Onde está o dinheiro arrecado pelo Brasil? A cada ano a União e os estados arrecadam mais dinheiro da população. No entanto, os governos sempre usam o argumento de falta de dinheiro para não conceder aumento salarial aos trabalhadores e elevar os investimentos de políticas públicas e em áreas importantes para a sociedade, como a saúde, a educação e a segurança pública. Ainda em Agosto, a Receita Federal reajustou a estimativa de aumento na arrecadação deste ano, que deve fechar com alta entre 11% e 11,5%, já descontada a inflação oficial do período pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). No Rio Grande do Sul, as estimativas também são positivas para o governo: a arrecadação em 2010 ficou em R$ 17, 884 bilhões, quase R$ 900 milhões a mais do que o previsto no orçamento de 2010, um crescimento bastante significativo. Boa parte desses recursos é destinada ao pagamento de uma divida ilegítima e que já foi paga durante décadas: a dívida do estado consome cerca de 18% do orçamento. No entanto os servidores das estatais, inclusive os do Serpro e da Dataprev (federais) e da Procergs (estadual), tem sempre a mesma desculpa: não tem dinheiro e mal conseguem os índices da inflação. Para onde vai o orçamento do governo federal de 2011 Fonte: Auditoria Cidadã da Dívida
O argumento dos governos é de que para os trabalhadores ou para investimentos não há dinheiro. A imprensa e o setor empresarial criticam, diariamente, o crescimento da dívida pública e defendem o corte nos gastos públicos (leia-se congelamento dos salários, aposentadorias e nos investimentos públicos). Entretanto os bancos e as empresas multinacionais anunciam recordes em seus lucros e lobistas ficam cada vez mais ricos. Será que não conseguimos fazer mais contas básicas da matemática? O pagamento da dívida pública brasileira alcançou 45% do orçamento da União em 2010 (ou R$ 635 bilhões). Em 2011, chegou a representar 49,15% do orçamento (gráfico acima) e o endividamento só tende a aumentar, na opinião da auditora da Receita Federal, Maria Lúcia Fatorelli. De acordo com ela, a dívida brasileira nunca parou de crescer. Isso porque o crescimento da dívida passa pela emissão de títulos da dívida para pagamento de outras dívidas, considerada ilegal, e também pelo modo como o Banco Central opera o sistema de metas de inflação.
A dívida pública é dividida em DÍVIDA EXTERNA (maior dívida do Brasil) e DÍVIDA INTERNA O Banco Central faz um monitoramento permanente da quantidade de reservas dos bancos. Quando detecta que há excesso de moeda, absorve dinheiro das instituições financeiras dando em troca títulos da dívida pública nas chamadas operações de mercado aberto. O resultado, segundo Maria Lúcia Fatorelli, foi o endividamento do Banco Central, de R$ 147 bilhões em 2009 e de R$ 50 bilhões em 2010. Um rombo que acaba sendo pago pelo Tesouro Nacional. Inflação está entre as maiores vilãs O sistema de metas de inflação brasileiro é responsável por cerca de R$ 500 bilhões de endividamento para o país e
estimula a entrada de dólares podres vindos do Exterior. Para Fatorelli, o correto seria controlar este capital, estancar a entrada destes dólares podres. No entanto o governo faz o contrário: deixa o dólar entrar, entende que este dinheiro está provocando excesso de moeda em circulação e, para tirar esta moeda, entrega títulos da dívida. A auditora também faz uma leitura diferenciada: para ela, a inflação não se deve a excesso de moeda ou de demanda (entendimento equivocado que tem provocado as sucessivas altas da taxa básica de juros, a Selic). Fattorelli diz que a inflação passa pela falta de controle sobre preços em áreas vitais como a telefonia, que tem lucros abusivos, cujo valor incide em toda a economia. Defende também que o Brasil não utilize preços internacionais para combustíveis e alimentos. Ou seja, para equilibrar este sistema sem onerar bancos e grandes empresas, o trabalhador e a população brasileira pagam o pato : arcam com uma das mais altas cargas tributárias do mundo, vêem seus ganhos serem corroídos pela inflação e ainda não têm aumento real de salário isso tudo sem receber incentivos e isenções fiscais, benefícios dados a muitas empresas sem mesmo o governo exigir geração de emprego. Até quando será assim? Categorias no país e no estado que estão em luta Há muitas categorias de trabalhadores que estão em luta no país e no Rio Grande do Sul por aumento real nos salários e condições de trabalho. Nacionalmente, temos os funcionários dos Correios, servidores federais do executivo e do judiciário, bancários. Aqui no estado estão os professores, Brigada Militar, Polícia Civil. No setor privado, várias categorias têm fechado acordos acima da inflação. O exemplo mais recente é o dos metalúrgicos da GM (General Motors) de São José dos Campos (SP), que conquistaram
um reajuste salarial de 10,8% a partir de 1º de setembro o que representa 3,2% de aumento real mais inflação. Também obtiveram abono de R$ 3 mil e ampliação de cláusulas sociais. * Com informações dos portais Sul 21 e Agência Brasil. Gráficos retirados do jornal Opinião Socialista.