Romantismo no Brasil: 3ª geração A poesia social. Literatura brasileira 2ª EM Prof.: Flávia Guerra

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Transcrição:

Romantismo no Brasil: 3ª geração A poesia social Literatura brasileira 2ª EM Prof.: Flávia Guerra

Castigo de escravo, Jacques Arago, 1839 A humanidade pode tolerar a submissão de todo um povo? Essa é a pergunta que fazem os poetas da terceira geração. Conscientes da sociedade em que vivem, eles se interessam mais pelo conflito entre liberdade escravidão do que pela idealização amorosa.

Uma nação em busca de ordem Desde 1840, o país era governado pelo imperador D. Pedro II. Revoltas por todo o território nacional. Expansão da cultura do café aumentou a necessidade de mão de obra. Crescimento da cultura urbana. Emancipacionistas, abolicionistas e escravistas.

O Condoreirismo: a poesia clama por liberdade Inspirados pelos princípios libertários defendidos por Victor Hugo, poetas como Castro Alves, Pedro Luís e Sousândrade escreveram sobre o horror da escravidão e outros temas sociais. Victor Hugo recomendava: a arte de hoje não deve buscar apenas o belo, mas sobretudo o bem. Assim como Victor Hugo havia feito com a águia, o condor, ave da Cordilheira do Andes capaz de voar em altitudes bem altas, é escolhido como símbolo da liberdade.

O projeto literário da terceira geração A poesia, até então, expressão subjetiva de um sentimentalismo exacerbado, torna-se o instrumento de causa social: a libertação dos escravos. O projeto literário da terceira geração romântica é denunciar, por meio da poesia, as injustiças sociais.

Os agentes do discurso Os condoreiros participavam apaixonadamente dos debates sociais. Literatura mais engajada e consciente do contexto brasileiro.

A poesia da terceira geração e o público Os poetas condoreiros procuravam atingir um público mais numeroso. Para isso, vão aos teatros, às sacadas dos jornais, praças públicas. É o poetaorador.

Linguagem: a oratório emocionada Composta para ser declamada, a poesia condoreira faz uso intenso de vocativos e exclamações, reticências e interrogações. Outro aspecto é o gosto pelas imagem exageradas, hiperbólicas. Leia estrofe de Vozes d África, de Castro Alves: Deus! ó Deus! onde estás que não respondes? Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes Embuçado nos céus? Há dois mil anos te mandei meu grito, Que embalde desde então corre o infinito... Onde estás, Senhor Deus?...

Castro Alves: o último dos poetas românticos Tragédia no lar [...] Leitor, se não tens desprezo De vir descer às senzalas, Trocar tapetes e salas Por um alcouce cruel, Que o teu vestido bordado Vem comigo, mas... cuidado... Não fique no chão manchado, No chão do imundo bordel. Não venhas tu que achas triste Às vezes a própria festa. Tu, grande, que nunca ouviste Senão gemidos da orquestra Por que despertar tu'alma, Em sedas adormecida, Esta excrescência da vida Que ocultas com tanto esmero? Não venham esses que negam A esmola ao leproso, ao pobre. A luva branca do nobre Oh! senhores, não mancheis... Os pés lá pisam em lama, Porém as frontes são puras Mas vós nas faces impuras Tendes lodo, e pus nos pés.

Existe um povo que a bandeira empresta P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!... E deixa-a transformar-se nessa festa Em manto impuro de bacante fria!... Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta, Que impudente na gávea tripudia? Silêncio. Musa... chora, e chora tanto Que o pavilhão se lave no teu pranto!... Auriverde pendão de minha terra, Que a brisa do Brasil beija e balança, Estandarte que a luz do sol encerra E as promessas divinas da esperança... O navio negreiro 6ª Tu que, da liberdade após a guerra, Foste hasteado dos heróis na lança Antes te houvessem roto na batalha, Que servires a um povo de mortalha!... Fatalidade atroz que a mente esmaga! Extingue nesta hora o brigue imundo O trilho que Colombo abriu nas vagas, Como um íris no pélago profundo! Mas é infâmia demais!... Da etérea plaga Levantai-vos, heróis do Novo Mundo! Andrada! arranca esse pendão dos ares! Colombo! fecha a porta dos teus mares!

A poesia lírica: erotização feminina O "ADEUS" DE TERESA A vez primeira que eu fitei Teresa, Como as plantas que arrasta a correnteza, A valsa nos levou nos giros seus... E amamos juntos... E depois na sala "Adeus" eu disse-lhe a tremer co'a fala... E ela, corando, murmurou-me: "adeus." Uma noite... entreabriu-se um reposteiro... E da alcova saía um cavaleiro Inda beijando uma mulher sem véus... Era eu... Era a pálida Teresa! "Adeus" lhe disse conservando-a presa... E ela entre beijos murmurou-me: "adeus!" Passaram tempos... sec'los de delírio Prazeres divinais... gozos do Empíreo......Mas um dia volvi aos lares meus. Partindo eu disse "Voltarei!... descansa!..." Ela, chorando mais que uma criança, Ela em soluços murmurou-me: "adeus!" Quando voltei... era o palácio em festa!... E a voz d'ela e de um homem lá na orquestra Preenchiam de amor o azul dos céus. Entrei!... Ela me olhou branca... surpresa! Foi a última vez que eu vi Teresa!... E ela arquejando murmurou-me: "adeus!" S. Paulo, 28 de agosto de 1868.

Sousândrade: a identidade americana Uma das características mais notáveis do poeta se destaca no poema Guesa errante. Em NY, percebe o contexto empresarial de Wall Street. Publica sua maior obra, o poema épico Guesa errante, em que utiliza recursos expressivos, como a criação de neologismos e de metáforas vertiginosas, que só foram valorizados muito depois de sua morte. Em 1877, escreveu: "Ouvi dizer já por duas vezes que o Guesa Errante será lido 50 anos depois; entristeci - decepção de quem escreve 50 anos antes".