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Transcrição:

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ÍNDICE: I A CANOCICIDADE DA BÍBLIA Pág.01 1. Definição de canonicidade Pág.01 2. Descobrindo a canonicidade Pág.02 3. Aplicando princípios de canonicidade Pág,03 4. Conclusão Pág.04 II O CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO Pág.04 1. Considerações preliminares Pág.04 2. A história da formação do cânon do Antigo Testamento Pág.05 3. O que significam os termos canônico, apócrifo e pseudo-epígrafo Pág.06 4. Cânon hebraico, católico e protestante do Antigo Testamento Pág.06 5. Provas da supremacia e autenticidade do cânon hebraico sobre o grego Pág.07 I A CANONICIDADE DA BÍBLIA: Canonicidade (do grego kanon, regra ou norma) diz respeito aos livros normativos ou autorizados inspirados por Deus para inclusão nas Escrituras Sagradas. A canonicidade é determinada por Deus. Não são a antiguidade, a autenticidade ou a comunidade religiosa que tornam um livro canônico ou autorizado. Um livro é valioso porque é canônico, e não é canônico porque é ou foi considerado valioso. Sua autoridade é estabelecida por Deus e simplesmente descoberta pelo povo de Deus. 1. Definição de canonicidade: A diferença entre a determinação de Deus e a descoberta humana é essencial para a visão correta da canonicidade, e deve ser feita cuidadosamente: Na visão incorreta a autoridade das Escrituras é baseada na autoridade da igreja; a visão correta é que a O relacionamento de autoridade entre a igreja e o cânon Posição incorreta sobre o cânon Posição correta sobre o cânon A igreja determina o cânon A igreja descobre o cânon A igreja é mãe do cânon A igreja é filha do cânon A igreja é magistrada do cânon A igreja é ministra do cânon A igreja regula o cânon A igreja reconhece o cânon A igreja é juíza do cânon A igreja é testemunha do cânon A igreja é mestra do cânon A igreja é serva do cânon autoridade da igreja deve ser encontrada na autoridade das Escrituras. A visão incorreta coloca a igreja acima do cânon, ao passo que a posição apropriada vê a igreja sob o cânon. Na verdade, se na coluna intitulada visão incorreta a palavra igreja for substituída por Deus, a visão adequada do cânon surge claramente. Foi Deus quem regulou o cânon; o homem apenas reconheceu a autoridade divina que Deus deu ao cânon. Deus determinou o cânon, e o homem o descobriu. Louis Gaussen dá um resumo excelente dessa posição: Nessa questão, então, a igreja é serva e não senhora; repositório, e não juíza. Ela exercita o cargo de ministra, não de magistrada [...] Dá testemunho, não sentencia. Discerne o cânon das Escrituras, não o cria; reconhece-o, não o autentica [...] A autoridade das Escrituras não é fundada, assim, na autoridade da igreja. É a igreja que é fundada na autoridade das Escrituras (Gaussen, p.137). Página 1 este trabalho comprando as apostilas ou mesmo através de doações voluntárias.

2. Descobrindo a canonicidade: Métodos adequados devem ser empregados para descobrir que livros Deus determinou serem canônicos. Senão, a lista de livros canônicos seria variada e identificada incorretamente. Muitos procedimentos usados no estudo do cânon do Antigo Testamento foram prejudicados pelo uso de métodos falhos. Critérios inadequados de canonicidade. Cinco métodos errados afligiram especificamente a igreja (Beckwith, p.7-8): 1. Incapacidade de distinguir um livro que era conhecido de um livro que tinha a autoridade divina. 2. Incapacidade de distinguir conflitos sobre o cânon entre grupos diferentes de incerteza sobre o cânon dentro desses grupos. 3. Incapacidade de distinguir entre o acréscimo de livros ao cânon e a remoção de livros dele. 4. Incapacidade de distinguir entre o cânon que a comunidade reconhecia e as opiniões excêntricas de indivíduos. 5. Incapacidade de usar adequadamente a evidência judaica sobre o cânon transmitido por mãos cristãs quer por negar as origens judaicas, quer por ignorar o meio cristão pelo qual ele foi transmitido. Princípios de canonicidade. Admitido o fato de que Deus concedeu autoridade e, daí, canonicidade à Bíblia, surge outra questão: Como os crentes tomaram conhecimento do que Deus fizera? Os próprios livros canônicos aceitos da Bíblia referem-se a outros livros que não estão mais disponíveis, por exemplo, o Livro dos Justos (Js.10.13) e o Livro das Guerras do SENHOR (Nm.21.14). E ainda há os livros apócrifos e os chamados livros perdidos. Como os pais da igreja sabiam que eles não eram inspirados? Por acaso João (21.25) e Lucas (1.1) não mencionaram uma profusão de literatura religiosa? Não havia epístolas falsas (2Ts.2.2)? Quais marcas de inspiração guiaram os pais apostólicos enquanto identificavam e coletavam os livros inspirados? Talvez o próprio fato de alguns livros canônicos serem questionados periodicamente, com base em um ou outro princípio e a precaução dos pais no seu reconhecimento da canonicidade. Oferece certeza de que o povo de Deus realmente incluiu os livros que Deus queria. Cinco questões fundamentais estão no centro do processo da descoberta: 1º) O Livro foi escrito por um profeta de Deus? 2º) O autor foi confirmado pelos atos de Deus? 3º) A mensagem diz a verdade sobre Deus? 4º) Ele veio com poder de Deus? 5º) Ele foi aceito pelo povo de Deus? Vários séculos se passaram antes de todos os livros do cânon serem reconhecidos. A comunicação e o transporte eram lentos, então demorava tempo para os crentes do Ocidente estarem completamente cientes das evidências de livros que haviam circulado primeiro no Oriente, e vice-versa. Antes de 313 d.c. a igreja enfrentou perseguições freqüentes que não permitira espaço para pesquisa, reflexão e reconhecimento. Logo que isso se tornou possível, pouco tempo se passou antes de haver conhecimento geral de todos os livros canônicos pelos concílios regionais de Hipona (393) e Cartago (397). Não havia a necessidade grande de precisão até que surgiu um conflito. Marcião publicou seu cânon gnóstico, com apenas Lucas e dez das epístolas de Paulo, na metade do século II. Epístolas e evangelhos falsos apareceram durante os séculos II e III. Já que esses livros afirmavam ter autoridade divina, a igreja universal precisou definir os limites do cânon, autêntico e inspirado, que já se conhecia. Página 2 este trabalho comprando as apostilas ou mesmo através de doações voluntárias.

3. Aplicando princípios de canonicidade: MINISTÉRIO TEOLOGIA PARA TODOS Para não dar a impressão de que esses princípios foram aplicados explícita e mecanicamente por uma comissão, são necessárias algumas explicações. Como é que os princípios operavam na consciência da igreja cristã primitiva? Apesar da questão do descobrimento do cânon estar centrada igualmente no Antigo Testamento e no Novo Testamento, J.N.D. Kelly discute esses princípios conforme aplicados ao cânon do Novo Testamento. Ele escreve: A questão principal a se observar é que a fixação da lista de livros finalmente reconhecidos e da ordem em que deveriam ser dispostos foi resultado de um processo bem gradual [...] Devem-se assinalar três aspectos desse processo. Primeiro, o critério que veio a prevalecer em última instância foi o da apostolicidade. Se não fosse provado que um livro era de autoridade de um apóstolo ou que, pelo menos tinha o suporte da autoridade de um apóstolo, ele era terminantemente rejeitado, por mais que fosse edificante ou popular entre os fiéis. Segundo, houve certos livros que durante muito tempo estiveram na iminência de ser incluídos no cânon, mas que no final deixaram de garantir sua admissão, geralmente por que lhes faltava essa marca indispensável [...] terceiro, alguns dos livros que mais tarde foram incluídos tiveram de aguardar um tempo considerável antes de obter reconhecimento universal [...] Gradualmente, contudo, a igreja, quer do Oriente quer do Ocidente, foi chegando a um denominador comum quanto a seus livros sagrados. O primeiro documento oficial que prescreve como canônicos apenas os vinte e sete livros de nosso Novo Testamento é a Carta de Páscoa que Atanásio escreveu no ano de 367, mas o processo não se completou em todos os lugares senão um século e meio mais tarde. (Doutrinas Centrais da Fé Cristã, p.44). 1º) Alguns princípios são implícitos e outros são explícitos: Todos os critérios de inspiração são necessários para demonstrar a canonicidade de cada livro. As cinco características devem pelo menos estar presentes implicitamente, apesar de algumas prevalecerem sobre outras. Por exemplo, a dinâmica do poder capacitador de Deus é mais óbvia nas epístolas do Novo Testamento que nas narrativas do Antigo Testamento. A autoridade de Assim diz o Senhor é mais evidente nos profetas que na poesia. Isso não quer dizer que a autoridade não esteja presente nas seções poéticas, nem que não haja dinâmica na história redentora. Significa que os pais nem sempre encontraram todos os princípios operando explicitamente. 2º) Alguns princípios são mais importantes que outros: Alguns critérios de inspiração são mais importantes que outros, pelo fato de a presença de um subentender o outro, ou ser uma chave para os outros. Por exemplo, se um livro possui autoridade divina, ele será dinâmico acompanhado pelo poder transformador de Deus. Na verdade, quando a autoridade estava inegavelmente presente, as outras características de inspiração eram automaticamente pressupostas. Entre os livros do Novo Testamento a aprova de apostolicidade, sua natureza profética, era considerada uma garantia de inspiração (B.B.Warfield, The inspiration and authority of the Bible, p.415). Se a qualidade profética pudesse ser comprovada, só isso fundamentava o livro. No sentido geral, os pais da igreja só estavam explicitamente preocupados com a apostolicidade e autenticidade. As características edificantes e a aceitação universal de um livro eram pressupostas, a não ser que alguma dúvida sobre as duas primeiras perguntas forçasse uma reavaliação dos testes. Isso aconteceu com 2Pedro e 2João. A evidência positiva dos três primeiros princípios surgiu vitoriosa. Página 3 este trabalho comprando as apostilas ou mesmo através de doações voluntárias.

3º) O testemunho do Espírito Santo: O reconhecimento da canonicidade não era uma simples questão mecânica resolvida por um sínodo ou concílio eclesiástico. Era um processo providencial direcionado pelo Espírito de Deus à medida que ele testemunhava para a Igreja sobre a realidade da palavra de Deus. As pessoas não podiam identificar a palavra enquanto o Espírito Santo não abrisse seu entendimento. Jesus disse: As minhas ovelhas ouvem a minha voz. (Jo.10.27). Isso não quer dizer que o Espírito Santo tenha falado misticamente em visões para resolver questões de canonicidade. O testemunho do Espírito Santo os convenceu da realidade de que o cânon inspirado por Deus existia, não de sua extensão (Sproul, p.337-54). A fé se uniu a ciência; princípios objetivos foram usados, mas os pais sabiam que as obras haviam sido usadas nas suas igrejas para mudar vidas e ensinar corações pelo Espírito Santo. Esse testemunho subjetivo se uniu a evidência objetiva na confirmação do que era Palavra de Deus. 4. Conclusão: É importante distinguir entre a determinação e a descoberta da canonicidade. Deus é o único responsável por determinar; o povo de Deus é responsável por descobrir. O fato de um livro ser canônico é devido à inspiração divina. Sabe-se que um livro é canônico devido ao processo de reconhecimento humano. O livro foi: 1) Escrito por um porta-voz de Deus; 2) Que foi confirmado por um ato de Deus; 3) Disse a verdade; 4) No poder de Deus; 5) Foi aceito pelo povo de Deus. Se um livro tinha o primeiro sinal claramente, a canonicidade geralmente era dada. Os contemporâneos de um profeta ou apóstolo faziam à confirmação oficial. Os pais da igreja mais recentes investigaram a profusão de literatura religiosa para reconhecer oficialmente quais livros eram divinamente inspirados da forma citada por Paulo em 2Timóteo 3.16. II O CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO: O cânon protestante do Antigo Testamento (composto pelos trinta e nove livros conhecidos pela Bíblia protestante) é exatamente igual ao cânon hebraico massorético. O cânon massorético é a Bíblia hebraica em sua forma definitiva, vocalizada e acentuada pelos massoretas. A ordem dos livros, entretanto, segue a da Vulgata e da Septuaginta. 1. Considerações preliminares: Mas como foram escolhidos os trinta e nove livros que compõem o Velho Testamento? a) Os autores sagrados ao receberem as revelações da parte de Deus, as comunicavam verbalmente, contudo foram também orientados a registrarem de forma escrita algumas daquelas mensagens, para que ficassem para a posteridade. (Ex 17:14; Ex 24; 4 e 7; Ex 34:27-28; Nm 33:2; Dt 31;22-24; Js 1:8; I Rs 4:1-3; I Cr 29:29; Is 30:8; Jr 30:2; Jr 36:2-4; At 7:38). Muitos homens usados por Deus no tempo do Velho Testamento nada escreveram, por outro lado muitos outros escreveram literatura religiosa nesta época, embora não tenham recebido orientação Divina para isto. Houve tempos, portanto onde circulavam juntos, livros religiosos sagrados e não sagrados, lidos e manuseados pelo povo. Página 4 este trabalho comprando as apostilas ou mesmo através de doações voluntárias.

b) O cânon, ou seja, o grupo de livros sagrados, não foi meramente o produto de uma decisão conciliar, em um determinado momento histórico, mas sim um gradual reconhecimento pelos judeus da autoridade Divina presente em alguns livros então escritos. Esta coleção de livros acabou sendo posteriormente aprovada, agrupada e fixada pelo concílio da Igreja. A Igreja "canonizou", de uma certa forma o que já estava canonizado. c) Alguns princípios serviram de guia para a determinação da canonicidade de um livro pela Igreja primitiva: 1) Tem autoridade divina? É um assim diz o Senhor? 2) Foi escrito por um homem de Deus? É autêntico? 3) Tem poder para transformar as vidas?; 4) Foi aceito pelo povo de Deus, lido e usado como regra de vida e fé? d) Com certeza o mais precioso e verdadeiro teste de canonicidade é o testemunho que o espírito santo dá à autoridade de sua própria palavra, provocando uma resposta de reconhecimento, fé e submissão no coração do servo de Deus. A canonicidade não era uma qualidade "atribuída" aos livros por testes humanos, como quer afirmar a igreja católica, pois como exemplo, quando uma criança reconhece seu pai em uma multidão, não lhe acrescenta nenhuma qualidade de parentesco, mas apenas confirma um relacionamento intenso já existente. 2. A história da formação do cânon do Antigo Testamento: Os primeiros livros reconhecidos como sagrados foram os compõem a Lei (Ne.8.1; Sl.119). Veja quão cedo foi esta aprovação e uso em Josué 1.7-8. A Lei, entretanto foi esquecida com o passar do tempo, levando o povo à idolatria e ao pecado em Israel, até que foi novamente encontrada durante o reinado de Josias, trazendo gozo e quebrantamento à nação por volta de 620 a.c. (2Cr.34.14-33). A seguir muitas das profecias registradas, provaram ser divinas pelo seu fiel cumprimento e então foram aceitas como "inspiradas" e "canônicas" (Jr.36:6; Zc.1.4-6; Zc.7.7; Dn.9.1). O terceiro grupo de livros aceitos como sagrados foram os "escritos", compostos e aceitos em tempos diversos (Lc.24.44). Na época do chamado "silêncio profético" (após 400 a.c.), muitos livros históricos e poéticos circulavam entre os judeus. Entre estes, alguns eram reconhecidamente sagrados, outros reconhecidamente espúrios, e uns poucos duvidosos quanto à sua natureza. Para este julgamento, os judeus usaram alguns critérios: 1) Está o conteúdo deste livro em conformidade doutrinária com a Lei? 2) É fiel historicamente? 3) Foi escrito até o tempo do profeta Malaquias? Considerava-se que Deus falara até o profeta Malaquias, e depois disto viera o "silêncio profético". Foi neste tempo, por volta do ano 250 a.c., que um grupo de 70 sábios judeus, na cidade egípcia de Alexandria, ao traduzir o cânon hebraico para o grego, adicionou à Lei e aos Profetas já reconhecidos como sagrados mais alguns livros sobre os quais não se tinha ainda chegado a uma definitiva conclusão com respeito à sua canonicidade. Esta versão chamou-se "Septuaginta". Só mais tarde aqueles livros de caráter duvidoso foram considerados espúrios pelos judeus, mas o cânon da Septuaginta já era consagrado e usado por muitos grupos religiosos. No ano 90 a.d., no concílio de Jâmnia, os judeus definitivamente rejeitaram a canonicidade dos livros apócrifos e fixam o seu cânon. Aqui, no entanto já claramente reconhecemos dois cânones espalhados pelo mundo, o judeu e o grego, a Septuaginta. Jerônimo, entre 385 e 405 a.d., traduziu para o latino cânon da Septuaginta e esta era a versão universal católico-romana (Vulgata Latina). Na reforma, Lutero foi ao hebraico, e surpreendeu-se não encontrando ali os apócrifos, fazendo então uma nova versão para o alemão, do cânon judaico. Em 1546, no concílio de Trento, como contra-reforma, a Igreja Católica confirmou o cânon da Vulgata Latina e emitiu anátemas contra a sua rejeição. Página 5 este trabalho comprando as apostilas ou mesmo através de doações voluntárias.

3. O que significam os termos canônico, apócrifo e pseudo-epígrafo: Cânon: É palavra grega e significa uma regra, vara de medir, cana. Cânon neste sentido então, refere-se aos livros que se conforma com as regras ou padrões da inspiração e autoridades divinos (Gl.6.16). Foi a Igreja, guiada por Deus, que de certo modo reconheceu o cânon, após longos debates. Assim a Igreja canonizou os livros sagrados, submetendo-os às regras ou padrões para verificar sua real inspiração. Nas Escrituras hebraicas os livros canônicos são 24, mas são os mesmos 39 de nosso novo Antigo Testamento, apenas agrupados de forma diferente. A Igreja Católica, contudo acrescenta ao seu Antigo Testamento outros 14 livros ou pedaços de livros. Apócrifos: Quer dizer ocultos ou espúrios. São 14 livros ou pedaços de livros que fazem parte do cânon católico, mas não são aceitos como sagrados pelos judeus e protestantes, tendo, contudo alto valor histórico. Foram incluídos como se fossem sagrados, quando foi efetuada a versão grega do Antigo Testamento (Septuaginta), mas considerados espúrios posteriormente pelos judeus, daí surgindo o termo que, no entanto só ganhou ênfase, na redescoberta destes fatos, durante o período da Reforma. Como contra-reforma a igreja católica se manteve fiel ao cânon da Septuaginta e os chamou livros Deuterocanônicos (canônicos da 2ª época). São eles: Tobias; Judite; Ester 10.4-16.24; Sabedoria de Salomão; Eclesiástico; Baruque; 1 e 2Macabeus; Adições ao livro de Daniel (os três jovens da fornalha, Bel e o Dragão, a história de Suzana); Oração de Manasses; 3 e 4Esdras. Pseudo-Epígrafos: São os livros religiosos e apocalípticos, escritos com a pretensão de serem sagrados, no entanto, nem discutidos como tais o foram, sendo por todos (judeus, católicos e protestantes) rejeitados. Ex: Apocalipse de Sofonias, de Zacarias, de Esdras. Enoque, Os doze Patriarcas, etc. 4. Cânon hebraico, católico e protestante do Antigo Testamento: Não parece ser dispensável dizer que a ordem de disposição dos livros só tornou-se necessária, possível e clara à medida que um cânon estabelecido substituiu os rolos isoladamente estudados. a) O cânon hebraico é composto de 24 livros, dividido em três grupos: a lei (Torah), os profetas (Nebhim) e os escritos (Kethubim). Esta foi à ordem de aceitação dos livros como canônicos: Torah: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio. Nebhim: Josué, Juízes, Samuel, Reis, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Os doze (os nossos profetas menores). Kethubim: Salmos, Provérbios, Jó (poesia), Cantares, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Éster (os cinco rolos), Daniel, Esdras, Neemias, Crônicas (históricos). Obs: São chamados os cinco rolos porque cada um foi escrito em um rolo para ser lido nas festividades judaicas: Cantares na Páscoa, Rute no Pentecostes, Eclesiastes na festa dos Tabernáculos, Éster no Purim e Lamentações no aniversário da destruição de Jerusalém. b) O cânon católico é o mesmo da Septuaginta. Divide os livros do Antigo Testamento em quatro grupos: Lei, História, Poesia, Profecia. Acrescenta ao conteúdo canônico hebraico, os livros apócrifos, sendo ao todo 46 livros: Lei: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio. Históricos: Josué, Juízes, Rute, 1 e 2Samuel, 1 e 2Reis, 1 e 2Crônicas ou Paralipômeros, Esdras, Neemias, Tobias, Judite, Éster, 1 e Página 6 este trabalho comprando as apostilas ou mesmo através de doações voluntárias.

2Macabeus. Poéticos: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares, Sabedoria, Eclesiástico. Proféticos: Isaías, Jeremias, Lamentações, Baruque, Ezequiel, Daniel, Amós, Oséias, Joel, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias. Em algumas versões antigas, Samuel e Reis são apresentadas como 1, 2, 3 e 4Reis e Esdras e Neemias como 1 e 2 Esdras. c) O cânon protestante possui o mesmo conteúdo do cânon hebraico, porém distribuídos em 39 livros diferentes, seguindo, no entanto classificação idêntica ao cânon católico. Assim: Lei: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio. Históricos: Josué, Juízes, Rute, 1 e 2Samuel, 1 e 2Reis, 1 e 2Crônicas, Esdras, Neemias, Éster. Poéticos: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cantares. Proféticos: Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias. 5. Provas da supremacia e autenticidade do cânon hebraico sobre o grego: a) Devido à universalidade do grego, a versão da Septuaginta era aquela que provavelmente manuseavam Jesus e seus apóstolos, no entanto não há em todo Novo Testamento nenhuma citação de qualquer livro apócrifo. (Lucas 24.44). b) O concílio dos estudiosos judeus em Jâmnia não os reconheceu. (90 a.d.) c) O historiador Flávio Josefo (90 a.d.), escrevendo em grego para gregos diz: Porque nós não temos (isto é, como os gregos) miríades de livros discordantes e contraditórios entre si, mas apenas vinte e dois..., justamente aceitos. Cinco são os livros de Moisés, que compreendem as leis e as tradições da origem da humanidade até a morte dele. Os profetas que foram depois de Moisés escreveram em treze livros o que sucedera no tempo em que viveram. Os quatro livros restantes encerram hinos a Deus e preceitos para a conduta do homem. Contra Apion, 1, 8. d) O prólogo do livro apócrifo Eclesiástico (180 a.c.) diz: Muitos e excelentes treinamentos nos foram transmitidos pela Lei, pelos profetas, e por outros escritores que vieram depois deles, o que torna Israel digno de louvor por sua doutrina e sua sabedoria, visto que não somente os autores destes discursos tiveram de ser instruídos, mas também os próprios estrangeiros se podem tornar (por meio deles) muito hábeis tanto para falar como para escrever. Por isso, Jesus, meu avô, depois de se ter aplicado com grande cuidado à leitura da Lei, dos profetas e dos outros livros que nossos pais nos legaram, quis também escrever alguma coisa acerca da doutrina e da sabedoria... Eu vos exorto, pois a ver com benevolência e a empreender esta leitura com uma atenção particular e a perdoar-nos, se alguma vez parecer que, ao reproduzir este retrato da soberania, somos incapazes de dar o sentido (claro) das expressões. Este prólogo é um auto-reconhecimento da falibilidade humana. e) Os pais da Igreja os rechaçaram: Orígenes (254 a.d.) - Tertuliano (250 a.d.). Mesmo Jerônimo (400 a.d.) rechaçou estes livros apócrifos, os quais foram acrescentados à sua Vulgata Latina após a sua morte. f) Só em 1546, no concilio de Trento como contra-reforma, a igreja católica reconhece oficialmente os apócrifos como canônicos, após a tradução de Lutero. A comunidade judaica nunca mudou de opinião a respeito dos livros apócrifos. Alguns cristãos têm sido menos rígidos e categóricos; mas, seja qual for o valor que se lhes atribui, fica evidente que a igreja como um todo nunca aceitou os livros apócrifos como Escrituras Sagradas. BIBLIOGRAFIA: - Merece Confiança o Antigo Testamento - Gleason L Archer Jr. - Conheça Melhor o Antigo Testamento - Stanley A.Ellisen. Página 7 este trabalho comprando as apostilas ou mesmo através de doações voluntárias.