ANÁLISE HISTÓRICA DO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO DO AGLOMERADO URBANO REGIONAL DO TRIÃNGULO CRAJUBAR INTRODUÇÃO Ricardo Souza Araújo 1 Flavio Batista da Silva 2 Carlos Wagner Oliveira 3 A urbanização que vem ocorrendo no mundo, nas últimas décadas, associada ao desenvolvimento do capitalismo, tem-se caracterizado pelo rápido crescimento dos grandes centros e pelo surgimento de problemas socioespaciais dos mais diversos no seu interior, favorecendo com isto o comprometimento da qualidade de vida. Esse crescimento acelerado das cidades e as transformações que estas vêm passando originam a uma nova forma de ação social, na qual o ordenamento urbano é considerado como um exercício de controle dos espaços urbanos (COSTA, 2003). O processo de urbanização de muitas cidades brasileiras acontece de forma desordenada, com muita rapidez e intensidade, fora do controle público de cadastro. As áreas urbanas apresentam, genericamente, alguns equipamentos e empreendimentos que, em função de sua natureza, atraem para o seu entorno usos e ocupações inadequados. Por sua vez, os usos e ocupações inadequados trazem consequências danosas e imprevisíveis para a qualidade de vida local, atingindo as necessidades básicas de saúde, educação, segurança, dentre outros fatores primordiais para o sustento adequado de uma comunidade (LEFEBVRE, 2010). A urbanização é tida como um sinal da vitalidade econômica de uma região, no entanto, as cidades são raramente planejadas, o que provoca problemas de degradação ambiental e ecológica. Nesse contexto, destacam-se ainda as degradações ambientais oriundas do processo de crescimento urbano sem planejamento ou talvez sem a devida fiscalização pública. Pois, segundo IBGE (2010), mais de 84% da população brasileira vive nas cidades. As grandes cidades e suas áreas metropolitanas são responsáveis por alguns dos principais problemas socioambientais globais enfrentados pela humanidade nesse final de século. O estilo de vida nas maiores cidades do mundo caracteriza-se por uma elevada demanda de energia, gerando poluição atmosférica, efeito estufa e gases que afetam a camada de ozônio. Essas aglomerações urbanas também concentram a atividade industrial, aumentando sua contribuição para os problemas globais, assim como acentuando os impactos socioambientais locais. A região metropolitana do Cariri (RMC) foi Criada pela lei complementar Estadual 78 de 2009, e compreende os municípios de Caririaçú, Farias Brito, Jardim, Missão Velha, Nova Olinda, Santana do Cariri e são polarizados pela área conurbada dos municípios de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha (ou simplesmente CRAJUBAR). Esses três municípios 1 Graduado em Geografia, Mestrando em Desenvolvimento Sustentável UFC, Juazeiro do Norte - CE, ricardo03geo@yahoo.com.br. 2 Graduado em Agronomia, Mestrando em Desenvolvimento Sustentável UFC, Juazeiro do Norte - CE, agroflaviobatista@yahoo.com.br. 3 Doutorado em Biosystems Engineering, professor da UFC, Juazeiro do Norte CE, prof.carloswagner@gmail.com.
constituem centros secundários no interior do Estado do Ceará, inegáveis detentores de concentração demográfica, bem como dos melhores indicadores socioeconômicos regionais, com relevante expressão social e econômica na região. Os demais municípios, por outro lado, ilustram a existência de acentuada disparidade inter-regional. Destarte, o presente estudo tem por objetivo realizar uma análise histórica do processo de urbanização do aglomerado urbano regional do triângulo CRAJUBAR da Região Metropolitana do Cariri CE. METODOLOGIA A área de estudo está localizada na região do Sul do estado do Ceará compreendida como a mais nova Região Metropolitana do Cariri (Figura 01) criada pela lei complementar Estadual 78 de 2009. As principais razões que levaram à escolha dessa área de estudo foram o fato da mesma caracterizar se como um aglomerado urbano regional, em um processo evolutivo de conurbação, e a não existência de trabalhos prévios na região que garantissem o conhecimento acerca dos passivos socioambientais ocasionados pelo o processo de crescimento e expansão urbana. A Região Metropolitana do Cariri possui significativo potencial de desenvolvimento econômico reúne cerca de 550 mil habitantes, sendo que pouco cerca de 70% da população é considerada pobre. O Produto Interno Bruto PIB per capita alcança R$ 2.905, 72% da média verificada no Estado do Ceará. O Índice de Desenvolvimento Humano IDH da região é de 0,647, também bastante abaixo da média do Estado (0,699). Figura 01: Mapa de Localização da Região Metropolitana do Cariri Fonte: IPECE, 2011 A presente pesquisa realizou uma análise acerca do processo histórico de crescimento das cidades de Barbalha, Crato e Juazeiro do Norte de maneira a observar as ações ocorridas decorrentes do processo de crescimento urbano da área em estudo, com o intuito de verificar os principais fatores que comprometem o equilíbrio ambiental e qualidade vida da população
da região. A realização do referido diagnóstico é de fundamental relevância e um instrumento específico para as políticas socioambientais preventivas, na tomada de decisões baseadas em um amplo e integrado conhecimento dos efeitos ambientais de uma determinada ação, sobretudo nos planos de urbanização e organização do espaço, oferecendo subsídios para o desenvolvimento baseado na sustentabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO As cidades de Barbalha, Crato e Juazeiro do norte, polo regional da RMC, encontra-se em um processo dinâmico e continuo de expansão da sua área urbana, fato este que os coloca como um aglomerado urbano regional, inseridas dentro do contexto de uma região metropolitana, criada pelo o governo do estado. As taxas de urbanização da região (Gráfico 01) são elevadas e cada vez mais indústrias e outros atores de produção do espaço são fixados, fato este que torna preocupante essa problemática. Valendo salientar, que esse aglomerado urbano regional com suas áreas de conurbação, está localizado nas proximidades de importantes e relevantes recursos naturais, como a Floresta Nacional do Araripe, e sobre uma formação geológica sedimentar responsável pelo o armazenamento de recursos hídricos, utilizados para o abastecimento toda a população da região, recurso este que sofrem uma pressão crescente devido ao aumento da população e das demandas que o estilo de vida dessa sociedade exerce, comprometendo as bases de sustentação e equilíbrio da região. Gráfico 01: Taxas de urbanização sério histórica 1970 2010, para o Brasil, Nordeste e os municípios formadores do aglomerado urbano regional da RMC. Fonte: IBGE, 2010 adaptado por Araújo, 2012 Vários são os agravantes socioambientais decorrentes do fenômeno de metropolização e urbanização de uma região, e na RMC essa realidade não está sendo diferenciada. Problemas de segurança pública, especialmente em Juazeiro do Norte durante os períodos de romarias; por atrair grande quantidade de uma população flutuante a cidade em um curto período o que acentua ainda mais a insegurança. Trabalho infantil e prostituição infanto-juvenil, além da presença de drogas nas escolas; algumas complicações são trazidas junto com esse processo urbanização e
metropolização, pois é mais do que uma modificação do espaço geográfico e sim trata - se de uma dinâmica social que contribui para o fomento de atividades ligadas ao estilo de vida urbano. Falta de segurança nas vias e calçadas públicas, dado o congestionamento de veículos nas áreas centrais das principais cidades, em especialmente por ocasião da realização de romarias no caso do município de Juazeiro do Norte. O número de veículos automotores aumentou significativamente na última década na região, e as vias públicas não tem condições de absorver toda essa demanda o que agravar essa problemática. Habitações precárias, por vezes localizadas em áreas de risco, e não atendidas por serviços sanitários adequados, como drenagem, coleta e tratamento de esgotos e resíduos sólidos domiciliares e hospitalares a é uma realidade do cotidiano de várias cidades que compõem a RMC. A degradação de ambientes naturais e recursos culturais, além da pouca atenção e cuidados quanto à sua preservação são presentes. A poluição sonora e visual, os resíduos sólidos e orgânicos jogados nas ruas, a poluição dos gases tóxicos soltados pelos meios de transportes automotivos estão entre os principais problemas encontrados nos centros das cidades, pois é nessa parcela do espaço urbano que se desenvolve o maior fluxo de pessoas e de mercadorias, aumentado a probabilidade do avanço dos problemas no ambiente urbano. A cidade de Juazeiro do Norte apresenta-se atualmente como uma cidade média, representando a maior cidade do interior do Estado do Ceará depois da capital Fortaleza. Atualmente, devido ao processo de urbanização acelerado, Juazeiro do Norte cresceu consideravelmente, e esse crescimento foi desordenado, fruto da industrialização tardia do Brasil. Devido a esse crescimento acelerado, e desordenado com participação mínima do poder publico nesse processo, acarretou muitos problemas que são inerentes ao crescimento das cidades na contemporaneidade como a proliferação das favelas, o desemprego, a falta de infraestrutura em algumas áreas da cidade, a ausência de saneamento básico e a precariedade do transporte público urbano em bairros periféricos. CONCLUSÕES Por meio da análise da conjuntura socioambiental no qual os processos de crescimento das principais cidades da RMC estão passando, pode-se notadamente observar que os problemas relacionados ao crescimento urbano são bastante complexos e não muito diferentes das realidades dos grandes centros urbano do país. O poder público deve promover políticas públicas ligadas ao desenvolvimento sustentável das cidades em conjunto com a sociedade e buscar a melhoria na qualidade de vida. Por possui taxas de urbanização maiores que as nacionais e o aumento da população especialmente urbana vêm comprometendo a qualidade de vida nas cidades devido aos fatores supracitados que ocasionam como consequentes problemas associados à qualidade de vida da população e preservação e conservação dos recursos naturais da região. As ações dos municípios que são os responsáveis pela gestão e planejamento do espaço público, de acordo com o Estatuto das cidades, não têm conseguindo alcançar o mesmo ritmo acelerado de crescimentos das cidades deixando a margem dos serviços públicos uma parcela bastante significativa da população. REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). São Paulo: Editora Saraiva,1995. COSTA, M.C.L; Urbanização da sociedade cearense 2 edição. Edições Demócrito Rocha, Fortaleza, 1999. P. 100-117. IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Série Históricas. http//: www. ibge.com. br, acessado em 05/03/2012. IPECE - Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará. Perfil Básico Municipal, JUAZEIRO DO NORTE, Governo do Estado do Ceará. Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Juazeiro do Norte, 2000. LEFEBVRE, H. A Revolução Urbana. Minas Gerais: Editora UFMG, 2008. Fortaleza, 2010.