Estimativa dos índices de pneumonia, pela tosse, e de rinite atrófica, por espirros, em suínos

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Transcrição:

Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.53, n.2, p., 2001 Estimativa dos índices de pneumonia, pela tosse, e de rinite atrófica, por espirros, em suínos [Estimating of pneumonia by coughing and atrophic rhinitis by sneezing indices in swine] N. Morés 1, W. Barioni Junior 1, J. Sobestansky 2, O.A. Dalla Costa 1, I.A. Piffer 1, D.P. Paiva 1, R. Guzzo 1, J.B.S. Coimbra 3 1 Centro Nacional de Pesquisa em Suínos e Aves - Embrapa Caixa Postal 21 89700-000 Concórdia, SC 2 Departamento de Suinocultura - UFGO - Goiânia, GO 3 Emater, RS. RESUMO Realizou-se um estudo em 64 granjas de suínos na região sul do Brasil entre julho de 1995 e março de 1997 com o objetivo de estimar o índice de pneumonia (IP) e o índice de rinite atrófica (IRA), por meio da contagem dos sinais clínicos de tosse e espirro, respectivamente, em suínos em crescimentoterminação. Em cada granja, um lote com cerca de 60 suínos foi acompanhado desde o alojamento na fase de crescimento até o abate. Tosse e espirro foram contados em quatro oportunidades (30, 50 e 80 dias após o alojamento e 1 a 3 dias antes do abate). Em cada oportunidade foram feitas três contagens de dois minutos cada e o percentual de tosse e espirro para cada lote foi calculado pela média das três contagens em relação ao tamanho do lote. No abate, os suínos foram avaliados quanto à freqüência e severidade de lesões de hepatização pulmonar e de rinite atrófica nos cornetos nasais para cálculo do IP e do IRA, respectivamente. Os dados foram submetidos às análises de correlação de Pearson e de regressão simples para ajuste da equação de predição do IP em relação à porcentagem de tosse e do IRA em relação à porcentagem de espirro. As equações obtidas foram: IPe = 0,35 + (0,11* % de tosse) com R 2 = 0,45 e IRAe = 0,36 +( 0,065 % de espirro) com R 2 = 0,36. Conclui-se que é possível utilizar o método de contagem de tosse e espirro na fase de crescimento-terminação para estimar, respectivamente, o IP e o IRA. Palavras-chave: Suíno, doença respiratória, tosse, espirro, pneumonia, rinite atrófica ABSTRACT A study in 64 swine herds was carried out in order to estimate the pneumonia index (PI) and the atrophic rhinitis index (ARI) through the quantification of coughing and sneezing in growing-finishing pigs. In each herd, 60 pigs were evaluated from lodging in the growing-finishing phase up to slaughter. The amount of coughing and sneezing episodes was counted in four opportunities (30, 50 and 80 days after lodging, and three days before slaughter). In each opportunity three counts of two minutes each were made and the percentage of coughing and sneezing was calculated by the average of the three counts in relation to the batch size. At slaughter, for all pig-batches the frequency and severity of lung consolidation and atrophic rinithis were determined and scored. All data were submitted to the Pearson correlation and to the simple regression analyses of the PIe in relationship to the percentage of coughing and ARIe in relationship to the percentage of sneezing. The resulting equation were: PI estimated = 0.35 + (0.11 % of coughing) with R 2 = 0.45, and ARI estimated = 0.36 + (0.065 % of sneezing) with R 2 = Recebido para publicação, após modificações, em 25 de outubro de 2000. E-mail: mores@cnpsa.embrapa.br 1

Morés et al. 0.36. It is concluded that the quantification of coughing and sneezing can be used to estimate ARI and PI indexes in growing-finishing pigs. Keywords: Swine, pneumonia, atrophic rhinitis, cough, sneezing INTRODUÇÃO As doenças respiratórias dos suínos nas fases de crescimento e terminação, representadas pela rinite atrófica e pelas pneumonias, são freqüentes nas criações confinadas em todo o mundo, inclusive no Brasil (Martins et al., 1985b; Sobestiansky et al., 1990; Dalla Costa et al., 1999). Para quantificar a gravidade dessas doenças, geralmente determina-se a freqüência e a gravidade das lesões morfopatológicas encontradas em um lote de animais examinados no abate, e os resultados são expressos em índices: rinite atrófica (IRA) e pneumonia (IP) (Martins et al., 1985a; Brito et al., 1990; Sobestiansky et al., 1990; Piffer & Brito, 1991). Recentemente, Lopez et al. (1998) desenvolveram o programa ProAPA-SUÍNOS que facilita o manuseio dos resultados obtidos ao abate e calcula automaticamente esses índices. Entretanto essa metodologia requer a participação de um veterinário com experiência em avaliações patológicas, além de causar alguns transtornos no transporte, no processo de abate dos animais e, internamente, na rotina normal do frigorífico. Essas limitações têm dificultado que tais avaliações se tornem rotina, para subsidiar a tomada de decisão quanto às medidas de controle. A tosse e o espirro são os sinais clínicos mais representativos da ocorrência de pneumonias e de rinite atrófica, respectivamente. Esses dois sintomas podem ser facilmente quantificados em lotes de suínos por pessoa com o mínimo de treinamento. Morés et al. (1993) e Madec et al. (1998) utilizaram a contagem de tosse e espirro para medir a gravidade dos problemas respiratórios em leitões na fase de creche, mas sem estabeler a correlação com a situação patológica real do aparelho respiratório. O objetivo deste trabalho foi estimar o índice de pneumonia (IPe) e o índice de rinite atrófica (IRAe), por meio de contagem dos sinais clínicos de tosse e espirro, respectivamente, em suínos de crescimento e terminação. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em 64 granjas de suínos localizadas na região sul do Brasil, no período de julho de 1995 a março de 1997, envolvendo rebanhos de ciclo completo, terminadores independentes e terminadores em parceria com agroindústrias integradoras. Em cada granja, um lote com cerca de 60 suínos foi identificado e acompanhado desde o alojamento na fase de crescimento (cerca de 23kg de peso vivo e nove semanas de idade) até o abate (peso médio de 103,8 ±15,6 kg e idade entre 150 e 180 dias), momento em que foram examinados macroscopicamente quanto à ocorrência e severidade de lesões de rinite atrófica e hepatização pulmonar. Os índices (IP e IRA) foram determinados pelo programa ProAPA- SUÍNOS (Lopez et al., 1998). No período de alojamento dos animais, contagens de tosse e espirro foram feitas em quatro oportunidades (30, 50 e 80 dias, aproximadamente, após o alojamento dos suínos na fase de crescimento e 1 a 3 dias antes do abate). Em cada oportunidade foram feitas três contagens de dois minutos cada, após movimentação dos animais por um minuto, no início e entre cada contagem. Acesso de tosse ou espirro em seqüência pelo mesmo animal foi computado como um acesso. Se o mesmo animal reapresentasse o sintoma ele era novamente computado. O percentual de tosse e espirro em cada oportunidade, para cada lote, foi calculado pela média das três contagens em relação ao tamanho do lote, conforme exemplo na Tab. 1. Tabela 1. Exemplo para contagem do número de tosse e espirro em um lote de suínos. Sinal clínico 1 a Contagem 2 a 3 a Média Total de suínos no lote Índice* (%) N o de tosses 5 4 4 4,33 60 7,22 N o de espirros 4 3 4 3,67 60 6,12 *Média das três contagens dividida pelo total de suínos no lote 100 2

Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.53, n.2, p., 2001 Os dados das avaliações clínicas e exames patológicos foram analisados usando o pacote estatístico SAS (1996). Foram feitas a análise descritiva das variáveis, a determinação de correlação de Pearson entre as variáveis, a análise de regressão simples de IP em relação à porcentagem de tosse e de IRA em relação à porcentagem de espirro e o teste t para comparação de médias de tosse e espirro nas categorias de IP e IRA. O IP e o IRA foram categorizados de acordo com Dalla Costa et al. (1999) e os percentuais de tosse e espirro com base na correspondência do IP e IRA, respectivamente, após terem sido estimados pelas respectivas equações, simulando-se porcentagens de tosse e espirro de 0 a 30%. A comparação de freqüência de rebanhos nessas categorias foi feita pela análise de qui-quadrado. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tab. 2 apresenta os valores médios de IP e porcentagem de tosse e de IRA e porcentagem de espirro. Pelo teste t não houve diferença (P>0,05) entre as quatro épocas avaliadas quanto ao percentual de tosse e espirro, embora numericamente a contagem de tosse no D30 tenha sido inferior às demais. A Tab. 3 apresenta os coeficientes de correlação de Pearson entre os exames clínico e patológico. Observa-se que os coeficientes de correlação entre a porcentagem de tosse e os IPs no D30 (0,28) e no D50 (0,49) foram inferiores aos obtidos nas demais épocas avaliadas, os quais ficaram entre 0,66 e 0,68. Com relação à porcentagem de espirro, os coeficientes de correlação com o IRA ficaram entre 0,39 e 0,52 nas quatro épocas avaliadas. Tabela 2. Percentagens de tosse e de espirro em quatro avaliações clínicas e dos índices de pneumonia (IP) e rinite atrófica (IRA) em rebanhos suínos. Variável (%) Média Desvio-padrão Mínimo Máximo Tosse D30 * 2,96 2,68 0 10,65 Tosse D50 3,63 2,75 0 10,48 Tosse D80 4,03 3,01 0 14,94 Tosse abate 3,45 2,75 0,14 10,92 Média de tosse** 3,58 2,18 0,05 8,78 Espirro D30* 6,00 5,01 0 30,10 Espirro D50 5,19 3,87 0 17,41 Espirro D80 4,06 3,22 0 16,67 Espirro abate 4,54 3,31 0 15,87 Média de espirro** 5,14 3,45 0,37 17,42 IP 0,75 0,36 0,04 1,68 IRA 0,70 0,38 0 1,79 *D30 = 30 dias após o alojamento na fase de crescimento **Média das avaliações aos 30, 50 e 80 dias e ao abate. Tabela 3. Coeficiente de correlação entre os índices de lesões de rinite atrófica (IRA) e pneumonia (IP) e as contagens de tosse e espirro nas fase de crescimento e terminação em rebanhos suínos. Avaliação clínica (dias) Avaliação Tosse (%) Espirro (%) patológica D30 D50 D80 Abate Média D30 D50 D80 Abate Média IRA - - - - - 0,52 0,47 0,39 0,52 0,60 IP 0,28 0,49 0,68 0,66 0,67 - - - - - D30 1,00 0,65 0,23 0,23 0,71 1,00 0,34 0,21 0,61 0,81 D50-1,00 0,59 0,37 0,87-1,00 0,74 0,59 0,76 D80 - - 1,00 0,62 0,81 - - 1,00 0,71 0,83 Abate - - - 1,00 0,72 - - - 1,00 0,85 Média - - - - 1,00 - - - - 1,00 O fato de os coeficientes de correlação da porcentagem de tosse com o IP obtidos no D30 (0,28) e no D50 (0,49) serem inferiores aos das demais épocas avaliadas provavelmente ocorreu porque a infecção por Mycoplasma hyopneumoniae com sinal clínico de tosse sucedeu na fase inicial do alojamento dos suínos e as lesões regrediram até o abate. Kobisch et al. (1993), em infecção experimental de leitões com Mycoplasma hyopneumoniae, observaram que a tosse inicia-se duas semanas após a infecção, atinge o pico nas cinco semanas, e após declina 3

Morés et al. gradualmente. Esses mesmos autores encontraram correlação entre a observação de tosse com o desenvolvimento de lesões de pneumonia, as quais resolveram gradualmente com o desaparecimento dos sinais clínicos, com cura completa das lesões entre sete e nove semanas após a infecção. Isso significa que os suínos com sinais de tosse 49 dias antes do abate podem ter as lesões resolvidas por ocasião do exame ao abate. Gardner & Hird (1990) observaram que o risco de tosse e lesões de pneumonia aumentava com a idade e que a prevalência das lesões de pneumonia era baixa em suínos com menos de 16 semanas de idade, mas aumentava rapidamente entre 16 e 22 semanas. Como os leitões no início deste estudo tinham cerca de nove semanas de idade, as contagens de D30 e D50 correspondem, aproximadamente, a 13 e 17 semanas, respectivamente, concordando com as observações de Gardner & Hird (1990). Simon et al. (1994) observaram que as lesões de pneumonia encontradas ao abate são mais correlacionadas com a idade em que os suínos foram afetados do que com a duração média da pneumonia, sendo mais extensivas nos animais infectados numa idade mais avançada. Com relação à rinite atrófica, os leitões podem se infectar em idade precoce ainda na maternidade ou creche, e as lesões geralmente serem progressivas e com pouca possibilidade de resolução. Então, as lesões de cornetos encontradas ao abate são representativas da ocorrência da doença em qualquer idade. Esta, provavelmente, é a razão da similaridade dos índices de espirro obtidos nas quatro avaliações e dos coeficientes de correlação entre os índices de espirro e as lesões dos cornetos nasais ao abate. Na análise de regressão simples para gerar as equações de predição do IP e do IRA utilizou-se o percentual médio das quatro avaliações clínicas. Antes de tomar essa decisão, realizou-se uma análise retirando-se da média geral a avaliação de tosse feita no D30, em função do valor do r ser inferior aos demais. Nessa simulação, verificou-se que o valor do r da média da porcentagem de tosse passou de 0,67 para 0,71, mas os valores da equação gerada não foram alterados em relação à equação obtida com a média das quatro avaliações. Por essa razão, para gerar as equações usou-se a média das quatro épocas avaliadas. Nas Fig. 1 e 2 encontram-se as equações obtidas para estimar o IP e o IRA, respectivamente. Os valores de correlação para porcentagem de tosse e IP (r = 67%) e para porcentagem de espirro e IRA (r = 60%) indicam que os modelos representados pelas equações geradas podem ser usados para estimar o IP e o IRA em lotes de suínos na fase de crescimento-terminação. Com a metodologia usada neste trabalho, tanto o IP como o IRA exprimem a gravidade dessas enfermidades no lote, uma vez que no seu cálculo considera-se tanto a freqüência como a extensão das lesões de hepatização nos pulmões e nos cornetos nasais (Lopez et al., 1998). Straw et al. (1986), utilizando metodologia diferente de contagem de tosse (10 minutos por dia durante 21 dias seguidos), também concluíram que a quantidade de tosse manifestada pelos animais pode ser usada como indicativo da extensão da pneumonia no lote. 1.5 1.5 I P 1.0 0.5 IPe = 0.35 + (0.11 * % de tosse) r = 67% I R A 1.0 0.5 IRAe = 0.36 +( 0.065 * % de espirro) r = 60% 0 2 4 6 8 % m é d i a d e t o s s e 0.0 5 10 15 % m é d i a d e e s p i r r o Figura 1. Correlação entre índice de pneumonia (IP) e % de tosse. Figura 2. Correlação entre índice de rinite atrófica (IRA) e % de espirro. 4

Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.53, n.2, p., 2001 Recentemente, Dalla Costa et al. (1999) definiram categorias de IP e IRA em função de sua gravidade. Esses autores determinaram que valores de IP acima de 0,55 e de IRA acima de 0,50 são indicativos de problemas importantes de pneumonias e rinite atrófica, respectivamente, e indicaram a necessidade de implementar medidas de controle. Com as equações obtidas neste estudo estimaram-se o IP e o IRA de percentuais de severidade de tosse e de espirro de 0 a 30% e, dessa forma, definiram-se também as categorias de gravidade para as porcentagens de tosse e de espirro, fazendo-se a correspondência dessas estimativas com as categorias determinadas por Dalla Costa et al. (1999), conforme pode ser visto na Tab. 4. Tabela 4. Freqüência de rebanhos nas categorias de índice de pneumonia (IP) e de rinite atrófica (IRA) em relação às categorias de tosse e espirro com as respectivas porcentagens médias e erros-padrão (EP). Gravidade das lesões de Categoria de Categoria de % de tosse 2 % média ± EP pneumonia IP 1 < 2,0 2,0 < 6,0 6,0 Total de tosse 3 1. Poucos problemas < 0,55 13 07 01 21 2,28± 0,36 a 2. Problemas moderados 0,55 < 0,90 03 19 01 23 2,98± 0,34 a 3. Problemas graves 0,90 01 14 05 20 4,76± 0,36 b Gravidade das lesões de rinite atrófica Categoria de Categoria de % de espirro 2 IRA 1 < 3,0 3,0 <8,0 8,0 Total % média ± EP de espirro 3 1. Poucos problemas 0,50 10 09 01 20 3,55± 0,62 a 2. Problemas moderados < 0,50 < 0,84 06 15 02 23 4,56± 0,58 a 3. Problemas graves 0,84 01 09 09 19 7,98± 0,64 b 1 Categorias de IP e IRA obtidos de Dalla Costa et al. (1999). 2 Teste do qui-quadrado entre freqüência de rebanhos nas categorias de IP com porcentagem de tosse e entre IRA com porcentagem de espirro (P<0,001). 3 Letras distintas na mesma coluna diferem entre si pelo teste t (P<0,05). Na Tab. 4 observam-se as porcentagens médias de tosse e espirro em cada categoria de IP e IRA, respectivamente. Houve diferença (P< 0,05) entre as médias das categorias 1 e 2 com a 3 tanto para tosse como para espirro, indicando que IP e IRA graves correspondem a elevadas porcentagens de tosse e espirro, respectivamente, mas não houve diferença (P> 0,05) entre as médias das categorias 1 e 2. Em trabalho realizado com leitões na fase de creche, Madec et al. (1998) consideraram problema acentuado quando os índices (%) de tosse e espirro foram superiores a 5,0 e 8,0, respectivamente, assemelhando-se aos índices da categoria problemas graves estimadas na Tab. 4 deste trabalho. Tomando-se o exemplo da Tab. 1, o IP e IRA estimados com as respectivas equações seriam: IPe = 0,35+(0,11 7,22) = 1,14 e IRAe = 0,36+(0,065 6,12) = 0,76. Neste exemplo, com base na Tab. 4, o rebanho seria classificado com problemas graves de pneumonias e problemas moderados de rinite atrófica. A metodologia de contagem de tosse e espirro usada neste estudo é de fácil aplicação e sem custos para os produtores, constituindo-se numa ferramenta importante no acompanhamento de ocorrência de pneumonias e rinite atrófica nos rebanhos suínos. Tal método já foi usado em estudos epidemiológicos para avaliar a gravidade de pneumonias e rinite atrófica em leitões em fase de creche (Morés et al., 1993; Madec et al., 1998) e em fase de crescimento-terninação (Straw et al., 1986) para avaliar a ocorrência de pneumonia. Embora a contagem de tosse realizada ao redor de 50 dias de alojamento dos suínos no crescimento permita uma estimativa mais precisa do IP, na prática, tanto a contagem de tosse como a de espirro podem ser utilizadas para acompanhar os lotes já a partir dos 30 dias do alojamento na fase de crescimento, uma vez que isso possibilita a tomada de medidas de controle antes que o problema se agrave. 5

Morés et al. CONCLUSÃO Conclui-se que é possível utilizar o método de contagem de tosse e espirro para estimar os índices de pneumonia e de rinite atrófica, respectivamente, em suínos nas fases de crescimento-terminação. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRITO, J.R.F., PIFFER, I.A., BRITO, M.A.V.P. et al. Formulação de um índice (IRA) para aplicação na caracterização de rebanhos com rinite atrófica. Concórdia: EMBRAPA-CNPSA, 1990. 5p. (EMBRAPA-CNPSA. Comunicado Técnico, 160). DALLA COSTA, O.A., MORES, N., SOBESTIANSKY, J. et al. Estudos ecopatológicos nas fases de crescimento e terminação: fatores de risco associados à rinite atrófica progressiva e a pneumonias. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE VETERINÁRIOS ESPECIALISTAS EM SUÍNOS, 9, 1999, Belo Horizonte. Anais...Concórdia : EMBRAPA-CNPSA, 1999. p.169-170. GARDNER, I.A., HIRD, D.W. Host determinants of pneumonia in slaughter weight swine. Am. J. Vet. Res., v.52, p.1306-1311, 1990. KOBISCH, M., BLANCHARD, B., Le POTIER, M.F. Mycoplasma hyopneumoniae infection in pigs: duration of the disease and resistance to reinfection. Vet. Res., v.24, p.67-77, 1993. LOPEZ, A.C., SOBESTIANSKY, J., MORES, N. ProAPA- SUÍNOS: Programa para avaliação patológica no abate de uínos, guia do usuário. Concórdia: EMBRAPA-CNPSA, 1998. 64p. (EMBRAPA-CNPSA. Documentos, 49). MADEC, F., BRIDOUX, N., BOUNAIX, A. et al. Measurement of digestive disorders in piglet at weaning and related risk factors. Prev. Vet. Med., v.35, p.53-72, 1998. MARTINS, E., SCARSI, R.M., PIFFER, I.A. Classificação macroscópica dos graus de atrofia dos cornetos na rinite atrófica dos suínos. Concórdia: EMBRAPA-CNPSA, 1985a. 3p. (EMBRAPA-CNPSA. Comunicado Técnico, 93). MARTINS, E., SCARSI, R.M., BRITO, J.R.F. et al. Rinite atrófica dos suínos: Estudos morfológicos e relação das alterações nasais com pneumonia. In: Congresso Latino de Veterinários Especialistas em Suínos, 2, 1985, Rio de Janeiro. Anais... Concórdia: EMBRAPA-CNPSA, São Paulo: Gessulli Editores, 1985b. p.101. MORÉS, N., BARIONI Jr., W., SOBESTIANSKY, J. et al. Fatores de risco associados a diarréia pós-desmame em leitões em Santa Catarina Brasil. In: Congresso Brasileiro de Veterinários Especialistas em Suínos, 6, 1993, Goiânia. Anais... Goiânia: ABRAVES, 1993. p.80. PIFFER, I.A., BRITO, J.R.F. Descrição de um modelo para avaliação e quantificação de lesões pulmonares de suínos e formulação de um índice para classificação de rebanhos. Concórdia: EMBRAPA/CNPSA, 1991. 16p. (EMBRAPA - CNPSA. Documentos, 23). SAS Institute. SAS for windows, release 6.12, Cary: SAS Institute Inc., 1996 1CD Rom). SIMON, X., SITJAR, M., NOYES, E. et al. Relationship between liftime pneumonia lesions, slaughter volumetric and superficial lung lesions and productive parameters in pigs. In: International Pig Veterinary Society Congress, 13, 1994, Bangkok. Proceedings...Bangkok: IPVS, 1994. p.132. SOBESTIANSKY, J. PIFFER, I.A., FREITAS, A.R. Prevalência de rinite atrófica e de pneumonia em granjas associadas a sistemas de integração de suínos do Estado de Santa Catarina. Pesq. Vet. Bras., v.10, p. 23-26: 1990. STRAW, B.E., HENRY, S.C., SCHULTZ, R.S. et al. Clinical assessment of pneumonia levels in swine through measurement of the amount of coughing. In: INTERNATIONAL PIG VETERINARY SOCIETY CONGRESS, 8, 1986, Barcelona. Proceedings... Barcelona: IPVS, 1986. p.275. 6