Manejo do Nitrogênio como percussor de melhoria nas produtividades de Milho

Documentos relacionados
Manejo da adubação nitrogenada na cultura do milho

Adubação do Milho Safrinha. Aildson Pereira Duarte Instituto Agronômico (IAC), Campinas

MANEJO DE NUTRIENTES NO ALGODOEIRO Solos de Goiás

RELATÓRIO PARCIAL PARA AUXÍLIO DE PESQUISA. Interessado: Tânia Maria Müller, Dolvan Biegelmeier

L!! ' ~...~, '. ",.~ I. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Milho e Sorço Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Otrigo é uma das principais culturas para produção

NITROGÊNIO. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Campus Experimental de Dracena Faculdade de Zootecnia

1O que é. O setor agrícola familiar apresenta uma demanda

INOCULAÇÃO DE SEMENTES COM Azospirillum E NITROGÊNIO EM COBERTURA NO MILHO SAFRINHA

Corretivos Adubos e Adubações. Prof. ELOIR MISSIO

6 CALAGEM E ADUBAÇÃO

Marco Antonio Nogueira 1 Mariangela Hungria 2

CONSTRUÇÃO DA FERTILIDADE E MANUTENÇÃO DE AMBIENTES DE ELEVADO POTENCIAL PRODUTIVO. Álvaro Resende

Fundação de Apoio e Pesquisa e Desenvolvimento Integrado Rio Verde

A adubação nitrogenada é necessária para sustentar altos rendimentos de grãos de soja?

Conceito 4C de Nutrição de Plantas. Eros Francisco IPNI Brasil Diretor Adjunto

A importância da Fixação Biológica de N para as plantas. Eng. Agrª. Viviane Costa Martins Bordignon

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA EMBRAPA- PESCA E AQUICULTURA FUNDAÇÃO AGRISUS RELATÓRIO PARCIAL-01/10/2016

Recomendação de adubação para soja

ANÁLISE ECONOMICA DA INOCULAÇÃO VIA FOLIAR COM

Doses e épocas de aplicação do nitrogênio no milho safrinha.

DominiSolo. Empresa. A importância dos aminoácidos na agricultura. Matérias-primas DominiSolo para os fabricantes de fertilizantes

MICHELLE TRAETE SABUNDJIAN

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA DEPARTAMENTO DE SOLOS FERTILIDADE DO SOLO NITROGÊNIO OCORRÊNCIA FENÔMENOS ADIÇÃO MANEJO

RENDIMENTO DA CULTURA DO MILHO COM DIFERENTES FONTES NITROGENADAS EM COBERTURA SOB PLANTIO DIRETO

Engª. Agrª. M.Sc: Edimara Polidoro Taiane Mota Camargo

BIOMASSA MICROBIANA E DISPONIBILIDADE DE NITROGÊNIO EM FUNÇÃO DA ADUBAÇÃO NITROGENADA DO ALGODOEIRO, APÓS PASTAGEM DE BRAQUIÁRIA NO CERRADO *,**

Gestão da fertilidade do solo no sistema soja e milho

Manejo de Nutrientes no Sistema de Produção de Soja. Adilson de Oliveira Jr. Pesquisador Embrapa Soja

Eco new farmers. Módulo 2 Solos e nutrientes vegetais. Sessão 2 O sistema planta/solo

MILHO PARA OS DIFERENTES NÍVEIS TECNOLÓGICOS

A melhor escolha em qualquer situação

MILHO PARA OS DIFERENTES NÍVEIS TECNOLÓGICOS

ESTRATÉGIAS PARA A MITIGAÇÃO DO ESTRESSE. Eng. Agro. M.Sc. ROBSON MAURI Gerente de Produto

Estratégias para reduzir as perdas de produtividade Manejos para redução do risco climático

4º Workshop Lavoura Inteligente. Agro Precision Cruz Alta - RS. Sérgio Trojahn Gerente Regional Sul - RS

Prof. Marcelo Langer. Curso de Biologia. Aula 12 Ecologia

ADUBAÇÃO POTÁSSICA DA SOJA EM SISTEMA DE PLANTIO DIRETO NO SUDOESTE DE GOIÁS

BPUFs para Sistemas de Produção Envolvendo o Trigo

Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento de Plantas

Introdução ao Manejo para Qualidade Industrial em Trigo

Ciclos Biogeoquímicos. Prof. Fernando Belan - BIOLOGIA MAIS

CÁLCULOS DE FECHAMENTO DE FORMULAÇÕES E RECOMENDAÇÃO DE ADUBAÇÃO

4.1 - Introdução. Fontes. Nitrogênio: requerido em grande quantidade pelas plantas. Nitrogênio do solo. Fertilizantes

OTIMIZAÇÃO DE INSUMOS NO SISTEMA DE PRODUÇÃO SOJA-MILHO SAFRINHA

SOJA caminhos para a alta produtividade - fisiologia & manejo -

Como hacer mas eficiente la mejora en el uso del N

Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. Antoine de Lavoisier

MANEJO DA FERTILIDADE DO SOLO: Amostragem, interpretação, recomendação de calagem e adubação.

METABOLISMO DO NITROGÊNIO Prof. Dr. Roberto Cezar Lobo da Costa

TÍTULO: PRODUTIVIDADE E COMPONENTES DE PRODUÇÃO DO MILHO SUBMETIDO À NÍVEIS DE NITROGÊNIO EM COBERTURA

Palavras-chave: Zea mays L., densidade populacional, nitrogênio, produção.

RENDIMENTO DE GRÃOS E EFICIÊNCIA DE USO DE NITROGÊNIO NA CULTURA DO TRIGO EM DUAS REGIÕES DO RIO GRANDE DO SUL

Ciclos Biogeoquímicos

Redução da dependência de insumos agropecuários não renováveis e o aproveitamento de resíduos

MILHO PARA SILAGEM E SEU EFEITO SOBRE O MANEJO DO SOLO. Dr. Rodrigo Pizzani

Nutrição de Plantas: Técnicas para aumento da produtividade da Soja. Eng. Agr. Dr. Douglas Gitti Pesquisador de Manejo e Fertilidade do Solo

SISTEMAS DE PRODUÇÃO E EFICIÊNCIA AGRONÔMICA DE FERTILIZANTES

Balanço de nutrientes em sistemas de produção soja-milho* Equipe Fundação MT Leandro Zancanaro

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

REPENSANDO A ADUBAÇÃO NPK EM SISTEMAS DE ALTA PRODUTIVIDADE DE GRÃOS. Álvaro V. Resende

CURSO DE AGRONOMIA FERTILIDADE DO SOLO

INTRODUÇÃO. Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. Antoine de Lavoisier

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE

6.3 CALAGEM E ADUBAÇÃO

Avaliação da eficiência agronômica de inoculante líquido contendo bactérias do gênero Azospirilium

ESTRATÉGIAS PARA O APROVEITAMENTO DA ADUBAÇÃO NITROGENADA NO MILHO EM PLANTIO DIRETO.

CALAGEM, GESSAGEM E MANEJO DA ADUBAÇÃO EM MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM Brachiaria ruziziensis

BIOLOGIA. Ecologia e ciências ambientais. Ciclos biogeoquímicos Parte 2. Professor: Alex Santos

APRESENTAÇÃO: FERTILIZANTE TERRAPLANT

Fixação Biológica do Nitrogênio (FBN) Fernando D. Andreote

Dr. Thomas R Sinclair

08/06/2017. Prof. Dr. Reges Heinrichs FCAT UNESP/Dracena

CALAGEM SUPERFICIAL E GESSAGEM EM PLANTIO DIRETO

O manejo da matéria orgânica esta adequado visando a sustentabilidade dos sistemas de produção? Julio Franchini Henrique Debiasi

PERDAS DE NITROGÊNIO POR VOLATILIZAÇÃO DE AMÔNIA EM DIFERENTES FONTES DE FERTILIZANTES NA CULTURA DO MILHO SOB PLANTIO DIRETO

EFICIÊNCIA AGRONÔMICA DE FERTILIZANTES NITROGENADOS REVESTIDOS COM POLÍMEROS NA CULTURA DO MILHO SAFRINHA. Thiago Picinatti Raposo (2)

DOSES DE INOCULANTE CONTENDO Azospirillum brasilense VIA FOLIAR E DOSES DE NITROGÊNIO EM COBERTURA EM MILHO SAFRINHA

ANTECIPAÇÃO NA APLICAÇÃO DO NITROGÊNIO NO MILHO (Zea mays L.) NO SISTEMA DE PLANTIO DIRETO, PRIMEIRA SAFRA

SISTEMAS DE PRODUÇÃO E EFICIÊNCIA AGRONÔMICA DE FERTILIZANTES

Rua José Barbosa de Barros, Caixa Postal CEP: Cidade: Botucatu-SP Telefone:

Cultura da Soja Recomendação de Correção e Adubação

Instituição: Embrapa Amazônia Ocidental, Rodovia AM 010, km 29 Zona Rural, CEP Manaus AM. (92)

Sistema Plantio Direto e Integração Lavoura-Pecuária em Mato Grosso do Sul

Adubação do milho safrinha: Nitrogênio e Fósforo.

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Boas Práticas para Uso Eficiente de Fertilizantes na Cultura do Milho. Aildson Pereira Duarte Instituto Agronômico, Campinas (IAC)

NITROGÊNIO NO TECIDO VEGETAL DE PLANTAS HIBERNAIS E ESTIVAIS

1O que é. A adubação verde é uma prática agrícola utilizada há

Manejo Regenerativo de Solos para Citricultura.

DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL E ANÁLISE FOLIAR

Tecnologia de Formulação Equilíbrio Nutricional. Adilson de Oliveira Junior Pesquisador, Embrapa Soja

CICLOS BIOGEOQUÍMICOS

INOCULAÇÃO DE SEMENTES COM

Efeito residual da cama de aviário e níveis de nitrogênio na produtividade de matéria seca de aveia preta 1

Bases para Uso Mais Eficiente de Nutrientes pelos Citros

Resposta de híbridos de milho ao nitrogênio. Eng. Agr. Dr. Douglas Gitti Pesquisador Manejo e Fertilidade do solo

NOVAS TECNOLOGIAS EM FERTILIZANTES. Uréia revestida com boro e cobre

Função de resposta do milho verde a adubação nitrogenada para as condições edafoclimáticas de Teresina-PI

LARGURA DE APLICAÇÃO DE PRODUTOS DE COBERTURA: Linhas FULL e FULL N MAX: Ureia + Sulfato de Amônia

Transcrição:

Manejo do Nitrogênio como percussor de melhoria nas produtividades de Milho Elevadas produtividades de grãos de milho são possíveis a partir do conhecimento da fisiologia, fenologia e manejo da cultura. Dentre os aspectos ligados a construção e manutenção da produtividade por meio do manejo, destaca-se a adubação nitrogenada. A disponibilização mineral em quantidades e em estádios responsivos proporciona ótimos rendimentos, quando não se tem outros limitantes. Dessa forma, esse texto apresentará as funções que o mineral desempenha na planta e os principais aspectos ligados ao manejo do nitrogênio na cultura do milho. O nitrogênio é um elemento essencial para as plantas, tendo papel fundamental na constituição de biomoléculas e inúmeras enzimas, e constitui os amidos, ácidos nucleicos, nucleotídeos, ATP, NADH, clorofilas e proteínas. Este elemento está relacionado ao crescimento e rendimento das culturas, tendo participação importante na molécula de clorofila, a qual exerce funções regulatórias das reações de síntese, sendo que a escassez de nitrogênio afeta diretamente a capacidade fotossintética das plantas. De acordo com as propriedades químicas, físicas e biológicas do solo, o nitrogênio está sujeito a perdas por lixiviação e volatização, ou ser absorvido pelas plantas ou ainda imobilizado pelos microrganismos do solo. A disponibilidade de nitrogênio no solo depende dos processos de mineralização e imobilização, cujo balanço de reações pode variar de acordo com o tempo, natureza dos resíduos depostos sobre a cobertura do solo e também de acordo com fatores bióticos e abióticos que envolvem o sistema. A maior parte do nitrogênio absorvido pelas plantas é na forma de nitrato (NO 3 ), e em menor quantidade na forma de amônia (NH 3 ). No solo o nitrogênio torna-se disponível para as plantas após a liberação deste na solução do solo, por meio de processos de mineralização da matéria orgânica do solo. O elemento químico é então transportado até a superfície das raízes, onde é absorvido pelas plantas. Dentro da célula vegetal o nitrogênio é transportado na forma de amônio para compostos carbonados, onde fará parte de aminoácidos, proteína, nucleotídeos, clorofilas e coenzimas. Também atuará como promotor do desenvolvimento e atividade radicular, estimulando a absorção de outros nutrientes da solução do solo. Possui contribuição direta no aporte de carbono e nitrogênio via resíduos, uma vez que os dados existentes mostram uma estreita relação entre a produtividade de grãos e matéria seca de resíduos.

Deve-se destacar que qualquer manejo nitrogenado empregado só será efetivo com a presença do elemento na solução do solo. O principal mecanismo de absorção de água e nutrientes pelas plantas é o fluxo de massa. Esse mecanismo é mais eficiente quando a disponibilidade de água no solo é alta. Sendo assim, a condição hídrica do solo também é um fator consideravelmente importante, pois pode definir a eficiência da absorção de água e consequentemente da adubação nitrogenada. A quantidade de nitrogênio absorvido pelo milho varia durante o ciclo da planta, em função da quantidade de raízes, da taxa de absorção por unidade de massa de raiz, dos condicionantes do ambiente e estádio fenológico em que se encontra. Essa quantidade aumenta progressivamente durante a fase vegetativa, atinge o máximo no início do estágio reprodutivo e tem um decréscimo durante a fase de enchimento de grãos. Um dos fatores limitantes à produtividade da cultura do milho no Brasil é o baixo investimento e/ou manejo inadequado do nitrogênio. Esse elemento é, ao mesmo tempo, o absorvido e exportado em maior quantidade pela cultura. Também o de maior dificuldade para avaliar sua disponibilidade no solo e de manejo mais complexo, devido às diversas reações químicas e biológicas que envolvem o elemento no solo. Estudos realizados demonstram que apenas cerca de 11 a 18% do nitrogênio aplicado na forma química é aproveitado pela parte aérea da planta. O aproveitamento dos grãos varia de 34 a 47% e a maior quantidade é retida ou perdida no solo, nos processos de lixiviação e volatilização (Bastos et al., 2008). Melhores rendimentos na cultura do milho são obtidos quando a adubação nitrogenada é parcelada. Os solos, em geral, não suprem a demanda da cultura em termos de nitrogênio. O parcelamento da adubação nitrogenada é importante e, assim sendo, deve ser pensado e manejado de maneira distinta entre os distintos ambientes de produção agrícola, e não recomendado e manejado de maneira única e generalizada. Um importante aspecto (se não o mais) é o quanto de nitrogênio é necessário aplicar, em determinada situação, para que se atinja o nível produtivo condizente com o nível tecnológico empregado. A partir dessas informações é que o manejo nitrogenado deve ser pensado e organizado. Fatores como tipo e fertilidade do solo, época de semeadura (safra ou safrinha), rotação de culturas, operacionalidade e, talvez o aspecto mais importante, o retorno econômico são detalhes que fazem grande diferença. A aplicação de todo o nitrogênio em semeadura não é uma prática que se recomenda, principalmente em virtude dos problemas que o excesso do nutriente causa

ao stand de plantas. Embora a quantidade de adubo a ser aplicado seja variável de uma área para outra, pode se considerar que doses de até 30 kg.ha -1 podem ser utilizadas sem maiores problemas. Acima disso, autores observaram problemas ao stand, com decréscimos de até 36% no número de plantas com aplicação de 38 kg.ha -1 de nitrogênio. Nesses casos, o elemento pode comportar-se como tóxico para planta, em virtude do acúmulo de nitrato no solo (Ceretta & Basso, 2000), devido a demanda da planta ser pequena na fase inicial de desenvolvimento da cultura. Assim sendo, é importante que somente uma parte do nitrogênio seja disponibilizado na semeadura, e o restante em cobertura. O restante a ser aplicado deve ser feito fazendo-se valer do mesmo pensamento utilizado para semeadura. A aplicação de altas quantidades do elemento esta sujeita a maiores perdas, uma vez que a planta tem capacidade de assimila-lo até certa quantidade. Acima de tal quantidade, o excesso será perdido através de processos que ocorrem no solo. Contudo, deve-se priorizar por duas aplicações em cobertura. A primeira deve ser feita, preferencialmente, quando a planta tem de 3 a 4 folhas verdadeiras e a segunda com cerca de 7 a 8 folhas verdadeiras. Nessas fases a exigência e a absorção de nitrogênio pelas plantas é mais intensa. Como dito acima, a rotação de culturas, dentre outro aspectos, também exerce importante influência sobre a adubação nitrogenada. Situações onde o cultivo antecessor ao milho deixa sobre a superfície uma palhada com alta relação C/N, o nitrogênio presente nesta palhada é de difícil mineralização pelos microrganismos. Nestes casos não é errado pensar em parcelar a adubação de cobertura em 3 aplicações, adiantando a primeira para quando a planta de milho estiver com 3 folhas expandidas. Essa aplicação mais precoce é feita com o objetivo de acelerar a decomposição pelos microrganismos, uma vez que sua atividade é aumentada com a aplicação de nitrogênio mineral, e consequentemente a decomposição do material morto será mais rápida. Na sequência, a segunda e a terceira aplicação de cobertura deverão ser realizadas quando o milho tiver 5 e 8 folhas expandidas, respectivamente. Segundo Rodriguez et al. (2009), em média 50% a 60% do nitrogênio aplicado é aproveitado pela planta, o que justificaria, também, a necessidade do parcelamento da adubação para a melhor absorção pela planta, bem como, para reduzir suas perdas. Considerando-se um aproveitamento por parte da planta de 60% de nitrogênio aplicado no solo, seria necessária uma adubação na ordem de 200 kg de nitrogênio por hectare para obter uma produção de 16 toneladas de massa seca. Para cada tonelada de grão

produzida, o milho requer, aproximadamente, 20 kg de nitrogênio por hectare a mais (Pavinato et al., 2008). Pesquisas realizadas por Coelho et al. (1992), mostraram que a concentração de nitrogênio na parte aérea (grão e palhada do milho), para produções máximas, é de 1,18% e 1,06%, respectivamente. Pela quantidade de nitrogênio exportado pelos grãos, em média superior a 100 kg de nitrogênio por hectare, sugere-se a necessidade de enfatizar práticas de manejo do solo, de culturas e de fertilizantes nitrogenados que, além de aportar quantidade adequada deste nutriente ao milho, proporcionam a manutenção do seu estoque e do potencial produtivo do solo em longo prazo. Assim como a cultura da soja, a cultura do milho é cultivada ocupando a maior parte das áreas destinadas a agricultura no mundo. Porém, na soja o manejo nitrogenado é facilitado em virtude da grande quantidade de nitrogênio atmosférico que é fixado através da simbiose com bactérias do gênero Bradyrizobium. Dessa simbiose a cultura da soja retira a quase totalidade do nitrogênio necessário para o alcance de elevadas produtividades. A semelhança disso, pesquisas vem sendo realizadas visando a descoberta de outros microrganismos que possam associar-se a milho e outras gramíneas, fixando nitrogênio do ar, reduzindo os custos de produção e contaminação do ambiente. No Brasil, após uma série de experimentos realizados pela Embrapa em parceria com a Universidade Federal do Paraná, o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento permitiu o uso das bactérias Azospirillum brasiliense na formulação de inoculantes para as culturas do milho e do trigo. Descritas como organismos diazotróficos associativos, essas bactérias fixam nitrogênio do ar, a semelhança do que ocorre na soja, porém sem a formação de nódulos nas raízes. O nitrogênio por elas fixado é em menor quantidade que o fixado pelas bactérias do gênero Bradyrizobuim, não sendo capazes de fixar a grande quantidade do nutriente requerido para o alcance de elevadas produtividades. Na Argentina foram conduzidos vários ensaios testando Azospirillum brasiliense em milho. Cerca de 85% dos ensaios, a resposta na produtividade foi positiva, sendo o aumento médio de produtividade de 472 kg.ha -1. Sendo assim, as mesmas são importantes dentro do manejo da cultura, uma vez que além de propiciarem ganhos em produtividade, tem potencial de reduzir a quantidade de nitrogênio aplicado, reduzindo, consequentemente, os custos de produção. A inoculação deve ser feita, horas antes (no máximo 24 horas) da semeadura, utilizando a dose indicada pelo fabricante.

Outro aspecto importante no que diz respeito ao planejamento da lavoura é a definição dos híbridos. Atualmente, a tendência é a escolha por híbridos de milho com o ciclo mais curto, objetivando ajustar três ciclos de culturas no ano. Isso faz com que as plantas sejam mais sensíveis a estresses do ambiente (bióticos e abióticos). Em geral, ciclos mais curtos são mais exigentes, pois o período de absorção é menor, bem como a necessidade ocorre de forma mais rápida. Geralmente a característica de ciclos mais curtos é inserida em híbridos simples, que são mais responsivos ao manejo, proporcionando maiores produtividades. Conclusão O manejo do nitrogênio para a produção de grãos de milho, deve ser feito levando em consideração aspectos como sistema cultivo, nível tecnológico, tipo e fertilidade d solo, época de semeadura, operacionalidade, rotação de culturas e retorno econômico. O sistema de rotação deve priorizar que a cultura antecessora, preferencialmente, tenha baixa relação C/N em sua palhada. Essa relação C/N da palhada tem grande influência no manejo, uma vez que em virtude da mesma o parcelamento das cobertura de nitrogênio podem ser em número de duas ou três. A aplicação de cobertura deve ser feita sempre através do monitoramento dos estádios fenológicos responsivos, bem como buscar condições ideais de umidade do solo. Além disso, o uso da fixação biológica de nitrogênio por Azospirillum brasiliense pode ser inserida no sistema, pois apresenta resultados positivos para a produtivade.