INFLUÊNCIA DOS FENÔMENOS EL NIÑO E LA NIÑA NA PRODUÇÃO DE PESCADA AMARELA (Cynoscion acoupa), NO NORDESTE PARAENSE Hermes Apoena Barreiros da Silva 1, Adriano Marlison Leão de Sousa 1, Ivan Furtado 1 1 UFRA Brasil Belém nakata_100@hotmail.com, adriano.souza@ufra.edu.br RESUMO: Este trabalho mostra como o El niño e La niña podem vir a influenciar a pesca de pescada amarela (Cynoscion acoupa) que representa cerca de 17,24% da pesca na região do salgado entre os anos de 1995 e 2006. Entre os anos de 1995 e 2006 ocorreu 5 El niños e 3 La niñas, onde nos anos de 1997/1998 ocorreu o maior aumento da TSM e em 1999/2000 ocorreu a maior queda pelos respectivos fenômenos, 9 das 15 cidades teve sua maior produção nos 1997 e/ou 1998 e em ano de El niño 14 das 15 cidades tiveram suas maiores produções. Este estudo tem caráter preliminar, feito com apenas uma espécie necessitando de estudo com outras espécies e outros parâmetros. Palavras chaves: El Niño, La Niña, Pescada Amarela. ABSTRACT: This work shows how the El Nino and La Nina may influence the fishing of hake yellow (Cynoscion acoupa) representing approximately 17.24% of the fishing in the north coast of Para between the years 1995 and 2006. Between the years 1995 and 2006 occurred 5 El Niños and 3 La Niñas, where the year of 1997/1998 occurred the largest increase of TSM and in 1999/2000 was the biggest drop of TSM, by the respective phenomena, 9 of the 15 cities had its highest production in 1997 and / or 1998 and in El Niño years 14 of the 15 cities had their highest yields. This preliminary study is made with only one species requiring of study with other species and other parameters. Key Words: El Niño, La Niña, Hake yellow. 1. INTRODUÇÃO A pesca é uma atividade milenar e de considerável importância em todo o mundo como fonte geradora de alimento, emprego e renda para vários segmentos econômicos. A pesca marítima é atualmente responsável por cerca de 16% da proteína animal diretamente consumida pela humanidade, além de contribuir significativamente para a produção de ração animal utilizada na pecuária e também na fabricação de tintas e fármacos através do óleo de peixe (PAES, 2002).
O litoral amazônico, que inclui as linhas de costa dos Estados do Pará, Amapá e Maranhão, possui uma vocação natural para a exploração dos recursos pesqueiros. Nessa região, a matéria orgânica oriunda da decomposição das florestas de mangue e das planícies inundadas do Rio Amazonas, bem como a ação dos rios carreando sedimentos para a plataforma continental são responsáveis pela formação de condições propícias de produtividade (ISAAC, 2006). A pescada amarela, Cynoscion acoupa, é uma espécie demersal, pertencente à família Sciaenidae, que ocorre em águas rasas tropicais e subtropicais da costa atlântica da América do Sul, apresentando tolerância para as águas salobras. Em estuários da costa Norte do Brasil, juvenis são abundantes (CASTRO, 1997; BARLETTA-BERGAN et al., 2002) e na zona costeira, indivíduos de 51 a 125 cm de comprimento total foram observados no estado do Pará (MATOS e LUCENA, 2006). O El Niño é um fenômeno climático, de caráter atmosférico-oceânico, em que ocorre o aquecimento fora do normal das águas superficiais e sub-superficiais do Oceano Pacífico Equatorial. As anomalias que ocorrem sobre a América do Sul são associadas principalmente ao deslocamento da célula de Walker, do fortalecimento do jato subtropical e de um possível trem de ondas que se estende do Pacífico até o sul da América do Sul. O deslocamento da célula de Walker, para leste, tem influência sobre o NE do Brasil e parte da Amazônia, regiões que ficam sob a ação do ramo descendente dessa célula, (Kousky et al, 1984). Neste contexto, o objetivo principal deste trabalho foi relacionar a pescada amarela que representa cerca de 17,24% da pesca na região do salgado com fenômenos de El niño e La nina no leste da Amazônia. 2. DADOS E METODOLOGIA Foram utilizados, para a realização deste trabalho, dados dos desembarques de pescado na região do salgado no período de 1995 a 2006, fornecidos pelo Instituto Brasileiro Meio Ambiente (IBAMA). A pescada amarela foi escolhida, pois dentre as espécies desembarcadas foi a que teve maior número de capturas e por ter um maior valor de venda. Os dados do El niño e La niña foram obtidos no Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) entre 1995 e 2006, foram encontrados 5 eventos El niño e 3 eventos La niña. As cidades foram divididas em mesorregiões a primeira mesorregião ficaram compreendidas as cidades de Augusto Corrêa, Bragança e Viseu; a segunda mesorregião ficou compreendido as cidades de Quatipuru, São João de Pirabas, Salinópolis, Maracanã e Marapanim; a terceira mesorregião ficou compreendido as cidades de Curuçá e São Caetano de Odivelas; a quarta mesorregião ficou compreendido as cidades de Soure e Vigia; a quinta mesorregião ficou compreendido as cidades de Salvaterra, Colares e Belém (Figura 1).
Com os dados de 1995 a 2006 foi calculada a média das pescadas desembarcadas, após foram calculadas anomalias anuais das mesmas. Posteriormente, foi feito uma análise das anomalias correlacionando com os anos de ocorrência de El niño e La Niña, a análise feita por região, onde ocorreram os desembarques com a subtração dos anos anteriores, com isso, as dados que obtiveram saldos semelhantes (positivos ou negativos) foram agrupados e dividido pelo número de cidades totais menos a primeira cidade que por convenção foi igualada a 0. Figura 1 Localização geográfica das regiões de desembarques da pescada amarela. 3. RESULTADOS Nas Figuras abaixo, podemos observar as anomalias das safras da pescada amarela em toneladas dos anos 1995 a 2006. Em anos de ocorrência de fenômeno El Niño foram observadas um maior número de desembarques desse pescado, com exceção de Belém onde nos anos de 1999 e 2000 período em que o fenômeno La Niña estava acontecendo, foi observado um maior desembarque. Dos 5 eventos El Niño observados no período de 1995 a 2006, 40,83% registraram desembarques acima da média. Durante o fenômeno La Niña 46,66% dos desembarques foram acima da média. Durante o fenômeno El Niño em 9 das 15 cidades avaliadas o pico da produção foi em 1997 e/ou 1998 onde nesses anos a temperatura da superfície do mar foi mais elevada (Figura 2). As mesorregiões tiveram uma semelhança significativa, sendo que 3 delas obtiveram um valor acima de 50%: Mesorregião 1: obteve 0,545455 de semelhança; Mesorregião 2: obteve 0,636364 de semelhança; Mesorregião 3: obteve 0,454545 de semelhança; Mesorregião 4: obteve 0,727273 de semelhança; Mesorregião 5: obteve 0,454545 de semelhança.
Figura 2 Representa os Municípios das mesorregiões com desembarque de pescada amarela. Barra vermelho (Anos com El Niño), Barras em azul escuro (Anos com La Nina) e Barras em azul claro (Anos com ambos fenômenos). 4. CONCLUSÃO Pode-se concluir neste trabalho, que nos anos de ocorrência de El niño foram observados as maiores produções em 14 das 15 cidades estudadas, nos anos de La niña a produção manteve-se na maioria das cidades em patamares baixos. A mesorregião 4 foi a que obteve a maior semelhança entre todas as mesorregiões. Essas variações da pesca da pescada amarela podem estar relacionadas a vários fatores. Esse estudo tem caráter preliminar, feito com apenas uma espécie necessitando de estudo com outras espécies e outros parâmetros. 5. AGRADECIMENTOS Deixo expressos meus sinceros agradecimentos às seguintes instituições e pessoas sem as quais o presente trabalho teria sido impossível. Aos colegas, pelo incentivo ao desenvolvimento deste trabalho. 6. REFERÊNCIAS Paes, E. T. Nécton Marinho. In: Pereira, R. C.; SOARES-GOMES, A. Biologia Marinha. Rio de Janeiro: Interciência. p. 159-194. 2002. Isaac, V. J. N. Explotação e manejo dos recursos pesqueiros do litoral amazonico: um desafio para o futuro. Cien. Cult., jul/set. vol. 58, nº.3, p.33-36. 2006. Castro, A.C.L. Características ecológicas da ictiofauna da Ilha de São Luís MA. Boletim do Laboratório de Hidrobiologia, São Luiz, 10: 1-18. 1997. Baeletta-Bergan, A.; Barletta, M.; Saint-Paul, U. Structure and Seasonal Dynamics of Larval Fish in the Caete River Estuary in North Brazil. Estuarine, Coastal and Shelf Science, Londres, 54: 193 206. 2002. Matos, I. P. Lucena, F. Descrição da pesca da pescada amarela Cynoscion acoupa da costa do Pará. Arquivos de Ciência do Mar, Fortaleza, 39: 66-73. 2006.