Orientação Técnica OT-004/2016-IBRAENG (aprovada aos 19 de dezembro de 2016. Publicada aos 20 de dezembro de 2016) Precisões e Margens de Erros dos Orçamentos de Engenharia Accuracies and Error Margins of Engineering Budgets Comitê de Elaboração/Revisão (2016): Eng o Civil Marcio Soares da Rocha, Eng o Civil Francisco Alves de Aguiar, Eng o Civil Jorge Luiz Rodrigues Cursino de Sena, Eng o Civil, Eng o Eletricista e Eng o de Segurança do Trabalho José de Montier Barroso, Eng a Civil Christina Bianchi, Eng o Civil Elismar de Oliveira Sá, Eng o Civil Calixto José de Oliveira Nogueira. Palavras-Chaves: orçamentos; margem de erro; estimativa. 06 páginas Sumário PREFÁCIO... 1 INTRODUÇÃO... 2 1 OBJETIVO... 2 2 REFERÊNCIAS NORMATIVAS E TÉCNICAS... 2 3 DEFINIÇÕES... 3 4 ORÇAMENTOS COMO ESTIMATIVAS DE CUSTOS E PREÇOS... 5 5 PRECISÕES E MARGENS DE ERROS DOS ORÇAMENTOS DE ENGENHARIA... 6 6 COMO CITAR ESTE DOCUMENTO... 6 PREFÁCIO O IBRAENG Instituto Brasileiro de Auditoria de Engenharia é a entidade de classe homologada pelo sistema Confea-Crea que objetiva o desenvolvimento e a padronização de métodos e técnicas científicas de auditoria aplicáveis aos trabalhos de Engenharia. O IBRAENG possui registro regional no Crea-CE, tem atuação nacional e possui como associados profissionais de Engenharia e Arquitetura de nível superior de todo o Brasil. As Orientações Técnicas emitidas pelo IBRAENG visam contribuir para a uniformização e padronização do entendimento sobre métodos, técnicas e procedimentos pertinentes à Auditoria de Engenharia e sobre temas afins e correlatos, bem como orientar aos profissionais de Engenharia e Arquitetura sobre os assuntos nelas tratados.
2 As Orientações Técnicas do IBRAENG são disponibilizadas gratuitamente em meio eletrônico e podem ser publicadas e distribuídas, sendo, no entanto, vetada a sua comercialização. A impressão deste documento para uso pessoal é permitida; todavia, a impressão em grande escala e para uso coletivo só pode ser feita com permissão do IBRAENG. As citações desta Orientação Técnica devem ser feitas conforme apresentado no item 7 desta Orientação Técnica. INTRODUÇÃO Esta OT-004/2016-IBRAENG define e recomenda parâmetros sobre as precisões e as margens de erros dos diversos tipos de orçamentos de obras e serviços de Engenharia e foi elaborada com base nas contribuições de vários profissionais de Engenharia e Arquitetura atuantes em Engenharia de Custos e em Auditoria de Engenharia no Brasil, por meio de consulta pública realizada via internet. Ela considera também estudos publicados por entidades nacionais e internacionais de Engenharia de Custos e de Auditoria de Engenharia e é consonante com a legislação vigente e com as normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) pertinentes. A utilidade do presente documento é notória para os orçamentistas, para os auditores de Engenharia e para os avaliadores de imóveis. O assunto estimativa de custos revestiu-se de relevância na Engenharia de Custos nacional, especialmente depois da publicação da Lei do Regime Diferenciado de Contratações (Lei Federal n o 12.462/2011), a qual permite no regime de contratação integrada que uma obra ou serviço de Engenharia seja orçada por meio de orçamentos expeditos e preliminares/paramétricos e licitada com base neles. As margens de erros pertinentes a esses tipos de orçamentos são admitidas, nas contratações integradas, como margem de negociação dos preços finais das obras licitadas durante os seus processos licitatórios. O IBRAENG disponibiliza aos profissionais de Engenharia e Arquitetura em geral, aos Conselhos Profissionais de Engenharia e Arquitetura, às entidades de classe e aos órgãos públicos (contratantes, controladores e reguladores) esta Orientação Técnica e espera contribuir para uniformizar o entendimento sobre as definições dos diversos tipos de orçamentos de Engenharia e sobre suas precisões e margens de erros. 1 OBJETIVO Esta Orientação Técnica objetiva contribuir para: a) uniformizar as definições dos diversos tipos de orçamentos de Engenharia e demais termos técnicos correlacionados com essas atividades; b) padronizar o entendimento dos orçamentos de Engenharia como estimativas de custos e preços; c) definir e recomendar parâmetros sobre as precisões e as margens de erros dos diversos tipos de orçamentos de obras e serviços de Engenharia. 2 REFERÊNCIAS NORMATIVAS E TÉCNICAS Na aplicação desta Orientação Técnica é necessário atender aos seguintes preceitos legais: Lei Federal Nº 5.194, DE 24 DEZ 1966 (Regula o exercício das profissões de Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro-Agrônomo, e dá outras providências). Lei Federal Nº 12.378/2010 (Regulamenta o exercício da Arquitetura e Urbanismo; cria o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil - CAU/BR e os Conselhos de Arquitetura e Urbanismo dos Estados e do Distrito Federal - CAUs; e dá outras providências). Decreto Federal n o 81.621/1978 (Aprova o Quadro Geral de Unidades de Medidas). Lei Federal n 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. Lei Federal n o 12.462/2011 que institui o Regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC).
3 Resolução nº 361, de 10 de dezembro de 1991 do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Dispõe sobre a conceituação de Projeto Básico em Consultoria de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Resolução n o 1002/2002 do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Código de Ética Profissional do Confea). Resolução n o 218/1973 do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (fixa as atribuições iniciais do Engenheiro nas diversas modalidades e do Engenheiro-Agrônomo). Resolução n o 1073/2016 do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (fixa as regras para extensão de atribuições do Engenheiro e do Engenheiro-Agrônomo mediante cursos de pósgraduação). Normas Técnicas da ABNT referentes a anteprojetos e projetos de Engenharia. São referenciais técnicos desta Orientação Técnica: INSTITUTO BRASILEIRO DE AUDITORIA DE ENGENHARIA. OT-001/2012-IBRAENG: Auditorias de Engenharia Procedimentos Gerais. Fortaleza, 2012. INSTITUTO BRASILEIRO de ENGENHARIA DE CUSTOS. OT 004/2013-IBEC Estimativa de Custos de Obras Públicas: versão para órgãos contratantes. Rio de Janeiro, 2013. INSTITUTO BRASILEIRO DE AUDITORIA DE OBRAS PÚBLICAS. OT-IBR-004/2012 Precisão do orçamento de obras públicas. 2012. INSTITUTO BRASILEIRO DE AUDITORIA DE OBRAS PÚBLICAS. OT-IBR-001/2006 Projeto Básico. 2006. AACE International Recommended Practice Nº 17R-97, Cost Estimate Classification System. AACE International Recommended Practice Nº 18R-97, Cost Estimate Classification System as Applied in Engineering, Procurement and Construction for the Process Industries. CONFORTO, Sérgio, SPRANGER, Mônica. Estimativas de custos de investimentos para empreendimentos industriais. Rio de Janeiro: Taba Cultural, 2002. DIAS, Paulo R. V. Engenharia de Custos: uma metodologia de orçamentação para obras civis. 9ª edição. Rio de Janeiro: IBEC, 2011. MATTOS, Aldo Dórea. Como preparar orçamentos de obras: dicas para orçamentistas, estudos de casos, exemplos. São Paulo: PINI, 2006. ROCHA, Marcio S. Auditoria Aplicada à Engenharia: como auditar obras de engenharia. Fortaleza: Premius, 2013. 3 DEFINIÇÕES Anteprojeto de Engenharia: conjunto de documentos técnicos (desenhos e textos) que possibilitam a caracterização da obra ou serviço planejado, que representam a opção aprovada no estudo de viabilidade e que permitem a estimativa dos custos e prazos de execução dos seus serviços, bem como a elaboração dos seus projetos básico e executivo. Benefícios e Despesas Indiretas (BDI): taxa calculada/estimada por profissionais de engenharia e arquitetura, que, ao ser multiplicada pelo total dos custos diretos de uma obra ou serviço de engenharia, permite a estimação do seu preço global, para fins de orçamento ou de avaliação. No seu cálculo, são considerados os custos indiretos, os tributos e o lucro.
4 Composição de custo unitário direto: planilha de cálculo do custo direto de um serviço de Engenharia que discrimina os materiais, a mão de obra (inclusive encargos sociais/trabalhistas), e os equipamentos necessários à realização do serviço, bem como seus coeficientes de consumo e suas respectivas quantidades e preços unitários. Custo: total das despesas diretas e indiretas necessárias à produção, manutenção ou aquisição de um bem, num determinado período e situação. Custo Direto: total das despesas com insumos (materiais, mão-de-obra e equipamentos) e com a administração local, necessários à execução de uma obra ou serviço, obtido a partir da soma das composições de custos unitários diretos dos serviços da obra. Custo Indireto: total das despesas administrativas e financeiras, e demais ônus, tributos e encargos necessários à execução de uma obra ou serviço de Engenharia. Cronograma: documento técnico que representa graficamente o período de tempo necessário (dias, semanas, meses) ao desenvolvimento de uma atividade ou à realização de um projeto. Custo Referencial: custo adotado pelos órgãos públicos contratantes e auditores como padrão representativo do valor de mercado local/regional para determinado serviço de engenharia, em determinado período, obtido por composição de custos dos seus insumos pertinentes. Documentos Técnicos: desenhos técnicos e/ou textos descritivos que caracterizam os diversos elementos componentes dos projetos de obras e serviços de engenharia. Estudo de Viabilidade: conjunto de estudos e análises preliminares realizados com vistas a avaliar a viabilidade técnica e financeira de um empreendimento planejado. Encargos Sociais e Trabalhistas: somatório dos percentuais determinados pelas leis sociais e trabalhistas em vigor e de acordos coletivos sindicais, a incidir no custo da mão-de-obra. Estimativa de Custos: cálculo preliminar dos custos diretos e indiretos e do preço global de uma obra ou serviço de engenharia, tendo como base o anteprojeto, com a utilização de: (1) método expedito; (2) orçamento preliminar ou paramétrico. Memorial Descritivo: documento técnico no qual os serviços e os materiais de construção são especificados de modo que permita a compreensão da obra ou serviço de engenharia e a estimativa dos seus custos. Obra: toda realização de construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação de bens materiais destinados ao atendimento de interesses públicos ou privados, e cuja execução dos serviços inerentes sejam de competência legal restrita aos profissionais de engenharia. Orçamento detalhado ou analítico: planilha elaborada com base no projeto básico ou executivo de uma obra ou serviço para estimar os seus custos diretos e indiretos e o seu preço global, considerando quantitativos calculados/levantados a partir do projeto e custos unitários publicados em tabelas referenciais públicas ou particulares ou obtidos por apropriação de produtividade e consumo e/ou por pesquisas de mercado. Orçamento expedito: estimativa do preço global de uma obra ou serviço de engenharia obtido por meio da multiplicação do custo de uma unidade básica de construção (m, Km, m 2 etc.) pelo quantitativo total da obra, acrescido do BDI. Ver também preço por área construída. Nota: Os sindicatos de construtores (Sinduscons) estaduais são os responsáveis oficiais/legais pela publicação do CUB para edificações no Brasil. Quanto aos custos referenciais de unidades básicas por medida linear (m, Km etc.) para obras como rodovias, saneamento básico etc., não há ainda nenhum órgão público ou entidade de classe sem fins lucrativos que os elabore e publique. Orçamento Paramétrico ou Preliminar: planilha orçamentária elaborada com base no anteprojeto de uma obra ou serviço de engenharia para estimar o seu preço global, considerando indicadores
5 paramétricos de quantitativos e preços unitários obtidos em obras e serviços semelhantes ou em sistemas referenciais, acrescidos de um BDI estimado. Orçamento Real: orçamento elaborado após a conclusão da obra, com base nos preços, consumos e produtividades efetivamente ocorridos na execução dos serviços, acrescidos do rateio das despesas indiretas e da margem de lucro do construtor apurados contabilmente, bem como dos tributos recolhidos pelo contratado. (definição da OT IBR 004/2012. P. 3). Preço de Mercado: medida (estatística) de tendência central (preferencialmente a média aritmética inferencial) dos preços praticados em determinado mercado, em certo período. Preço Executivo: preço global do contrato de uma obra, resultante do orçamento proposto pela empresa construtora que executa ou executou a obra. Preço Global de Venda: valor total de um orçamento de engenharia, resultante do somatório dos preços unitários de todos os seus itens, já incluído o BDI. Preço por Área Construída: estimativa do preço global de uma obra ou serviço de engenharia obtido por meio da multiplicação da sua área equivalente de construção pelo custo unitário básico (CUB) correspondente, acrescidos os custos dos elementos não incluídos no CUB e o BDI adequado à obra/serviço. Ver orçamento expedito e sua nota. Projeto Executivo (Lei 8.666/93, art. 6º, X) : X Projeto Executivo o conjunto dos elementos necessários e suficientes à execução completa da obra, de acordo com as normas pertinentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT. Serviço de Engenharia: toda atividade, cuja execução seja de competência restrita aos profissionais de engenharia. Sistemas Referenciais de Custos: sistemas informatizados ou impressos de composições de custos, editados e publicados por órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou por institutos, editoras ou empresas especializadas em engenharia de custos, que podem ser adotados para elaboração de orçamentos das obras e/ou serviços de engenharia. Projeto Executivo (Lei 8.666/93, art. 6º, X) : X Projeto Executivo o conjunto dos elementos necessários e suficientes à execução completa da obra, de acordo com as normas pertinentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT. Projeto as built: documento técnico que registra, descreve e retrata a edificação exatamente como foi (e está) construída, considerando as alterações porventura realizadas com relação ao seu projeto executivo. Serviço de Engenharia: toda atividade, cuja execução seja de competência restrita aos profissionais de engenharia. 4 ORÇAMENTOS COMO ESTIMATIVAS DE CUSTOS E PREÇOS Todo orçamento prévio é uma peça de planejamento e como tal não possui precisão total. É, portanto, uma estimativa de custos. Os erros em orçamentos podem ter causas em diversos fatores, dentre eles, a imprecisão dos respectivos projetos, erros de cálculos de quantitativos e a própria imprecisão das composições de custos e da estimativa das taxas de Encargos Sociais e de BDI. Na Engenharia, costuma-se denominar como estimativa de custos os preços definidos por meio de orçamentos expeditos e preliminares (ou paramétricos), por possuírem menores precisões e maiores margens de erros. No entanto, os orçamentos detalhados também se constituem em estimativas de custos e preços, pois também possuem margens de erros, embora menores do que as dos orçamentos expeditos e preliminares.
6 5 PRECISÕES E MARGENS DE ERROS DOS ORÇAMENTOS DE ENGENHARIA A Tabela 5.1 apresenta as precisões e as margens de erros dos diversos tipos de orçamentos de engenharia. Tabela 5.1 - Precisões e Margens de Erros dos Diversos Tipos de Orçamentos de Engenharia Tipo de Orçamento Precisão Margem de Erro (para mais ou para menos) Expedito (com base na unidade de construção) Preliminar / Paramétrico (com base no anteprojeto) Detalhado (com base no projeto básico) Detalhado (com base no projeto executivo) 75% a 80% 20% a 25% 80% a 85% 15% a 20% 90% 10% 95% 5% Notas: (1) O conceito de precisão apresentado nesta OT está relacionado à acurácia no levantamento dos quantitativos dos serviços da obra e na estimativa dos seus custos diretos e do seu BDI. (2) Nas obras públicas, as margens percentuais de erros dos orçamentos aqui apresentados não possuem qualquer correlação com os limites estabelecidos no art. 65 da Lei Federal nº 8.666/93 (25% para obras novas ou 50% para reformas). (3) As margens percentuais de erros dos orçamentos não devem ser usadas como justificativas para erros de projetos básicos e executivos nem de erros de quantitativos nos orçamentos detalhados. (4) O conceito de precisão apresentado nesta Orientação Técnica também não possui relação com os percentuais de sobrepreços ou de superfaturamentos apontados em auditorias de Engenharia, uma vez que estes últimos se baseiam em orçamentos reais e em custos efetivos apurados pelos auditores, e não em orçamentos estimativos. (5) As margens percentuais de erros dos orçamentos de engenharia podem ser adotadas como parâmetros máximos das taxas de Riscos e Imprevistos que compõem os BDIs das obras e serviços, em coerência com o tipo de orçamento elaborado. 6 COMO CITAR ESTE DOCUMENTO INSTITUTO BRASILEIRO DE AUDITORIA DE ENGENHARIA. OT-004/2016-IBRAENG: Precisões e Margens de Erros dos Orçamentos de Engenharia. Fortaleza, 2016. Disponível em http://www.ibraeng.org/pub/normas. Acesso em / /.