Professor Luiz Claudio Alves dos Santos Subsídios para elaboração de Recursos referentes a questões de Regimento Comum do Congresso Nacional da prova do concurso da Câmara dos Deputados Em decorrência de o sistema do Cespe admitir até 1.000 caracteres para os argumentos, são apresentadas sucintas considerações aplicáveis ao item pertinente. Se não houvesse a limitação de caracteres, que limita a ampla defesa, poder-se-ia elaborar um único recurso em vez de quatro para questionar o enunciado referente aos itens 129 a 133. ANALISTA LEGISLATIVO TÉCNICA LEGISLATIVA Enunciado das questões 129 a 133 De acordo com o disposto no Regimento Comum do Congresso Nacional, cabe ao presidente do Congresso marcar reunião do colegiado para Seguem cinco possibilidades de recurso. Os quatro primeiros para anulação dos cinco itens e o último para anulação ou mudança do gabarito da afirmativa dar posse ao presidente e ao vicepresidente da República eleitos. Recomenda-se que os alunos optem por aquele que lhes for mais conveniente. Havendo mais de um candidato interessado em cada item ou no conjunto de itens, cabe combinar para que cada candidato apresente um recurso diferente de modo que todos os recursos serão apresentados à banca e, assim, ampliem-se as possibilidades de deferimento, pois os argumentos são diferentes. RECURSO 1 O candidato deveria analisar as afirmativas dos itens 129 a 133 em conformidade com o enunciado, isto é, de acordo com o disposto no Regimento Comum do Congresso Nacional. Porém, o enunciado apresenta expressão e termos estranhos ao Regimento Comum e aos documentos do Congresso Nacional referentes à convocação de sessão conjunta. A expressão Presidente do Congresso e os termos marcar, reunião e colegiado não constam do Regimento Comum do Congresso Nacional em relação aos assuntos constantes das afirmativas dos citados itens. O Congresso Nacional registra em seus documentos a expressão presidente da Mesa do Congresso Nacional em vez de presidente do Congresso e os termos convocar, sessão conjunta e Câmara dos Deputados e Senado Federal em vez de marcar, reunião e colegiado. O Poder Legislativo federal brasileiro é bicameral, sendo o Congresso Nacional composto pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. Em sessão conjunta, há dois colegiados reunidos. RECURSO 2 O enunciado referente aos itens 129 a 133 orienta o candidato a analisar as afirmativas de acordo com o disposto no Regimento Comum do Congresso Nacional, todavia, apresenta expressão estranha ao texto regimental. A expressão Presidente do Congresso, além de não constar da Constituição Federal de 1988 nem do Regimento Comum do Congresso Nacional, não tem sido reconhecida nos documentos oficiais mais recentes do Congresso Nacional. Em caráter oficial, o Congresso Nacional registra a expressão presidente da Mesa do
Congresso Nacional como, por exemplo, na Resolução nº 1, de 2002-CN, que dispõe sobre a apreciação de medidas provisórias, na Resolução nº 1, de 2006-CN, que dispõe sobre Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização, e no Ato do Presidente da Mesa do Congresso Nacional nº 47, de 2010, publicado no Diário do Congresso Nacional de 25/11/2010, p. 3582. RECURSO 3 O enunciado referente aos itens 129 a 133 orienta o candidato a analisar as afirmativas de acordo com o disposto no Regimento Comum do Congresso Nacional, todavia, apresenta o termo colegiado, que além de não constar do texto regimental, é impróprio para se referir à reunião da Câmara dos Deputados e do Senado Federal em sessão conjunta. Nas deliberações em sessão conjunta do Congresso Nacional, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal votam separadamente, uma após a outra, e a manifestação em contrário de qualquer dessas Casas implica na rejeição da matéria. Como lecionam Santos, Nóbrega Netto e Carneiro (Curso de Regimento Comum, 2008, p. 51), a sessão conjunta não deve ser confundida com a sessão unicameral, ocorrida apenas na revisão constitucional (concluída em 1994), ocasião em que as duas Câmaras se fundiram em uma só, e os votos de deputados e senadores foram computados conjunta e indistintamente. RECURSO 4 O enunciado referente aos itens 129 a 133 orienta o candidato a analisar as afirmativas de acordo com o disposto no Regimento Comum do Congresso Nacional, todavia, apresenta o termo reunião para se referir a hipóteses de realização de sessão conjunta, porém, esse vocábulo consta do texto regimental especificamente para evento de comissão mista. Não obstante sessão e reunião manterem relação semântica, nos termos regimentais, reunião difere de sessão, conforme lecionam Carneiro, Santos e Nóbrega Netto no Curso de Regimento Interno publicado pela Câmara dos Deputados (Edições Câmara, p. 37-38). RECURSO 5 De acordo com o disposto no Regimento Comum do Congresso Nacional, cabe ao presidente do Congresso marcar reunião do colegiado para dar posse ao presidente e ao vice-presidente da República eleitos. Anulação da Questão ou O mandato presidencial está vinculado à posse e tem início em primeiro de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição (CF, art. 82), portanto, a sessão conjunta para essa finalidade está marcada. No Regimento Comum, apenas o art. 2º dispõe sobre convocação de sessão conjunta e não deixa claro se as sessões com data legalmente fixada precisam ser convocadas, dispensando-se a prévia audiência da Mesa da Câmara. Na prática, a convocação de sessão conjunta se baseia ainda no art. 48, III, do Regimento do Senado, que confere ao presidente daquela Casa competência para convocá-las e pode ser confirmada em registros no Diário do Senado Federal de26/1/2006,p. 2047, 14/9/2011, p. 37158, de 23/12/2010. De acordo com o Dicionário Michaelis (1998), dentre as acepções do vocábulo convocar estão chamar ou convidar para reunião, fazer reunir. Por sua vez, o
termo marcar pode ser compreendido como assinalar, assentar determinar, por exemplo, a hora. Não há sinonímia entre esses termos. RECURSO 6 a votação deve ser iniciada pelo projeto, que antecede, portanto, a votação dos destaques e das emendas. Nos casos em que o Regimento Comum admite mais de um procedimento, a banca examinadora utilizou as expressões em regra ou via de regra para enunciar afirmativa com amparo no texto regimental aplicável aos casos em geral, mas que admite procedimentos alternativos: exceções. O art. 49 do Regimento Comum apresenta regras aplicáveis às votações. De acordo com seu 1º, votar-se-á, em primeiro lugar, o projeto, ressalvados os destaques dele requeridos e as emendas. Todavia, o parágrafo quarto apresenta regra a ser obedecida quando houver substitutivo, que é um tipo específico de emenda substitutiva (RICD, art. 118, 4º, e RISF, art. 249, 4º). Além disso, havendo substitutivo que não seja de comissão ou dela tenha recebido parecer favorável, há a hipótese de aplicar-se procedimento diferente do previsto no parágrafo primeiro em decorrência de requerimento de preferência previsto no art. 50 do Regimento Comum. RECURSO 7(compare com o recurso 8) o substitutivo de autoria de alguma comissão, caso exista, deverá ser posto em votação antes do próprio projeto original. Nos casos em que o Regimento Comum admite mais de um procedimento, A banca examinadora utilizou as expressões em regra ou via de regra para enunciar afirmativa com amparo no texto regimental aplicável aos casos em geral, mas que admite procedimentos alternativos: exceções. De acordo com o art. 49, 4º, do Regimento Comum, havendo substitutivo, terá preferência de votação sobre o projeto se de autoria da Comissão, ou se dela houver recebido parecer favorável, salvo deliberação em contrário. Essa regra específica de votação aplicável quando da existência de substitutivo de comissão ou que dela tenha recebido parecer favorável pode ser preterida em decorrência de aprovação de requerimento de preferência para que o projeto seja apreciado com precedência sobre o substitutivo da comissão (RCCN, arts. 49, 4º e 5º, e 50). RECURSO 8 (compare com o recurso 7) o substitutivo de autoria de alguma comissão, caso exista, deverá ser posto em votação antes do próprio projeto original. Os projetos apreciados em sessão conjunta do Congresso Nacional são examinados por uma única comissão mista. Logo, apenas o substitutivo da comissão mista que emitiu parecer sobre a matéria ou dela recebeu parecer favorável é que terá preferência sobre o projeto na votação, salvo deliberação em contrário. Portanto, não é correto afirmar que o substitutivo de autoria de alguma (pronome
indefinido) comissão terá preferência sobre o projeto. Essa preferência é conferida pelo Regimento Comum à comissão mista incumbida de examinar a matéria e sobre ela emitir parecer, isto é, a comissão mista específica e definida no despacho do presidente e não alguma comissão mista. A banca examinadora, em questão sobre redação final que se encontra sob o mesmo enunciado, se refere à comissão incumbida da elaboração da redação final de maneira mais adequada como respectiva comissão mista, definindo-a. RECURSO 9 a redação final do projeto deverá ser elaborada pela respectiva comissão mista Em regra, os projetos apreciados em sessão conjunta cuja votação conclua pela aprovação da matéria são encaminhados à comissão mista para elaboração da redação final. Todavia, há hipóteses em que será dispensada a redação final, quais sejam, quando o projeto for aprovado sem emendas ou em substitutivo integral, e o texto considerado em condições de ser definitivamente aceito (RCCN, art. 50, caput e 2º). De acordo com o Regimento Interno da Câmara dos Deputados, art. 195, 3º, a comissão poderá, em seu parecer, propor seja considerada como final a redação do texto da proposta de emenda à Constituição, projeto ou substitutivo aprovado sem alterações, desde que em condições de ser adotado como definitivo. COMENTÁRIO sobre a afirmativa a votação poderá ser encaminhada por quatro senadores e quatro deputados Considero a afirmativa correta por utilizar o termo poderá. De qualquer modo, como alguns alunos me pediram subsídios para recorrem dessa questão, seguem minhas considerações. De acordo com o Regimento Comum do Congresso Nacional, em regra, a votação da matéria poderá ser encaminhada por quatro senadores e quatro deputados, de preferência de partidos diferentes, pelo prazo de cinco minutos (RCCN, art. 49, caput). No caso de requerimento, a votação poderá ser encaminhada apenas por dois membros de cada Casa, de preferência um favorável e um contrário (RCCN, art. 41, caput). Em se tratando de proposta de sessão secreta, a votação poderá ser encaminhada por quatro oradores, em grupo de dois membros de cada Casa, preferentemente de partidos diversos (RCCN, art. 27, 3º).
ANALISTA LEGISLATIVO TAQUÍGRAFO RECURSO 1 Nas sessões solenes, em que não há expediente nem se admite formulação de questão de ordem, integram a Mesa do Congresso Nacional o presidente da Câmara e, mediante convite, o presidente do Supremo Tribunal Federal. Argumentos (versões 1 a 4): Versão 1 A Mesa do Congresso Nacional consta prevista no art. 57, 5º, da Constituição Federal de 1988, que estabelece que essa Mesa será presidida pelo presidente do Senado Federal, e os demais cargos serão exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Em 1993, as Mesas da Câmara e do Senado decidiram a composição da Mesa do Congresso Nacional (DCN, de 23/9/1993, p. 2650 e RCCN texto consolidado e normas conexas, 2011, p. 285), que não inclui o presidente da Câmara dos Deputados nem tampouco o presidente do Supremo Tribunal Federal.No livro Curso de Regimento Comum (Luiz Claudio Alves dos Santos, Miguel Gerônimo da Nóbrega Netto e André Corrêa de Sá Carneiro, Vestcon, 2008, p. 56) consta que "De acordo com o art. 53 do RCCN, nas sessões solenes, integram a Mesa o Presidente da Câmara e, mediante convite, o Presidente do Supremo Tribunal Federal. Nesse caso, entenda-se Mesa dos Trabalhos e não Mesa do Congresso Nacional". Versão 2 A Constituição de 1988 trouxe algumas inovações, entre elas a previsão da Mesa do Congresso Nacional, presidida pelo Presidente do Senado Federal e da qual não fazem parte o presidente da Câmara dos Deputados e o presidente do Supremo Tribunal Federal. Tendo em vista que o Regimento Comum do Congresso Nacional foi recepcionado pela Constituição Federal de 1998 tão somente naquilo em que com ela mostrou-se compatível, em sentido diferente do que dispõe o art. 1º do RCCN, a direção das sessões conjuntas cabe à Mesa do Congresso Nacional e não mais à Mesa do Senado Federal. Portanto, o disposto no art. 53 do RCCN somente pode ser considerado constitucional por considerar que a Mesa referida em caput é a Mesa de direção da sessão, composta pelos membros da Mesa do Congresso Nacional, pelo presidente da Câmara e, mediante convite, pelo presidente do STF. Versão 3 Apesar de a direção das sessões conjuntas caber à Mesa do Congresso Nacional, a Mesa prevista no art. 53 do Regimento Comum, é a Mesa constituída exclusivamente para as sessões conjuntas, razão pela qual se admite que ela seja integrada por outras pessoas além dos membros da Mesa do Congresso Nacional. Isso pode ser comprovado na fala do presidente na abertura da sessão conjunta solene para inauguração da sessão legislativa ordinária de 2011, oportunidade em que os presidentes da Câmara e do STF, além de outras autoridades, compuseram a Mesa (DCN de 3/2/2011, p. 110). No livro Regimento Comum do Congresso Nacional comentado (Luiz Claudio Alves dos Santos, GranCursos, 2012, p. 64), o autor argumenta que "Nesse caso (sessões solenes), a melhor interpretação parece-nos ser a de que a Mesa dos Trabalhos das sessões solenes será composta dos membros da Mesa do Congresso Nacional, do Presidente da Câmara dos Deputados e, quando for convidado, do Ministro do Supremo Tribunal Federal."
Versão 4 A fala do presidente da Mesa do Congresso Nacional na sessão conjunta solene para inauguração da 1ª Sessão Legislativa Ordinária da 54ª Legislatura evidencia que a Mesa da sessão solene é composta pelos membros da Mesa do Congresso Nacional e outras pessoas que dela não fazem parte como o presidente da Câmara dos Deputados, o presidente do Supremo Tribunal Federal, quando convidado. Na sessão conjunta para posse do presidente e vice-presidente da República, essas autoridades também compõem a Mesa com lugares reservados à direita e à esquerda do presidente da Mesa. Não obstante a Mesa do Congresso Nacional dirigir as sessões conjuntas, nas de caráter solene, a Mesa dos trabalhos é integrada por autoridades que não integram a Mesa do Congresso Nacional, conforme dispõem os arts. 53 e 61 do Regimento Comum do Congresso Nacional.