Efeito da extração de compostos fenólicos sobre a atividade antioxidante e antibacteriana in vitro de cogumelo-do-sol

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FOOD SAFETY / SCIENTIFIC ARTICLE DOI: 10.1590/1808 1657000522014 Efeito da extração de compostos fenólicos sobre a atividade antioxidante e antibacteriana in vitro de cogumelo-do-sol Effect of extraction of phenolic compounds on the in vitro antioxidant and antibacterial activity of sun mushroom Flávia Santi Stefanello 1 *, Carlos Pasqualin Cavalheiro 1, Fernanda Luísa Ludtke 1, Mariana Santos da Silva 1, Liana Inês Guidolin Milani 1, Ernesto Hashime Kubota 1 RESUMO: O cogumelo-do-sol (Agaricus blazei Murril) é amplamente consumido, por conta de suas propriedades medicinais. Este estudo teve como objetivo determinar a atividade antioxidante e antibacteriana in vitro dos extratos de cogumelo do sol, mediante diferentes tempos e temperaturas de extração. As amostras foram analisadas quanto à composição centesimal, determinação do teor de fenólicos totais e atividade antioxidante e antibacteriana in vitro. Os resultados demonstram que esse tipo de cogumelo aparece como um agente antioxidante potencial, obtendo se melhores resultados na temperatura de 70ºC durante 60 minutos de extração hidroetanólica. Esse extrato não aponta atividade antibacteriana para os micro-organismos em teste. PALAVRAS CHAVE: extratos; tempo; temperatura; agente antioxidante; micro-organismos. ABSTRACT: The sun mushroom (Agaricus blazei Murril) is widely consumed due its medicinal properties. This study aimed to determine in vitro antibacterial and antioxidant activities of sun mushroom, through different times and temperatures of extraction. The samples were analyzed for proximate composition, determination of total phenolic content and in vitro antibacterial and antioxidant activities. The results show that this kind of mushroom appears as a potential antioxidant agent, obtaining best results in the temperature of 70ºC for 60 minutes in hydroethanol extraction. This extract shows no antibacterial activity for microorganisms under test. KEYWORDS: extracts; time; temperature; antioxidant factor; microorganisms. 1 Departamento de Tecnologia e Ciência dos Alimentos; Centro de Ciências Rurais; Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria (RS), Brasil. *Autor correspondente: flaviass_vet@hotmail.com Recebido em: 26/05/2014. Aceito em: 30/08/2016 1

F. S. Stefanello et al. INTRODUÇÃO A implicação do estresse oxidativo na etiologia e na progressão de várias doenças, tais como o câncer e doenças cardiovasculares e neurodegenerativas, leva à sugestão de que os antioxidantes naturais podem ter benefícios à saúde como agentes profiláticos (Ferreira et al., 2009). Além disso, podem ser usados em aplicaço es dermatológicas, como cosméticos e também como suplementos na indústria de alimentos (Heleno et al., 2010). Da mesma forma, extratos naturais com ação antimicrobiana apresentam se como uma alternativa terapêutica, em razão de nas últimas décadas o uso irracional de antimicrobianos ter determinado o surgimento de cepas de micro-organismos multirresistentes, impulsionando a comunidade científica para a descoberta de novas opço es desses agentes (Lund et al., 2009). Nesse contexto, vários estudos têm evidenciado os potenciais antioxidantes e antimicrobianos de uma grande variedade de frutas e de vegetais. Consequentemente, compostos obtidos de fontes naturais, tais como grãos, sementes oleaginosas, especiarias, frutas, vegetais e cogumelos comestíveis, têm sido investigados (Asolini et al., 2006, Vaz et al., 2011). Os cogumelos são alimentos de alto valor nutricional, com baixos níveis energéticos e grandes quantidades de minerais, aminoácidos essenciais, vitaminas e fibras (Firenzuoli et al., 2008). Ademais, acumulam uma variedade de metabólitos secundários, tais quais compostos fenólicos, polipeptídeos, terpenos e esteroides possivelmente envolvidos em seus efeitos medicinais (Turkoglu et al., 2007). Perante esse cenário, a possibilidade de incluir cogumelos na dieta pode fornecer benefícios desejáveis para a saúde, para além da nutrição básica. O cogumelo brasileiro Agaricus blazei Murill (AbM) provoca interesse da mídia e da comunidade científica, já que atingiu o topo do ranking dos melhores cogumelos medicinais (Firenzuoli et al., 2008). Conhecido como cogumelo-do-sol no Brasil, é consumido pela população como alimento e chá medicinal para combater diversas doenças (Luiz et al., 2003). O Brasil destaca se como o maior produtor mundial de cogumelo-do-sol (AbM) este é espécie nativa do país, apresentando condiço es climáticas favoráveis (Tomizawa et al., 2007), de maneira que a expansão do cultivo do cogumelo tem sido verificada em várias regio es do país, visando abastecer o mercado internacional e nacional, o qual vem aumentando motivado pelo interesse da população brasileira em seus benefícios (Mendonc A et al., 2005). Esse cogumelo tem sido amplamente estudado nas áreas de ciência dos alimentos, medicina, biotecnologia e farmacologia (Largeteau et al., 2011). Trabalhos têm relatado que o AbM apresenta atividade antibacteriana, como, por exemplo, na avaliação in vitro contra agentes patogênicos orais para humanos, tais como Streptococcus mutans (Lund et al., 2009), além de atividade antioxidante (Soares et al., 2009), antidiabética (Kim et al., 2005), forte atividade imunoestimulante (Yuminamochi et al., 2007), bem como efeitos antitumorais e anticâncer (Yu et al., 2009), entre outros. Os antioxidantes encontrados em cogumelos são principalmente compostos fenólicos, tendo sido quantificados em diferentes espécies encontradas em todo o mundo (Vaz et al., 2011). Quanto ao acúmulo desses compostos, o conteúdo de fenólicos totais e atividade antioxidante foram estimados e comparados em fases jovens e maduras de corpos de frutificação de AbM, não obtendo se diferença entre elas (Soares et al., 2009). Por outro lado, a composição nutricional e os componentes antioxidantes do AbM, incluindo os fenólicos totais, podem diminuir quando submetidos a tratamentos térmicos (Sun et al., 2011). Em relação à atividade antibacteriana de compostos fenólicos, ela tem sido avaliada em estudos farmacêuticos e em alimentos. Alguns compostos fenólicos achados em plantas, tais como os de sálvia, alecrim, tomilho, lúpulo, coentro, cravo e manjericão, são conhecidos por possuírem efeitos antimicrobianos contra patógenos alimentares (Ahn et al., 2007). Dessa maneira, o objetivo deste artigo foi determinar a atividade antioxidante e antibacteriana in vitro dos extratos de cogumelo-do-sol (AbM) cultivado na região central do Rio Grande do Sul, mediante diferentes tempos e temperaturas de extração. MATERIAL E MÉTODOS As amostras de cogumelo-do-sol (AbM) foram fornecidas por um estabelecimento produtor localizado na cidade de Santa Maria, região central do Rio Grande do Sul, Brasil (coordenadas 29º41 03 +53º48 25 ), sob a forma de basidiocarpos imaturos previamente desidratados. Elas foram moídas em moinho analítico refrigerado (4ºC) (Quimis, modelo Q 298A21, Diadema, Brasil), classificadas em sistema de peneiras para partículas de 0,5 mm de diâmetro e acondicionadas em recipientes fechados, ao abrigo da luz e em freezer ( 12ºC) até o momento de sua utilização. Para a determinação da composição centesimal, as amostras de AbM foram submetidas à secagem em estufa a 105ºC para a análise de umidade, para cinzas a 550ºC e proteínas pelo método de Kjeldahl, segundo metodologia descrita pela Association of Official Analytical Chemists (AOAC, 2005). Os lipídios totais foram quantificados em conformidade com o método descrito por Bligh; Dyer (1959), e todas essas análises foram conduzidas em triplicata. Os extratos de AbM foram preparados do pó previamente moído, pesado (6 g) em um béquer e adicionado o álcool de cereais 80% (60 ml) na proporção 1:10 (p/v). Em seguida, a mistura foi levada a dois banhos ultratermostatizados (Solab, modelo SL 152/10, Piracicaba, Brasil), um com temperatura de 50ºC e outro com temperatura de 70ºC, e submetida à agitação constante por intermédio de agitador mecânico (Marconi MA 039, Piracicaba, Brasil), variando o tempo de extração em 15, 30 e 60 minutos. Depois disso, os seis extratos foram 2

Efeito da extração de compostos fenólicos sobre a atividade antioxidante e antibacteriana in vitro de cogumelo-do-sol filtrados em papel filtro e as soluço es resultantes acondicionadas em frascos âmbar e armazenados em freezer ( 12ºC) até o momento das análises, ressaltando que cada extração foi realizada em triplicata. Para a estimativa de fenólicos totais, utilizou se o reagente de Folin Ciocalteu, descrito por Singleton et al. (1999). Em um balão volumétrico, os extratos foram diluídos em álcool de cereais 80% na proporção 1:25 (v/v). Posteriormente, uma alíquota (0,2 ml) da solução foi misturada a 1 ml de reagente de Folin Ciocalteu 0,2 N. Aguardaram se 8 min no escuro e adicionou se 0,8 ml de solução de carbonato de sódio (Na 2 CO 3 ) 7,5%. Após incubação à temperatura ambiente (25ºC) por 2 horas, a absorbância foi medida a 765 nm em espectrofotômetro (SP 220, Biospectro, São Paulo, Brasil). A absorbância da amostra foi comparada com a curva padrão de ácido gálico (concentraço es de 0 a 70 mg de ácido gálico 100 ml 1 ), e aplicou se a Equação 1: y = 0,0109x + 0,0134 (1) Em que: Y = absorbância, x = concentração; R 2 = 0,9986. Coeficiente de determinação da equação, uma medida de ajustamento de um modelo estatístico linear generalizado em relação aos valores observados. O R² varia entre 0 e 1, indicando em percentagem o quanto o modelo consegue explicar os valores alcançados. O conteúdo total de fenólicos foi expresso em mg de fenólicos totais por g de extrato seco de cogumelo-do-sol (mg fenólicos totais/g cogumelo-do-sol), baseado na curva de calibração expressa em equivalentes de ácido gálico. As análises aconteceram em triplicata para os seis extratos hidroetanólicos de AbM, e os valores são apresentados como a média (± desvio padrão). A atividade antioxidante dos compostos presentes nos extratos de cogumelo-do-sol foi determinada por meio da capacidade sequestrante do radical livre DPPH (2,2 difenil 1 picril hidrazil), segundo metodologia descrita por Brand Williams et al. (1995). A técnica consistiu na incubação por 30 min de 5 ml de solução etanólica (80% v/v) de DPPH 0,1 mm com 5 ml de soluço es contendo concentraço es crescentes de extrato hidroetanólico de AbM (0,3; 0,6; 1,25; 2,5; 5; 10; 15; 20; 25; 30; 35 e 40 mg.ml 1 ). A solução controle era composta de DPPH 0,1 mm em etanol 80% (v/v), e a solução branco, de solvente etanol 80% (v/v). Após incubação, foram realizadas as leituras das amostras em espectrofotômetro (SP 220, Biospectro, São Paulo, Brasil) em comprimento de onda de 517 nm. A porcentagem de atividade antioxidante (AA%) foi calculada mediante o percentual de captação do radical DPPH, conforme a Equação 2: AA% = 100 {[(Absorbância. amostra Abs. branco ) x 100] Abs. controle } (2) Depois disso, calculou se a concentração necessária para capturar 50% do radical livre DPPH (IC 50 ) por intermédio de equação da reta obtida dos valores da absorbância (AA%) das concentraço es crescentes de extrato hidroetanólico de cogumelo-do-sol, substituindo o valor de Y por 50, obtendo se o valor de X como a concentração correspondente. As análises foram realizadas em triplicata para os seis extratos hidroetanólicos de AbM. Com base nos resultados da determinação de fenólicos totais e atividade antioxidante in vitro, elegeu se o extrato de melhor desempenho para a determinação da atividade antibacteriana in vitro. Com esse extrato, o solvente foi totalmente eliminado em rotaevaporador (Fisatom 802, Fisatom, São Paulo, Brasil) com vácuo de 760 mmhg e temperatura da água do banho a 60ºC (± 1ºC), e a parte sólida remanescente foi ressuspensa em água destilada esterilizada na concentração de 10 μg.μl 1. As cepas bacterianas foram adquiridas da coleção americana American Type Culture Collection (ATCC). A atividade antibacteriana do extrato de cogumelo-do-sol foi avaliada no tocante às bactérias gram positivas: Staphylococcus aureus (ATCC 25.923), Bacillus cereus (ATCC 14.579) e Enterococcus faecalis (ATCC 19.433); e gram negativas: Escherichia coli (ATCC 25.922), Pseudomonas aeruginosa (ATCC 10.145), Salmonella enterica subsp. enterica serovar Enteritidis (ATCC 13.076), Salmonella enterica subsp. enterica serovar Choleraesuis (ATCC 10.708), Salmonella enterica subsp. enterica serovar Typhimurium (ATCC 14.028) e Enterobacter aerogenes (ATCC 13.048). Foi realizado o teste de difusão em disco, conforme os procedimentos descritos pelo National Committee for Clinical Laboratory Standards (NCCLS, 2003). Com culturas recentes dos micro-organismos em teste, foi preparada suspensão em solução fisiológica estéril (NaCl 0,85%), a qual foi padronizada para 0,5 da escala McFarland. As suspenso es foram semeadas na superfície do ágar Mueller Hinton, em placas de Petri, com auxílio de swab estéril. Posteriormente, discos de papel com 6 mm de diâmetro foram impregnados com 10 μl dos extratos em teste e plaqueados no ágar previamente inoculado com o micro-organismo teste. Para controle negativo, os discos de papel foram embebidos em água destilada esterilizada, e, para o controle positivo, usaram se discos com 30 μg de cloranfenicol. Após 24 h de incubação a 36ºC, foi medido o diâmetro dos halos de inibição de crescimento nas placas. Obtiveram se os resultados como médias de análises em triplicata. Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e regressão por meio do programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) 17.0. Quando os dados não se ajustaram aos modelos de regressão, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey, utilizando nível de significância de 5%. 3

F. S. Stefanello et al. RESULTADOS E DISCUSSÃO A composição centesimal do cogumelo-do-sol desidratado está representada na Tabela 1. O teor de proteína bruta foi de 31,31 g% (± 0,006) e o de lipídios foi de 4,05 g% (± 0,007), configurando elevado teor de proteínas e baixo de lipídeos, não diferindo de outros cogumelos comestíveis (Agahar Murukar; Subbulakshmi, 2005). Os cogumelos frescos chegam a apresentar umidade inicial de 85 a 95% e, quando desidratados, de 5 a 20% (Sampaio; Queiroz, 2006), valores confirmados pelo resultado encontrado neste estudo, em que o valor da umidade do cogumelo desidratado foi de 5,86 g% (± 0,001). Os cogumelos desidratados também são excelente fonte de fibras alimentares (Tabela 1), o que é representado pelo valor de 29,79 g % (± 0,006), além de minerais (6,91 ± 0,001 g%), corroborando com outros resultados da literatura (Chang, 2008). Assim, diversos estudos, assim como este, têm comprovado que o valor nutritivo de cogumelo-do-sol é de qualidade para uma dieta balanceada, indicando a sua utilização como alimento funcional, o que vem aumentando expressivamente nos últimos anos. Por outro lado, a busca de um método de extração de compostos fenólicos prático e eficiente é um processo constante nas avaliaço es de compostos bioativos, em que diversos parâmetros devem ser observados, podendo ser influenciados pelo solvente, pelo tempo e pelas altas temperaturas (Carvalho et al., 2007). Os valores de fenólicos totais do extrato hidroetanólico do AbM expresso em mg fenólicos totais/g cogumelo-do- -sol desidratado estão representados na Figura 1A, considerando as variaço es de tempo e temperatura empregadas durante a extração. De acordo com os resultados (Fig. 1A), pode se observar que o tempo de extração de 60 min foi o que apresentou nos cogumelos o maior teor de fenólicos totais para ambas as temperaturas aplicadas (50º e 70ºC), em relação aos tempos de 15 e 30 min de extração. Portanto, levando se em conta o tempo de extração de 60 min, os teores de compostos fenólicos totais não diferiram entre as temperaturas de 50 (4,41 ± 0,533) e de 70ºC Tabela 1. Composição centesimal do cogumelo-do-sol (Agaricus blazei Murril) desidratado. Composição centesimal g (%) Umidade 5,86 ± 0,001 Proteína 31,31 ± 0,006 Cinzas 6,91 ± 0,001 Gordura 4,05 ± 0,007 Fibra 29,79 ± 0,006 Médias ± desvio padrão de análises em triplicata. (5,34 ± 0,048) aplicadas. Em concordância com os resultados obtidos, a melhor condição de tempo de extração de compostos antioxidantes do AbM foi 60 min, independentemente da temperatura utilizada (Mourão et al., 2011). Foi encontrado valor de 2,55 mg de fenólicos totais/g de extrato de cogumelo-do-sol utilizando solvente metanol 50% com tempo de extração de 24 horas à temperatura ambiente (Sun et al., 2011), enquanto, com o solvente metanol 70% no mesmo tempo de extração (24 horas) à temperatura ambiente, foram achados valores de 0,83 a 42,21 mg de fenólicos totais/g de extrato para diferentes cogumelos comestíveis (Pleurotus porrigens, Hygrocybe conica, Xerula furfuracea, Schizophyllum commune, Polyporus tenuiculus e Pleurotus florida), representando oscilação bastante acentuada, conforme cada tipo de cogumelo avaliado (Wong; Chye, 2009). As variaço es alcançadas nos teores dos compostos fenólicos totais ocorrem por conta das diversas variaço es nas condiço es da extração, como tipo e concentração de solvente, proporção de amostra solvente, temperatura e tempo de extração (Mata et al., 2007). As diferenças de valor também podem estar relacionadas a fatores como o clima e o substrato de cultivo, além do tipo de cogumelo, entre outros (Soares et al., 2009). Os resultados obtidos na determinação da atividade antioxidante in vitro dos extratos de cogumelo-do-sol demonstrados mg fenólicos totais/g de cogumelo do sol desidratado mg ml -1 8 7 6 5 4 3 2 1 0 24 22 20 18 16 14 12 10 A B y = 1,36x + 1,363 y = 0,56x + 2,480 15 30 60 Tempo (min) y = -0,57x + 17,577 y = -0,85x + 19,397 15 30 60 Tempo (min) 50 70 Figura 1. Fenólicos totais (A) e atividade antioxidante in vitro representada pela concentração necessária para capturar 50% do radical livre 2,2 difenil 1 picril hidrazil (DPPH) IC50 (B) de extratos hidroetanólicos de cogumelo-do-sol obtidos em temperatura de 50º e 70ºC nos tempos de 15, 30 e 60 min de extração. 4

Efeito da extração de compostos fenólicos sobre a atividade antioxidante e antibacteriana in vitro de cogumelo-do-sol por meio da concentração capaz de sequestrar 50% do radical DDPH (IC 50 ) estão representados na Figura 1B. Quanto menor o valor de IC 50, maior a atividade antioxidante do extrato, já que esse valor representa a quantidade de extrato necessária para reduzir em 50% a atividade do radical livre, de forma que valores de IC 50 acima de 25 mg ml 1 são considerados de baixo potencial antioxidante (Campos et al., 2005). Os resultados (Fig. 1B) para as análises in vitro realizadas com os extratos de cogumelo-do-sol demonstraram valores de IC 50 menores para a temperatura de 70ºC independentemente dos tempos de extração. Dessa forma, tendo em vista essa temperatura de extração, o valor mais baixo do IC 50 foi para o tempo de 60 min (15,80 mg ml 1 ). Nessas condiço es a atividade antioxidante aumentou com a elevação da temperatura de extração de 50º para 70ºC, diferindo de outros trabalhos, em que o tratamento térmico reduziu a quantidade de fenólicos totais, bem como alterou os tipos e a quantidade relativa desses compostos (Sun et al., 2011). Entretanto, esta pesquisa corrobora com resultados de outros estudos, que determinaram a temperatura de 70ºC como o limite máximo a ser empregado no processo extrativo para evitar a degradação, a polimerização e a oxidação de compostos fenólicos, fatores que resultariam na redução destes (Peixoto Sobrinho et al., 2010). A capacidade antioxidante do cogumelo-do-sol foi avaliada anteriormente apresentando valor de IC 50 de 3 mg de extrato ml 1 (Soares et al., 2009), representando capacidade antioxidante mais eficiente do que a constatada neste trabalho. Todavia, para cogumelos selvagens comestíveis, classificação que engloba o cogumelo estudado, a concentração de extrato necessária para capturar 50% do radical livre DPPH (IC 50 ) foi em média de 20 mg de extrato ml 1 (Wong; Chye, 2009), representando um valor aproximado ao encontrado, de 17,13 mg de extrato ml 1, considerando condiço es de extração semelhantes. Cabe salientar que diferentes autores têm apresentado valores de IC 50 de antioxidantes naturais com grandes diferenças, dificultando a comparação dos resultados, provavelmente pelo fato de haver diferenças nas metodologias utilizadas para a elaboração de extratos. O extrato hidroetanólico de cogumelo-do-sol avaliado nas concentraço es de 1, 2 e 4% não apresentou atividade antibacteriana sobre Staphylococcus aureus, Bacillus cereus, Enterococcus faecalis, Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa, Salmonella enterica subsp. enterica serovar Enteritidis, Salmonella enterica subsp. enterica serovar Choleraesuis, Salmonella enterica subsp. enterica serovar Typhimurium nem Enterobacter aerogenes, segundo o teste de difusão em disco. Na Figura 2, pode se observar o halo de inibição do crescimento microbiano em relação ao disco impregnado com Figura 2. Placa de Petri com halo de inibição do crescimento microbiano em relação ao disco impregnado com cloranfenicol 30 μg (controle positivo, C+), discos com o extrato em três repetições (100 μg cada disco, R) e disco com água destilada (controle negativo, C-). cloranfenicol 30 μg (C+), utilizado como controle positivo no teste de difusão em disco. Na avaliação da atividade antimicrobiana de extratos metanólicos de três espécies de Agaricus, os autores verificaram que as bactérias gram positivas foram mais sensíveis ao extrato de cogumelo do que as bactérias gram negativas quando empregado 200 μg de cogumelo (Öztürk et al., 2011), o que não ficou evidente neste trabalho quando utilizado 100 μg de cogumelo. Os resultados obtidos no teste de difusão em disco sugerem ausência de atividade antibacteriana das substâncias presentes no extrato hidroetanólico de AbM, ou pequena concentração, não atingindo a concentração inibitória mínima para os micro-organismos em teste. CONCLUSÕES Nas condiço es deste estudo, o extrato hidroetanólico de cogumelo-do-sol (Agaricus blazei Murril) apresentou se como um potencial agente antioxidante in vitro. O melhor resultado de extração foi obtido em temperatura de 70ºC durante 60 min, apresentando se numa relação diretamente proporcional entre o conteúdo de fenólicos totais e a capacidade antioxidante in vitro. O mesmo extrato não apontou atividade antibacteriana para os micro-organismos em teste. 5

F. S. Stefanello et al. REFERÊNCIAS AGAHAR MURUKAR, D.; SUBBULAKSHMI, G. Nutritional value of edible wild mushrooms collected from the Khasi hills of Meghalaya. Food Chemistry, v.89, n.4, p.599 603, 2005. DOI: 10.1016/j. foodchem.2004.03.042 AHN, J.; GRU N, I.U.; MUSTAPHA, A. Effects of plant extracts on microbial growth, color change, and lipid oxidation in cooked beef. Food Microbiology, v.24, n.4, p.7 14, 2007. DOI: 10.1016/j.fm.2006.04.006 ASOLINI, F.C.; TEDESCO, A.M.; CARPES, S.T. Atividade antioxidante e antimicrobiana dos compostos fenólicos dos extratos de plantas usadas como cha s. Brazilian Journal of Food Technology, v.9, n.3, p.209 215, 2006. ASSOCIATION OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS (AOAC). Official methods of analysis of the Association Official Analytical Chemists. 18th.ed. Gaithersburg, Maryland, 2005. BLIGH, E.C.; DYER, W.J. A rapid method of total lipid extraction and purification. Canadian Journal of Biochemistry and Physiology, v.37, n.8, p.911 917, 1959. 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