ZONEAMENTO EDAFOCLIMÁTICO PARA A CULTURA DO EUCALIPTO (Eucalyptus spp) NO ESTADO DO TOCANTINS Olíria Morgana Menezes Souza 1 ; Erich Collicchio 2 ; 1 Aluna do Curso de Engenharia Ambiental; Campus de Palmas; e-mail: oliria.eng.amb@gmail.com; Bolsista do PIBIC/CNPq; 2 Orientador(a) do Curso de Engenharia Ambiental; Campus de Palmas; e-mail: ecollicchio@gmail.com; RESUMO De ocorrência natural da Austrália, o eucalipto (Eucalyptus spp) possui cerca de 600 espécies adaptadas a diversas condições de solo e clima (RIBEIRO, 2009). Nesse contexto, o zoneamento edafoclimático representa uma importante ferramenta de planejamento, pois define as espécies mais indicadas para determinadas áreas ou regiões, aumentando a produção e de melhor qualidade nos produtos (COLLICCHIO, 2008). Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo o de identificar possíveis áreas de aptidão climática para o cultivo do eucalipto no estado do Tocantins, envolvendo análise de balanço hídrico associado às necessidades edáficas da cultura. Para a realização deste estudo agroclimático, utilizou-se o banco de dados mensais de precipitação e temperatura de 110 estações meteorológicas e pluviométricas, situadas na área de estudo e estados circunvizinhos. A partir dos arquivos em shapefile de pedologia e declividade disponibilizado pela Secretaria de Planejamento do Tocantins, foi realizada uma reclassificação e seguida à sobreposição dos mapas. Os mapas de zoneamento agroclimático para cada espécie de eucalipto foram obtidos através do cruzamento de acordo com o método de Nappo et al. (2005). Apenas para o E. urograndis foi elaborado o zoneamento edafoclimático, que considerou o mapa de solos. Observa-se que apresentou uma área de 232.644,83 ha considerada de apta para o cultivo desta espécie, correspondendo a apenas 0,84% da área total do Estado. Palavras-chave: Aptidão edafoclimática; Modelagem Climática; Sistema de Informações Geográficas (SIG); Solos; Eucalipto;
INTRODUÇÃO As árvores crescem bem em regiões onde a precipitação varia de 900 a 2000 mm, portanto diversas áreas do Tocantins apresentam esta condição, porém distribuídas de forma sazonal. Segundo as maiores produtividades são encontradas nas regiões onde não há déficit hídrico. Estas culturas preferem solos profundos, bem drenados e sem camadas de impedimento, dessa forma o Tocantins aparece em vantagem, pois apresenta em sua maior parte latossolos (MORA; GARCIA, 2000). As informações climáticas e edáficas favorecem a determinação de áreas mais aptas ao cultivo, relacionando as limitações quanto ao uso do solo, assim como a disponibilidade de recursos hídricos (FEREZ, 2006). Em 2011, a área ocupada por plantios florestais no Tocantins totalizou 83.590,20 ha, sendo 90,98% correspondente à área de Eucalipto, sendo que está presente em maior concentração no norte do Estado. As principais espécies plantadas são: E. urophylla, E. citriodora, E. camaldulensis, E. urograndis (clones de E. urophylla x E. grandis) (SEAGRO, 2012). O presente trabalho teve como objetivo o de identificar possíveis áreas de aptidão climática para o cultivo do eucalipto no estado do Tocantins, envolvendo análise de balanço hídrico associado às necessidades edáficas da cultura. MATERIAIS E MÉTODOS Foi utilizado arquivo de o banco de dados mensais de precipitação e temperatura de 110 estações meteorológicas e pluviométricas, para a realização do estudo agroclimático, provenientes do Instituto Nacional de Meteorologia - INMET, Agência Nacional de Águas - ANA, Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Tocantins- SEAGRO e Embrapa e organizados por Collicchio (2008). A tabela 1 mostra as características climáticas exigidas pelas espécies E. citriodora, E. urophylla, E. urograndis, e E. camaldulensis, conforme indicado por Sperandio et al. (2010) e Ferreira (1997) apud Carneiro et al. (2006).
Tabela 1 Exigências climáticas das espécies de Eucalipto Parâmetros E. camaldulensis E. citriodora E. urophylla E. urograndis Temperatura ( 0 C) 17 23 (1) 20 24 (2) 19 26 (2) 18 25 (2) Déficit Hídrico (mm) 0 90 (1) 30 90 (2) 30 210 (2) 15 170 (2) Precipitação (mm) 250-1800 (1) 350 1800 (2) 900-1800 (2) 720 1800 (2) Fonte: (1) Ferreira (1997) apud Carneiro et al. (2006) (2) Sperandio et al. (2010) A partir dos arquivos em shapefile de pedologia e declividade disponibilizados pela Secretaria de Planejamento do Tocantins e da Base de Dados Geográficos atualizados (SEPLAN, 2012), foi possível identificar os tipos de solo ocorrentes em cada município, em seguida fazer uma reclassificação. Os mapas de zoneamento agroclimático para cada espécie de eucalipto foram obtidos através do cruzamento de acordo com o método de Nappo et al. (2005). Após obter os arquivos em formato raster, fez-se a sobreposição dos grids: precipitação, temperatura e déficit hídrico, obtendo assim os mapas finais de zoneamento climático. Foi elaborado o zoneamento edafoclimático, apenas para o E. urograndis que considerou o mapa de solos. RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com os dados climáticos, em relação ao balanço hídrico, déficit hídrico foi o parâmetro que mais influenciou no zoneamento edafoclimático. Consta-se na SEAGRO (2012) que o estado do Tocantins possui 75.977,8 ha de área plantada de eucalipto, e comparando com o resultado do zoneamento edafoclimático para a espécie Eucalyptus urograndis, observa-se que apresentou uma área de 232.644,83 ha (Tabela 2) considerada de apta para o cultivo desta espécie, correspondendo a apenas 0,84% da área total do Estado. Tabela 2 Áreas por classes de aptidão edafoclimático para a cultura do Eucalyptus urograndis Classes Área (ha) Área (%) Inapta 27.069.118,03 98,00 Restrito 429.490,05 1,55 Apta 232.644,83 0,84 TOTAL 27.731.252,90 100,00
Figura 1 Zoneamento edafoclimático para a espécie Eucalyptus urograndis no Estado do Tocantins As microrregiões do Jalapão e de Miracema, bem como o município de Porto Nacional, apresentaram diferentes classes de aptidão, observando as classificações apta, restrita e inapta. O município de Dianópolis que faz divisa com Rio da Conceição apresentou áreas como restrita e inapta. Municípios que não foram citados no relatório da SEAGRO (2012) como Arraias, apresenta zona com a classe apta e restrita, sendo que o município de Araguaçu e Santa Maria do Tocantins verificou-se poucas áreas com apta.
LITERATURA CITADA CARNEIRO, M. A; DANIEL, O; VITORINO, A. C. T; COMUNELLO, É. Aptidão da Bacia do Rio Dourados para o cultivo de algumas espécies de eucaliptos. Floresta, Curitiba, v. 36, n. 3, set./dez. 2006. COLLICCHIO, E. Zoneamento edafoclimático e ambiental para a cana-de-açúcar e as implicações das mudanças climáticas no estado do Tocantins. Tese (Doutorado) Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz Universidade de São Paulo. Piracicaba, 2008. FEREZ, A. P. C. Zoneamento edafoclimático de aptidão para espécies florestais em cenário de mudança climática: um estudo de caso na Costa Rica. Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz Universidade de São Paulo. Piracicaba, 2006. MORA, Ad. L.; GARCIA, C. H. A Cultura do eucalipto no Brasil. Sociedade Brasileira de Silvicultura. São Paulo. 2000. NAPPO, M. E.; NAPPO, A. E.; PAIVA, H. N. de; Zoneamento ecológico de pequena escala para nove espécies arbóreas de interesse florestal no Estado de Minas Gerais. Revista Científica de Engenharia Florestal. 5. ed. 2005. RIBEIRO, Carlos Alexandre Damasceno. Delimitação de zonas agroclimáticas para cultura do eucalipto no norte do Espírito Santo e sul da Bahia. Universidade Federal do Espírito Santo Centro de Ciências Agrárias. Julho, 2009. SEAGRO, Secretaria da Agricultura, da Pecuária e do Desenvolvimento Agrário. Diagnóstico: florestas plantadas no Estado do Tocantins. Relatório Estatístico da Silvicultura do Estado do Tocantins. Superintendência de Produção de Energias Limpas. 2012. SPERANDIO, H. V.; CAMPANHARO, W. A.; CECILIO, R. A.; NAPPO, M. E. Zoneamento Agroecológico para espécies de eucalipto no Estado do Espírito Santo. Caminhos de Geografia. Uberlândia. v. 11, n. 34, p. 203-216. Junho, 2010. SEPLAN. Secretaria de Planejamento e da Modernização da Gestão Pública. Mapas e atlas: base de dados geográficos. 2012. AGRADECIMENTOS O presente trabalho foi realizado com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq Brasil, por intermédio da bolsa PIBIC/CNPq. Apoio do Escritório Regional do LBA-TO (Parceria UFT/INPA) e Laboratório de Agroenergia, Uso da Terra e Mudanças Ambientais (LAMAM) da UFT.