Caderno de Direito Penal II Dom Alberto / Nidal Khalil Ahmad. Santa Cruz do Sul: Faculdade Dom Alberto, 2010.

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Transcrição:

Página 2 / 187 A286c AHMAD, Nidal Khalil Caderno de Direito Penal II Dom Alberto / Nidal Khalil Ahmad. Santa Cruz do Sul: Faculdade Dom Alberto, 2010. Inclui bibliografia. 1. Direito Teoria 2. Direito Penal II Teoria I. AHMAD, Nidal Khalil II. Faculdade Dom Alberto III. Coordenação de Direito IV. Título CDU 340.12(072) Catalogação na publicação: Roberto Carlos Cardoso Bibliotecário CRB10 010/10

Página 3 / 187 APRESENTAÇÃO O Curso de Direito da Faculdade Dom Alberto teve sua semente lançada no ano de 2002. Iniciamos nossa caminhada acadêmica em 2006, após a construção de um projeto sustentado nos valores da qualidade, seriedade e acessibilidade. E são estes valores, que prezam pelo acesso livre a todos os cidadãos, tratam com seriedade todos processos, atividades e ações que envolvem o serviço educacional e viabilizam a qualidade acadêmica e pedagógica que geram efetivo aprendizado que permitem consolidar um projeto de curso de Direito. Cinco anos se passaram e um ciclo se encerra. A fase de crescimento, de amadurecimento e de consolidação alcança seu ápice com a formatura de nossa primeira turma, com a conclusão do primeiro movimento completo do projeto pedagógico. Entendemos ser este o momento de não apenas celebrar, mas de devolver, sob a forma de publicação, o produto do trabalho intelectual, pedagógico e instrutivo desenvolvido por nossos professores durante este período. Este material servirá de guia e de apoio para o estudo atento e sério, para a organização da pesquisa e para o contato inicial de qualidade com as disciplinas que estruturam o curso de Direito. Felicitamos a todos os nossos professores que com competência nos brindam com os Cadernos Dom Alberto, veículo de publicação oficial da produção didático-pedagógica do corpo docente da Faculdade Dom Alberto. Lucas Aurélio Jost Assis Diretor Geral

Página 4 / 187 PREFÁCIO Toda ação humana está condicionada a uma estrutura própria, a uma natureza específica que a descreve, a explica e ao mesmo tempo a constitui. Mais ainda, toda ação humana é aquela praticada por um indivíduo, no limite de sua identidade e, preponderantemente, no exercício de sua consciência. Outra característica da ação humana é sua estrutura formal permanente. Existe um agente titular da ação (aquele que inicia, que executa a ação), um caminho (a ação propriamente dita), um resultado (a finalidade da ação praticada) e um destinatário (aquele que recebe os efeitos da ação praticada). Existem ações humanas que, ao serem executadas, geram um resultado e este resultado é observado exclusivamente na esfera do próprio indivíduo que agiu. Ou seja, nas ações internas, titular e destinatário da ação são a mesma pessoa. O conhecimento, por excelência, é uma ação interna. Como bem descreve Olavo de Carvalho, somente a consciência individual do agente dá testemunho dos atos sem testemunha, e não há ato mais desprovido de testemunha externa que o ato de conhecer. Por outro lado, existem ações humanas que, uma vez executadas, atingem potencialmente a esfera de outrem, isto é, os resultados serão observados em pessoas distintas daquele que agiu. Titular e destinatário da ação são distintos. Qualquer ação, desde o ato de estudar, de conhecer, de sentir medo ou alegria, temor ou abandono, satisfação ou decepção, até os atos de trabalhar, comprar, vender, rezar ou votar são sempre ações humanas e com tal estão sujeitas à estrutura acima identificada. Não é acidental que a linguagem humana, e toda a sua gramática, destinem aos verbos a função de indicar a ação. Sempre que existir uma ação, teremos como identificar seu titular, sua natureza, seus fins e seus destinatários. Consciente disto, o médico e psicólogo Viktor E. Frankl, que no curso de uma carreira brilhante (trocava correspondências com o Dr. Freud desde os seus dezessete anos e deste recebia elogios em diversas publicações) desenvolvia técnicas de compreensão da ação humana e, consequentemente, mecanismos e instrumentos de diagnóstico e cura para os eventuais problemas detectados, destacou-se como um dos principais estudiosos da sanidade humana, do equilíbrio físico-mental e da medicina como ciência do homem em sua dimensão integral, não apenas físico-corporal. Com o advento da Segunda Grande Guerra, Viktor Frankl e toda a sua família foram capturados e aprisionados em campos de concentração do regime nacional-socialista de Hitler. Durante anos sofreu todos os flagelos que eram ininterruptamente aplicados em campos de concentração espalhados por todo território ocupado. Foi neste ambiente, sob estas circunstâncias, em que a vida sente sua fragilidade extrema e enxerga seus limites com uma claridade única,

Página 5 / 187 que Frankl consegue, ao olhar seu semelhante, identificar aquilo que nos faz diferentes, que nos faz livres. Durante todo o período de confinamento em campos de concentração (inclusive Auschwitz) Frankl observou que os indivíduos confinados respondiam aos castigos, às privações, de forma distinta. Alguns, perante a menor restrição, desmoronavam interiormente, perdiam o controle, sucumbiam frente à dura realidade e não conseguiam suportar a dificuldade da vida. Outros, porém, experimentando a mesma realidade externa dos castigos e das privações, reagiam de forma absolutamente contrária. Mantinham-se íntegros em sua estrutura interna, entregavam-se como que em sacrifício, esperavam e precisavam viver, resistiam e mantinham a vida. Observando isto, Frankl percebe que a diferença entre o primeiro tipo de indivíduo, aquele que não suporta a dureza de seu ambiente, e o segundo tipo, que se mantém interiormente forte, que supera a dureza do ambiente, está no fato de que os primeiros já não têm razão para viver, nada os toca, desistiram. Ou segundos, por sua vez, trazem consigo uma vontade de viver que os mantêm acima do sofrimento, trazem consigo um sentido para sua vida. Ao atribuir um sentido para sua vida, o indivíduo supera-se a si mesmo, transcende sua própria existência, conquista sua autonomia, torna-se livre. Ao sair do campo de concentração, com o fim do regime nacionalsocialista, Frankl, imediatamente e sob a forma de reconstrução narrativa de sua experiência, publica um livreto com o título Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração, descrevendo sua vida e a de seus companheiros, identificando uma constante que permitiu que não apenas ele, mas muitos outros, suportassem o terror dos campos de concentração sem sucumbir ou desistir, todos eles tinham um sentido para a vida. Neste mesmo momento, Frankl apresenta os fundamentos daquilo que viria a se tornar a terceira escola de Viena, a Análise Existencial, a psicologia clínica de maior êxito até hoje aplicada. Nenhum método ou teoria foi capaz de conseguir o número de resultados positivos atingidos pela psicologia de Frankl, pela análise que apresenta ao indivíduo a estrutura própria de sua ação e que consegue com isto explicitar a necessidade constitutiva do sentido (da finalidade) para toda e qualquer ação humana. Sentido de vida é aquilo que somente o indivíduo pode fazer e ninguém mais. Aquilo que se não for feito pelo indivíduo não será feito sob hipótese alguma. Aquilo que somente a consciência de cada indivíduo conhece. Aquilo que a realidade de cada um apresenta e exige uma tomada de decisão.

Página 6 / 187 Não existe nenhuma educação se não for para ensinar a superar-se a si mesmo, a transcender-se, a descobrir o sentido da vida. Tudo o mais é morno, é sem luz, é, literalmente, desumano. Educar é, pois, descobrir o sentido, vivê-lo, aceitá-lo, executá-lo. Educar não é treinar habilidades, não é condicionar comportamentos, não é alcançar técnicas, não é impor uma profissão. Educar é ensinar a viver, a não desistir, a descobrir o sentido e, descobrindo-o, realizá-lo. Numa palavra, educar é ensinar a ser livre. O Direito é um dos caminhos que o ser humano desenvolve para garantir esta liberdade. Que os Cadernos Dom Alberto sejam veículos de expressão desta prática diária do corpo docente, que fazem da vida um exemplo e do exemplo sua maior lição. Felicitações são devidas a Faculdade Dom Alberto, pelo apoio na publicação e pela adoção desta metodologia séria e de qualidade. Cumprimentos festivos aos professores, autores deste belo trabalho. Homenagens aos leitores, estudantes desta arte da Justiça, o Direito.. Luiz Vergilio Dalla-Rosa Coordenador Titular do Curso de Direito

Página 7 / 187 Sumário Apresentação... 3 Prefácio... 4 Plano de Ensino... 8 Aula 1 Conceito de Crime... 15 Aula 2 Conceito Material... Aula 3 Da Relação de Causalidade... 62 Aula 4 Teoria da Tipicidade... 81 Aula 5 Teoria do Crime Doloso... 100 Aula 6 Modalidades de Culpa... 116 Aula 7 Da Tentativa... 130 Aula 8 Arrependimento Posterior... 142 Aula 9 Erro de Tipo... 152 Aula 10 Erro Provocado por Terceiro... 168 28

Página 8 / 187 Centro de Ensino Superior Dom Alberto Plano de Ensino Identificação Curso: Direito Disciplina: Direito Penal II Carga Horária (horas): 60 Créditos: 4 Semestre: 3º Ementa A Conduta. Ação: teoria causalista, finalista e social da ação. Ausência de conduta. Sujeitos. Omissão. Relação de causalidade. Tipo e Tipicidade. Dolo e Culpa. Antijuridicidade. Causas de Justificação. Culpabilidade. Teoria normativa pura. Excludente de Culpabilidade. Erro de Tipo e Erro de Proibição. Crime Consumado e Crime Tentado. Avaliação da Disciplina. Objetivos Geral: Proporcionar ao aluno a compreensão de cada um dos elementos que compõem o conceito de crime e as causas que excluem o delito, capacitando-o, com isso, a estabelecer um juízo crítico e a relacionar o conteúdo teórico a casos práticos. Específicos: A) Fazer com que o aluno compreenda os elementos que envolvem o crime, por meio do estudo pormenorizado da tipicidade, antijuridicidade e culpabilidade. B) Propiciar ao aluno identificar as causas que excluem o crime, para, ao final, ter capacidade para aplicar a teoria apreendida a casos concretos; C) Demonstrar as circunstâncias que envolvem os crimes dolosos e culposos; C) Proporcionar ao aluno conhecimentos acerca do caminho do crime, desde a fase da ideação até a execução, sem olvidar as hipóteses que envolvem a tentativa do delito, a desistência voluntária, o arrependimento eficaz e o crime impossível; D) Por fim, trazer subsídios para que o aluno possa identificar as hipóteses de erro de tipo e erro de proibição. Horizontal: Direito Constitucional. Inter-relação da Disciplina Vertical: Direito Penal I, III e IV; Processo Penal, Medicina Legal, Direito Administrativo, Direito Civil V(Família), Direito Constitucional. Competências Gerais - Elaboração de textos com informações sobre o Direito Penal, pesquisando a legislação, doutrina e jurisprudência. - Análise, aplicabilidade e a interpretação da lei penal conforme o entendimento da doutrina e jurisprudência - Compreensão das normas e princípios gerais previstos na Parte Geral do Código Penal Brasileiro. - Interpretação jurídica da aplicação do Direito Penal de modo crítico. - Utilização com desenvoltura de expressões técnicas na interpretação dos institutos jurídicos do Direito Penal. - Desenvolvimento de formas judiciais e extrajudiciais de prevenção e solução de conflitos. - Compreensão crítica da função social do Direito Penal. - Conduta ética no julgamento e tomada de decisões. - Busca de soluções harmônicas para as demandas que envolvem o Direito Penal. Competências Específicas Interpretação de textos legais, doutrinários e jurisprudenciais. Utilização de expressões técnicas na interpretação dos institutos jurídicos do Direito Penal. Habilidades Gerais - Elaborar textos com informações sobre o Direito Penal, pesquisando a legislação, doutrina e Missão: "Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento regional.

Página 9 / 187 jurisprudência. - Analisar a aplicabilidade e a interpretação da lei penal conforme o entendimento da doutrina e jurisprudência - Compreender as normas e princípios gerais previstos na Parte Geral do Código Penal Brasileiro. - Conhecer as fontes do Direito Penal para aplicá-las convenientemente. - Interpretação jurídica da aplicação do Direito Penal de modo crítico. - Utilizar com desenvoltura expressões técnicas na interpretação dos institutos jurídicos do Direito Penal. - Desenvolver formas judiciais e extrajudiciais de prevenção e solução de conflitos. - Compreender criticamente a função social do Direito Penal. - Estimular ações reflexivas, críticas e éticas no julgamento e tomada de decisões. - Equacionar problemas e buscar soluções harmônicas para as demandas que envolvem o Direito Penal. Habilidades Específicas Interpretar textos legais, doutrinários e jurisprudenciais sobre o Direito Penal, de forma crítica. Utilizar expressões técnicas na interpretação dos institutos jurídicos do Direito Penal. Compreender criticamente a função social do Direito Penal. Manusear de maneira eficaz o Código Penal. Contextualizar o Direito Penal em relação a outras disciplinas. PROGRAMA Conteúdo Programático 1.1) CONCEITO DE CRIME (breve revisão); 1.2) DO FATO TÍPICO: 1.2.1) Conceito; 1.2.2) Elementos do fato típico; 1.3) CONDUTA: 1.3.1) Conceito, características e elementos, 1.3.2) Teorias da conduta (ou da ação): a) Teoria naturalista ou causal da ação, b) Teoria social da ação, c) Teoria finalista da ação; 1.3.3) Ausência de conduta. 2.1) SUJEITOS DA AÇÃO. 2.1.1) Sujeito ativo. 2.1.2) sujeito passivo 2.2) A OMISSÃO E SUAS FORMAS: 2.2.1) Considerações gerais conceito; 2.2.2) Teorias da omissão. 2.2.3) Crimes omissivos próprios; 2.2.4) Crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão; 2.2.5) Dever jurídico de impedir o resultado hipóteses: a) Ter por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) De outra forma assumir a responsabilidade de impedir o resultado; c) Com o comportamento anterior, criar o risco da ocorrência do resultado; 2.3) RESULTADO: 2.3.1) Conceito; 2.3.2) Teorias: Resultado jurídico e resultado naturalístico; 2.3.3) Crimes materiais, crimes formais e crimes de mera conduta; 2.3.4) Crimes instantâneos e crimes permanentes; 2.3.5) Há crimes sem resultado? 3.1) DA RELAÇÃO DE CAUSALIDADE: 3.1.1) Introdução; 3.1.2) Teoria da Equivalência dos Antecedentes Causais (ou da Conditio sine quo non); 3.1.3) Aplicação da Teoria da Equivalência dos Antecedentes; 3.1.4) Limitações do Alcance da Teoria da Equivalência dos Antecedentes: a) causas (concausas) absolutamente independentes; b) causas relativamente independentes; c) superveniência de causa relativamente independente; 3.2) DA CAUSALIDADE POR OMISSÃO; 3.3) TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA 4.1) TEORIA DA TIPICIDADE: 4.1.1) Noção Introdutória; 4.1.2) O tipo legal e o fato concreto; 4.1.3) Evolução histórica da tipicidade: fases: a) Primeira fase: Independência; b) Segunda fase: caráter indiciário da antijuridicidade; c) Terceira fase: ratio essendi da antijuridicidade; d) Diretriz dominante; e) Tipicidade e antijuridicidade. 4.2) TEORIA DO TIPO: 4.2.1) Conceito e importância do tipo; 4.2.2) Tipicidade Da adequação típica: formas; 4.2.3) Funções do tipo penal; 4.2.4) Elementos do Tipo: a) Elementos objetivos; b) Elementos normativos; c) Elementos subjetivos 5.1) DO TIPO DO CRIME DOLOSO: 5.1.1) Conceito de Dolo; 5.1.2) Teorias do Dolo: a) Teoria da Vontade; b) Teoria da representação; c) Teoria do assentimento. 5.1.3) Elementos do dolo. 5.1.4) Espécies de dolo: a) Dolo Direto e Indireto (ou dolo eventual); b) dolo de dano e de perigo; c) dolo genérico e específico; d) dolo normativo e dolo natural; e) dolo geral (erro sucessivo). 5.2) PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL. 5.3) PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 6.1) DO TIPO DO CRIME CULPOSO: 6.1.1) Conceito; 6.1.2) Elementos do fato típico culposo; 6.1.3) Modalidades de culpa: a) Imprudência; b) Negligência; c) Imperícia. 6.1.4) Espécies de Culpa: a) Culpa consciente; b) Culpa inconsciente; c) Culpa própria e culpa imprópria; 6.1.5) Dolo eventual e culpa consciente; 6.1.6) Concorrência e compensação de culpas. 6.2) DO CRIME PRETERDOLOSO: 6.2.1) Crimes preterdolosos ou preterintencionais; 6.2.2) Nexo Subjetivo e Normativo 7.1) DO CRIME CONSUMADO: 7.1.1) Conceito; 7.1.2) Crime exaurido; 7.1.3) A consumação nas várias espécies de crimes; 7.1.4) O Iter Criminis ; 7.1.5) Atos preparatórios e executórios: distinção. 7.2) DA TENTATIVA: 7.2.1) conceito; 7.2.2) Natureza jurídica; 7.2.3) Elementos; 7.2.4) Formas de tentativa: a) Perfeita; b) Imperfeita. 6.2.5) Aplicação da pena. 6.2.6) Infrações que não admitem tentativa. 7.3) DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA. 7.4) ARREPENDIMENTO EFICAZ. 7.5) ARREPENDIMENTO POSTERIOR. Missão: "Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento regional.

Página 10 / 187 7.6) CRIME IMPOSSÍVEL 8.1) DA ANTIJURIDICIDADE: 8.1.1) Conceito e terminologia; 8.1.2) Antijuridicidade formal e material; 8.1.3) Causas de exclusão da antijuridicidade ou causas de justificação: a) Introdução; b) Elementos objetivos e subjetivos das causas de justificação; c) causas supralegais de exclusão da antijuridicidade; d) Excesso nas causas de justificação. 8.2) DO ESTADO DE NECESSIDADE: 8.2.1) Considerações Gerais; 8.2.2) Conceito e natureza jurídica; 8.2.3) Estado de necessidade justificante e estado de necessidade exculpante ; 8.2.4) Requisitos: a) Perigo atual; b) não-provocação voluntária do perigo; c) inevitabilidade do perigo por outro meio; d) inexigibilidade do sacrifício do bem ameaçado; e) ameaça a direito próprio ou alheio; f) elemento subjetivo: finalidade de salvar o bem do perigo; g) inexistência do dever legal de enfrentar o perigo. 8.2.5) causa de diminuição de pena. 8.2.6) formas de estado de necessidade. 8.2.7) Exemplos. 8.2.8) Excesso 9.1) DA LEGÍTIMA DEFESA: 9.1.1) Considerações gerais; 9.1.2) Fundamento e natureza jurídica; 9.1.3) Conceito e requisitos; a) agressão injusta, atual ou iminente; b) direito próprio ou alheio; c) repulsa com os meios necessários; d) moderação na repulsa necessária; e) elemento subjetivo da legítima defesa. 9.1.4) Legítima defesa real, putativa, sucessiva e recíproca. 9.1.5) legítima defesa e estado de necessidade. 9.1.6) Ofendículos. 9.2) ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL E EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO. 9.2.1) Estrito cumprimento de dever legal. 9.2.2) Exercício regular do direito. 9.2.3) Intervenções médicas e cirúrgicas. 9.2.4) violência esportiva. 9.2.5) consentimento do ofendido 10.1) DA CULPABILIDADE: 10.1.1) Considerações introdutórias. 10.1.2) conceito de culpabilidade. 10.1.3) culpabilidade como predicado do crime ou pressuposto da pena? 10.1.4) Responsabilidade penal objetiva. 10.2) TEORIAS DA CULPABILIDADE. 10.2.1) Teoria psicológica da culpabilidade. 10.2.2) Teoria. 11.1) CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE. 11.1.1) Introdução. 11.1.2) Elenco. 11.1.3) A inexigibilidade de conduta diversa como causa supralegal de exclusão da culpabilidade. 11.2) DA COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL. 11.2.1) Conceito e espécies de coação. 11.2.2) Espécie de coação prevista no art. 22, 1ª parte, do CP. 11.2.3) Responsabilidade do coator. 11.3) DA OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA: 11.3.1) Conceito e espécies de ordem de superior hierárquico; 11.3.2) Obediência hierárquica como causa de exclusão de culpabilidade; 11.3.3) Responsabilidade do superior hierárquico; 11.3.4) Tratamento da obediência hierárquica no Código Penal Militar. 11.4) DA INIMPUTABILIDADE POR DOENÇA MENTAL OU DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO: 11.4.1) Introdução; 11.4.2) Critérios de aferição da inimputabilidade; 11.4.3) Requisitos normativos da inimputabilidade; 11.4.4) Doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado; 11.4.5) Diminuição da capacidade de entendimento e de vontade capacidade diminuída; 11.4.6) Menoridade penal 12.1) EMOÇÃO E A PAIXÃO. 12.2) DA INIMPUTABILIDADE POR EMBRIAGUEZ E SUBSTÂNCIAS ANÁLOGAS: 12.2.1) Conceito, fases e espécies de embriaguez; 12.2.2) Formas ou modalidades de embriaguez; a) Embriaguez não acidental: voluntária ou culposa; b) Embriaguez acidental: caso fortuito ou força maior; c) Embriaguez preordenada; d) Embriaguez habitual e patológica. 12.3) Actio Libera in causa. 12.4) Caso Fortuito e Força maior. 12.5) ERRO DE PROIBIÇÃO: 12.5.1) Inescusabilidade de Ignorância da lei; 12.5.2) Conceito de erro de proibição; 12.5.3) Modalidades de erro de proibição: a) Erro de proibição direto. b) Erro mandamental. c) erro de proibição indireto. 12.5.4) Formas de erro de proibição 13.1) ERRO DE TIPO: 13.1.1) Conceito. 13.1.2) Erro de tipo e delito putativo por erro de tipo. 13.1.3) Formas. 13.1.4) Erro de tipo essencial. 13.1.5) Efeitos do Erro de tipo essencial. 13.1.6) Erro de tipo permissivo. 13.2) DESCRIMINANTES PUTATIVAS. 13.3) ERRO PROVOCADO POR TERCEIRO. 13.4) ERRO ACIDENTAL: 13.4.1) conceito. 13.4.2) Erro sobre objeto ( error in objecto ). 13.4.3) Erro sobre a pessoa ( error in persona ). 13.4.4) Erro na execução ( aberratio ictus ). 13.4.5) Resultado diverso do pretendido ( Aberratio criminis ) Estratégias de Ensino e Aprendizagem (metodologias de sala de aula) O planejamento do trabalho em sala de aula é à base da construção do processo de ensino e aprendizagem. Planejando a ação, o professor tem a possibilidade de saber exatamente qual o ponto de partida e o de chegada para cada tema abordado em seu curso. Um planejamento não é um esquema de trabalho rígido, inflexível. Pelo contrário, devem-se levar em conta as situações inesperadas que vão ocorrendo e adaptar ou modificar o que se havia inicialmente previsto, de acordo com suas observações de classe e necessidades dos alunos. Há metas que devem ser estabelecidas e alcançadas, sendo necessário que o professor disponha de um fio condutor para a ação que vai desenvolver e de uma previsão para os resultados dessa ação. Avaliação do Processo de Ensino e Aprendizagem A avaliação do processo de ensino e aprendizagem deve ser realizada de forma contínua, cumulativa e sistemática com o objetivo de diagnosticar a situação da aprendizagem de cada aluno, em relação à programação curricular. Funções básicas: informar sobre o domínio da aprendizagem, indicar os efeitos da metodologia utilizada, revelar conseqüências da atuação docente, informar sobre a adequabilidade de Missão: "Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento regional.

Página 11 / 187 currículos e programas, realizar feedback dos objetivos e planejamentos elaborados, etc. Para cada avaliação o professor determinará a(s) formas de avaliação podendo ser de duas formas: 1ª uma prova com peso 10,0 (dez) ou uma prova de peso 8,0 e um trabalho de peso 2,0 2ª uma prova com peso 10,0 (dez) ou uma prova de peso 8,0 e um trabalho de peso 2,0 Avaliação Somativa A aferição do rendimento escolar de cada disciplina é feita através de notas inteiras de zero a dez, permitindo-se a fração de 5 décimos. O aproveitamento escolar é avaliado pelo acompanhamento contínuo do aluno e dos resultados por ele obtidos nas provas, trabalhos, exercícios escolares e outros, e caso necessário, nas provas substitutivas. Dentre os trabalhos escolares de aplicação, há pelo menos uma avaliação escrita em cada disciplina no bimestre. O professor pode submeter os alunos a diversas formas de avaliações, tais como: projetos, seminários, pesquisas bibliográficas e de campo, relatórios, cujos resultados podem culminar com atribuição de uma nota representativa de cada avaliação bimestral. Em qualquer disciplina, os alunos que obtiverem média semestral de aprovação igual ou superior a sete (7,0) e freqüência igual ou superior a setenta e cinco por cento (75%) são considerados aprovados. Após cada semestre, e nos termos do calendário escolar, o aluno poderá requerer junto à Secretaria-Geral, no prazo fixado e a título de recuperação, a realização de uma prova substitutiva, por disciplina, a fim de substituir uma das médias mensais anteriores, ou a que não tenha sido avaliado, e no qual obtiverem como média final de aprovação igual ou superior a cinco (5,0). Sistema de Acompanhamento para a Recuperação da Aprendizagem Serão utilizados como Sistema de Acompanhamento e Nivelamento da turma os Plantões Tira-Dúvidas que são realizados sempre antes de iniciar a disciplina, das 18h00min às 18h50min, na sala de aula. Professor. Laboratórios, visitas técnicas, etc. Recursos Multimídia. Recursos Necessários Humanos Físicos Materiais Bibliografia Básica BATISTA, Nilo. Introdução Crítica ao Direito Penal brasileiro. Rio de Janeiro: Revan, 2002. GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte geral. Artigos 1º a 120 do código penal. 10.ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2008. v.1. ZAFFARONI, Eugenio Raul; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal Brasileiro. São Paulo: RT, 2002. BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal parte geral. Volume I. São Paulo: Saraiva. PRADO, Luiz Régis. Curso de Direito Penal brasileiro: parte geral. Vol. 1. Ed. São Paulo: RT, 2008. Complementar FERRAJOLI, Luigi. Direito e razão: teoria do garantismo penal. 2.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. JESUS, Damásio E. de. Direito Penal. Volume I. São Paulo: Saraiva. MIRABETE, Julio Fabrini. Manual de Direito Penal. Volume I parte geral. São Paulo: Atlas. FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de direito penal. Rio de Janeiro: Forense. GOMES, Luiz Flávio. Direito Penal: Parte Geral introdução. São Paulo: RT. Legislação: NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. São Paulo: Saraiva. DELMANTO, Celso. Código Penal Anotado. Rio de Janeiro: Renovar. FRANCO, Alberto Silva et alli. Código Penal e sua interpretação jurisprudencial. São Paulo: RT, 1998 Revista de Estudos Criminais. Editora NOTADEZ. Periódicos Missão: "Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento regional.

Página 12 / 187 Revista do IBCCRIM. Editora Revista dos Tribunais. Revista da AJURIS www.cfj.jus.br www.tj.rs.gov.br www.trf4.gov.br www.senado.gov.br www.stf.gov.br www.stj.gov.br www.ihj.org.br www.oab-rs.org.br Sites para Consulta Outras Informações Endereço eletrônico de acesso à página do PHL para consulta ao acervo da biblioteca: http://192.168.1.201/cgi-bin/wxis.exe?isisscript=phl.xis&cipar=phl8.cip&lang=por Cronograma de Atividades Aula Consolidação Avaliação Conteúdo Procedimentos Recursos 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 1.1) CONCEITO DE CRIME (breve revisão); 1.2) DO FATO TÍPICO: 1.2.1) Conceito; 1.2.2) Elementos do fato típico; 1.3) CONDUTA: 1.3.1) Conceito, características e elementos, 1.3.2) Teorias da conduta (ou da ação): a) Teoria naturalista ou causal da ação, b) Teoria social da ação, c) Teoria finalista da ação; 1.3.3) Ausência de conduta. 2.1) SUJEITOS DA AÇÃO. 2.1.1) Sujeito ativo. 2.1.2) sujeito passivo2.2) A OMISSÃO E SUAS FORMAS: 2.2.1) Considerações gerais conceito; 2.2.2) Teorias da omissão. 2.2.3) Crimes omissivos próprios; 2.2.4) Crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão; 2.2.5) Dever jurídico de impedir o resultado hipóteses: a) Ter por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) De outra forma assumir a responsabilidade de impedir o resultado; c) Com o comportamento anterior, criar o risco da ocorrência do resultado; 2.3) RESULTADO: 2.3.1) Conceito; 2.3.2) Teorias: Resultado jurídico e resultado naturalístico; 2.3.3) Crimes materiais, crimes formais e crimes de mera conduta; 2.3.4) Crimes instantâneos e crimes permanentes; 2.3.5) Há crimes sem resultado? 3.1) DA RELAÇÃO DE CAUSALIDADE: 3.1.1) Introdução; 3.1.2) Teoria da Equivalência dos Antecedentes Causais (ou da Conditio sine quo non); 3.1.3) Aplicação da Teoria da Equivalência dos Antecedentes; 3.1.4) Limitações do Alcance da Teoria da Equivalência dos Antecedentes: a) causas (concausas) absolutamente independentes; b) causas relativamente independentes; c) superveniência de causa relativamente independente; 3.2) DA CAUSALIDADE POR OMISSÃO; 3.3) TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA 4.1) TEORIA DA TIPICIDADE: 4.1.1) Noção Introdutória; 4.1.2) O tipo legal e o fato concreto; 4.1.3) Evolução histórica da tipicidade: fases: a) Primeira fase: Independência; b) Segunda fase: caráter indiciário da antijuridicidade; c) Terceira fase: ratio essendi da antijuridicidade; d) Diretriz dominante; e) Tipicidade e antijuridicidade. 4.2) TEORIA DO TIPO: 4.2.1) Conceito e importância do tipo; 4.2.2) Tipicidade Da adequação típica: formas; 4.2.3) Funções do tipo penal; 4.2.4) Elementos do Tipo: a) Elementos objetivos; b) Elementos normativos; c) Elementos subjetivos. 5.1) DO TIPO DO CRIME DOLOSO: 5.1.1) Conceito de Dolo; 5.1.2) Teorias do Dolo: a) Teoria da Vontade; b) Teoria da representação; c) Teoria do assentimento. 5.1.3) Elementos do dolo. 5.1.4) Espécies de dolo: a) Dolo Direto e Indireto (ou dolo eventual); b) dolo de dano e de perigo; c) dolo genérico e específico; d) dolo normativo e dolo natural; e) dolo geral (erro sucessivo). 5.2) PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL. 5.3) PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 6.1) DO TIPO DO CRIME CULPOSO: 6.1.1) Conceito; 6.1.2) Elementos do fato típico culposo; 6.1.3) Modalidades de culpa: a) Imprudência; b) Negligência; c) Imperícia. 6.1.4) Espécies de Culpa: a) Culpa consciente; b) Culpa inconsciente; c) Culpa própria e culpa imprópria; 6.1.5) Dolo eventual e culpa consciente; 6.1.6) Concorrência e compensação de culpas. 6.2) DO CRIME PRETERDOLOSO: AE Aula expositiva Aula expositiva Aula expositiva Aula expositiva Aula expositiva Aula expositiva Quadro verde e giz Data Show Quadro verde e giz Data Show Quadro verde e giz Data Show Quadro verde e giz Data Show Quadro verde e giz Data Show Quadro verde e giz Data Show Missão: "Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento regional.

Página 13 / 187 8ª 9ª 10ª 1 1 6.2.1) Crimes preterdolosos ou preterintencionais; 6.2.2) Nexo Subjetivo e Normativo 7.1) DO CRIME CONSUMADO: 7.1.1) Conceito; 7.1.2) Crime exaurido; 7.1.3) A consumação nas várias espécies de crimes; 7.1.4) O Iter Criminis ; 7.1.5) Atos preparatórios e executórios: distinção. 7.2) DA TENTATIVA: 7.2.1) conceito; 7.2.2) Natureza jurídica; 7.2.3) Elementos; 7.2.4) Formas de tentativa: a) Perfeita; b) Imperfeita. 6.2.5) Aplicação da pena. 6.2.6) Infrações que não admitem tentativa. 7.3) DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA. 7.4) ARREPENDIMENTO EFICAZ. 7.5) ARREPENDIMENTO POSTERIOR. 7.6) CRIME IMPOSSÍVEL 8.1) DA ANTIJURIDICIDADE: 8.1.1) Conceito e terminologia; 8.1.2) Antijuridicidade formal e material; 8.1.3) Causas de exclusão da antijuridicidade ou causas de justificação: a) Introdução; b) Elementos objetivos e subjetivos das causas de justificação; c) causas supralegais de exclusão da antijuridicidade; d) Excesso nas causas de justificação. 8.2) DO ESTADO DE NECESSIDADE: 8.2.1) Considerações Gerais; 8.2.2) Conceito e natureza jurídica; 8.2.3) Estado de necessidade justificante e estado de necessidade exculpante ; 8.2.4) Requisitos: a) Perigo atual; b) nãoprovocação voluntária do perigo; c) inevitabilidade do perigo por outro meio; d) inexigibilidade do sacrifício do bem ameaçado; e) ameaça a direito próprio ou alheio; f) elemento subjetivo: finalidade de salvar o bem do perigo; g) inexistência do dever legal de enfrentar o perigo. 8.2.5) causa de diminuição de pena. 8.2.6) formas de estado de necessidade. 8.2.7) Exemplos. 8.2.8) Excesso 9.1) DA LEGÍTIMA DEFESA: 9.1.1) Considerações gerais; 9.1.2) Fundamento e natureza jurídica; 9.1.3) Conceito e requisitos; a) agressão injusta, atual ou iminente; b) direito próprio ou alheio; c) repulsa com os meios necessários; d) moderação na repulsa necessária; e) elemento subjetivo da legítima defesa. 9.1.4) Legítima defesa real, putativa, sucessiva e recíproca. 9.1.5) legítima defesa e estado de necessidade. 9.1.6) Ofendículos. 9.2) ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL E EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO. 9.2.1) Estrito cumprimento de dever legal. 9.2.2) Exercício regular do direito. 9.2.3) Intervenções médicas e cirúrgicas. 9.2.4) violência esportiva. 9.2.5) consentimento do ofendido 10.1) DA CULPABILIDADE: 10.1.1) Considerações introdutórias. 10.1.2) conceito de culpabilidade. 10.1.3) culpabilidade como predicado do crime ou pressuposto da pena? 10.1.4) Responsabilidade penal objetiva. 10.2) TEORIAS DA CULPABILIDADE. 10.2.1) Teoria psicológica da culpabilidade. 10.2.2) Teoria psicológica-normativa da culpabilidade. 10.2.3) teoria normativa pura da culpabilidade. a) definição e fundamento. b) elementos da culpabilidade. 10.2.4) Teoria limitada da culpabilidade. 10.3) IMPUTABILIDADE: 10.3.1) conceito. 10.3.2) imputabilidade e responsabilidade. 10.3.3) fundamento da imputabilidade. 10.3.4) causas de exclusão da imputabilidade. 10.4) POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE: 10.4.1) Introdução. 10.4.2) teoria extrema do dolo. 10.4.3) teoria limitada do dolo. 10.4.4) teoria extrema da culpabilidade. 10.4.5) teoria limitada da culpabilidade. : 10.5) DA EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA: 10.5.1) Introdução; 10.5.2) Teoria da circunstância concomitante; 10.5.3) Efeito da exigibilidade de conduta diversa 11.1) CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE. 11.1.1) Introdução. 11.1.2) Elenco. 11.1.3) A inexigibilidade de conduta diversa como causa supralegal de exclusão da culpabilidade. 11.2) DA COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL. 11.2.1) Conceito e espécies de coação. 11.2.2) Espécie de coação prevista no art. 22, 1ª parte, do CP. 11.2.3) Responsabilidade do coator. 11.3) DA OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA: 11.3.1) Conceito e espécies de ordem de superior hierárquico; 11.3.2) Obediência hierárquica como causa de exclusão de culpabilidade; 11.3.3) Responsabilidade do superior hierárquico; 11.3.4) Tratamento da obediência hierárquica no Código Penal Militar. 11.4) DA INIMPUTABILIDADE POR DOENÇA MENTAL OU DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO: 11.4.1) Introdução; 11.4.2) Critérios de aferição da inimputabilidade; 11.4.3) Requisitos normativos da inimputabilidade; 11.4.4) Doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado; 11.4.5) Diminuição da capacidade de entendimento e de vontade capacidade diminuída; 11.4.6) Menoridade penal Aula expositiva Aula expositiva Aula expositiva Aula expositiva Aula expositiva Quadro verde e giz Data Show Quadro verde e giz Data Show Quadro verde e giz Data Show Quadro verde e giz Data Show Quadro verde e giz Data Show Missão: "Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento regional.

Página 14 / 187 11ª 12ª 12.1) EMOÇÃO E A PAIXÃO. 12.2) DA INIMPUTABILIDADE POR EMBRIAGUEZ E SUBSTÂNCIAS ANÁLOGAS: 12.2.1) Conceito, fases e espécies de embriaguez; 12.2.2) Formas ou modalidades de embriaguez; a) Embriaguez não acidental: voluntária ou culposa; b) Embriaguez acidental: caso fortuito ou força maior; c) Embriaguez preordenada; d) Embriaguez habitual e patológica. 12.3) Actio Libera in causa. 12.4) Caso Fortuito e Força maior. 12.5) ERRO DE PROIBIÇÃO: 12.5.1) Inescusabilidade de Ignorância da lei; 12.5.2) Conceito de erro de proibição; 12.5.3) Modalidades de erro de proibição: a) Erro de proibição direto. b) Erro mandamental. c) erro de proibição indireto. 12.5.4) Formas de erro de proibição 13.1) ERRO DE TIPO: 13.1.1) Conceito. 13.1.2) Erro de tipo e delito putativo por erro de tipo. 13.1.3) Formas. 13.1.4) Erro de tipo essencial. 13.1.5) Efeitos do Erro de tipo essencial. 13.1.6) Erro de tipo permissivo. 13.2) DESCRIMINANTES PUTATIVAS. 13.3) ERRO PROVOCADO POR TERCEIRO. 13.4) ERRO ACIDENTAL: 13.4.1) conceito. 13.4.2) Erro sobre objeto ( error in objecto ). 13.4.3) Erro sobre a pessoa ( error in persona ). 13.4.4) Erro na execução ( aberratio ictus ). 13.4.5) Resultado diverso do pretendido ( Aberratio criminis ) Aula expositiva Aula expositiva Quadro verde e giz Data Show Quadro verde e giz Data Show 13ª 2 2 3 Legenda Código Descrição Código Descrição Código Descrição AE Aula expositiva QG Quadro verde e giz LB Laboratório de informática TG Trabalho em grupo RE Retroprojetor PS Projetor de slides TI Trabalho individual VI Videocassete AP Apostila SE Seminário DS Data Show OU Outros PA Palestra FC Flipchart Missão: "Oferecer oportunidades de educação, contribuindo para a formação de profissionais conscientes e competentes, comprometidos com o comportamento ético e visando ao desenvolvimento regional.

Página 15 / 187 Aula 1 08.08.2008 1. CONCEITO DE CRIME A) CONCEITO MATERIAL - reserva legal - Sob o ponto de vista material, o conceito de crime visa aos bens jurídicos protegidos pela lei penal. Dessa forma, crime nada mais é do que a violação de um bem penalmente protegido. - Ex. João mata Pedro: comete fato previsto como crime e ofende bem penalmente protegido (vida). LD e EN. Ex. inimp. B) CONCEITO ANALÍTICO -Trata-se de uma conduta típica, antijurídica e culpável. - Portanto, para que haja crime é preciso, em primeiro lugar, um conduta humana positiva ou negativa (ação ou omissão) descrita na norma penal como crime. Isto é o FATO TÍPICO. - Ex: A esfaqueia B, matando-o. Homicídio simples Art 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos

Página 16 / 187 - furto - incesto - Não basta, porém, que o fato seja típico para que exista crime. É preciso que seja contrário ao direito, ANTIJURÍDICO. - Ex: LD. Fato típico, mas não antijurídico. - É, pois, a antijuridicidade o segundo requisito do crime. Por meio do juízo de valor sobre ela é que se saberá se o fato é ou não contrário ao ordenamento jurídico. Verificada a ilicitude do comportamento, teremos os dois requisitos do crime: fato típico e antijuridicidade. - Não basta, porém, seja o fato típico e antijurídico. Exige-se, ainda, que o agente seja CULPÁVEL. - Ex: homicídio - (doente mental). Fato típico, antijurídico, mas não culpável. - Vale dizer: crime é uma ação ou omissão ajustada a um modelo legal de conduta proibida (tipicidade), contrária ao direito (antijuridicidade) e sujeita a um juízo de reprovação social incidente sobre o fato e seu autor, desde que existam imputabilidade, consciência potencial de ilicitude e exigibilidade e possibilidade de agir conforme o direito (culpabilidade). - Damásio, Mirabete, Delmanto, entre outros, conceituam o crime como sendo um fato típico e antijurídico, sendo a culpabilidade pressuposto de aplicação da pena.

Página 17 / 187 1.2) DO FATO TÍPICO 1.2.1) Conceito - É o fato que se amolda ao modelo legal da conduta proibida. É o fato que se enquadra no conjunto de elementos descritivos do delito contidos na lei penal. Homicídio simples Art 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos Furto Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 1.2.2) Elementos do fato típico - Para a integração do fato típico deve haver um comportamento humano. A ação ou omissão humana (conduta), porém, não é suficiente, sendo necessário um resultado. - Entre a conduta e o resultado se exige uma relação de causalidade. Ex. A desfere facadas em B, que, transportado para um hospital, vem a falecer. Surge, assim, outro elemento do fato típico: a relação de causalidade ou nexo de causalidade. - Por último, para que seja um fato típico, é necessário que os demais elementos estejam descritos como crime. É a própria tipicidade.

Página 18 / 187 - Ex: A mata B com tiros de revólver... Homicídio simples Art 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos - Portanto, os elementos do fato típico são: a) a conduta b) o resultado c) o nexo de causalidade d) a tipicidade - Faltando um dos elementos do fato típico a conduta passa a constituir um indiferente penal. É um fato atípico. 1.3) CONDUTA 1.3.1) CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E ELEMENTOS A) Conceito - CONDUTA é a ação ou omissão humana consciente e dirigida a determinada finalidade. B) Características: a) A conduta se refere ao comportamento do homem, não dos animais irracionais.

Página 19 / 187 b) Só as condutas corporais externas constituem ações. O Direito Penal não se ocupa da atividade puramente psíquica. c) A conduta humana só tem importância para o Direito Penal quando voluntária. d) O comportamento consiste num movimento ou abstenção de movimento corporal. C) Os elementos são: a) um ato de vontade, dirigido a uma finalidade; - Este elemento abrange: a) O objetivo pretendido pelo sujeito; b) os meios usados na execução; c) as conseqüências secundárias da prática. b) atuação positiva ou negativa dessa vontade no mundo exterior (manifestação da vontade por meio de um fazer ou não fazer). - conduta x ato. 1.3.2) TEORIAS DA CONDUTA (OU DA AÇÃO) A) Teoria naturalista ou causal da ação - Esta teoria conceitua a conduta como um comportamento humano voluntário no mundo exterior, consistente num fazer ou não fazer, sendo estranha a qualquer valoração. - É denominada naturalista porque incorpora as leis da natureza no Direito Penal.

Página 20 / 187 - Séc. XIX até meados XX Von List. - Não importa se o agente quis (dolo) ou se teve culpa na causação do crime. A configuração da conduta típica depende apenas de o agente causar fisicamente (naturalisticamente) um resultado previsto em lei como crime. - Logo, só interessa duas coisas: saber quem foi o causador do resultado e se tal resultado estava definido em lei como crime. - Nessa teoria a conduta é concebida como um simples comportamento, sem apreciação sobre a sua ilicitude ou reprovabilidade. - Ex: suicida pula carro - Em outras palavras, a ação era tomada como pura realização da vontade no mundo exterior, não importando o conteúdo dessa vontade (dolo e culpa). - Esta teoria sofreu severas críticas. - De acordo com o moderno Direito Penal, o centro de interesse não é o efeito jurídico produzido pelo resultado, mas sim a natureza do comportamento reprovável. Diante disso, cai por terra a teoria naturalista da ação, uma vez que se importa somente com o aspecto causal da questão, sendo equivocado distinguir a conduta em duas partes: processo causal exterior e conteúdo subjetivo da vontade, pois, como vimos, a ação ou omissão humana consciente é dirigida a determinada finalidade.

Página 21 / 187 B) Teoria social da ação - Para essa teoria, ação é a realização de um resultado sociamente relevante, questionado pelos requisitos do Direito e não pelas leis da natureza. - Diante disso, ação nada mais é que a causação de um resultado, não importando qual. O conteúdo da vontade, em que se perquire qual o resultado visado pelo agente, não pertence à ação, mas à culpabilidade. - A teoria social da ação também recebeu críticas. - Primeiro, porque se a ação é a causação de um resultado socialmente relevante, como se define a conduta nos crimes de mero comportamento? - Segundo, porque a teoria social, assim como a causal, deu muita importância ao desvalor do resultado, quando o que importa é o desvalor da conduta. - Hom. Dol. = Hom. Culp. C) TEORIA FINALISTA DA AÇÃO - Opondo-se ao conceito causal de ação, e especialmente à insustentável separação entre a vontade e seu conteúdo, Welzel elaborou a teoria finalista da ação. - Para a teoria finalista, a ação é uma atividade final humana. É, portanto, um acontecimento finalista, e não somente causal.

Página 22 / 187 - A finalidade ou atividade finalista da ação, segundo esta teoria, baseia-se em que o homem, consciente dos efeitos causais do acontecimento, pode prever as conseqüências de sua conduta, propondo, dessa forma, objetivos de distinta índole. - Conhecendo a teoria da causa e efeito, tem condições de dirigir sua atividade no sentido de produzir determinados efeitos. A causalidade, pelo contrário, não se encontra ordenada dessa maneira. Ela é cega, enquanto a finalidade é vidente. - # hom. e raio mortal. suicida - A doutrina finalista da ação não se preocupa apenas com o conteúdo da vontade, o dolo, que consiste na vontade de concretizar as características objetivas do tipo penal, mas também com a culpa. - O Direito não deseja apenas que o homem não realize condutas dolosas, mas, também, que imprima em todas as suas atividades uma direção finalista capaz de impedir que produzam resultados lesivos. - As ações que, produzindo um resultado causal, são devidas à inobservância do mínimo de direção finalista no sentido de impedir a produção de tal conseqüência, ingressam no rol dos delitos culposos. - Em conseqüência, o dolo é retirado da culpabilidade, constituindo-se elemento subjetivo do tipo, integrando a conduta, primeiro elemento do fato típico. - Quanto à culpa, a conduta descrita no tipo ( se o homicídio é culposo ) está integrada pela inobservância do dever de diligência na vida de relação. Quem tem habilidade para realizar uma conduta adequadamente, deve executá-la

Página 23 / 187 adequadamente. Aquele que não possui tal habilidade, deve abster-se de realizar o comportamento desejado. Com o comportamento adequado que assim se estabelece, deve ser comparado o efetivo comportamento do agente, para verificarse se ele é típico no sentido de um crime culposo: toda ação que não corresponder a tal comportamento adequado é típica no sentido do crime culposo. 1.3.3) AUSÊNCIA DE CONDUTA - Se a vontade constitui elemento da conduta, é evidente que esta não ocorre quando o ato é involuntário. - Para a caracterização da conduta, sob qualquer prisma, é indispensável a existência do binômio vontade e consciência. - VONTADE é o querer ativo, apto a levar o ser humano a praticar um ato, livremente. O ato voluntário deve ser espontâneo, isto é, proceder de uma tendência própria e interior à vontade; se não, é coagido e forçado. - CONSCIÊNCIA é a possibilidade que o ser humano possui de separar o mundo que o cerca dos próprios atos, realizando um julgamento moral das suas atitudes. Significa ter noção clara da diferença existente entre realidade e ficção. - Há ausência de ação, segundo a doutrina dominante, em três grupos de caso: a) Coação física irresistível ( vis absoluta ) - Ocorre quando o sujeito pratica o movimento em conseqüência de força corporal exercida sobre ele. Quem atua obrigado por uma força irresistível não age

Página 24 / 187 voluntariamente. Neste caso, o agente é mero instrumento realizador da vontade do coator. - Ex. segurar pulso faca (leg.). - Ass. Doc. - enfermeiro - Diversa é a situação, contudo, se se tratar de coação moral. - Na coação moral, não há aplicação da força física, mas de ameaça ou intimidação, feita através da promessa de um mal, para que se determine o coato à realização do fato criminoso. O coagido poderá optar. - No caso da coação moral, o fato é revestido de tipicidade, mas não é culpável, em face da inexigibilidade de conduta diversa. - Portanto, existe o fato típico, pois a ação é juridicamente relevante, mas não se há falar em culpabilidade, aplicando-se a regra do art. 22, 1ª parte (causa de exclusão da culpabilidade). Coação irresistível e obediência hierárquica Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem. Ex. gerente

Página 25 / 187 b) Movimentos reflexos - São atos reflexos, puramente somáticos, aqueles em que o movimento corpóreo ou sua ausência é determinado por estímulos dirigidos diretamente ao sistema nervoso. - Nestes casos, o estímulo exterior é recebido pelos centros sensores, que o transmitem diretamente aos centros motores, sem intervenção da vontade, como ocorre, por exemplo, em um ataque epilético (ex...). - Os atos reflexos não dependem da vontade, uma vez que são reações motoras, secretórias ou fisiológicas, produzidas pela excitação de órgãos do corpo humano (ex. tosse, espirro, etc.). - No contexto dos movimentos reflexos, é preciso distinguir tais movimentos das ações semi-automáticas, pois estas são penalmente relevantes, uma vez que resultam de um processo de formação da vontade, originalmente existente, que se concentrou no subconsciente através da prática. - Nestes casos, o ato pode ser controlado pela atenção, o que basta para que seja considerado conduta tipicamente relevante. - Ex. vespa motorista picado - rodear conduta semi-automática - De outro lado, os movimentos reflexos não se confundem com os atos em curtocircuito.

Página 26 / 187 - Os atos em curto-circuito são as reações primitivas do ser humano, nas quais existe um estímulo externo, não registrando totalmente a presença de uma personalidade desenvolvida, surgindo, à superfície, de improviso, ações momentâneas e impulsivas ou mecanismos anímicos profundos, bem como reações explosivas. - Ex. reações explosivas que se seguem ao encarceramento, estados de embriaguez patológica, estados crepusculares afetivos. Nestes casos, existe vontade, ainda que de maneira fugaz. Há um querer, ainda que primitivo, razão pela qual não se exclui a conduta. c) Estados de inconsciência - Consciência é o resultado da atividade das funções mentais. Não se trata de uma faculdade do psiquismo humano, mas do resultado do funcionamento de todas elas. - Quando essas funções mentais não funcionam adequadamente se diz que há estado de inconsciência, que é incompatível com a vontade, e sem vontade não há ação. - A doutrina tem catalogado como exemplos de estados de inconsciência a hipnose, o sonambulismo a narcolepsia. - O sonambulismo é a doença de quem age ou fala durante o sono, tornando seus sentidos obtusos. Trata-se de um sono patológico, quando o enfermo nem percebe estar dormindo, embora mantenha a sua atividade locomotora. - Ex. vaso

Página 27 / 187 - A hipnose é um estado mental semelhante ao sono, provocado artificialmente por alguém, levando o hipnotizado a agir como se fosse um autômato, obedecendo ordens e comandos. - A narcolepsia é outra doença que provoca acessos repentinos de sono, transportando o enfermo a um estado de irrealidade, permitindo-lhe, no entanto, continuar a ter movimentos e relações com o meio ambiente.