A DECLARAÇÃO DE TRÂNSITO ADUANEIRO (DTA) E DA DECLARAÇÃO DE TRÂNSITO DE CONTÊINER (DTC): PRINCIPAIS ASPECTOS E PARTICULARIDADES RESUMO Douglas Winter 1 Silvano Denega Souza 2 O presente estudo objetiva expor e analisar as principais diferenças entre os regimes de trânsito aduaneiro que são considerados especiais pelo fato de que a carga transportada ainda não está nacionalizada e receber tal tratamento especial quando transferidas de um Recinto Aduaneiro primário para um secundário. Apresentar-se-ão os conceitos, tipos de declaração que compõe o regime de trânsito aduaneiro e, em específico, serão abordadas as principais diferenças entre os tipos de Declaração de Trânsito Aduaneiro (DTA) e a Declaração de Trânsito de Contêiner (DTC), ambas possuindo diversas distinções teóricas e práticas. Abordarse-ão, no caso de qualquer descumprimento a norma que as rege, as sanções administrativas e esclarecidos os principais aspectos para a interpretação da norma que rege este tipo de procedimento de transporte, uma vez tratar-se de um assunto relativamente novo para a doutrina jurídica e de limitada bibliografia e baseando-se com primazia nas leis e na experiência prática. Palavras-chave: Trânsito Aduaneiro. Declaração de Trânsito Aduaneiro (DTA). Declaração de transferência de contêiner (DTC). INTRODUÇÃO Os regimes aduaneiros especiais se distinguem do regime comum pela suspensão ou isenção de tributos incidentes nas operações de comércio exterior. Foram criados para facilitar as operações de exportadores, importadores, Recintos Alfandegados, desobstruir os pátios pertencentes aos Recintos primários como portos e aeroportos, afim de, incentivar o desenvolvimento de determinadas regiões do país e de diversos setores da economia, melhorando a competitividade de seus produtos e permitindo melhores condições físicas de trabalho dentro das áreas dos 1 O autor é graduado em Comércio Exterior, especialista em Gestão dos Negócios Internacionais e do Comércio Exterior e especialista em Direito Aquaviário e Atividade Portuária pela Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI, também é especialista em Gestão Estratégica de Negócios pela Pontifica Universidade Católica do Paraná PUC e atualmente esta concluindo o curso de Direito na Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI. 2 O orientador é graduado em Direito pela Universidade Regional de Blumenau, mestre em Direito pela UFSC, especialista em Direito Aquaviário e Atividade Portuária pela Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI, especialista em Direito Aduaneiro e Comércio Exterior UNIVALI. 281
portos e aeroportos, além de facilitar a logística por parte dos operadores que nela operam, como os agentes de frete. Neste estudo será focado o Regime Especial de Trânsito Aduaneiro previsto na Instrução Normativa IN da Secretaria da Receita Federal SRF, nº. 248/2002, que é o regime que permite o transporte de mercadorias sob controle aduaneiro de um ponto a outro do território aduaneiro, com suspensão de tributos. Para usufruir dos benefícios deste regime especial os usuários, que são empresas transportadoras previamente habilitadas em caráter precário pela RFB, devem inserir os dados no Sistema Integrado de Comércio Exterior, módulo trânsito (SISCOMEX Trânsito), afim de que sejam processadas automaticamente pelo sistema, efetuando-se a Declaração de Trânsito Aduaneiro que possuí previsão legal expressa no artigo 5 desta IN e existem 5 tipos de Declaração, todavia o foco do presente artigo são as Declarações de Trânsito Aduaneiro DTA, tipo I e as Declarações de Trânsito de Contêiner DTC, tipo V, denominadas a seguir somente como DTA e DTC. A importância em se diferenciar a DTA da DTC decorre do fato de que no caso de qualquer descumprimento às regras estabelecidas para usufruir do benefício de transporte, ambas possuem as mesmas ocorrências e ainda as mesmas sanções administrativas, ou seja, o mesmo rigor punitivo, quando na realidade deveriam ser diferenciadas devido à complexidade legal e operacional que diferem uma da outra, de acordo com o que apresentaremos no desenvolvimento. 1 REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS De acordo com Lopes Filho (1984, p. 49), os regimes aduaneiros especiais: representam uma excepcionalidade ao regime geral do Imposto de Importação, na medida em que implicam o não pagamento dos tributos incidentes sobra a importação de mercadorias estrangeiras e ainda adiciona que: O fato de constituírem uma exceção ao regime geral consiste na mais importante qualificação do regime. Por outro lado, a relevância atribuída ao efeito suspensivo do regime não constitui elemento universal, aplicável às suas várias espécies, podendo-se 282
mencionar como excluídos dessa característica suspensiva, a reposição de estoques, o drawback e a exportação temporária. Tal fonte, por mais que relativamente desatualizada, vem a ser citada neste estudo pelo fato de que seu entendimento essencial de trinta anos atrás pouco mudou até os tempos atuais. Sem embargo, eis uma sucinta definição sobre os regimes aduaneiros especiais, de acordo com Víbrio Júnior (2012, p. 190): São assim chamados por não se adequarem à regra geral do regime comum de importação e de exportação. Acrescenta Werneck (2007, p. 239 e p. 240) que: Esse é o regime de duração mais curta, pois, subsiste apenas desde o momento do desembaraço para trânsito aduaneiro pela unidade de origem até o momento em que a unidade de destino certifica a chegada da mercadoria. Ou seja, podemos simplesmente concluir que os regimes aduaneiros especiais de trânsito são mecanismos que não se adéquam ao regime comum. Atualmente os regimes aduaneiros especiais são regidos por diversas fontes legais de acordo com a Receita Federal do Brasil 3 - RFB, como a Lei nº. 9.611/1998 que dispõe sobre o transporte multimodal de cargas, os Decretos Lei nº. 2.472/1988 que altera disposições da legislação aduaneira, consubstanciada no Decreto-Lei nº. 037/1966 que dispõe sobre o imposto de importação, reorganiza os serviços aduaneiros, os Decretos nº. 6.759/2009 que regulamenta a administração das atividades aduaneiras, e a fiscalização, o controle e a tributação das operações de comércio exterior, Decreto nº. 4.543/2002 que regulamenta a administração das atividades aduaneiras, e a fiscalização, o controle e a tributação as operações de comércio exterior, o Decreto nº. 3.411/2000 que regulamenta a Lei nº. 9.611/1998 que dispõe sobre o transporte multimodal de cargas e altera os Decretos nº. 91.030/1985 e nº. 1.910/1966 e ainda o Decreto nº 2.795/1999 que Promulga o Acordo de Transporte Rodoviário Internacional de Passageiros e Carga, celebrado entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República da Venezuela, em Caracas, em 4 de julho de 1995. Na sequência do parágrafo anterior e também oriundas da mesma fonte para efeitos de consulta, temos as normas que complementam as Leis, Decretos 3 Disponível em: http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/legisassunto/traadu/traadu.htm 283
Leis e os Decretos, que são as Instruções Normativas (IN s), e atualmente possuem um número total de 29 IN s, sendo que a utilizada como fonte principal deste trabalho é a Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal nº. 248 de 25 de novembro de 2.002 (a partir deste, denominada no transcorrer do presente trabalho somente como IN a fim de compactar o texto), que dispõe sobre a aplicação do regime de trânsito aduaneiro. Além destas Leis, Decretos Lei, Decretos e Instruções Normativas ainda temos os Atos Declaratórios que revogam outros Atos Declaratórios anteriores, estabelecem novas redações e hipóteses às IN s, dispõe sobre outras regras, formação sobre o número identificador de trânsito (NIC), operacionalidades, cancelamentos, beneficiários, habilitação, regime especial de trânsito e em geral, sobre todas as melhorias necessárias para o bom funcionamento do regime especial de trânsito aduaneiro, onde, todas as fontes possuem sua importância específica e no caso em tela daremos maior ênfase a IN porque é a que trata do assunto principal do nosso tema. A IN passou a ser processada mediante o Sistema Integrado de Comércio Exterior, módulo trânsito (SISCOMEX Trânsito), salvo para remessas postais internacionais e para mercadorias destinadas a exportação ou reexportação, que se regem por normas próprias. O transporte de mercadorias em operação de trânsito aduaneiro poderá ser efetuado por empresas transportadoras previamente habilitadas, em caráter precário, pela SRF, a autoridade aduaneira, sob cuja jurisdição se encontrar a mercadoria a ser transportada, concederá o regime de trânsito aduaneiro, estabelecendo rota, prazo para execução de operação, prazo para a comprovação da chegada e cautelas julgadas necessárias. As obrigações fiscais relativas à mercadoria em regime especial de trânsito aduaneiro serão constituídas em termo de responsabilidade que assegure sua eventual liquidação e cobrança. A IN traz em seu artigo 5º, os cinco tipos de declaração de trânsito aduaneiro permitidos, sendo que, como mencionado anteriormente, o enfoque deste artigo será dado somente à DTA e DTC, sendo as demais Declarações serão citadas abaixo para caráter complementar: 284
I - Declaração de Trânsito Aduaneiro (DTA), que ampara os trânsitos aduaneiros: a) de entrada ou de passagem, comum, cuja correspondente carga sujeita-se à emissão de fatura comercial; ou b) de entrada ou de passagem, especial, para cuja correspondente carga não é exigida a emissão de fatura comercial, tais como: bens mencionados no artigo 3, quando acobertados por conhecimento de transporte internacional, urna funerária, mala diplomática, bagagem desacompanhada e semelhantes; II - Manifesto Internacional de Carga - Declaração de Trânsito Aduaneiro (MIC-DTA); III - Conhecimento-Carta de Porte Internacional - Declaração de Trânsito Aduaneiro (TIF-DTA); IV - Declaração de Trânsito de Transferência (DTT); V - Declaração de Trânsito de Contêiner (DTC), que ampara as operações de transferência de contêineres, contendo carga, descarregados do navio no pátio do porto e destinados a armazenamento em recinto alfandegado jurisdicionado à mesma unidade da SRF. Nos artigos antecedentes e subsequentes a IN trata das demais disposições sobre a aplicação do regime de trânsito aduaneiro que não compõe o escopo do presente estudo, com a exceção do disposto no artigo 72 que trata das ocorrências e dos artigos 73, 74, 75 e 76 que tratam sobre as sanções administrativas de maneira similar tanto para as Declarações de Trânsito Aduaneiro (DTA) quanto para as Declarações de Trânsito de Contêiner (DTC), sendo a necessidade da diferenciação destas o ponto chave do presente estudo por acreditar-se ser de fundamental importância para a comunidade jurídico científica e também para os órgãos gestores destes procedimentos especiais. 2 DECLARAÇÃO DE TRÂNSITO DE ADUANEIRO DTA Como na doutrina encontra-se material escasso e insuficiente para tratar o tema da maneira desejada, são utilizadas as definições legais e doutrinárias de uma maneira geral, juntamente com as definições oriundas da experiência prática para bem fundamentar o tema, conforme segue. Como já exposto anteriormente a IN determina que a DTA ampara os trânsitos aduaneiros: de entrada ou de passagem, comum, cuja correspondente carga sujeita-se à emissão de fatura comercial; ou de entrada ou de passagem, especial, para cuja correspondente carga não é exigida a emissão de fatura comercial, tais como: bens mencionados no art. 3 (partes, peças e componentes 285
necessários à manutenção de embarcações em viagem internacional, independentemente de sua bandeira, quando adquiridos sem cobertura cambial e os materiais de uso, reposição ou conserto de embarcações, aeronaves ou outros veículos estrangeiros, estacionados ou de passagem pelo território aduaneiro), quando acobertados por conhecimento de transporte internacional, urna funerária, mala diplomática, bagagem desacompanhada e semelhantes. Em complemento ao disposto na IN, faz-se um comparativo do resultado deste estudo junto à doutrina e experiência prática para agregar que a DTA é utilizada para transferir mercadorias de um recinto primário para um recinto secundário, podendo ser que estes estejam dentro do mesmo estado ou até mesmo de um estado para outro, com suspensão dos tributos, sendo que o início de trânsito se dá somente através do registro direto da operação no SISCOMEX Trânsito, efetuado através de um funcionário habilitado da RFB e só termina com o registro deste mesmo órgão quando efetuado também por funcionário habilitado em outro Recinto Aduaneiro. Conforme já citado, para liberação do trânsito deve-se apresentar a fatura comercial e ainda existe a necessidade da carga ser acobertada por conhecimento de transporte internacional. De acordo com o ANEXO X da IN no preenchimento da DTA devem ser informados 37 dados, necessário colocar que o segundo tipo mais complexo é o Manifesto Internacional de Carga Declaração de Trânsito Aduaneiro (MIC-DTA) que possuí 36 dados a serem preenchidos e também é de muita complexidade, abaixo dados da DTA: Identificação do beneficiário de trânsito: número de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) ou número de inscrição no Cadastro de Pessoa Física (CPF), conforme trate-se o beneficiário de pessoa jurídica ou física; Identificação do transportador de trânsito: número de inscrição no CNPJ; Identificação da unidade de origem do trânsito: Código, na tabela do Siscomex, da Unidade Local (UL) e do respectivo Recinto Alfandegado (RA) onde terá início o trânsito aduaneiro; Identificação da unidade de destino do trânsito: Código, na tabela do Siscomex, da UL e do respectivo RA onde será concluído o trânsito aduaneiro; 286
Modalidade de DTA: de importação comum, de importação especial (pelos seguintes motivos: urna funerária, mala diplomática, bagagem desacompanhada ou outros), de passagem comum ou de passagem especial (pelos seguintes motivos: partes e peças acobertadas por conhecimento e destinadas a manutenção de veículos em viagem internacional, urna funerária, mala diplomática, bagagem desacompanhada ou outros); Indicação de tratar-se ou não de transporte unimodal ou multimodal; Identificação de cada de transbordo quando tratar-se de transporte multimodal: Código, na tabela do Siscomex, da UL e do respectivo RA ou, se for o caso, código do município, na Tabela de Órgãos e Municípios (tabela TOM); Via de transporte do trânsito: marítimo, fluvial/lacustre, aéreo, ferroviário ou rodoviário; Identificação da rota e prazo pretendidos, conforme tabela do Siscomex Trânsito; Tratamento dispensado à carga na unidade de origem: pátio ou armazenamento; País de origem do trânsito de passagem; País de destino do trânsito de passagem; Identificação do conhecimento de transporte internacional: Número Identificador da Carga (NIC) conforme Ato Declaratório X; Indicação do tipo de conhecimento de transporte internacional: genérico (máster) ou agregado (house); Tratamento (pátio ou armazenamento) da carga no destino do trânsito; Peso bruto total, em Quilogramas ou Libras, constante do conhecimento de transporte internacional; Tipo de carga: Granel, solta ou contêinerizada; Tipo de granel, conforme tabela do Siscomex; Tipo de cada volume da carga solta, conforme tabela do Siscomex; Quantidade de cada tipo de volume da carga solta; Número do contêiner; Peso bruto do contêiner; Lacre de origem do contêiner; Identificação do consignatário da carga, conforme o conhecimento de transporte internacional: Conforme o caso, nome ou número de inscrição no CNPJ ou CPF; 287
Identificação do importador, conforme a fatura: nome ou número de inscrição no CNPJ ou CPF; Número da fatura; Descrição da mercadoria, conforme fatura; Indicação de tratar-se ou não de mercadoria sujeita a controle de outros órgãos; Código, na tabela Siscomex, da moeda negociada, conforme fatura; Valor FOB ou FCA na moeda negociada, conforme fatura; Descrição dos bens constituintes da bagagem; Valor dos bens constituintes da bagagem; Código da moeda do valor dos bens constituintes da bagagem; Indicação de tratar-se ou não de mala diplomática; Indicação de tratar-se ou não de bagagem desacompanhada; No caso de trânsito pelo conhecimento genérico, relação dos respectivos conhecimentos agregados e respectivas faturas. Contudo, resta evidenciado e notável a complexidade para utilização do regime. Operacionalmente isto se comprova por quem é habilitado a dar o início e o fim do trânsito e gerencialmente a complexidade é clara quanto a todos os dados e informações que compõe este tipo de declaração, a fim de se evitar toda e qualquer possível discrepância nas informações para não sofrer com as sanções que além das previstas na IN. Para tanto, basta frisar que quando não aprovado o trânsito aduaneiro o veículo transportador (caminhão) fica parado juntamente com a carga, fazendo com que o transportador perca tempo - pois poderia estar alocando seus veículos/motoristas em outros transportes e agilizando o escoamento dos Recintos primários a fim de liberá-los para inserirem outras cargas nos espaços ocupados. Ainda, aponta-se o prejuízo para o importador, devido ao fato que levará mais tempo para receber sua mercadoria e o atraso pode trazer danos, nos mais variados aspectos, notadamente o financeiro e comercial. 3 DECLARAÇÃO DE TRÂNSITO DE CONTÊINER DTC 288
A IN prevê que a DTC ampara as operações de transferência de contêineres contendo carga, descarregados do navio no pátio do porto (terminal) e destinados a armazenamento em recinto alfandegado jurisdicionado à mesma unidade da RFB. A DTC por sua vez não tem a necessidade da apresentação da fatura comercial nem do conhecimento de transporte internacional e é registrada tanto na saída como na entrada por funcionários do Recintos Aduaneiros que se destinarem as cargas. O recomendado pela RFB para este trânsito é que seja feito em até 48 horas depois do navio descarregar a carga, pois após este período a unidade de origem pode gerar a presença de carga e depois deste fato a remoção de um Recinto Aduaneiro para outro só poderá ocorrer via DTA, através dos procedimentos já citados. De acordo com o ANEXO X da IN no preenchimento da DTC devem ser informados apenas seis dados, conforme seguem abaixo: Identificação da unidade local de despacho: Código da UL na tabela do Siscomex; Identificação do recinto alfandegado de descarga do contêiner: Código do RA na tabela do Siscomex; Identificação do recinto alfandegado de destino do contêiner: Código do RA na tabela do Siscomex; Identificação da rota e prazo conforme tabela no Siscomex Trânsito; Número do contêiner; Peso bruto, em Quilogramas ou Libras, do contêiner, conforme o constante no conhecimento de transporte internacional; Número dos lacres de origem do contêiner. Importante esclarecer que a DTC também possui rotas e prazos préestabelecidos pela unidade da RFB local, e que o transporte é permitido somente dentro da mesma unidade da federação. Portanto, fica evidenciado que possui baixa complexidade a fim de atender seu principal objetivo que é de acelerar a transferência dos contêineres dos Recintos primários para os secundários. 289
4 DIFERENÇAS ENTRE A DTA E A DTC Este é o conteúdo principal deste estudo para fins de que futuramente possa haver uma melhor distinção das sanções aplicáveis entre os tipos de Declaração em tela por parte do órgão fiscalizador (RFB). Salientando que todos os regimes de Declaração trazidos na IN são Declarações de Trânsito Aduaneiro (DTA) Especiais e o que diferencia a Declaração de Trânsito Aduaneiro está prevista no artigo 5, I, da Declaração, no mesmo artigo, in. V da IN, conforme acima citado. As principais diferenças entre os regimes em tela podem ser citadas de início com fulcro no artigo 5 da IN, que traz os tipos de regimes amparados pela DTA e pela DTC, onde a DTA de entrada ou de passagem necessita de fatura comercial da carga ou o objeto a ser transportado deve ser amparado por algum regime de concessão especial, conforme previsto no artigo 3 da IN. São basicamente partes e componentes necessários à manutenção de embarcações em viagem internacional e outros materiais de uso para conserto de embarcações ou aeronaves estrangeiros estacionados ou de passagem pelo território aduaneiro e ainda quando acobertados por conhecimento de transporte internacional, urna funerária, mala diplomática, bagagem desacompanhada e semelhantes. Já a DTC ampara somente as operações de transferência de contêineres e não necessita da apresentação da fatura comercial para liberação da carga e é um regime especial que visa dar celeridade a fim de liberar espaços dos recintos primários para melhor e mais ágil escoamento das cargas. A DTA pode iniciar em uma unidade da Receita e terminar em outra unidade. Já a DTC ampara somente os contêineres destinados a armazenamento em recinto alfandegado jurisdicionado à mesma unidade da Receita Federal. O início de trânsito da DTA ocorre somente através do registro direto da operação no SISCOMEX Trânsito efetuado através de um funcionário habilitado da RFB e só termina com o registro deste mesmo órgão quando efetuado também por funcionário habilitado em outro Recinto Aduaneiro. A DTC por sua vez é registrada tanto na saída do Recinto primário como na entrada do Recinto secundário, por funcionários dos Recintos Aduaneiros de origem/destino das cargas. 290
Conforme já frisado o recomendado pela RFB para o Regime de DTC é que este trânsito seja feito em até 48 horas depois do navio descarregar o contêiner, e após o término do prazo, apenas por DTA. No anexo X da IN está possivelmente a mais clara distinção entre estes regimes. A DTA traz a obrigação do preenchimento de 37 dados similares aos que se devem ser inseridos nas Declarações de Importação (DI), considerados um raio X da operação devido a complexidade de detalhes aliadas ao número de dados. Já para o preenchimento da DTC existem somente 6 dados e destes 3 são preenchidos praticamente de maneira automática pelo Recinto secundário que registra as Declarações. Os outros 3 dados se referem ao número do contêiner, peso bruto conforme conhecimento de transporte e número dos lacres de origem, sendo apenas dados simples para individualizar os processos afim de dar celeridade nas transferências para liberação de espaço nos pátios dos Recintos primários. Portanto, conforme acima exposto, resta evidenciado a necessidade de diferenciação quanto a estas Declarações no que tangem as ocorrências e sanções administrativas legalmente previstas na IN, onde atualmente são similares, e devido à complexidade das práticas sugere-se que sejam diferenciadas o mais breve possível para a melhoria da gestão logística portuária e aeroportuária. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os regimes aduaneiros especiais e em particular os de trânsito são assim considerados porque permitem o transporte de mercadorias dentro do território aduaneiro sem o pagamento antecipado dos tributos incidentes de importação. Além de toda legislação exposta, atualmente a base legal que estabelece estes procedimentos é a Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal nº. 248 de 25 de novembro de 2002. A DTA vem a ser o regime mais complexo que ampara os trânsitos aduaneiros para cargas de entrada ou de passagem, comum, pode iniciar em uma unidade da RFB e terminar em outra unidade, com emissão de fatura comercial ou sob outros regimes especiais já citados. 291
A DTC por sua vez é a segunda declaração mais simples de ser efetuada, ampara somente o trânsito de contêineres jurisdicionados (de dentro de uma mesma unidade da Receita) e pode ser registrada por funcionários dos Recintos alfandegados, sendo extremamente simples a fim de dar celeridade ao escoamento de contêineres dos Recintos primários para os secundários, sem a necessidade da apresentação da fatura comercial. Conclui-se que diferenciar as ocorrências e sanções administrativas de um tipo de Declaração para outro é extremamente necessário pelos motivos já apontados, pois, isto indiretamente trará benefícios logísticos, operacionais e financeiros para os Recintos autorizados a operar, auxiliará os importadores a nacionalizar suas cargas de maneira mais eficaz e em menor tempo, auxiliará no breve escoamento dos portos que padecem de infraestrutura de armazenamento e, como consequência, reduzirá o trabalho dos órgãos gestores que atualmente estão sobrecarregados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Instrução Normativa SRF n 248, de 25 de novembro de 2002. Receita Federal. Disponível em:<http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/ins/2002/in2482002.htm>. Acesso em: 12 mai. 2014. LOPES VASQUEZ, José. Comércio Exterior Brasileiro. 9. Ed São Paulo: Atlas, 2009. LOPES FILHO, Osiris de Azevedo. Regimes aduaneiros especiais. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1983. MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Disponível em: <http://www.mdic.gov.br/sistemas_web/aprendex/default/index/popup/id/187>. Acesso em: 14 mai. 2014. Portal Brasileiro de Comércio Exterior. Disponível em: <http://www.comexbrasil.gov.br/conteudo/ver/chave/56_regimes_especiais>. Acesso em: 14 mai. 2014. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº. 9.611 de 1998 - dispõe sobre o Transporte Multimodal de Cargas e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9611.htm>. Acesso em: 14 mai. 2014. 292
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