ATELI : MODIFICANDO CONCEITOS COMPORTAMENTAIS EM UMA AULA SOBRE A PROFISS O POLICIAL Autora: Denise Machado Moraes Co-autora: Helena Ten Caten dos Santos Co-autora: Rosa Maria Bortolotti de Camargo Orientadora: Dr. Rosane Carneiro Sarturi rea do Sub-projeto: UFSM / PIBID Pedagogia INTRODU O O presente trabalho tem por objetivo relatar a atividade realizada, juntamente, com um Policial Civil, em uma das escolas integrantes da rea Pedagogia do subprojeto UFSM / PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Inicia o Doc ncia), ofertado pela Universidade Federal de Santa Maria, e o impacto desta estrat gia pedag gica nas mudan as de comportamento e na conscientiza o de alguns alunos do terceiro ano do ensino fundamental. O trabalho surge a partir de reflex es feitas pela autora que atuando, diretamente, com os alunos, da modalidade Ateli, percebe distintos comportamentos de agressividade e viol ncia entre os alunos em sala de aula e a influ ncia que estas t m em intervir o processo de desenvolvimento de ensino/aprendizagem e socializa o de todos os sujeitos envolvidos nesta modalidade. Tal modalidade caracterizada pelo atendimento aos alunos das series iniciais do ensino fundamental, uma vez por semana, durante duas horas, no espa o regular de ensino cedido pelo professor regente tendo como intencionalidade proporcionar, aos alunos envolvidos, aulas que privilegiam o l dico e atividades de socializa o. Conforme: Os processos de desenvolvimento e de aprendizagem envolvidos no brincar s o tamb m constitutivos do processo de apropria o de conhecimentos! A possibilidade de imaginar, de ultrapassar o j dado, de estabelecer novas rela es, de inverter a ordem, de articular passado, presente e futuro potencializa nossas possibilidades de aprender sobre o mundo em que vivemos! (BORBA, 2007, p. 39) Assim, durante a atua o nas aulas do ateli observou-se algumas atitudes agressivas de certos alunos e, atrav s destas, surge a necessidade de buscar novas formas de tentar modificar tais comportamentos. Para isso contou-se com o apoio de uma pesquisa realizada sobre as tem ticas que lhes interessavam em que a autora pergunta aos alunos,
qual seriam seus temas de interesse na escola, vida e contexto social. Ao fim, t m- se um grande n mero de alunos que relata a vontade de seguir a carreira policial. Mais que isso, percebeu-se que determinados alunos tinham informa es distorcidas em rela o profiss o, imaginando os policiais como profissionais violentos, agressivos justificando assim suas atitudes em sala por imaginarem serem hostis todos os policiais. Para tentar esclarecer alguns destes conceitos, nestes alunos e, ao mesmo tempo, cativ -los em sala de aula buscou-se ajuda com a Pol cia Civil a fim de que estes enviassem algum representante que realizasse uma atividade de socializa o entre os alunos desta turma. Assim sendo, o trabalho justifica-se pela iniciativa de promover a tomada de consci ncia por parte dos alunos trazendo informa es relevantes, que contribuam para melhorar o comportamento destes, procurando um ambiente mais agrad vel e prop cio para o ensino-aprendizagem desses educandos, valorizando o respeito m tuo. Pois: [...] cada crian a se comporta de acordo com seu papel e com as id ias gerais que definem o universo simb lico da brincadeira: os policiais perseguem e prendem enquanto os ladr es fogem e salvam os companheiros; ambos usam armas; transformando o significado de objetos que encontram [...] (BORBA, 2007, p. 37). Nesse sentido, as mudan as de conduta no mbito escolar e consequentemente no meio social dos sujeitos ser o poss veis desde que todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem trabalhem em conjunto em prol do desenvolvimento cognitivo dos alunos, sem deixar de lado fatores que colaboram para a constru o de valores e regras de conv vio necess rias para se viver em sociedade, sendo um destes fatores a pr pria realidade discente. REFERENCIAL TE RICO Para a elabora o do presente trabalho realizou-se a leitura de autores como Freire (1996), Borba (2007), Buscaglia (1972) que tratam de abordar as tem ticas educacionais promovendo a motiva o em suas escritas sobre novas abordagens educativas e/ou metodologias. METODOLOGIA A pesquisa realizada qualitativa e pesquisa-a o a qual segundo Santos (2010, p. 9) representa uma situa o em que o pesquisador e os participantes precisam agir em conjunto para resolver uma situa o real, pois ao mesmo tempo em que se atua e
reflexiona nas situa es pretendendo-se buscar atividades que modifiquem ou influenciem contexto social em quest o. RESULTADOS E DISCUSS O A educa o n o pode ser neutra, logo n o poss vel ser professor sem considerar cada educando como um ser individual e, para isso, o professor precisa ter a sensibilidade para compreender as necessidades dos seus alunos, proporcionando situa es que envolvam estes a fim de cooperar no grupo. Ser pedagogo demanda compromisso com a educa o, pois esse profissional n o ensina somente conte dos curriculares. Primeiro ele precisa conhecer seus alunos, suas realidades, seus gostos para assim auxili -los na busca por ideais que garantam um futuro melhor para todos, Assim: Por isso mesmo pensar certo coloca ao professor ou, mais amplamente, escola o dever de n o s de respeitar os saberes com que os educandos, sobretudo os das classes populares, chegam a ela - saberes socialmente constru dos na pr tica comunit ria - mas tamb m, como h mais de trinta anos venho sugerindo, discutir a raz o de ser de alguns destes saberes em rela o com o ensino dos conte dos. (FREIRE, 2002, p. 15) Nessa perspectiva se buscou um profissional da seguran a p blica com disposi o para repassar informa es interessantes e teis a estes alunos e com rela o carreira de policial, o que se pretendia era justamente criar esse ambiente de conhecimento atraente e significativo para os alunos. De acordo com Freire: O pensar certo sabe, por exemplo, que n o f cil partir dele como um dado, que se conforma a pr tica docente critica, mas sabe tamb m que sem ele n o se funda naquela. A pr tica docente cr tica, implicante do pensar certo, envolve o movimento din mico, dial tico entre o fazer e o pensar sobre o fazer. (FREIRE, 1996, p. 18) A realiza o desta visita acarretou em muitas discuss es e reflex es nas crian as que, at ent o, tinham uma concep o distorcida da profiss o e, que ao conhecer uma nova realidade podem repensar seus conceitos e mudar seus comportamentos de conduta levando em conta as novas informa es. Fundamentamos esta abordagem relatando a experi ncia vivenciada nesta inser o pelo policial quando o mesmo pergunta: qual a maior arma da policia? A resposta de um aluno foi imediata: o cassetete. Os alunos ficaram surpresos e incr dulos por tal resposta obtida, justamente pelos conceitos equivocados que teriam. Ao fim deste debate realizado entre policial, professora e alunos percebe-se uma mudan a significativa de comportamentos bem como de vis o dos alunos participantes por
passarem por um processo de desconsidera o de conhecimento sobre determinada tem tica e a constru o de uma nova vis o. CONSIDERA ES FINAIS A educa o precisa conquistar o aluno, sem imposi es ao mesmo. Acredita- se que as possibilidades de ensino e aprendizagem ampliam-se quando estamos presente em um ambiente agrad vel a todos, onde tamb m poss vel sentir-se motivado a isso. Saber que n o posso passar despercebido pelos alunos, e que a maneira como me percebam me ajuda ou desajuda no cumprimento de minha tarefa como professor, aumenta em mim os cuidados com o meu desempenho. Se minha op o democr tica, pr tica e progressista n o posso ter uma pr tica reacion ria, autorit ria, elitista. N o posso descriminar o aluno em nome de nenhum motivo. A percep o que o aluno tem de mim n o resulta exclusivamente de como atuo, mas tamb m de como o aluno entende como atuo. (FREIRE, 1996, p. 38). Conclui-se que levar informa es teis para os alunos na tentativa de melhorar h bitos negativos foi completamente pertinente, pois o ser humano amplia suas capacidades de mudan a a partir de seus interesses e a realiza o deste mini - curso sobre a profiss o policial incentivou uma mudan a de comportamento significativa entre os alunos, al m de colaborar para fortalecer o vinculo entre educadora e educandos, tornando o espa o do ateli mais acolhedor, atraente e prop cio constru o de novos conhecimentos. Pois: Uma das tarefas do educador ou educadora progressista, trav s da an lise pol tica, s rie e correta, desvelar as possibilidades, n o importam os obst culos, para a esperan a, sem a qual pouco podemos fazer porque dificilmente lutamos e quando lutamos, enquanto desesperan ados ou desesperados, a nossa uma luta suicida, um corpo a corpo puramente vingativo. O que h, por m, de castigo de pena, de corre o, de puni o na luta que fazemos movidos pela esperan a, pelo fundamento tico-hist rico de seu acerto, faz parte da natureza pedag gica do processo pol tico de que a luta a express o. (FREIRE, 1996, p. 6). Assim, a realiza o desta atividade foi fundamental para o fortalecimento do v nculo afetivo entre professor e aluno, concep o de mundo entre eles e o incentivo a novas pr ticas educativas que busquem os interesses dos alunos como centro do processo. BIBLIOGRAFIA BORBA, Angela Meyer: O brincar como um modo de ser e estar no mundo. Ensino Fundamental de nove anos. Bras lia: Minist rio da Educa o, 2007. BUSCAGLIA, Leo: Amor: Um livro maravilhoso sobre minha experi ncia de vida. Rio de Janeiro: Record, 1972. FREIRE, Paulo: Pedagogia da autonomia: saberes necess rios pr tica educativa. S o Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREIRE, Paulo: Pedagogia da esperan a: um reencontro com a Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992. SANTOS, Carlos J. G. Tipos de Pesquisa. Dispon vel em: < http://www.oficinadapesquisa.com.br/_of. TIPOS_PESQUISA.PDF >. Acesso em: 10 jul. 2013.