Interessado: Conselho e Administração do Condomínio. Data: 17 de Agosto de 2007. Processo: 01/2007



Documentos relacionados
AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL RESOLUÇÃO N 25, DE 25 DE ABRIL DE 2008.

ESCLARECIMENTO: O modelo de CARTA a seguir é uma SUGESTÃO, cuja aplicabilidade deverá ser avaliada pelo Internauta.

CAPÍTULO V FUNDO DE GARANTIA

REGIMENTO INTERNO. Artigo 8º - Fica estabelecido que os portões de entrada que dão acesso ao CONDOMÍNIO serão mantidos permanentemente fechados.

PORTARIA CAU/SP Nº 063, DE 31 DE AGOSTO DE 2015.

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Gabinete de Consultoria Legislativa

VERITAE TRABALHO - PREVIDÊNCIA SOCIAL - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO LEX PREVIDÊNCIA SOCIAL E TRIBUTOS

MANUAL DE SINDICÂNCIA ADMINISTRATIVA

CONDOMÍNIO. Msc. Diogo de Calasans

Alexandre Pinto Surmonte

RESOLVEU: I - probidade na condução das atividades no melhor interesse de seus clientes e na integridade do mercado;

RESOLUÇÃO N 83/TCE/RO-2011

RESOLUÇÃO nº08/2005. Art. 4º. A Ouvidoria será exercida por um Ouvidor, escolhido, de comum acordo, pela

Outrossim, ficou assim formatado o dispositivo do voto do Mn. Fux:

REGULAMENTO Promoção Planos Locais Empresas

O presente Contrato fica vinculado a Apólice apresentada pela CONTRATADA.

PRIMEIRA PARTE DA PROVA DISCURSIVA (P 2 )

CONDICIONAR A EXPEDIÇÃO DO CRLV AO PAGAMENTO DE MULTAS É LEGAL?

PODER JUDICIÁRIO. PORTARIA Nº CF-POR-2012/00116 de 11 de maio de 2012

Projeto de Lei Municipal dispondo sobre programa de guarda subsidiada

CIRCULAR SUSEP N o 265, de 16 de agosto de 2004.

DISPÕE SOBRE A AVALIAÇÃO DE ESTÁGIO PROBATÓRIO, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.

QUADRO PADRONIZADO PARA APRESENTAÇÃO DE SUGESTÕES E COMENTÁRIOS

SOLUÇÃO DE CONSULTA SF/DEJUG nº 23, de 19 de setembro de 2014.

DIREITO PROCESSUAL PENAL IV

CONTRATO DE TRABALHO. Empregado Preso

Brigada 1 Combate Voluntário a Incêndios Florestais CNPJ /01

RESULTADO DO JULGAMENTO. DENUNCIADA: Equipe TCC/UNITAU/UNIMED/TARUMÃ-TAUBATE

Redução Juros sobre Multa Punitiva. Redução Multa Punitiva. Parcela Única 60% 60% 75% 75% - N/A

REGIMENTO INTERNO DA COMISSÃO DE ÉTICA E PROCESSAMENTO

Quais despesas são do inquilino?

Processo Administrativo Fiscal PAF

PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO CARTILHA DO ADVOGADO

MENSALIDADES ESCOLARES

REGULAMENTO DE OPERAÇÕES DO SEGMENTO BOVESPA: AÇÕES, FUTUROS E DERIVATIVOS DE AÇÕES. Capítulo Revisão Data

QUINTA CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

REGIMENTO INTERNO DO CONSELHO MUNICIPAL DO IDOSO CAPÍTULO I DA DENOMINAÇÃO, SEDE, DURAÇÃO E FINALIDADE

REGULAMENTO ELEITORAL CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

INSTRUÇÕES PARA DENÚNCIAS

ÂMBITO E FINALIDADE SERVIÇO DE EMPRÉSTIMO DE VALORES MOBILIÁRIOS

Duas questões me foram formuladas por V. Sa. para serem respondidas em consulta:

Submódulo 1.1 Adesão à CCEE. Módulo 6 Penalidades. Submódulo 6.2 Notificação e gestão do pagamento de penalidades

MATRICULA CASOS ESPECIAIS

PARECER COREN-SP 028 /2013 CT. PRCI n e Ticket:

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA. RESOLUÇÃO Nº 12, de 11 de março de 2015

ADVERTÊNCIA E SUSPENSÃO DISCIPLINAR

CONDIÇÕES GERAIS SEGURO GARANTIA CIRCULAR SUSEP 232/03. Processo SUSEP nº /01-08

Orientações Jurídicas

LEI Nº /2011 (MP 540/2011) ORIENTAÇÕES PRÁTICAS - DESONERAÇÃO FOLHA DE PAGAMENTO TI/TIC

REGIMENTO INTERNO DA COMISSÃO DE ÉTICA NO USO DE ANIMAIS DO CAMPUS DE RIBEIRÃO PRETO/USP.

CONTRATO DE ACREDITAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE DE LABORATÓRIOS CLÍNICOS

Orçamento Padrão. Introdução. Objeto

POLÍTICA DE EXERCÍCIO DE VOTO

ATO ESPECIAL Nº. 017/2012 Santarém, 29 de março de 2012.

Associação Matogrossense dos Municípios

Marco Civil da Internet

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador LUIZ HENRIQUE

CÓDIGO DE ÉTICA 1. DISPOSIÇÕES INICIAIS

RESOLUÇÃO NORMATIVA - RN Nº 396, DE 25 DE JANEIRO DE 2016

Procuradoria Geral da Fazenda Nacional. Dívida Ativa. Cartilha aos Órgãos de Origem 8/3/2013

AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL RESOLUÇÃO Nº, DE DE DE.

PARECER CREMEC nº 31/ /09/2008

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CONSELHO SUPERIOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO

Instrução Normativa nº 008, de 08 de agosto de 2014.

RADIODIFUSÃO EDUCATIVA ORIENTAÇÕES PARA NOVAS OUTORGAS DE RÁDIO E TV

Lei nº , de 19 de outubro de Faço saber que a Assembleia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte lei:

Considerando a necessidade de uniformização de procedimentos na formalização e instrução de processos de fiscalização no Crea-ES.

Lei /08 A NOVA LEI DE CONSÓRCIOS. Juliana Pereira Soares

b - O sócio Institucional terá anuidade correspondente a dez vezes a dos sócios efetivos e colaboradores.

COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA


Instrução Normativa 02/2013 DIRGE/DIRGRAD

ROTINA DE COBRANÇA DE DÉBITOS DA AFRESP (Aprovada pela Portaria AFRESP nº 12/2013)

São Paulo, 04 de Maio de 2015 Ofício SINOG 022/2015

MANUAL DA ÁREA DO CONDÔMINO

DIREITO FINANCEIRO E TRIBUTÁRIO

SECRETARIA MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE COMAM - CONSELHO MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE. DELIBERAÇÃO NORMATIVA N o 19/98

RESOLUÇÃO CFC N.º 1.127/08

FUNDAÇÃO BENEDITO PEREIRA NUNES FACULDADE DE MEDICINA DE CAMPOS BIBLIOTECA PROF. LUIZ AUGUSTO NUNES TEIXEIRA

REGULAMENTO DE EMPRÉSTIMO A PARTICIPANTE DO PLANO DE BENEFICIO CEBPREV.

4t PRIVADOS, DE PREVIDÊNCIA PRIVADA ABERTA E DE CAPITALIZAÇÃO -

PREFEITURA MUNICIPAL DE VENTANIA Estado do Paraná

CAPÍTULO XVI DAS PENALIDADES

REGIMENTO INTERNO DO COMITÊ DE PESSOAS DE LOJAS RENNER S.A. Capítulo I Dos Objetivos

Centro de Pós-Graduação Simonsen

REGIMENTO INTERNO DA ASSOCIAÇÃO GAÚCHA DOS ESPECIALISTAS EM ORTODONTIA E ORTOPEDIA FACIAL SOGAOR

I sob o enfoque contábil: Modelo de Projeto de Lei de Controle Interno Controladoria e Auditoria

ESTATUTO DO DIRETÓRIO ACADÊMICO DE DIREITO TITULO I DO DIRETÓRIO

RESOLUÇÃO - RDC Nº 23, DE 4 DE ABRIL DE 2012

MODELOS DE DOCUMENTOS CONDOMINIAIS

INSTRUÇÃO NORMATIVA-TCU Nº 68, DE 25 DE OUTUBRO DE 2011

AS RESTRIÇÕES JUDICIAIS FACE ÀS TRANSMISSÕES DA PROPRIEDADE IMOBILIÁRIA. Telma Lúcia Sarsur Outubro de 2011

CAPÍTULO I DA NATUREZA E DOS OBJETIVOS

RESOLUÇÃO Nº 021/2007 DO CONSELHO SUPERIOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS UNIFAL-MG

Transcrição:

Interessado: Conselho e Administração do Condomínio. Data: 17 de Agosto de 2007. Processo: 01/2007 Atribuição de multa aos condôminos infratores. Modo de aplicação. Eficácia da multa. O Senhor Síndico, Dr., determina que elaboremos parecer jurídico atendendo solicitação do Conselho Consultivo do Condomínio, representado por sua integrante, Sra., que, após tecer algumas considerações, encaminha para apreciação e resposta de certos pontos controvertidos a respeito das multas por infrações à convenção condominial e regimentos internos aos seguintes questões: 1- Como o Conselho deve aplicar, definir e fixar como serão penalizadas as infrações cometidas pelos condôminos? 2- Como o Condomínio pode dar mais eficácia na aplicação das multas, pelas infrações a Convenção e demais regulamentos internos? Passemos a responder. Ab initio, cabe informar que a resposta à consulta se balizará na Lei n. º 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que promulgou o Novo Código Civil Brasileiro, em sua Parte Especial, no livro III, Direito das Coisas, pelo Título III, referente à Propriedade, no Capítulo VII, atinente a Condomínio Edilício, em seus artigos 1.331 ao 1.358, além dos artigos 186, 187, 206 e 927, no tocante a prazo e eventual ação judicial contra o ex-síndico; pela Lei federal n. º 4.591 de 16 de janeiro de 1964, que dispõe sobre o condomínio em edificações e as incorporações imobiliárias; e, principalmente na Convenção do Condomínio e seus regulamentos internos. Válido, ainda em patamar inicial, esclarecer que o assunto em tela é para determinar como serão aplicadas as multas decorrentes por infrações à Convenção do condomínio, bem como, aos Regulamentos Internos, além de como a mesma pode ter maior eficácia ao ser justaposta. Outrora, devemos frisar que dentro de um condomínio, devem sempre ser respeitadas suas normas e regras, para que a vida dentro do mesmo seja sempre harmoniosa, onde os condôminos sempre

devam respeitar o direito de seu vizinho e que o mesmo também o faça, para manter o bom convívio entre todos. Para tanto, existem preceitos que devem ser seguidos pelos moradores, pois a Convenção Condominial tem caráter normativo, sendo fonte formal de direitos e deveres dos condôminos competindo ao síndico, bem como ao Conselho, aplicar multas por desobediência aos preceitos condominiais, devido à legislação pertinente (Lei n.º 4.591/64, art.22, 1º, d ). Assim, ao constatar uma infração à Convenção de Condomínio e/ou ao Regulamento Interno, deverá o condomínio responsável arcar com as conseqüências. A infração cometida deverá ser registrada por representante/funcionário do Condomínio competente para tanto, relatando o fato em livro próprio de ocorrências do condomínio. Válido frisar, que deverá constar além de data e horário do fato, o autor da infração, apartamento onde reside ou está em visita, bem como narrar o mais detalhadamente possível o ocorrido. Nesse passo, para que o responsável pela infração possa ser punido através da aplicação de multa, deverá o Conselho Consultivo do Condomínio, no gozo de suas atribuições determinadas pela convenção condominial, pelo determinado em seu artigo 26 e 37, primeiro, fixar e impor a multa ao condômino infrator de acordo com a gravidade do ocorrido. Qual, conforme o artigo 37 da citada convenção, deverá ser majorada entre 01 (hum) a 10 (dez) salários mínimos em vigência em São Paulo/SP, podendo inclusive ficar suspenso o uso pelo período de 07 (sete) a 30 (trinta) dias (art. 43, n.º7 Convenção Condominial), em caso de infringir as normas do clube. Entretanto, para que a aplicação das multas tenha eficácia material, e não seja apenas um pedaço de papel, requisitos deveram ser adotados, como oferecer ao infrator o Princípio da Ampla Defesa, elencado, principalmente, em nossa Constituição Federal, perante o artigo 5º em seu inciso LV. LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes

Saliente-se que o mesmo será notificado para que apresente, por escrito, sua defesa em data, hora e local designado, para que o Conselho analise a mesma. Aconselha-se que ao julgar a defesa do condômino, o Conselho o faça em assembléias extraordinárias específicas para tal, permitindo a permanência no recinto apenas os interessados, evitando algum tipo de constrangimento entre o condômino infrator, os conselheiros e demais moradores. Com isso, após a aplicação da multa seguindo o rito acima citado, com a apreciação da defesa e fixação de valores, poderá a mesma ser cobrada, seja administrativamente quanto judicialmente, com tal cominação sendo considerada como receita extraordinária do condomínio. Elaboradas essas considerações inaugurais, passamos a analise da situação fática e resposta das perguntas. 1º Questão O Conselho Consultivo do Condomínio, por suas atribuições elencadas pela convenção (arts. 26 e 37, primeiro), deverá aplicar multas aos condôminos, quando estes infringirem as normas a serem seguidas, para que a vida dentro do condomínio ocorra de forma harmônica. Para tanto, a partir do ato que transgrediu as normas elencadas na Convenção Condominial e Regimento Interno, deverá ser seguido um tramite que possa dar maior eficácia a mesma. Devendo a infração ser registrada pela Administração do Condomínio, por representante/funcionário competente para tal, de forma correta e detalhada, se possível indicando testemunha. Assim, o Conselho, conjuntamente com o Síndico Geral, aplicaram a multa, notificando o infrator para que o mesmo se defenda, para somente depois deste procedimento possa ser efetuada a cobrança da multa. E caso o condômino infrator não venha a pagar a multa imposta, deverá ser imposta ação de cobrança, qual seguindo este

procedimento, devidamente demonstrado em juízo, terá uma validade jurídica maior. 2ª Questão: Em análise a Convenção do Condomínio e Regimentos Internos, verificamos que para maior eficácia da multa aplicada, será garantir a possibilidade de realizar a cobrança da mesma em juízo. Buscando sempre cobrar a mesma respeitando o trâmite para aplicá-la, sendo dado com principio da ampla defesa ao infrator, bem como seguir os limites dados pela Convenção do Condomínio, ressaltando que todo o procedimento deva ser documentalmente registrado por escrito. Sendo válido observar que a mesma deverá ser estipulada seguindo o artigo 37 da citada convenção, com fixação entre 01 (hum) a 10 (dez) salários mínimos em vigência em São Paulo/SP, podendo inclusive acarretar uma suspensão, no caso de infração às normas do clube, pelo período de 07 (sete) a 30 (trinta) dias (art. 43, n.º7 Convenção Condominial). Pois deste modo, será evitado que o infrator tenha argumentos para invalidar a imposição da multa, seja administradamente ou judicialmente. Impedindo que seja julgada improcedente, uma eventual cobrança judicial da multa, como já ocorrido em caso semelhante, qual o M.M. juiz desconsiderou tal ação por ter o Condomínio, apesar de descrito todo o processo de apuração da infração e aplicação da respectiva penalidade. Pois, no caso citado, não foi comprovado que os procedimentos para a aplicação e cobrança da multa foram devidamente observados, vez que sequer tinha comprovado a deliberação sobre a aplicação da penalidade e a intimação do infrator. Portanto, seguindo um procedimento correto, detalhoso e que respeite a Convenção e legislação em vigor, dando o direito de se defender perante o Conselho, a multa imposta ao infrator terá muito mais validade e eficácia. CONCLUSÃO Passamos as respostas objetivas às questões formuladas pelo Conselho Consultivo do Condomínio :

1 Como o Conselho deve aplicar, definir e fixar como serão penalizadas as infrações cometidas pelos condôminos? Após análise dos termos supra-apresentados, sob o pálio da legislação vigente, bem como da Convenção do Condomínio, no que tange as regras para imposição de multa a condômino infrator às normas de boa convivência, concluímos que seguindo o procedimento acima indicado, o Conselho, conjuntamente com o sindico, poderá impor a punição que melhor convier ao infrator, de acordo com a gravidade do ocorrido. 2 Como o Condomínio pode dar mais eficácia na aplicação das multas, pelas infrações a Convenção e demais regulamentos internos? Em síntese, sendo respeitado o direito de defesa do infrator, alem de documentar detalhadamente todo o procedimento para aplicar a multa, esta terá total eficácia contra o infrator, pois estará respeitando todos os requisitos para cobrar a mesma, seja administrativamente ou judicialmente. Sendo o que nos cabia apreciar, ante as informações ofertadas, é o parecer. Rodrigo Luiz de Oliveira Staut Carlos Alberto D.M.F. de Moura OAB/SP n.º 183.481 OAB/SP n.º 212.111