas; III - manter bancos de germoplasma ex situ e reservas genéticas in situ; IV - realizar, de forma sistemática e organizada, registros e documentação de plantas, referentes ao acervo vegetal, visando plena utilização para conservação e preservação da natureza, para pesquisa científica e educação; V - promover intercâmbio científico, técnico e cultural com entidades e órgãos nacionais e estrangeiros; e VI - estimular e promover a capacitação de recursos humanos. Quanto à organização, esta se dá na aplicação da mesma resolução, que tem como foco e conceito a Estratégia Global para Conservação da Flora GSPC. O jardim botânico criado pela União, Estado, Município, Distrito Federal ou pela iniciativa particular, deverá ser registrado no Ministério do Meio Ambiente, que supervisionará o cumprimento do disposto na Resolução CONAMA 339.

Compete à Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, o acompanhamento e análise dos assuntos relativos à implementação da presente Resolução, subsidiada pela Comissão Nacional de Jardins Botânicos e pela Rede Brasileira de Jardins Botânicos. A concessão de registros de jardins botânicos será efetuada pelo Ministério do Meio Ambiente, por intermédio do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro-IPJBR. O pedido de registro de jardim botânico no Ministério do Meio Ambiente deverá ser feito mediante solicitação ao JBRJ, instruído com os seguintes documentos: I - cópia do ato de criação e da publicação no Diário Oficial; II - memorial descritivo da área protegida; e III - planejamento global contendo proposta de funcionamento, projetos de pesquisa científica e de educação ambiental. Quanto à Rede Brasileira de Jardins Botânicos RBJB, esta é uma associação civil sem fins lucrativos, dotada de personalidade jurídica de direito privado, fundada em 23 de janeiro de 1991 na cidade de Goiânia, Estado de Goiás, com prazo de duração indeterminado. A RBJB adota procedimentos e métodos para alcançar os seus objetivos, que incluem: a) Edição de publicações técnicas de interesse para os jardins botânicos; b) Estabelecimento de comissões para propósitos especiais; c) a organização de reuniões periódicas relativas ao trabalho dos jardins botânicos; d) a busca de apoio institucional, logístico e financeiro para os jardins botânicos associados, através da celebração de termos de cooperação. 4. O PAPEL DOS JARDINS BOTÂNICOS Medidas no curto e médio prazo, voltadas para a conservação in situ, serão insuficientes para reverter à perda de espécies nos ecossistemas brasileiros se não estiverem apoiadas numa estratégia de conservação ex situ das floras regionais, em larga escala, para a qual os jardins botânicos são instrumentos privilegiados. No nordeste, com o desflorestal de mais de 80% de sua área original e a necessidade de recuperação de importantes áreas de preservação, o papel dos Jardins Botânicos é mais evidente. Os Jardins Botânicos desempenham múltiplos papéis e também participam do desenvolvimento do país, contribuindo diretamente para a implementação da Convenção sobre a Diversidade Biológica, em consonância com a Política Nacional de Biodiversidade (Decreto Federal 4.339, de 22/08/2002).

5. CONTEXTO Os primeiros jardins botânicos surgiram no século XVI, criados para cultivo e estudo de plantas medicinais. Na Europa, as primeiras dessas instituições foram estabelecidas em Pisa (1543), Pádua (1545) e Montpellier (1598). No Brasil, o primeiro jardim botânico foi implantado em Recife, no período da dominação holandesa (1630-1654), e reunia espécimes da flora coletadas durante as expedições ao sertão nordestino. Na medida em que aumentava a exploração de novos territórios pelos europeus, crescia também o número de espécies vegetais conhecidas. Neste contexto, os jardins botânicos ganham ainda mais importância, pois reúnem no mesmo local, plantas de diversas partes do mundo, contribuindo para os estudos sobre estrutura, morfologia e fisiologia. Fala-se muito sobre ecologia, meio ambiente e manejo sustentado dos recursos naturais renováveis, destacando a relevância da Conservação destes recursos. Porém, somente uma pequena parte da população possui conhecimento suficiente para entender a dinâmica e as interrelações que ocorrem entre os diferentes ecossistemas que existem no mundo. A instalação e o funcionamento de um Jardim Botânico, em qualquer município, de imediato garantirá a preservação de uma extensa área coberta por vegetação daquele bioma, além de contribuir para o patrimônio florístico do país, estimulando ainda a educação ambiental, programas culturais e sócio-ambientais, ações preservacionistas e conservacionistas, visando o desenvolvimento sustentável no contexto deste município e/ou estado. 6. PLANEJAMENTO E ESTRUTURA A proposta de criação do Jardins Botânicos surge como alternativa de uso e ocupação de árr áreas preferencialmente urbanas, preservadas ou não, a serem integradas ao acervo de proteção ambiental, no Município. Com os nobres objetivos que a área passará a ter, o Jardins Botânicos contribuiem para o desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida local e regional, integrado à política nacional de conservação da biodiversidade. O perímetro do JARDINS BOTÂNICOS deverá ser definido em consonância com um Plano de Manejo desta área. Para se constituir um bom Jardim Botânico de caráter regional, o mesmo deve atender, pelo menos, às seguintes exigências: possuir quadro técnico-científico compatível com suas atividades; dispor de serviços de vigilância e jardinagem, próprios ou terceirizados; manter área de produção de mudas, preferencialmente de espécies nativas da flora local;

dispor de apoio administrativo e logístico compatível com as atividades a serem desenvolvidas; desenvolver programas de pesquisa visando à conservação das espécies; possuir coleções especiais representativas da flora nativa, em estruturas adequadas; desenvolver programas na área de educação ambiental; possuir infra-estrutura básica para atendimento de visitantes; ter herbário próprio ou associado com outra instituição; possuir sistema de registro para o seu acervo; promover treinamento técnico do seu corpo funcional; oferecer cursos técnicos ao público externo; e oferecer apoio técnico, científico e institucional, em cooperação com as unidades de conservação, previstas no Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza-SNUC, instituído pela Lei n o 9.985, de 18 de julho de 2000. Para que os Jardins Botânicos se consolidem, deverão assumir outras funções como: possuir sistema de registro informatizado para seu acervo; possuir biblioteca própria especializada; manter programa de publicação técnico-científica, subordinado à comissão de publicações e/ou comitê editorial, com publicação seriada; manter banco de germoplasma e publicação regular do Index Seminum; No entanto, a proposta de criação de Jardins Botânicos, se ligado à Rede Brasileira de Jardins Botânicos, apresenta a vantagem de que muitas das estruturas e funções exigidas para o estabelecimento de um Jardim Botânico de caráter nacional, poderão ser compartilhadas entre os Jardins associados, ampliando suas ações. O primeiro passo para a criação de um Jardim Botânico é a declaração de sua missão, que deve explicitar o por que do jardim existir e que propósito deve cumprir. Será a coluna vertebral do jardim, guiando o planejamento e a política atuais e futuras. Os conceitos explicitados na missão devem estar afinados com as características naturais e atividades sociais da comunidade local. Estrutura Os Jardins Botânicos diferem dos parques públicos não só por oferecerem um lazer especializado, mas também por manterem um acervo de plantas ordenadas e classificadas, devidamente registrado e documentado, muitas vezes interpretando informações sobre os vegetais de nosso dia-a-dia, de diversas e lúdicas formas, sob a ótica da sua evolução e utilidades para o homem, ressaltando a sua importância para a vida sobre a Terra, suas origens, distribuição, utilidades e curiosidades (Costa 2004). Para ser um jardim botânico ideal, seus administradores e técnicos devem estabelecer e declarar, por escrito a missão institucional, a coluna vertebral da instituição, que se constitui no guia de planejamento de políticas atuais e futuras.

O planejamento físico do Jardim Botânico Ideal deve levar em conta: A paisagem local As condições especiais de relevo, cursos d água naturais e artificiais Área natural remanescente com um complexo de vegetação que possa ser devidamente exibida e interpretada A integração com o entorno, vias de acesso e transportes públicos As coleções do Jardim Botânico Ideal devem levar em conta: A exposição em instalações especiais como estufas, canteiros e arboretos A possibilidade de lagos ou cursos hídricos com plantas aquáticas compondo a paisagem Área de reserva natural ou recuperada devidamente interpretada Viveiro para produção de mudas A conservação da flora local com coleções que devam refletir esse acervo e sua investigação Uma Política de Coleções definindo limites do acervo, direcionando as ações para o seu desenvolvimento futuro, em harmonia com a missão declarada Sistema de tombamento e documentação do acervo Política de Aquisições O pessoal técnico do Jardim Botânico Ideal deve ser composto por: Botânicos Ecólogos Biólogos Agrônomos Horticultores Arquitetos Jardineiros Educadores Administradores Um Jardim Botânico para ser reconhecido como tal necessita de um registro oficial, o que se dá atualmente pelo atendimento à Resolução CONAMA nº 339, de 25/09/2003. Nesta resolução estão as diretrizes para a criação de jardins botânicos, normas de funcionamento e objetivos, que determinam o programa de necessidades de um Jardim Botânico. Define-se jardim botânico como: A área protegida, constituída no seu todo ou em parte, por coleções de plantas vivas cientificamente reconhecidas, organizadas, documentadas e identificadas, com a finalidade de estudo, pesquisa e documentação do patrimônio floristico do País, acessível ao público, no todo ou em parte, servindo à educação, à cultura, ao lazer e à conservação do meio ambiente. O jardim botânico será classificado em três categorias denominadas "A", "B" e "C", observando-se critérios técnicos que levarão em conta a sua infra-estrutura, qualificações do corpo técnico e de pesquisadores, objetivos, localização e especialização operacional. Cada uma destas categorias define um Programa de Necessidades para seu enquadramento, sendo o mais complexo a categoria A : I - possuir quadro técnico - científico compatível com suas atividades; II - dispor de serviços de vigilância e jardinagem, próprios ou terceirizados;

III - manter área de produção de mudas, preferencialmente de espécies nativas da flora local; IV - dispor de apoio administrativo e logístico compatível com as atividades a serem desenvolvidas; V - desenvolver programas de pesquisa visando à conservação e à preservação das espécies; VI - possuir coleções especiais representativas da flora nativa, em estruturas adequadas; VII - desenvolver programas na área de educação ambiental; VIII - possuir infra-estrutura básica para atendimento de visitantes; IX - dispor de herbário próprio ou associado a outras instituições; X - possuir sistema de registro informatizado para seu acervo; XI - possuir biblioteca própria especializada; XII - manter programa de publicação técnico-científica, subordinado à comissão de publicações e/ou comitê editorial, com publicação seriada; XIII - manter banco de germoplasma e publicação regular do Index Seminum; XIV - promover treinamento técnico do seu corpo funcional; XV - oferecer cursos técnicos ao público externo; e XVI - oferecer apoio técnico, científico e institucional, em cooperação com as unidades de conservação, previstas no Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza-SNUC, instituído pela Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Existe um conjunto de características e atividades que definem um jardim botânico e influenciam o programa de necessidades: Possuir um grau razoável de estabilidade Manter a coleção de plantas identificadas adequadamente Assumir compromissos de longa duração Ser aberto ao público Desenvolver atividades de educação ambiental Promover o intercâmbio de material botânico Formar recursos humanos em horticultura, paisagismo e botânica Nem todos os jardins botânicos possuem todas estas características, mesmo assim continuam sendo considerados como tal, e vêm se reformulando para atender estes critérios gerais e as normas internacionais para a conservação da biodiversidade. De maneira geral os jardins botânicos podem ser classificados tipologicamente, dentre outros, como: Jardins Históricos Jardins Ornamentais Jardins de Conservação Jardins Universitários Jardins Agrobotânicos e Zoobotânicos Jardins de Horticultura Jardins Temáticos Jardins Comunitários Jardins Clássicos

7. PASSOS PARA CRIAÇÃO, REGISTRO E IMPLANTAÇÃO Com base nos dados e informações preliminares, associado ao contexto do JARDINS BOTÂNICOS e à vontade política para sua criação, apresentamos os passos, que estão divididos em três fases distintas e complementares: I) CRIAÇÃO ; II) REGISTRO E ENQUADRAMENTO; III) IMPLANTAÇÃO e OPERAÇÃO. I ) Passos para Criação: Passo Regularização Fundiária Definição da área para implantação do JARDINS BOTÂNICOS Definição da Personalidade Jurídica dos JARDINS BOTÂNICOS Mobilização Articulação. e Ação Levantamento de dados da área pretendida junto ao Cartório de Registro de Imóveis, visando obter informações cadastrais, propriedade, ônus, e embaraços. Memorial Descritivo da (s) área (s). Elaboração do Projeto de Lei autorizando a Criação do JARDINS BOTÂNICOS, a instituição gestora, cargos, funções, orçamento, autonomia administrativa, competências, doação de área e demais elementos desta iniciativa. Organização e execução de um Seminário para apresentação do JARDINS BOTÂNICOS visando o envolvimento e apoio da sociedade organizada, empresas, Poder Público nas três esferas, ong s, ambientalistas, produtores culturais, universidades, comércio e prestadores de serviços, industrias, instituições de pesquisa e formadores de opinião.

II ) Passos para Registro e Enquadramento: Passo Ato de criação do JARDINS BOTÂNICOS Ação Acompanhar o processado na Câmara Municipal, responder questionamentos, instruir processos. Ou no âmbito Estadual. Memorial descritivo da área protegida Memorial Descritivo da (s) área (s), vinculado à Lei de Criação do JARDINS BOTÂNICOS. Planejamento global contendo proposta de funcionamento, projetos de pesquisa científica e de educação ambiental. Elaboração do Planejamento pela Comissão com o apoio da Prefeitura e suas Secretarias, Universidade, Rede Brasileira de Jardins Botânicos. Ou no âmbito Estadual Declaração da MISSÃO. Politica de Coleções, Gestão de Coleções. Documentação para Registro e Enquadramento Elaboração da Política de Coleções pela Comissão com o apoio da Rede Brasileira de Jardins Botânicos. Compilação de Dados e Elaboração dos Relatórios de Enquadramento pela Comissão com o apoio da Prefeitura e suas Secretarias,Universidade, Rede Brasileira de Jardins Botânicos. III ) Passos para Implantação e Operação: Passo Plano Diretor e Plano Máster ( Masterplan) Projetos Arquitetônicos, Paisagísticos e Complementares. Ação Elaborar o Plano Diretor de Ocupação física do JARDINS BOTÂNICOS, alinhado à Missão da Instituição. Contratação dos Projetos ( Dispensa, Concurso, Licitação ) Obras das Edificações Pioneiras. Aquisição de Equipamentos, Bens Móveis e Equipamentos. Plano de Cargos e Carreiras, Concurso Público para provimento dos Cargos. Contratação das Obras das Edificações Pioneiras. ( Licitação de Obras Tomada de Preços/Concorrência ) Pregoes e Licitações. Aprovação do Plano de Cargos e Promoção do Concurso Público.