1. Introdução. 2. Objetivos

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Transcrição:

Estudo da cloração de óxidos de cobre e níquel em altas temperaturas com C 2 Cl 4 Aluno: Eduardo Teixeira de Vasconcellos Orientador: Rogério Navarro Correia de Siqueira 1. Introdução Ustulações cloretantes têm por objetivo a reação de matérias-primas contendo elementos metálicos, tipicamente misturas de óxidos, com agentes cloretantes diversos, seja de forma direta, na presença de Cl 2, tanto na presença ou sem a participação de um agente redutor [1,2], ou mediante a ação de agentes cloretantes alternativos, como CCl 4 por exemplo, visando à formação seletiva de cloretos voláteis. Os referidos cloretos metálicos, uma vez fisicamente separados, servem como precursores para a obtenção de metais e ligas, com aplicações tecnológicas. Em processos industriais, o cloro gasoso se destaca como o principal agente cloretante, uma vez que na presença de uma fonte de carbono (carbocloração) reage com a maioria dos óxidos metálicos, sendo o processo de expressiva cinética em temperaturas elevadas - tipicamente superiores a 600 o C. No entanto, reações semelhantes podem ser implementadas, onde agentes cloretantes alternativos podem ser empregados, podendo ser admitidos, tanto na forma sólida (KCl, CaCl 2 ) [3, 4], neste caso misturados de forma homogênea com grafite e a mistura de óxidos a ser clorada, quanto em forma gasosa, compostos organoclorados (ex: CCl 4, C 2 Cl 4, COCl 2 ) [5, 6, 7]. Neste último caso, agentes redutor (carbono) e cloretante (cloro) são admitidos juntos no meio reacional, o que pode configurar em vantagens no que diz respeito a engenharia do processo químico, pois não é necessária a preocupação quanto a homogeneidade da mistura sólida inicial. Adicionalmente, o fato dos agentes redutor e cloretante estarem no estado gasoso, faz com que o contato com os óxidos seja facilitado, favorecendo a cinética do processo, e contribuindo para uma possível redução da temperatura reacional. Dentro desse contexto se insere o presente trabalho, o qual faz-se uma análise da viabilidade termodinâmica e cinética de cloração dos óxidos de cobre e níquel a partir de um agente cloretante alternativo, o C 2 Cl 4. 2. Objetivos O estudo exploratório do emprego do tetracloroetileno como um agente cloretante alternativo em reações envolvendo matérias-primas constituídas por óxidos metálicos. Desta forma, os objetivos gerais do estudo estão relacionados com a apreciação básica do comportamento do sistema reacional constituído por C 2 Cl 4 e óxidos metálicos (NiO ou CuO). De forma específica, o trabalho contempla uma avaliação da viabilidade termodinâmica das possíveis reações, mediante simulações empregando-se o software Thermocalc, assim a condução de ensaios experimentais, onde a conversão global alcançada nas condições operacionais de interesse é quantitativamente avaliada como função do tempo em diferentes temperaturas visando à determinação da energia de ativação global de cada um dos casos testados.

3. Materiais e Métodos Os ensaios de cloração foram conduzidos em uma linha constituída por um banho de água destilada com controle digital de temperatura, onde um recipiente contendo o C 2 Cl 4 (l) é aquecido, e ou resfriado, de forma controlada. A temperatura do banho (T b ), para uma dada vazão de nitrogênio (gás inerte e de arraste), determina a pressão parcial de C 2 Cl 4 na atmosfera reacional. No presente estudo a temperatura do banho foi mantida constante em 24 ± 1 o C, e a vazão de arraste de N 2 em 0,00586 L/s. O C 2 Cl 4 é arrastado juntamente com o N 2 para o interior de um forno tubular de quartzo na temperatura de interesse (650-1050 o C), contendo uma barquete de mulita com aproximadamente 1g dos óxidos a serem reagidos (ex: NiO e CuO). No entanto, antes da admissão do agente cloretante, as amostras foram expostas a uma atmosfera de N 2 (0,00615 L/s) durante 10 minutos de maneira a garantir que a massa inicial de óxido permanecesse constante. Após esse intervalo de tempo, as amostras são removidas do forno, a massa inicial determinada (m 0 ) e após reinserção no forno sob fluxo de N 2, o C 2 Cl 4 é admitido, e o experimento de cloração finalmente iniciado. As medições de perda de massa foram feitas em intervalos de 5 (750 o C, 850 o C e 1050 o C) ou 10 minutos (650 o C). Ao final de cada intervalo de tempo, o material remanescente na barquete é pesado e a conversão computada de acordo com a Eq. (1), onde m representa a massa de óxido em um instante qualquer. Os dados cinéticos obtidos foram em seguida ajustados de acordo com o modelo do núcleo não reagido [8]. 3.1.1. Modelo do núcleo não reagido Admitindo-se um controle químico para a reação do C 2 Cl 4 com os óxidos de interesse (NiO e CuO), a conversão em certo instante pode ser calculada a partir da implementação da equação (2), onde k representa a constante cinética da reação e f representa um fator associado à geometria das partículas de óxido - f = 3 para partículas esféricas. (2) (1) 3.2. Controle da pressão parcial de C 2 Cl 4 Ensaios de perda de massa de C 2 Cl 4 foram conduzidos para T b = 24 o C, de maneira que a pressão parcial de C 2 Cl 4 pudesse ser quantificada. Fixando-se a vazão de arraste de N 2 em 0,00615 L/s, a massa de C 2 Cl 4 presente é determinada como uma função do tempo, sendo a pressão parcial deste componente calculada através da equação (3), que assume como premissa que N 2 e C 2 Cl 4 formam um gás ideal. (3) Onde,,, e, representam, respectivamente, a vazão total da mistura (N 2 + C 2 Cl 4 ), a taxa de perda de massa e a massa molecular do C 2 Cl 4.

Nas referidas condições, a pressão de C 2 Cl 4 deve apresentar um valor igual a 0,0285atm, sendo a vazão total da mistura igual a 0,00586 L/s. 3.3. Síntese dos óxidos de CuO e NiO Os óxidos de CuO e NiO foram sintetizados a partir de massas controladas de Cu(NO 3 ) 3 6H 2 O e Ni(NO 3 ) 2 6H 2 O, respectivamente. Os nitratos puros foram submetidos a aquecimento de 350 ± 5 C em manta térmica até a remoção da maior parte do nitrogênio inicialmente presente. Em seguida, de maneira a garantir a ausência de nitratos residuais, as amostras foram submetidas a um aquecimento adicional durante 30 minutos de aquecimento em forno mufla a 500 ± 5 C. 3.4. Procedimentos de caracterização Os óxidos iniciais, bem como amostras dos óxidos residuais após interação com C2Cl4 foram caracterizados via difração de raios-x (DRX) e microscopia eletrônica de varredura (MEV). Os experimentos de DRX foram conduzidos em um difratômetro Bruker, com tubo de Cu (40kV), monocromador de Si e detector Lynxeye de alta performance. Já as análises de MEV foram realizadas em um equipamento Hitashi de bancada, TM3000, que trabalha com tensão de aceleração de 15kV, elétrons retroespalhados, e possui detector de raios-x característico (EDS) para elementos com peso atômico superior a cinco. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Avaliação Termodinâmica Previamente aos experimentos de cloração, foram realizadas simulações termodinâmicas de forma a avaliar a viabilidade dos processos de interesse, tanto no que se refere a formação de cloretos voláteis (Figura 1), quanto no que se refere à possível decomposição térmica do agente cloretante (Figura 2), sendo o parâmetro R C a razão entre o número de moles de C 2 Cl 4 e número total de moles de nitrogênio, considerado igual a um. Tal parâmetro é diretamente proporcional à pressão de C 2 Cl 4 presente na atmosfera reacional. Os dados indicam que mesmo para valores de R C relativamente baixos, da ordem de 0.1, ou seja, para pressões parciais de C 2 Cl 4 da ordem de 9.10-2 atm, há considerável força motriz para a cloração tanto do NiO quanto CuO, resultando em uma mistura de cloretos voláteis, NiCl 2 e Ni 2 Cl 4, no caso da cloração do níquel, CuCl 2, Cu 2 Cl 3 e Cu 3 Cl 3, no caso do cobre, com de predominância das espécies Ni 2 Cl 4 e Cu 3 Cl 3. No caso da cloração do NiO, tanto em 800 o C quanto 1000 o C, observa-se redução do níquel à forma metálica, que em seguida é transformado em cloretos. No caso da cloração do CuO, a 800 o C tem-se a reduzida formação de Cu 2 O em paralelo à cloração, ao passo que a 1000 o C, o CuO inicial é convertido integralmente a Cu 2 O. Em ambos os casos, é possível haver formação de grafite à medida que a atmosfera fica mais rica em C 2 Cl 4.

Figura 1. Frações molares de cloretos gasosos de cobre (a 800 o C, b 1000 o C) e níquel (c 800 o C, d - 1000 o C) no equilíbrio como função da pressão parcial de C 2 Cl 4. Figura 2. Número de moles de fases condensadas presentes em equilíbrio para a cloração do NiO (a - 800 o C,b - 1000 o C) e CuO (c- 800 o C,d - 1000 o C) como função da pressão parcial de C 2 Cl 4. A concentração de C2Cl4 limite é função da temperatura, sendo ligeiramente superior a 1000 o C (800 o C - 0.29 atm; 1000 o C - 0.38 atm). Tais resultados sugerem que é possível promover a reação de óxidos de cobre e níquel com C 2 Cl 4, sem que este sofra decomposição térmica. Para isso, basta que o mesmo seja admitido de forma diluída no reator.

4.2. Caracterização dos óxidos não clorados Em etapa prévia à condução dos ensaios de cloração, caracterizou-se as amostras de NiO e CuO utilizadas via DRX (Figura 3) e MEV/EDS (Figuras 4 e 5, Tabela 1). Figura 3. a) Difratograma característico da amostra de CuO antes de clorada; b) Difratograma característico da amostra de NiO antes de clorada. Figura 4. NiO natural, não clorado. Figura 5. CuO natural, não clorado. Tabela 1. Percentuais atômicos (EDS) de Ni, Cu e O nas amostras não cloradas. Amostra Ni (%) Cu (%) O(%) NiO (Figura 2) 49,4-50,6 CuO (Figura 3) - 42,5 57,5 Tanto os dados de DRX quanto MEV sugerem, que de fato as amostras consistem nos óxidos de cobre (CuO) e níquel (NiO) em estado puro. De acordo com os dados de DRX, o CuO produzido apresenta tamanho médio de cristalito de 60nm e estrutura monoclinica. No caso do NiO, um tamanho similar é observado, 40nm, sendo a fase, porém, de estrutura cúbica de face centrada.

4.3. Estudo da volatilização do C 2 Cl 4 Antes das amostras serem submetidas ao processo de cloração, realizou-se um estudo da volatização do agente cloretante, C 2 Cl 4, ou seja, obteve-se quantitativamente a perda de massa do agente sob o arraste de N 2 durante 40 minutos, sendo possível assim, confirmar que a pressão desejada para a cloração seja viável para que o C 2 Cl 4 volatilize, sem que sofra decomposição térmica, sendo assim arrastado para o forno, entrando em contato com a amostra de óxido a ser clorada. Figura 6. Perda de massa como função do tempo do C 2 Cl 4 nas 3 temperaturas submetidas (24 C, 30 C e 35 C) em 40 min. Como resultado, analisando-se a (Figura 6), confirmou-se a volatilidades do agente cloretante nas condições impostas, onde a perda de massa do C 2 Cl 4 se torna mais significativa com o aumento da temperatura, como o esperado. Obteve-se então perdas de massa de 2,89g, 3,2g e 4g nas temperaturas de 24 C, 30 C e 35 C respectivamente. Tabela 1. Pressões parciais de C 2 Cl 4 nas temperaturas submetidas Temperatura ( C) Pressão parcial C 2 Cl 4 (atm) 24 0,0285 30 0,0317 35 0,0405 Em seguida, obteve-se os valores das pressões parciais do agente cloretante, para assim confirmar a condição ideial para a realização dos ensaios de cloração. Observouse então que a menor pressão parcial, alcançada na temperatura de 24 C seria a condição ideal. Menor a pressão, menor a chance de que ocorra decomposição térmica do C 2 Cl 4. Sendo assim, tomou-se a temperatura de 24 C como ideal para o processo, justificado pelo fato de ter apresentado uma significante perda de massa e uma baixa pressão parcial. 4.4. Cinética de Cloração do NiO A cloração do NiO apresentou cinética significativamente lenta. Nas primeiras tentativas de cloração (700, 800 e 900 C), nenhuma perda de massa foi observada, somente uma mudança na coloração do material, que logo após o tempo de arraste apresentava coloração muito diferente do material original, passando de preto a verde intenso.

A análise do referido material produzido após arraste com N 2 a1050 o C via DRX (Figura 7) evidenciou a presença exclusiva de NiO com tamanho médio de cristalito de 200nm, sendo o crescimento de grão explicado pela sinterização parcial dos grãos originalmente presentes. Figura 7. Difratograma característico de amostra de NiO após o tempo de arraste com N 2 a 1050 o C. Estabelecendo-se o fluxo de C 2 Cl 4 a 1050 C, a massa da amostra apresentou um decréscimo mensurável com o tempo (Figura 8). A análise do material após a etapa de cloração via DRX (Figura 9) e MEV/EDS (Figura 10), indicou a presença exclusiva de NiO com tamanho médio de cristalito da ordem de 70nm, sem a presença de cloretos não voláteis ou mesmo traços de grafite decorrente da decomposição térmica do C 2 Cl 4 admitido no forno. Figura 8. Perda de massa cloração de NiO para reação com C 2 Cl 4 a 1050 o C Logo, a redução da massa do NiO pode ser atribuída à formação de cloretos gasosos, sendo a redução do tamanho de cristalito médio explicada pelo fato da volatilização dos cloretos formados levar obrigatoriamente à redução do tamanho dos cristais reagentes, em concordância com o cenário considerado dentro do contexto do modelo do núcleo não reagido.

Figura 9. Difratograma de amostra de NiO após cloração com C 2 Cl 4 a 1050 o C durante 30min. Figura 10. Imagem (MEV) de amostra de NiO após cloração com C 2 Cl 4 a 1050 o C (a) e EDS (b). 4.4. Cinética de Cloração do CuO Ao contrário do óxido de níquel, a cinética da cloração do óxido de cobre se mostrou muito favorável. Os experimentos foram realizados em três temperaturas, 650,750 e 850 C, sendo a perda de massa mais significativa à medida que a temperatura aumenta (Figura 11b). Mediante o cálculo da conversão (Equação 1) e emprego do modelo do núcleo não reagido (Equação 2), foi possível descrever o comportamento experimental em nível quantitativo (Figura 11a), uma vez fixando-se f =2. Figura 11. Perda de massa como função do tempo (b) e conversão como função do tempo para a cloração do CuO com C 2 Cl 4 em diferentes temperaturas - 650, 750 e 850 o C.

A análise do material após 20min de cloração a 850 o C via MEV/EDS (Figura 11), revelou a presença exclusiva de cobre e oxigênio em proporção similar à composição teórica do CuO. Logo, da mesma forma que para o NiO, a cloração ocorre via formação de cloretos gasosos, ou seja, sem a produção de cloretos condensados ou grafite. Tais fatos se encontram em concordância com as expectativas calcadas nos resultados das simulações termodinâmicas realizadas previamente (Tópico 3.1). Figura 12. Imagem (MEV) de amostra de CuO após cloração com C 2 Cl 4 a 850 o C (a) e percentuais atômicos obtidos via EDS (b). A partir dos dados da Figura (10a), a energia de ativação global do processo foi calculada, uma vez plotando-se o logaritmo neperiano da constante reacional como função de T -1 (Figura 12), sendo esta de magnitude igual a 112.9 kj/mol. Figura 13. lnk vs. 1/T a partir dos dados contidos na Figura (10a). 5. CONCLUSÕES Com base nos resultados obtidos, conclui-se que o C 2 Cl 4 pode ser visto como um agente cloretante em potencial, tanto no que se refere à cloração de amostras de NiO quanto de CuO. Em ambos os casos, observou-se a redução da massa das amostras, sem a formação de cloretos condensados ou grafite, em concordância com os resultados das simulações termodinâmicas, que apontavam para a existência de considerável forçamotriz e para a possibilidade de bloqueio da decomposição térmica do agente cloretante, desde que admitido em forma diluída. A cinética de cloração do NiO se mostrou consideravelmente mais lenta, observando-se perda de massa mensurável somente a 1050 o C. O inferior tamanho médio de cristalito após 30min de cloração (70nm) em

comparação ao valor encontrado para o material antes do processo, mas logo após o arraste com N 2 (200nm), está de acordo com as expectativas termodinâmicas, que sugerem a formação exclusiva de cloretos voláteis, e se encaixa perfeitamente no cenário descrito pelo modelo do núcleo não reagido (Eq. 2), onde a frente de cloração se propaga da superfície para o interior da partícula. Tal fato é ainda reforçado pela descrição em nível quantitativo os dados cinéticos do CuO na faixa entre 650 e 850 o C, assumindo-se um fator de forma igual a dois, sendo a energia de ativação global do processo igual a 112.9 kj/mol. 6. AGRADECIMENTOS Os autores gostariam de agradecer ao CNPQ pelo suporte financeiro dado à pesquisa e ao laboratório de difração de raios-x do DEQM/PUC-Rio pelas análises de DRX realizadas. 7. REFERÊNCIAS BLIBIOGRÁFICAS 1. N. V. Manukyan, V. H. Martirosyan. Investigation of the chlorination mechanism of metal oxides by chlorine. Journal of Materials Processing Technology, v.142, p. 145-151, 2003. 2. E. A. Brocchi, R. C. S. Navarro, F. J. Moura. A chemical thermodynamics review applied to V2O5 chlorination. Thermochimica Acta, v. 559, p. 1-16, 2013. 3. M. Chakravorttya, S. Srikanth. Kinetics of salt roasting of chalcopyrite using KCl, Thermochimica Acta, v. 362, p. 25 35, 2000. 4. Lucía I. B. a, Jorge A. G., María del Carmen R. Extraction of lithium from b- spodumene using chlorination roasting with calcium chloride. Thermochimica Acta 605, p. 63-67, 2015. 5. I. Bertoti, I. S. Pap, T. Szekely, A. Tóth. Kinetics of alfa-alumina chlorination by carbon-tetrachloride. Thermochimica Acta, v. 41, p. 27-32, 1980. 6. I. Bertoti, I. S. Pap, A. Tóth, T. Szekely. Kinetics of alfa-alumina chlorination by carbon tetrachloroethylene.. Thermochimica Acta, v. 44, p. 333-336, 1981. 7. I. Bertoti, A. Tóth, T. SZEKELY, I. S. PAP. Kintetics of alfa-alumina Chlorination by Phosgene. Thermochimica Acta, 44, p. 325-331, 1981. 8. Y. Fenglin, H. Vladimir. Kinetic study of chlorination of niobium V oxide with chlorine and carbon monoxide Powder Technology, v. 102, p.177 183, 1999.