CARACTERIZAÇÃO TÉRMICA DE DIÓXIDO DE URÂNIO PELO MÉTODO FLASH LASER DE 23 ºC A 175 ºC



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Transcrição:

CARACTERIZAÇÃO TÉRMICA DE DIÓXIDO DE URÂNIO PELO MÉTODO FLASH LASER DE 23 ºC A 175 ºC Faêda, K. C. M. (1); Lameiras, F. S. (1,2); Carneiro, L. S. S. (1); Camarano, D. M. (1,3); Ferreira, R. A. N. (1) 1 CNEN/CDTN -Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear/ Comissão Nacional de Energia Nuclear,) - Av. Antônio Carlos, 6627 Campus da UFMG 31270-901 Belo Horizonte MG kellyfisica@gmail.com 2 Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Reatores Inovadores 3 Laboratório de Medição de Propriedades Termofísicas RESUMO O Método Flash Laser tem se tornado uma das técnicas mais comuns para medição de difusividade térmica e condutividade térmica de sólidos e líquidos. Esse método é reconhecido pelo INMETRO como padrão a ser usado no Brasil para medição de propriedades termofísicas de materiais, tais como metais, compostos de carbono, materiais cerâmicos, e também materiais nucleares. Este artigo descreve a bancada experimental do LMPT-Laboratório de Medição de Propriedades Termofísicas de Combustíveis Nucleares e Materiais do CDTN-Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear, assim como a modelagem matemática desenvolvida baseada neste método. Os resultados obtidos para difusividade térmica e para condutividade térmica de pastilhas de dióxido urânio (U0 2 ) na faixa de temperatura de 25 C à175 ºC, são discutidos e comparados com os dados da literatura. A estimativa da incerteza de medição das grandezas de entrada da modelagem matemática foi determinada de acordo com ISO/BIPM Guia para a Expressão da Incerteza de Medição e utilizou-se o Método de Monte Carlo para a estimativa das grandezas de saída (difusividade térmica e condutividade térmica. Adicionalmente os resultados de análise por difração de raios X destas pastilhas são apresentados. Palavras chave: Método Flash Laser, propriedades termofísicas, dióxido de urânio INTRODUÇÃO O dióxido de urânio é amplamente utilizado como combustível nuclear em reatores do tipo PWR (Pressurized Water Reactor), sendo fundamental o conhecimento de várias propriedades tais como, densidade, difusividade térmica, condutividade térmica e porosidade. A caracterização do combustível nuclear é de grande importância e tem o objetivo de minimizar os efeitos relativos à queima e à temperatura no combustível, de tal forma a assegurar a estabilidade do combustível durante o tempo de sua 399

permanência no núcleo do reator. Embora, já tem sido feito uma extensiva pesquisa (1), relativo às diversas propriedades do dióxido de urânio, é necessária uma completa revisão dos dados devendo ser dada ênfase a declaração de sua incerteza. Neste sentido, este trabalho tem por objetivo contribuir para base de dados de propriedades termofísicas (densidade, difusividade térmica e condutividade térmica) de dióxido de urânio, com especial ênfase na estimativa da incerteza de medição. São apresentadas e discutidas também, resultados de difração de raios X destas pastilhas. Para medição da difusividade térmica e condutividade térmica foi utilizado o Método Flash Laser (2). Neste método, um flash de energia radiante, intenso e curto, é aplicado uniformemente sobre a face de uma pequena amostra. O pulso de energia difunde unidirecionalmente para a face oposta, obtendo-se um registro do transiente de elevação de temperatura nesta face. A difusividade é calculada a partir da espessura da amostra e do tempo requerido para a temperatura da face oposta atingir a metade da excursão de temperatura. O calor específico é calculado a partir da temperatura máxima atingida na face oposta, da espessura e da densidade do material. A condutividade térmica é então calculada pelo produto da difusividade pelo calor específico e pela densidade do material. Para a determinação da densidade e da porosidade aberta das pastilhas sinterizadas, foi utilizado o método de penetração e imersão com xilol, desenvolvido pelo laboratório de UO 2 do centro de pesquisas da Kraftwerk Union em Erlangen / Alemanha, que foi absorvido, transferido e implantado no Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN) (3). EXPERIMENTAL Fabricação e medição da densidade das pastilhas As medições foram realizadas em duas pastilhas (amostras 2737 e 2738) fabricadas a partir de um mesmo lote de pó de UO 2 por meio de processo de prensagem uniaxial sob pressões de compactação de 400 MPa e 500 MPa respectivamente. As pastilhas foram sinterizadas em atmosfera de H 2 a 1700 C durante 3 horas. 400

Para medição da densidade e da porosidade aberta das pastilhas sinterizadas, foi utilizado o método de penetração e imersão com xylol (3). Medição de Difusividade Térmica pelo Método Flash Laser O método flash para medir a difusividade térmica tem sido usado cada vez mais desde a sua introdução em 1961, por Parker (2). A Fig. 1 mostra esquematicamente a bancada do LMPT- Laboratório de Medição de Propriedades Termofísicas de Combustíveis Nucleares e Materiais do CDTN- Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear. Consiste de um laser de CO 2 (potência de até 100 W), comprimento de onda de 10,6 μm, um termômetro infravermelho, uma bomba de vácuo e um sistema para aquisição e processamento de dados. O termômetro infravermelho mede a temperatura transiente, e seu sinal é digitalizado por meio de uma placa multifuncional NI PCI-6052 da National Instruments. Um programa desenvolvido na plataforma LabVIEW é utilizado para a aquisição dos dados. A amostra de aproximadamente de 8 mm de diâmetro e 2,5 mm de espessura é fixada em um portaamostra o qual é posicionado no interior do forno para o seu aquecimento. As faces (frontal e posterior) da amostra são revestidas por uma fina camada de fuligem para maximizar a absorção de calor e garantir uma emissividade uniforme. As medições foram realizadas de forma a produzir uma excursão de temperatura na face posterior entre 1,9 K e 2 K. Feixe de Laser Sinal do sensor de temperatura Laser CO 2 Forno e porta amostra Aquisição de dados Fig. 1 - Bancada experimental do Laboratório de Medição de Propriedades Termofísicas de Combustíveis Nucleares e Materiais do CDTN. Modelagem matemática 401

A solução numérica da equação de calor da amostra pelo método Flash Laser é baseada no domínio matemático considerando as reais condições iniciais e de contorno da bancada experimental do LMPT, onde um disco de uma pequena amostra é aquecido em sua face frontal por um curto pulso de laser (4). A incerteza de cada grandeza de entrada foi estimada conforme ISO/BIPM Guia para a Expressão da Incerteza de Medição (5,6). Difração de raios X A identificação das fases e o grau de cristalinidade das amostras foram determinados utilizando o difratômetro modelo D/MAX ÚLTIMA da Rigaku, com goniômetro θ-θ e tubo de raios X de cobre do Laboratório de Análises por raios X do CDTN. A identificação das fases mineralógicas foi obtida por comparação com o banco de dados de referência da ICDD International Center for Diffraction Data. Comparouse as intensidades dos picos de difração expressas em termos de porcentagem da intensidade do pico mais intenso. A intensidade dos picos foi considerada como sendo a altura, descontado o back ground. RESULTADOS A Tab. 1 resume os parâmetros utilizados na fabricação das pastilhas e os resultados das caracterizações. A densidade teórica considerada para o dióxido de urânio foi de 10,96 g cm -3. Amostra Tab. 1. Parâmetros de fabricação e porcentagem da densidade teórica Pressão de compactação MPa Densidade Geométrica g cm -3 Densidade Sinterizada g cm -3 Porcentagem da densidade teórica % Porosidade aberta % V % P 2737 400 5.89 10.22 93.2 0.95 14.0 2738 500 6.09 10.40 95.0 0.75 14.7 402

As Tab. 2 e 3 mostram a condutividade térmica e difusividade térmica do UO 2 em função da temperatura para as amostras. Os valores de difusividade térmica resultam da média de 5 medições sucessivas realizadas sob condições de repetitividade, determinada pelo modelo original de Parker (2). Os valores da condutividade térmica foram obtidos empregando-se o modelo proposto por Grossi (4), aplicável ao método Flash Laser. Como era de se esperar, a amostra 2738 que possui maior densidade, ou seja menor porosidade, apresentou maior difusidade térmica e consequentemente maior condutividade térmica. Estes resultados são compatíveis com resultado reportados na literatura por Lucuta (7). A máxima diferença encontrada é de apenas 11%. Os valores são diferentes em relação aos valores apresentados por Fink (1), mas a incerteza relativa à condutividade térmica recomendada pelo mesmo é de 10%. Devido a esta diferença é que se fez necessário a análise por difração de raios x para verificar a existência de uma fase. Temperatura / C Tab. 2. Propriedades termofísicas da amostra 2737 Difusividade Térmica / x10 6 m 2. s -1 Condutividade Térmica / W. m -1. K -1 95 % Intervalo de confiança Valor medido 95 % Intervalo de confiança Valor medido 31 3.01 0.22 6.80 0.60 55 2.90 0.32 6.09 0.60 104 2.69 0.24 5.70 0.50 175 2.38 0.22 5.50 0.50 Temperatura / C Tab. 3. Propriedades termofísicas da amostra 2738 Difusividade Térmica / x10 6 m 2. s -1 Condutividade Térmica / W. m -1. K -1 Valor medido 95 % Intervalo de confiança Valor medido 95 % Intervalo de confiança 25 3.42 0.31 7.05 0.54 52 3.19 0.36 6.86 0.38 100 2.93 0.40 6.16 0.54 175 2.54 0.35 5.50 0.59 A difratometria de raios X (Fig. 3) revelou a presença da fase mineral uraninita que representa a presença de Dióxido de Urânio. O teor aproximado das fases constituintes do material é apresentado na Fig. 4 e Fig. 5. O teor das fases encontradas levou em 403

consideração as intensidades relativas das principais reflexões presentes no difratograma. Estes resultados indicam a existência, apenas da fase de dióxido de urânio nas amostras. Fig. 3 - Padrão de difração de raios X das pastilhas de UO 2 (2737 e 2738).. CONCLUSÃO Empregando-se o Método Flash Laser, obteve-se valores para a difusividade térmica da pastilha com densidade de 93,2 %DT na faixa de 2,38 x 10-6 m 2 s -1 a 3,01 x 10-6 m 2 s -1 para a faixa de temperatura de 25 C a 175 ºC. Para a pastilha com densidade de 95 %DT, a sua difusividade térmica situou-se na faixa de 2,54 m 2 s -1 a 3,42 x 10-6 m 2 s -1, para esta mesma faixa de temperaturas, valores estes um pouco maiores devido à sua menor porosidade. A estimativa da incerteza, determinada de acordo com ISO/BIPM-Guia para a Expressão da Incerteza de Medição, indicou um valor máximo de 11%. Adicionalmente os resultados de análise por difração de raios X 404

destas pastilhas indicaram a existência apenas da fase de dióxido de urânio nas duas pastilhas. REFERÊNCIAS 1. Fink, J. K., 2000, Review Thermophysical Properties of Uranium Dioxide, Journal of Nuclear Materials, Vol. 279, pp. 1-18. 2. Parker, W.J., Jenkins, R.J., Butler, C. P., Abbott, G.L., 1961, Flash Method of Determining Thermal Diffusivity, Heat Capacity, and Thermal Condutivity, Journal of Applied Physics, Vol.32, No. 9, pp.1679-1685. 3. Ferreira, R. A. N., Lopes, J. A. M., 2007, Implementation of a fuel pellets density and open porosity measurement system by the xylol penetrationimmersion method at CDTN, Proceedings of the International Nuclear Atlantic Conference, Associação Brasileira de Energia Nuclear, ISBN: 978-85-99141-02- 1, Santos, Brasil. 4. Grossi, P.A, Ferreira, R.A.N., Camarano, D.M., Andrade, R.M, 2009, Measurement of Uranium Dioxide Thermopysical Properties by the Laser Flash method- Proceedings of International Nuclear Atlantic Conference, Associação Brasileira de Energia Nuclear, ISBN: 978-85-99141-03-8, Rio de Janeiro, Brasil 5. JCGM, 2008a, Evaluation of measurement data - Guide to the Expression of Uncertainty in Measurement, JCGM 100:2008 (Joint Committee for Guides in Metrology), 134p. 6. JCGM, 2008b, Evaluation of measurement data - Supplement 1 to the Guide to the Expression of Uncertainty in Measurement Propagation of Distributions using a Monte Carlo Method, JCGM 101:2008 (Joint Committee for Guides in Metrology), 90p. 7. Lucuta P.G., Matzke Hj. Verrall R.A. 1995, Thermal Conductivity of Hyperstoichiometric SIMFUEL, Journal of Nuclear Materials, Vol. 223, pp. 51-60 405

URANIUM DIOXIDE THERMAL CHARACTERIZATION BY THE FLASH LASER METHOD FROM 23 ºC TO 175 ºC Abstract - The Laser Flash Method has become one of the most common techniques for measuring thermal diffusivity and conductivity in solids and liquids. This method is recognized by INMETRO as standard to be used in Brazil for measuring thermophysical properties of materials, such as metals, carbon composites, ceramics, and also nuclear materials. This article describes the experimental bench of the LMPT-Laboratório de Medição de Propriedades Termofísicas de Combustíveis Nucleares e Materiais of the CDTN-Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear, (LMPT), as well as the mathematical model developed based on this method. The obtained results for the thermal diffusivity and for the thermal conductivity of uranium dioxide (U0 2 ) pellets in the temperature range from 25 C to 175 º C, are discussed and compared with the literature data. The estimative of the input quantities uncertainty of the mathematical model was determined according to ISO / BIPM-Guide to the Expression of Uncertainty in Measurement and the Monte Carlo Method was used to estimate of the output quantities uncertainty (thermal diffusivity and thermal conductivity). Additionaly the results of the x-rays of these pellets are presented. Keywords: Thermophysical properties, method of laser flash, dioxide of uranium 406