Infestação da broca-do-café e do bicho-mineiro em diferentes agroecossistemas

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Transcrição:

Infestação da broca-do-café e do bicho-mineiro em diferentes agroecossistemas cafeeiros no sul de Minas Gerais Paulo Rogério Lopes (a*), Manoel Baltasar Baptista da Costa (b) (a), (b) Programa de Pós-Graduação em Agroecologia e Desenvolvimento Rural (PPGADR), UFSCar Campus Araras, Araras, SP, Brasil, biocafelopes@bol.com.br; baltasar@uol.com.br * Autor para a correspondência: biocafelopes@bol.com.br Palavras-chave: Café orgânico, Monitoramento de pragas, Hypothenemus hampei, Leucoptera coffeella, Sistemas alternativos. Título abreviado: Pragas do cafeeiro em diferentes agroecossistemas ABSTRACT Currently in various regions of Brazil to coffee borer (Hypothenemus hampei) and leafminer (Leucoptera coffeella) have been considered the most pests that cause economic damage to the coffee. It is believed that the appearance and / or resurgence of these pests is tied to the simplification of agroecosystems in several coffee-producing regions, replacing them is the complexity of floristic diversity in one species or monoculture plantation. In light of the economic losses caused by these pests of coffee there is the need of alternative environmental management for its control. This study aimed to evaluate the impact of the coffee borer and leaf miner in coffee crops conducted under conventional management, organic and organic-mineral in the municipality of Poço Fundo-MG-. The coffee borer infestation in fruits was determined in non-destructive sampling, carried out monthly for a period of 7 months (dez/07 the jun/08). Evaluations 1

to determine the incidence of leaf-mining were performed monthly during one year (dez/07 the nov/08). 10 leaves were collected from 3 or 4 well on all sides of the plant, being sampled by 20 coffee agroecosystem, taken randomly by way zigue-zague in agroecossistemas. That, in any agroecosystem, the infestation of the coffee borer was more than 3%, representing the percentage level of economic damage. Among all systems, the conventional got the highest rate of infestation in spite of synthetic insecticide use, to the incidence of 1.35%. The agroecosystems organo-mineral and organic the coffee borer infestations reached less than 0.67% and 0.72%, consecutively. These results indicate satisfactory levels of biological balance of agroecosystems coffee organic-mineral and organic. In general, all agroecosystems had low infestations of leaf miner despite having received no chemical control for pests. The organic-mineral agroecosystem had the highest infestation of the pest (8.5%) and had the lowest organic infestations among all the systems evaluated, reaching only 2.5% incidence of leaf miner. RESUMO Atualmente em diversas regiões do Brasil a broca-do-café (Hypothenemus hampei) e o bicho-mineiro (Leucoptera coffeella) têm sido considerados as pragas que causam mais danos econômicos à cafeicultura. Acredita-se que o surgimento e/ou ressurgimento dessas pragas esteja atrelado à simplificação dos agroecossistemas nas várias regiões produtoras de café, substituindo-se a complexidade da diversidade florística em apenas uma espécie plantada ou monocultura. Em função dos prejuízos econômicos causados pelas referidas pragas do cafeeiro há a necessidade premente de alternativas de manejo ambiental para seu controle. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a incidência 2

da broca-do-café e do bicho-mineiro em lavouras cafeeiras conduzidas sob manejo convencional, organo-mineral e orgânico no município de Poço-Fundo-MG. A infestação por broca nos frutos foi determinada em amostragens não-destrutivas, realizadas mensalmente por um período de 7 meses (dez/07 a jun/08). As avaliações para determinação da incidência do bicho-mineiro foram realizadas mensalmente, durante um ano (dez/07 a nov/08). Coletaram-se 10 folhas do 3º ou 4º par em todos os lados da planta, sendo amostrados 20 cafeeiros por agroecossistema, tomados aleatoriamente por meio de caminhamento em zigue-zague nos agroecossistemas.verificou-se que, em nenhum agroecossistema, a infestação da brocado-café foi superior a 3%, porcentagem representativa do nível de dano econômico. Entre todos os sistemas, o convencional obteve o maior índice de infestação apesar de utilizar inseticida sintético, chegando à incidência de 1,35%. Os agroecossistemas organo-mineral e orgânico atingiram infestações inferiores a 0,67% e 0,72%, consecutivamente. Esses resultados apontam níveis satisfatórios de equilíbrio biológico dos agroecossistemas cafeeiros organo-mineral e orgânico. De uma maneira geral, todos os agroecossistemas tiveram baixas infestações do bicho-mineiro apesar não terem recebido controle químico para a praga. O agroecossistema organo-mineral apresentou a maior infestação da praga (8,5%) e o orgânico teve as menores infestações entre todos os sistemas avaliados, alcançando apenas 2,5% de incidência de bicho-mineiro. INTRODUÇÃO A broca-do-café Hypothenemus hampei (FERRARI, 1867) (Coleoptera: Scolytidae) é uma das pragas que mais provoca prejuízos à cafeicultura brasileira, pois, atacando os frutos, afeta diretamente a produção (Nakano et al., 1976 apud Ferreira et 3

al., 2003). Dependendo do nível de infestação, os prejuízos podem chegar a 21%, somente pela perda de peso do grão de café (Souza & Reis, 1980 apud Ferreira, 2003). Além disso, a qualidade do café fica prejudicada, uma vez que a porcentagem de grãos brocados e quebrados aumenta proporcionalmente ao aumento da infestação da praga, resultando num produto de tipo e valor comercial inferior. Para cinco grãos brocados e/ou quebrados encontrados na amostra, o lote de café correspondente é penalizado com um defeito no sistema de classificação (Toledo 1947/1948; IBC, 1985 apud Ferreira, 2003). O bicho-mineiro das folhas do cafeeiro, Leucoptera coffeella (Guérin-Mèneville, 1842) (Lepidóptera: Lyonetiidae), é considerado, atualmente, como a principal praga do cafeeiro no Brasil, em razão da sua ocorrência generalizada nos cafezais, resultando em prejuízos quantitativos e econômicos na produção (Souza et al., 1998). Os prejuízos ocorrem pela redução da área foliar e, principalmente, pela queda das folhas (desfolha), diminuindo a taxa fotossintética da planta, influenciando negativamente a produção e o rendimento do café colhido (Matiello, 2005). Sabe-se que a ocorrência da broca e do bicho-mineiro está presente nos diferentes sistemas de manejo: convencionais, organo-minerais e orgânicos. Define-se o sistema convencional de produção como aquele embasado no uso de fertilizantes químicos e agrotóxicos. No sistema orgânico adota-se tecnologias que otimizam o uso dos recursos naturais e sócio-econômicos e minimizam a dependência de energias não renováveis, eliminando o emprego de agrotóxicos e outros insumos tóxicos, privilegiando a preservação da saúde ambiental e humana (Theodoro, 2002). O sistema organo-mineral, também denominado de SAT (sem agrotóxicos), consiste no manejo no qual o agricultor exclui da produção os agrotóxicos, mas continua utilizando, por um período determinado, fertilizantes sintetizados quimicamente (Caixeta & Pedini, 2002). 4

O modelo de cafeicultura adotado no Brasil, desde o início do século XIX, caracteriza-se pelo monocultivo a pleno sol, desconsiderando a opção do cultivo do cafeeiro abaixo do dossel das florestas, a exemplo dos cafeeiros da Colômbia, Venezuela, Costa Rica, México, Nicarágua e Panamá (Beer, 1997; Escalante, 1997; Schibli, 2001 apud Aguiar-Menezes et al., 2007), e, portanto, com baixo nível de diversidade biológica. Na cafeicultura orgânica a diversificação do sistema pode ser obtida pela incorporação de árvores que proporcionam sombra, aporte de matéria orgânica, maior ciclagem de nutrientes e conservação do solo, hospedagem de maior diversidade de organismos; além de ser fonte de alimentos, lenha e madeira para as famílias rurais (Aguiar-Menezes et al., 2007). Nesse contexto, a pesquisa cafeeira brasileira vem sendo orientada para a busca de soluções mais ecológicas e economicamente viáveis, especialmente para pequenos e médios produtores. Dados os prejuízos econômicos causados pelas referidas pragas do cafeeiro, o presente trabalho tem como objetivo avaliar a incidência da broca-do-café e do bicho-mineiro, em lavouras cafeeiras conduzidas sob manejo convencional, organomineral e orgânico. MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi realizada em lavouras cafeeiras localizadas no município de Poço-Fundo, sul de Minas Gerais. Poço-Fundo possui território montanhoso, está localizado nos contrafortes da Serra da Mantiqueira, o solo é fértil, o clima é caracterizado como tropical de altitude, formando um ambiente favorável ao cultivo de café arábica (Souza, 2006). O município está situado no bioma Mata Atlântica, a altitude máxima é de 1435 metros e a mínima de 885 metros, tendo índice pluviométrico médio de 1592,4 mm (MARTINS, 2003). O relevo da região é 5

denominado mar de morros, sendo que no município é predominantemente ondulado - 60% (AGUIAR, 1992), a área restante (40%) é divida entre planas e montanhosas (IBGE, 1995). Prevalecem os solos classificados em latossolos, argissolos, gleissolos e organossolos. Nos municípios vizinhos Poço-Fundo, Machado e Campestre se concentra uma das maiores produções de café do país com qualidade superior, historicamente fundada em bases familiares, cujo cultivo se situa em áreas de montanha (Silveira & Moruzzi Marques, 2009). Com a colaboração da Coopfam (Cooperativa dos Agricultores Familiares de Poço-Fundo), que reúne mais de 200 cafeicultores orgânicos, selecionou-se uma propriedade cafeeira que possui os três sistemas de manejo de interesse do presente estudo, sobre a incidência do bicho-mineiro e da broca do cafeeiro, pelo período de um ano. Utilizaram-se como critérios para escolha das áreas de estudo um padrão de similaridade das características das lavouras cafeeiras e a proximidade delas, tentandose evitar ao máximo diferenças nas variáveis edafoclimáticas. Na propriedade escolhida, além de encontrar todos os sistemas de manejo evidenciados, a distância entre as lavouras não ultrapassa 500 m, com as condicionantes físicas e climáticas semelhantes, como a face de exposição ao sol, a topografia levemente ondulada, o tipo de solo (latossolo com B textural), a cultivar plantada (Mundo Novo), espaçamento entre linhas e entre plantas (3,0 e 1,2 m), a delimitação dos agroecossistemas por quebra-ventos, com árvores de médio porte nos sistemas organo-mineral e convencional, e bananeiras no sistema orgânico. Nas áreas avaliadas desprezaram-se as três primeiras linhas de cafeeiros da bordadura e as 10 últimas plantas de cada linha. Salienta-se que todas as lavouras cafeeiras escolhidas para avaliação apresentavam carga pendente alta. 6

Algumas das características das áreas escolhidas para realização do monitoramento do bicho-mineiro e da broca do cafeeiro estão expressas na tabela 1. As amostragens de folhas para determinação da incidência do bicho-mineiro (Leucoptera coffeella) em cada sistema de produção foram realizadas no terço mediano de cada planta, tomada aleatoriamente por meio de caminhamento em zigue-zague nos agroecossistemas caracterizados. Coletou-se no terço mediano do cafeeiro 10 folhas do 3º ou 4º par em todos os lados da planta (norte/sul e leste/oeste), sendo amostrados 20 cafeeiros por agroecossistema, totalizando 200 folhas coletadas. As folhas foram acondicionadas em sacos de papel para posterior quantificação da doença em laboratório. A determinação da incidência do bicho-mineiro foi realizada por meio de coletas mensais durante o período de dezembro de 2007 a novembro de 2008. De acordo com Matiello (2005), a porcentagem de ocorrência da praga foi determinada segundo a expressão: Incidência (%) = n de folhas com lesões x 100 n total de folhas coletadas A infestação por broca Hypothenemus hampei (FERRARI, 1867) nos frutos foi determinada em amostragens não-destrutivas, pois se realizou o monitoramento sem retirada dos frutos. Foram realizadas observações mensais a partir de dezembro de 2007 até junho de 2008, período que coincidiu com o início da colheita do café. A infestação por broca foi quantificada observando-se 32 plantas tomadas aleatoriamente (caminhamento em zigue-zague) por agroecossistema, 6 pontos/planta, sendo 1 ponto por terço (superior, médio e inferior) em cada lado da planta (norte/sul), totalizando 2 pontos por terço. Em cada ponto avaliavam-se 10 frutos agrupados e o ponto amostrado correspondia a um ramo plagiotrópico do cafeeiro. De acordo com Martins (2003), a porcentagem de infestação por broca nos frutos foi determinada segundo a expressão: 7

Infestação da broca (%) = n de frutos brocados x 100 n total de frutos amostrados Tabela 1 - Agroecossistemas estudados, área, cultivar, ano do plantio da lavoura, número de plantas das áreas e altitude das glebas amostradas. Agroecossistema Área Cultivar Plantio Espaçamento N Plantas Altitude ha) (m) (m) Convencional 1 Mundo Novo 1994 3,0 x 1,2 2777 1200 Organo-mineral 1 Mundo Novo 1996 3,0 x 1,2 2777 1200 Orgânico 1 Mundo Novo 1994 3,0 x 1,2 2777 1130 No período de avaliação a lavoura convencional recebeu aplicação de adubos formulados NPK 20.05.20, pulverizações foliares de micronutrientes, uma aplicação do fungicida flutriafol (2,5 l /ha) e outra com um fungicida à base de clorotalonil e tiofanato-metílico (3 l /ha). Utilizou-se o inseticida endossulfan (concentração não especificada pelo agricultor) para o controle da broca no sistema convencional. Cada cafeeiro desse sistema foi adubado com 450 g de adubo formulado NPK 20.05.20, divididas em 2 aplicações, no período de dezembro a março de 2008. Foram feitas três pulverizações a cada 40 dias, iniciadas em dezembro de 2008; a primeira foi realizada com 3 l de Dacafé Cerrado /ha (produto solúvel em água com 10,0 % de N, 1,0 % de B, 0,50 % de Cu, 4,0 % de Mn, 0,05 % de Mo e 6,0 % de Zn), a segunda com 2,5 kg de Nutricafé /ha (produto solúvel em água com 10,0 % de K²O, 1,0 % de Mg, 10,0 % de S, 3,0 % de B, 10,0 % de Cu, 2,0 % de Mn e 6,0 % de Zn) e a terceira com 1,5 l de boro líquido/ha (o agricultor não especificou a concentração do produto). A lavoura organo-mineral recebeu somente adubações de fertilizantes químicos, sendo que cada cafeeiro foi adubado três vezes no período chuvoso de 2008, totalizando uma aplicação de 600 g de adubo formulado NPK 20.05.20, por planta. Já a lavoura orgânica recebeu 8

cerca de 10 kg de palha de café por cafeeiro em outubro de 2007 e 1,5 kg de torta de mamona por planta, sendo que 750 gramas foram disponibilizadas na forma de adubo orgânico em novembro de 2007 e a outras 750 gramas em janeiro de 2008. Na Tabela 2 têm-se os dados climatológicos fornecidos por uma estação meteorológica (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais) mais próxima das áreas de estudo, localizada no município vizinho de Machado - MG. Tabela 2 - Dados climatológicos da região. Temperatura Média C Umidade do ar % Precipitação Mensal mm Insolação H dez/07 29,8 74 147,1 163,4 jan/08 27,9 81 228 153,1 fev/08 29,1 81 138,1 139,2 mar/08 28,5 78 253,6 166,3 abr/08 27,3 79 142,3 132,9 mai/08 25,3 77 38,3 177,3 jun/08 24,1 81 26,7 148,1 jul/08 25,2 74 24,0 182,9 ago/08 27,3 68 31 216,8 set/08 27,5 65 91,3 192,3 out/08 28,6 74 107,8 138,8 nov/08 28,1 79 167,2 160,3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Flutuação populacional da broca-do-café Durante os monitoramentos mensais da broca no agroecossistema convencional pode-se verificar o início de uma pequena infestação de 0,46% no mês de fevereiro de 2008. Em março ocorreu um decréscimo da infestação (0,31%), em abril e maio observaram-se as maiores infestações, 1,3% e 1,35% respectivamente, no último mês de avaliação (junho) obteve-se 0,98% (Figura 1). No agroecossistema organo-mineral pode-se verificar baixíssimos níveis de infestação da broca, onde a incidência variou de 0,52 % a 0,67% no período de 9

avaliação, conforme se pode observar na Figura 2. Coincidentemente, no agroecossistema orgânico a infestação da broca atingiu níveis parecidos aos encontrados no sistema organo-mineral, variando de 0,05% a 0,72%, como segue na Figura 3. Verificou-se que em nenhum agroecossistema a infestação da broca-do-café foi superior a 3%, porcentagem representativa do nível de dano econômico. Entre todos os sistemas, o convencional obteve o maior índice de infestação, que ocorreu em maio de 2008 (1,35%), conforme o expresso na Figura 1. Os agroecossistemas organo-mineral e orgânico atingiram infestações menores que 0,67% e 0,72%, consecutivamente (Figura 2 e 3). De acordo com Moraes (1997) apud Martins (2003), os danos provocados pela broca-do-café começam quando a infestação atinge valores de 3 a 5% ou acima de 5%. Em todos os agroecossistemas pesquisados (convencional, organo-mineral e orgânico) a colheita foi feita com derriçadores costais motorizados, e enquanto o operador da máquina derriçava os frutos, uma outra pessoa realizava o repasse através da colheita manual. Os dois sistemas de colheita utilizados pelos cafeicultores evidenciam práticas agrícolas essenciais ao manejo alternativo da broca-do-café, o repasse para retirada dos grãos remanescentes e a derriça do café sobre panos de polietileno, visando uma colheita bem feita, evitando-se deixar frutos nas plantas e no solo. Além disso, no sistema orgânico de produção realizou-se a varrição do café, prática conhecida e necessária ao controle da broca. A baixa umidade relativa do ar nos meses de agosto, setembro e outubro e o baixo índice pluviométrico registrado nos meses de maio, junho, julho e agosto (Tabela 2), provavelmente, contribuíram com a baixa infestação da broca. Inverno seco com baixa umidade relativa do ar desfavorece a sobrevivência da broca e o inverno úmido, 10

com muito orvalho nas lavouras, favorece a sua sobrevivência, pois mantém os frutos úmidos (SOUZA & REIS, 1997). Apesar das infestações da broca nos agroecossistemas avaliados não atingirem níveis capazes de causar dano econômico, pode-se averiguar que a lavoura cafeeira convencional sofreu maior incidência da praga mesmo utilizando o inseticida endossulfan, obtendo em alguns meses de avaliação o dobro da infestação em relação aos demais sistemas que não utilizaram agrotóxicos. O agroecossistema convencional teve um custo adicional na compra do inseticida e na aplicação do mesmo, enquanto os agroecossistemas organo-mineral e orgânico adquiriram maior resiliência à praga devido ao manejo utilizado e ao possível equilíbrio biológico gerado pela abstinência ao uso de agrotóxicos nos sistemas. CONVENCIONAL ORGANO-MINERAL % frutos atacados 1,8 2 1,6 1,4 1,2 0,8 1 0,6 0,4 0,2 0 % Broca % frutos atacados 1,8 2 1,6 1,4 1,2 0,8 1 0,6 0,4 0,2 0 % Broca dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 mês/ano da amostragem mês/ano da amostragem Figura 1 - Porcentagem de frutos atacados Figura 2 - Porcentagem de frutos atacados pela broca-do-café (Hypothenemus hampei) pela broca-do-café (Hypothenemus hampei) no agroecossistema convencional. no agroecossistema organo-mineral. ORGÂNICO % frutos atacados 1,8 2 1,6 1,4 1,2 0,8 1 0,6 0,4 0,2 0 % Broca dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 ab r/0 8 mai/08 jun/08 mês/ano da amostragem Figura 3 - Porcentagem de frutos atacados pela broca-do-café (Hypothenemus hampei) 11

no agroecossistema orgânico. Flutuação populacional do bicho-mineiro No sistema convencional as infestações do bicho-mineiro do cafeeiro não ultrapassaram 2% de dezembro de 2007 a agosto de 2008; somente nos meses de setembro e outubro teve-se um pico populacional crescente, atingindo níveis de 3,5% e 4,5%, consecutivamente, conforme segue na Figura 4. No entanto, tais níveis de incidência são considerados incapazes de causar dano econômico à cultura. Segundo Souza et al. (1998), deve-se considerar, para início do controle dessa praga, 20% ou mais de folhas minadas no terço superior (local de coleta de folhas) ou 30% ou mais de folhas minadas nos terços médio e superior (locais de coletas de folhas) dos cafeeiros. Considerando-se folhas minadas com minas intactas, de qualquer tamanho. Verificou-se no agroecossistema organo-mineral níveis baixos de incidência do bicho-mineiro em todas as avaliações. Como pode ser observado na Figura 5, no mês de dezembro de 2007 obteve-se 3% de infestação, de janeiro a agosto de 2008 os índices não ultrapassaram 2%, e em outubro observou-se o maior pico populacional (8,5%). Já no agroecossistema orgânico os níveis de incidência da praga não atingiram 2% em todos os meses de avaliação, com exceção do mês de setembro, chegando-se a um índice de 2,5% (Figura 6). Justifica-se que as avaliações nesse sistema de manejo foram feitas somente até o mês de setembro pelo fato da lavoura ter sofrido uma forte chuva de granizo, e conseqüentemente, o agricultor realizou uma poda drástica nos cafeeiros. De uma maneira geral, todos os agroecossistemas tiveram baixas infestações do bicho-mineiro. O agroecossistema convencional sofreu infestações inferiores a 5% em todas as avaliações, o organo-mineral não ultrapassou 8,5% em nenhum monitoramento e o orgânico teve as menores infestações entre todos os sistemas avaliados, alcançando 12

apenas 2,5% de incidência em uma das avaliações. Possivelmente, o grande porte dos cafeeiros, o alto índice de enfolhamento e um espaçamento menor possibilitaram o sombreamento da cultura, diminuindo a insolação e as altas temperaturas nos agroecossistemas, que de acordo com Souza et al. (1998), são condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento da praga. Os maiores níveis de incidência do bichomineiro no sistema convencional e organo-mineral ocorreram nos meses de setembro e outubro, coincidindo com o final do período seco do ano, onde se observaram baixa umidade relativa do ar e poucas chuvas, índices de temperatura e insolação elevados (Tabela 2). Salienta-se que o sistema produtivo que obteve menor infestação, o orgânico, é delimitado por quebra-ventos de bananeiras, possui as características descritas acima e está próximo a um pequeno fragmento de mata. Além do sombreamento fornecido por essas plantas, elas servem como abrigo e fonte de alimentos secundários aos inimigos naturais do bicho-mineiro. CONVENCIONAL ORGANO-MINERAL % folhas minadas 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 mês/ano da amostragem set/08 out/08 nov/08 % Bicho-mineiro % folhas minadas 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 mês/ano da amostragem % Bicho-mineiro Figura 4 Incidência do bicho-mineiro no agroecossistema convencional. Figura 5 Incidência do bicho-mineiro no agroecossistema organo-mineral. ORGÂNICO % de folhas m inadas 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 dez /07 jan/08 fev /08 m ar/08 abr/08 m ai/08 jun/08 jul/08 mês/ano da amostragem ago/08 s et/08 % Bicho-mineiro 13

Figura 6 - Incidência do bicho-mineiro no agroecossistema orgânico. CONCLUSÕES Nos agroecossistemas convencional, organo-mineral e orgânico manejados pela agricultura familiar a infestação da broca-do-café não atingiram nível de dano econômico, provavelmente devido a uma colheita bem feita. O agroecossistema convencional obteve o maior índice de infestação pela broca, apesar da utilização de controle químico. Os baixos índices de infestação de bicho-mineiro encontrados em todos os agroecossistemas estudados podem estar relacionados ao porte alto dos cafeeiros, ao clima, ao alto índice de enfolhamento e um espaçamento mais adensado, que possivelmente possibilitaram o auto-sombreamento da cultura, diminuindo a insolação e altas temperaturas, interferindo nas condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento da praga. RERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIAR, A. R. C. 1992. Saber camponês e mudança técnica: um estudo de caso junto a pequenos produtores do bairro rural do Cardoso, Poço-Fundo, MG. 1992. 148 f. Dissertação (Mestrado em Administração Rural), Universidade Federal de Lavras, Lavras, 1992. AGUIAR-MENEZES, E. L. de.; SANTOS, C.M.S.; RESENDE, A.L.S.; SOUZA, S.A.S.; COSTA, J.R.; RICCI, M.S.F. 2007. Susceptibilidade de cultivares de café a insetos-pragas e doenças em sistema orgânico com e sem arborização. Seropédica: Embrapa Agrobiologia, 34p. (Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento/Embrapa Agrobiologia, ISSN 1676-6709). ALTIERI, M.; NICHOLLS. C. 1989. Agroecologia: as bases científicas da agricultura alternativa. Trad. de Patrícia Vaz. Rio de Janeiro: PTA/FASE. 240p. CAIXETA, I. F. & PEDINI, S. 2002. Cafeicultura orgânica: conceitos e princípios. In: Informe agropecuário, v. 23, n. 214/215 14

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