Gênese e a dinâmica climática no Estado do Tocantins: variações no eixo Alto Parnaíba (MA) Pedro Afonso (TO) Conceição do Araguaia (PA)
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- Adriana Bugalho
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1 Gênese e a dinâmica climática no Estado do Tocantins: variações no eixo Alto Parnaíba (MA) Pedro Afonso (TO) Conceição do Araguaia (PA) Luam Patrique Oliveira Gomes¹; Lucas Barbosa e Souza². 1 Aluno do Curso de Geografia; Campus de Porto Nacional; luanpatrique@gmail.com; PIBIC/CNPq 2 Orientador(a) do Curso de Geografia; Campus de Porto Nacional; lbsgeo@uft.edu.br RESUMO O presente trabalho constitui parte dos esforços para o desenvolvimento da Climatologia Geográfica no Estado do Tocantins, por meio do reconhecimento das principais características de sua circulação atmosférica. Tem como objetivo esclarecer por meio da técnica de análise rítmica questões referentes à dinâmica, à gênese e à variação quantitativa dos elementos climáticos, em escala diária, nos anos 2000 (chuvoso), 2001 (habitual) e 2007 (seco). A abordagem considerou o eixo formado pelas localidades de Alto Parnaíba MA (a leste do Estado do Tocantins), Pedro Afonso TO (porção centro-norte do Estado do Tocantins) e Conceição do Araguaia PA (a oeste do Estado do Tocantins). Palavras-chave: Analise Rítmica, Dinâmica Climática, Gênese Pluvial, Estado do Tocantins. INTRODUÇÃO A Climatologia, por se tratar do estudo dos padrões de comportamento da atmosfera e suas interações com as atividades humanas, revela importante contribuição para a sociedade. Caracteriza-se como um campo do conhecimento em que as relações entre sociedade e natureza são o caminho para a compreensão das distintas paisagens do planeta, contribuindo ainda para uma intervenção mais cautelosa na organização do espaço (AYOADE, 2002; MENDONÇA e DANNI-OLIVEIRA, 2007). Variações dos sistemas atmosféricos atuantes nas porções Centro-Sul e Norte do Estado do Tocantins foram investigados por Gomes (2013), no estudo intitulado Gênese e dinâmica climática no Estado do Tocantins: uma abordagem preliminar comparativa entre Porto Nacional e Araguaína. Os resultados alcançados revelaram importantes aspectos da circulação regional nessas duas porções do estado, indicando diferenças genéticas e rítmicas entre as localidades estudadas. Tais resultados motivaram o aprofundamento das investigações para as variações no sentido leste-oeste Página 1
2 (longitudinal) dos sistemas atmosféricos, como subsídio a um projeto mais amplo de elaboração de um atlas climático tocantinense. Por esse motivo, o estudo privilegiou a compreensão do ritmo climático no Estado do Tocantins e em seu entorno imediato, com atenção à gênese e à dinâmica climática no sentido leste-oeste do Estado e em suas regiões limítrofes, considerando o transecto Alto Parnaíba (MA) Pedro Afonso (TO) Conceição do Araguaia (PA). Para a execução deste estudo, seguem-se os preceitos metodológicos originalmente desenvolvidos por Monteiro (1971) e posteriormente defendidos por Zavattini e Boin (2013), que sugerem o uso da técnica de análise rítmica para desvendar a participação e a sucessão dos sistemas atmosféricos sob uma determinada área (GOMES, 2013). MATERIAL E MÉTODOS Com o proposito de uma abordagem comparativa entre diferentes localidades tocantinenses e em seu entorno imediato, foram selecionados os anos de 2000, 2001 e 2007 como representativos dos padrões chuvoso, habitual e seco no estado do Tocantins, respectivamente. Foram considerados os princípios metodológicos apresentados por Monteiro (1971), que sugere o uso da técnica de análise rítmica como ferramenta para que se possa conhecer a sucessão natural dos sistemas atmosféricos atuantes sobre determinada área. As abordagens foram realizadas em escala diária por meio da técnica de análise rítmica, visando à posterior conjunção e comparação dos resultados alcançados. Foram realizadas identificações dos tipos de sistemas atmosféricos atuantes sobre as três localidades nos anos referenciados, por meio do uso das imagens de satélite meteorológico GOES 8 obtidas nos sites da agência estadunidense National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) e, no Brasil, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), via download. As imagens foram inspecionadas visualmente, sempre obedecendo à escala diária, em conjunto com a conferência dos dados climáticos (temperatura, pluviosidade, umidade relativa do ar, direção do vento, dentre outros) das Estações Climatológicas Convencionais (analógicas) da rede de observação do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) no Estado do Tocantins e no seu entorno imediato. Página 2
3 Os dados climáticos, juntamente com os sistemas atmosféricos identificados, foram agrupados em gráficos de análise rítmica, permitindo uma melhor visualização do ritmo climático. Para a produção e finalização dos gráficos de análise rítmica foram utilizados os softwares Microsoft Excel e Corel Draw, no Laboratório de Análises Geo-Ambientais do Curso de Geografia (Campus de Porto Nacional) RESULTADOS E DISCUSSÃO O estudo dos anos 2000, 2001 e 2007, correspondentes aos padrões chuvoso, habitual e seco revelaram importantes aspectos da gênese e da dinâmica climática sobres as três localidades em análise, apontando os diferentes sistemas atmosféricos e os resultados pluviométricos referentes à atuação de cada um. Com base nas análises dos gráficos, verificou-se uma ligeira diferenciação quanto à atuação dos sistemas atmosféricos em Conceição do Araguaia-PA, onde se observou que os sistemas equatoriais (MEC, MEA) atuaram com mais frequência, gerando maiores totais pluviométricos. Ainda nessa localidade, os sistemas tropicais (MTA), os sistemas frontais (FPA, FPA-REP, FPA-DIS) e os sistemas polares (MPV) registraram menor atuação ao longo do período analisado. As estações de Pedro Afonso-TO e Alto Parnaíba-MA apresentaram uma leve semelhança quanto à atuação dos sistemas atmosféricos, com maior predominância de sistemas Tropicais (MTA) e pequena atuação de sistemas Frontais e Polares (FPA, FPA-REP, FPA-DIS e MPV). Os resultados dos três anos analisados confirmam, portanto, uma maior semelhança entre essas duas localidades, na porção central e leste da área de estudo, enquanto Conceição do Araguaia, na porção oeste da área estudo, mostrou-se diferenciada. Isso acontece possivelmente em decorrência da maior força exercida pelo anticlone tropical atlântico, em relação ao sistema de baixa pressão representado pela Massa Equatorial Continental, sendo que esta última atua com menor força sobre o Estado do Tocantins, mais concentrada na sua porção oeste. Quanto à gênese pluvial, notou-se que tanto em Pedro Afonso quanto em Alto Parnaíba, as diferenças entre os padrões chuvoso, habitual e seco, não parecem ter Página 3
4 relação direta com os percentuais de gênese pluvial. Nesse sentido, esses percentuais variam pouco de um ano para outro, sempre indicando a predominância da Massa Tropical Atlântica e da Massa Equatorial Atlântica na condição de geradoras de precipitação. Nesse sentido, a redução da precipitação no ano de 2007 e o aumento no ano de 2000 devem estar relacionados a fenômenos internos às massas de ar, como a menor ou maior disponibilidade hídrica/potencial chuvoso. Por outro lado, em Conceição do Araguaia verificou-se uma acentuada redução das chuvas originas pela Massa Equatorial Continental em 2007 (ano seco), concomitante ao aumento relativo das chuvas geradas pelas massas atlânticas. Nesse caso, especificamente, a redução da precipitação no ano de 2007 pode estar ao menos parcialmente relacionada com essa mudança de gênese pluvial, uma vez que a Massa Equatorial Continental desempenha habitualmente papel mais importante na geração de chuvas sobre Conceição do Araguaia, em comparação às outras duas localidades estudadas. Em linhas gerais, os resultados alcançados estão de acordo com as conclusões de Silva (2013) e de Pinto (2013), sendo que ambos incluíram a localidade de Pedro Afonso em suas análises sobre o clima tocantinense. O fato aqui destacado para a localidade de Conceição do Araguaia, referente à menor contribuição da Massa Equatorial Continental para a geração de chuvas durante o ano seco (2007), já havia sido apontado por esses autores, porém quando se referiam à localidade de Pedro Afonso. Pode-se suspeitar, portanto, que uma menor contribuição pluvial da MEC pode estar relacionada com a ocorrência de anos mais secos no Tocantins, de modo especial na sua porção oeste. LITERATURA CITADA AYOADE, J.O. Introdução à climatologia para os trópicos. 4 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,2002. GOMES, L. P. O. Gênese e a dinâmica climática no Estado do Tocantins: uma abordagem preliminar comparativa entre Porto Nacional e Araguaína. Porto Nacional: UFT, 2013 (Relatório Final de Iniciação Científica, PIBIC/CNPq). Página 4
5 MENDONÇA, F.; DANNI-OLIVEIRA, I. M. Climatologia: noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, MONTEIRO, C. A. F. O Clima da Região Sul. In: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Geografia do Brasil Grande Região Sul, v.iv, t.i, Rio de Janeiro: IBGE,1963, p MONTEIRO, C. A. F. Análise rítmica em climatologia: problemas da atualidade climática em São Paulo e achegas para um programa de trabalho. São Paulo: IG, USP, (Série Climatologia, 1). PINTO, P.H.P. As chuvas no estado do Tocantins: distribuição geográfica e gênese das variações rítmicas Dissertação (Mestrado em Geografia) Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, SILVA, A.A.F. Variações do ritmo pluvial e a produção de soja no município de Pedro Afonso-TO Dissertação (Mestrado em Geografia) Universidade Federal do Tocantins, Porto Nacional, ZAVATTINI, J. A.; BOIN, M. N. Climatologia Geográfica: teoria e prática de pesquisa. Campinas: Alínea, AGRADECIMENTOS Agradeço imensamente ao Prof. Dr. Lucas Barbosa e Souza pela paciência e pelo comprometimento. O presente trabalho foi realizado com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq Brasil. Página 5
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