PROCESSO SELETIVO UEG 2012/2 Domingo, 3 de junho de 2012. CADERNO DE RESPOSTA 2ª FASE PROVA DISCURSIVA ESPECÍFICA Grupo Ciências Humanas e outras - CHUM I CURSO Pedagogia RESPOSTAS ESPERADAS PELAS BANCAS ELABORADORAS
2 GEOGRAFIA QUESTÃO 1 Observe o mapa a seguir. MOREIRA, João Carlos; SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, Atual, 2007. p. 241. a) Identifique os blocos econômicos 1, 2 e 3, respectivamente assinalados no mapa. (3 pontos) Os blocos econômicos são: Nafta, União Européia e Mercosul. b) Cite e explique duas vantagens que justifiquem a formação dos blocos econômicos no processo de QUESTÃO 2 globalização. (7 pontos) Dentre as diversas vantagens, o aluno poderá apresentar: - a eliminação de barreiras alfandegárias e a padronização de legislação econômica e fiscal; - a livre circulação de capital, mercadoria, serviços e pessoas; - a possibilidade de implantação de moeda única e, sobretudo, - a existência de um mercado consumidor e fornecedor. A estrutura energética de qualquer país é um dos elementos mais decisivos da economia e da geopolítica, sendo portanto um setor estratégico. Por isso, a obtenção de energia, em suas diversas formas, vem sendo cada vez mais pesquisada. Tendo em vista a afirmação, indique três fontes de energia alternativa e, em seguida, explique como elas são obtidas. (10 pontos) O candidato poderá apresentar exemplos como os seguintes: 1. EÓLICA Obtida por meio das forças do vento, sobretudo nas regiões litorâneas ou em localidades com presença de ventos constantes. 2. SOLAR Obtida em regiões com predomínio de insolação (radiação solar), como, por exemplo, o Nordeste e o Centro-Oeste brasileiros, por meio de placas solares. 3. BIOMASSA Obtida a partir de vários tipos de vegetação como a cana-de-açúcar, o eucalipto, a mamona, o girassol, a soja etc. 4. GEOTÉRMICA Obtida a partir da energia liberada pelo interior da Terra, na forma de calor (vapor de água), pelos vulcões e gêiseres.
3 HISTÓRIA QUESTÃO 3 Leia o texto a seguir. Relatos diários do jornal francês Le Moniteur Universel referentes à marcha de Napoleão Bonaparte de Elba até Paris. O antropófago saiu de seu esconderijo. O ogro da Córsega desembarcou no golfo Jean. O tigre chegou a Gap. O monstro dormiu em Grenoble. O tirano atravessou Lyon. O usurpador está a 60 léguas da capital. Bonaparte avança a passos colossais, mas jamais entrará em Paris. Napoleão chegará amanhã ao pé de nossas muralhas. Sua Majestade, o Imperador, chegou esta tarde em Fontainebleau. Sua Majestade Imperial entrou ontem no Palácio das Tulherias. Viva o imperador! Viva a França. RODRIGUE, Joelza Ester. História em documento: imagem e texto 7. São Paulo: FTD, 2001. p. 93. O texto refere-se ao período final da dominação napoleônica na França. Sobre esse episódio, responda: o que explica a mudança gradativa de tom do texto em relação a Napoleão Bonaparte? (10 pontos) A mudança de tom do jornal Le Monitor Universel é explicada pela aproximação vitoriosa de Napoleão Bonaparte de Paris. Após fugir da ilha de Elba, em março de 1815, Napoleão consegue a adesão do exército e marcha em direção a Paris, onde assume o poder no lugar de Luís XVIII. O jornal parisiense demonstra volatilidade em relação ao poder político, abandonando a postura crítica e adotando uma postura subserviente ao Imperador. QUESTÃO 4 A partir da década de 1980, governos de diferentes países adotaram preceitos do neoliberalismo, incentivando as privatizações de empresas estatais e a redução dos gastos públicos com saúde, educação e previdência social. Em relação a esses governos, a) cite um exemplo de governo neoliberal na Europa e um nos Estados Unidos na década de 1980. (3 pontos) Na Europa, os mais representativos governos neoliberais, na década de 1980, foi o de Margareth Thatcher, na Inglaterra, e Helmut Kohl, na Alemanha. Nos Estados Unidos, o destaque é o governo de Ronald Reagan. b) Analise a influência do neoliberalismo na política brasileira na década de 1990. (7 pontos) Na década de 1990, ganhou força, nos meios políticos brasileiros, a defesa do Estado Mínimo e a crítica ao Estado Intervencionista. Essa política torna-se mais evidente nos governos de Fernando Collor (1990-1992), Itamar Franco (1992-1995) e Fernando Henrique (1995-2002), quando se adotou a política de abertura da economia brasileira ao mercado internacional, de privatização das empresas públicas, de combate ao déficit público por meio do arrocho salarial.
QUESTÃO 5 4 Durante o II Império Brasileiro, apesar da indiscutível liderança de Pedro II, várias personalidades secundárias destacaram-se em diversos campos. Em relação a essas personalidades, analise a importância estratégica de: a) Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias. (5 pontos) Luiz Alves de Lima e Silva teve uma atuação destacada na vida militar do Império. Ele participou da repressão aos movimentos separatistas do Período Regencial, combatendo a Balaiada e a Farroupilha. Combateu os distúrbios na fronteira brasileira, no Rio Grande do Sul, lutando contra os ditadores Rosa, da Argentina, e Oribe, do Uruguai. Em 1886, inicia a sua participação na Guerra do Paraguai, sendo vencedor de muitas batalhas importantes. Pelas suas vitórias militares, recebeu o título de Duque de Caxias, sendo o único brasileiro a receber tal honraria. b) Irineu Evangelista de Souza, o Visconde de Mauá. (5 pontos) O destaque de Irineu Evangelista de Souza, no II Império, foi fruto de sua atuação econômica em prol da industrialização brasileira. Fundou várias indústrias no Brasil, destacando-se a primeira indústria náutica brasileira. Associou-se ao governo não construção de várias estradas (ferrovias e rodovias) e instalou um cabo submarino que permitiu a comunicação direta entre o Brasil e a Europa. Foi também proprietário de bancos. Devido à falta de apoio governamental, não foi capaz de enfrentar a concorrência externa (principalmente dos ingleses), sendo obrigado a vender a maior parte de suas empresas. A sua atuação política e econômica lhe valeu o título de Visconde de Mauá. LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA BRASILEIRA Leia o texto para responder às questões 6 e 7. E se um asteroide... E se um asteroide fosse se chocar com a Terra, e não houvesse nada a fazer para evitar o nosso fim? Como nos comportaríamos? Nos convenceríamos, finalmente, de que somos uma única espécie frágil num planeta precário e viveríamos nossos últimos anos em fraternidade e paz, ou reverteríamos ao nosso cerne básico e calhorda, agora sem qualquer disfarce? Nos tribalizaríamos ainda mais ou descobriríamos nossa humanidade comum, e como eram ridículas as nossas diferenças? Como os cientistas nos diriam até o segundo exato do choque com o asteroide com alguns meses de antecedência, seríamos a primeira geração sobre a Terra a viver com a certeza universal e pré-medida do seu fim e a última, claro. Muitas seitas através da história e até hoje estabeleceram a hora e o modo de o mundo acabar e se prepararam para o evento. Nós seríamos os primeiros com evidência científica do fim, em vez de crença, o que nos levaria a tratar a ciência como hoje muitos tratam as crenças. Pois só a desmoralização total da ciência, só chamar o sistema métrico de ocultismo e termodinâmica de feitiçaria, nos daria a esperança de que os cálculos estivessem errados e o asteroide, afinal, passaria longe. Se existissem foguetes salvadores e bases na Lua e em Marte esperando os sobreviventes, estaríamos diante de outra situação Titanic. Quem vai nos foguetes? (Nada de mulheres e crianças intelectuais primeiro!) Tem que ser americano? Quanto custaria uma terceira classe? Aceitam cartão? Nós finalmente nos conheceríamos e seria tarde. QUESTÃO 6 VERÍSSIMO, Luis Fernando. O melhor das comédias da vida privada. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004. p. 265-266. (Adaptado). O texto acima situa os fatos no terreno da conjectura, da suposição, usando para isso alguns mecanismos linguísticos. a) Indique dois desses mecanismos. (4 pontos) Deverão ser mencionados dois dos três mecanismos linguísticos abaixo, que servem para indicar situação hipotética: (1) Uso de orações subordinadas adverbiais condicionais (introduzidas pela conjunção condicional se ), juntamente com (2) formas verbais do pretérito perfeito do subjuntivo: -... se um asteroide fosse se chocar com a Terra...
- se não houvesse nada a fazer - Se existissem foguetes salvadores (3) Uso de formas verbais do futuro do pretérito: comportaríamos, convenceríamos, viveríamos, tribalizaríamos etc. b) Reescreva o primeiro parágrafo, fazendo as adequações necessárias para que se passe do campo da QUESTÃO 7 suposição para o da certeza. (6 pontos) E quando um asteroide for se chocar com a Terra, e não houver nada a fazer para evitar o nosso fim? Como nos comportaremos? O autor faz uma comparação entre o modo como as pessoas tratam a crença e o modo como elas tratam a ciência, sugerindo que crença e ciência seriam tratadas de modo diferente, caso a situação hipotética por ele criada se realizasse. a) Como, segundo o autor, as crenças e a ciência são tratadas atualmente? (4 pontos) Ao afirmar que nos levaria a tratar a ciência como hoje muitos tratam as crenças, o autor sugere que ATUALMENTE a crença defende a certeza de que haverá um fim de tudo (o fim do mundo defendido por várias religiões), e que ela, talvez por essa razão, é tratada por muitos como ocultismo, feitiçaria etc. Já a ciência, ATUALMENTE, goza de prestígio por utilizar métodos matemáticos/científicos em sua atividade. b) Como ciência e crença seriam tratadas na situação hipotética criada pelo autor? (6 pontos) Ao afirmar que a desmoralização da ciência... nos daria a esperança de que os cálculos estivessem errados, o autor sugere que no FUTURO HIPOTÉTICO por ele criado, a certeza do fim provocaria o questionamento de certezas científicas em busca de esperança de salvação ante a iminência do fim (como acontece com a crença ATUALMENTE). 5 QUESTÃO 8 Leia o poema. Brisa Manuel Bandeira Vamos viver de brisa, Anarina. Deixarei aqui meus amigos, meus livros, minhas riquezas, minha vergonha. Deixarás aqui tua filha, tua avó, teu marido, teu amante. Aqui faz muito calor. No Nordeste faz calor também. Mas lá tem brisa: Vamos viver de brisa, Anarina. ESTRELA DA VIDA INTEIRA. 20. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993. p. 191. a) Com base na análise do poema, a quem o sujeito poético se dirige? (4 pontos) No poema, o sujeito poético dirige-se a Anarina. b) Cite uma semelhança e uma diferença entre o lugar para o qual o sujeito poético deseja ir e o local onde ele está. (6 pontos) Semelhança: tanto no local onde o sujeito poético está quanto o local para onde ele quer ir são quentes: Aqui faz muito calor/no Nordeste faz calor também. Diferença: a conjunção adversativa mas, introdutória do penúltimo verso, deixa subentendido que, no lugar em que o sujeito poético está, não tem brisa, ao contrário do Nordeste: Aqui faz muito calor/no Nordeste faz calor também/mas lá tem brisa.
QUESTÃO 9 6 O fatal Manuel Bandeira Ditoso o vegetal, que é apenas sensitivo, Ou a pedra dura, esta ainda mais, porque não sente, Pois não há dor maior do que a dor de ser vivo, Nem mais fundo pesar que o da vida consciente. Ser, e não saber nada, e ser sem rumo certo, E o medo de ter sido, e um futuro terror... E a inquietação de imaginar a morte perto, E sofrer pela vida e a sombra, no temor Do que ignoramos e que apenas suspeitamos, E o túmulo a esperar com seus fúnebres ramos... Nem saber donde vimos... ESTRELA DA VIDA INTEIRA. 20. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993. p. 383. a) No poema acima, o sujeito poético coloca em oposição grupos de seres. Quais são esses grupos? (4 pontos) O sujeito poético opõe o grupo dos seres que não têm consciência (pedras e plantas) ao dos que são conscientes (seres humanos). b) O sujeito poético aponta uma desvantagem de um grupo em relação aos outros. Qual é essa desvantagem? (6 pontos) A desvantagem do grupo dos seres conscientes em relação ao dos que não têm consciência é que os primeiros, ao contrário dos segundos, sofrem angústias e temores em virtude do autoconhecimento decorrente da consciência dos dilemas e da finitude da vida. QUESTÃO 10 Leia o fragmento. Toda hora tá assucedendo milagre por aí. O negócio é que a gente não sabe afirmou o coronel Quincas Batista naquele seu modo pausado e peremptório de conversar. ÉLIS, Bernardo. O caso inexplicável da orelha de Lolô. In: Melhores contos de Bernardo Élis. 3. ed. São Paulo: Global, 2003. p. 47-55. a) Reescreva o trecho sublinhado, colocando-o na linguagem formal. (4 pontos) A toda hora está sucedendo/acontecendo/ocorrendo milagre por aí. b) No conto citado acima, quais providências toma o promotor ao descobrir a origem da fortuna do coronel Quincas Batista? (6 pontos) A princípio, ele decide desfazer a injustiça, pensando em obrigar o coronel a devolver o dinheiro ao seu legítimo dono. Ao se lembrar de que é noivo da filha do coronel, porém, ele decide guardar segredo do que descobrira e, dirigindo-se à casa de seu futuro sogro, altas horas da noite, diz-lhe que acredita em milagres, resolvendo seu conflito de consciência.