Programa de. Capacitação e Treinamento CHEFIA E LIDERANÇA CRISTÃ NO SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA HUMANITÁRIA CURSO EXPEDITO



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Transcrição:

Programa de Capacitação e Treinamento CHEFIA E LIDERANÇA CRISTÃ NO SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA HUMANITÁRIA CURSO EXPEDITO Duque de Caxias 2013

Todos os direitos autorais reservados ao Autor. Curso Expedito Chefia e Liderança Cristã no Serviço de Assistência Humanitária Autor: Marcello Silva da Costa Diretor Geral Serviço Nacional de Capelania Pós-Desastre BRASIL 2013

Sobre o Autor: Resumo do Curriculum Vitae GRADUAÇÃO: Curso de Formação de Oficiais, pela Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Oficiais do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro / EsFAO-CBMERJ, de 1991/1993. ESPECIALIZAÇÃO: Curso de Inteligência em Defesa Civil, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 2012 (em andamento). Curso Superior de Comando de Oficiais, pela Escola Superior de Comando de Bombeiro Militar, em 2009. Pós-graduação Lato-Sensu em Gerenciamento Estratégico nas Organizações, pelo CEPERJ, em 2009. Pós-graduação Lato-Sensu em Administração Escolar, pela Universidade Gama Filho, de 2001/2002. Pós-graduação Lato-Sensu em Gerenciamento Operacional nas Organizações, pela Universidade Estácio de Sá, em 2002. Curso de Gerenciamento de Incidentes Críticos, pela Academia de Polícia da Louisiana Baton Rouge - Louisiana EUA, em 2006. Administração e Planejamento para Redução de Desastre, pela Secretaria Nacional de Defesa Civil do Ministério da Integração Nacional Brasil, em 2003. Curso de Sistema de Comando de Incidentes / Incident Command Sistem ICS, Governo dos Estados Unidos da América (USDA FS) EUA, em 2004. Curso de Avaliação de Danos, pela Secretaria Nacional de Defesa Civil do Ministério da Integração Nacional Brasil, em 2004. EXPERIÊNCIA ACADÊMICA E PROFISSIONAL: Professor, Palestrante e Conferencista sobre Ações de Redução de Desastre e Serviço Voluntário na Emergência. Atual Secretário Municipal de Defesa Civil do Município de Duque de Caxias RJ. Atual Diretor Geral do SERVIÇO NACIONAL DE CAPELANIA PÓS-DESASTRE (SENCAP). Ênfase: Assistência Humanitária e Ministério de Socorros em favor das vítimas de Desastres, desde Dezembro/2008. Instrutor e Palestrante da Rede SOS Global no Brasil. Antigo Diretor do Centro de Treinamento para Emergências (CETREM) da Subsecretaria Municipal de Defesa Civil na Cidade do Rio de Janeiro, de Março/2010 a Julho/2012. Antigo Comandante do Centro de Instrução Especializada de Bombeiros - CIEB, do CBMERJ, em 2010. Antigo Diretor do Centro de Acolhimento de Benfica - CAB, da Fundação Leão XIII, em 2006 e 2007. Antigo Professor Titular da Disciplina DEFESA CIVIL na Escola Superior de Comando de Bombeiro Militar - ESCBM, de 2005 a 2008. Autor de 01 (um) Capítulo do Manual de Administração de Abrigos Temporários. 1ª ed. Secretaria de Estado da Defesa Civil do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: SEDEC-RJ, 2006. CAPÍTULO 2 ADMINISTRAÇÃO DE ABRIGOS, em 2006. Antigo Membro da Equipe Técnica da Companhia de Recursos Minerais (CPRM) - Serviço Geológico do Brasil, que criou o CADASTRO DE OCORRÊNCIAS DE INUNDAÇÕES, em 2006. CONTATO: Celular: (21) 9818-9172 Email (pessoal): tcsilvacosta@gmail.com Email (funcional): sencapbrasil@gmail.com Site: www.sencapbrasil.com.br

4 Índice Página O VOLUNTARIADO NO BRASIL E NA ASSISTÊNCIA HUMANITÁRIA.... 7 FINALIDADE... 7 OBJETIVOS ESPECÍFICOS... 7 1 O VOLUNTARIADO NO BRASIL... 8 2 O SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA HUMANITÁRIA E A PRESTAÇÃO DE SERVIÇO VOLUNTÁRIO... 10 2.1 AS AÇÕES DE ASSISTÊNCIA HUMANITÁRIA... 11 2.2 SOBRE A PRESTAÇÃO DE SERVIÇO VOLUNTÁRIO, PRECISAMOS DEFINIR BEM, ALGUMAS QUESTÕES:... 14 2.3 PRESTADOR DE SERVIÇO VOLUNTÁRIO: QUAL É A SUA RELAÇÃO COM O DESASTRE?... 15 2.4 PRESTADOR DE SERVIÇO VOLUNTÁRIO: QUAL É A SUA CONDIÇÃO NO DESASTRE? SOCORRISTA OU VÍTIMA?... 16 3 O VOLUNTÁRIO E A DOUTRINA DE VOLUNTARIADO... 18 3.1 VOCÊ SERVE PARA PRESTAR UM SERVIÇO VOLUNTÁRIO?... 19 3.2 A FUNDAMENTAÇÃO LEGAL DO SERVIÇO VOLUNTÁRIO... 20 3.3 PARADIGMAS QUE APOIAM À PROMOÇÃO DO SERVIÇO VOLUNTÁRIO NO BRASIL... 21 3.4 QUEM SÃO OS ATORES NO SERVIÇO VOLUNTÁRIO?... 22 3.5 A EMPREGABILIDADE DOS RECURSOS HUMANOS NO SERVIÇO VOLUNTÁRIO 23 4 AS PECULIARIDADES DA ARREGIMENTAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS PARA O SERVIÇO VOLUNTÁRIO... 23 4.1 PARA A ADMISSÃO AO SERVIÇO VOLUNTÁRIO... 26 4.2 O QUE É SER VOLUNTÁRIO?... 26 4.3 O QUE MUDOU NO PERFIL DO VOLUNTÁRIO?... 27 CONCLUSÃO... 27 PENSAMENTO... 27

5 PARADIGMAS DA CHEFIA E LIDERANÇA.... 29 1 LIDERANÇA... 30 1.1 O QUE É LIDERANÇA?... 30 2 TEORIAS DA LIDERANÇA... 31 3 TIPOS DE LIDERANÇA... 32 4 PECULIARIDADES DA LIDERANÇA... 33 5 DIFERENÇAS NA LIDERANÇA... 35 5.1. O CHEFE E O LÍDER... 36 CONCLUSÃO... 36 PENSAMENTO... 37 AS RELAÇÕES DE PODER NA CHEFIA E LIDERANÇA.... 39 1 O PODER... 40 1.1 FORMAS DE PODER... 41 1.2 REFLEXÕES NECESSÁRIAS... 43 1.3 PODER REAL x PODER ECLESIÁSTICO... 43 2 SENTIMENTOS DE PODER... 45 2.1 UMA ANÁLISE DO PODER EM RELAÇÃO À POTÊNCIA... 46 2.2 UMA ANÁLISE DO PODER EM RELAÇÃO À POLÍTICA... 47 2.3 UMA ANÁLISE DO PODER EM RELAÇÃO À FORMA... 49 3 TENDO BOAS RELAÇÕES COM O PODER... 51 4 EU QUERO USAR BEM O MEU PODER... 52 4.1 AQUELE QUE PRETENDE EXERCER O PODER PRECISA:... 53 CONCLUSÃO... 55 PENSAMENTO... 55 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA... 56

6 Aula 01 O Voluntariado no Brasil e na Assistência Humanitária.

7 O VOLUNTARIADO NO BRASIL E NA ASSISTÊNCIA HUMANITÁRIA. FINALIDADE Apresentar aos participantes os indicadores e paradigmas que auxiliam na definição e no processo de seleção do prestador de serviço voluntário; como também, ajudá-los a discernir o tipo de voluntário para integrar equipes técnicas e/ou participar de trabalhos sociais, educacionais, hospitalares, emergenciais e outros no serviço de assistência humanitária. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Ao terminar desta aula o participante será capaz de: Citar 02 (duas) atividades de um projeto de assistência à população vitimada. Citar o número e a data da Lei do Voluntário. Citar os 03 (três) tipos de atores no serviço voluntário. ANOTAÇÕES:

8 1 O VOLUNTARIADO NO BRASIL O voluntariado nasce porque há uma necessidade de resposta perante situações de desigualdade e injustiça social. 1 Ações voluntárias crescem a cada ano, estimuladas pelo aumento da conscientização social. 2 Acredita-se que a primeira forma de voluntariado no Brasil surgiu em 1543, quando foi fundada a primeira Santa Casa de Misericórdia, na Vila de Santos, com as atividades sendo conduzidas por padres e freiras. Desde a época da colonização, atividades voluntárias são realizadas em solos brasileiros. O que mudou, ao longo do tempo, foi o entendimento sobre o papel do voluntário, passando a constituir-se no que é hoje: uma atitude cívica de consciência social e solidariedade. Na segunda metade do século XIX, para conter a disseminação de doenças contagiosas... educandários, asilos e hospícios foram criados e destinados à assistência social dos necessitados. O forte caráter assistencialista e filantrópico, estimulado, principalmente, pela população mais favorecida que deu o tom das atividades voluntárias. Em 1863, é criada a Cruz Vermelha, e chega ao Brasil em 1908. A partir daí, novas formas de voluntariado foram surgindo no país, como o Escotismo, a criação da Legião da Boa Vontade (LBV) e da Pastoral da Criança, o surgimento do Centro de Valorização da Vida (CVV) e de diversas ONGs. Na década de 90, formas mais modernas de atuação social começam a aparecer pelo Brasil, onde entidades do Terceiro Setor (entidades sem fins lucrativos e não governamentais) passam a incorporar conceitos, filosofias e procedimentos vindos do Segundo Setor (entidades privadas), buscando parcerias, mas sem perder a identidade e missão. 1 Autor não mencionado. Encontrado no Site do Instituto da Mama RS, link: História do Voluntariado, em 05/04/2007. 2 Encontrado no Site do Centro de Ação Voluntária de Curitiba PR, link: O Voluntariado no Brasil: da Caridade à Consciência Social, em 12/06/2009.

9 Instituído pela Lei Federal de nº 7.352, de 28 de agosto de 1985, o Dia Nacional do Voluntariado, busca reconhecer e destacar o trabalho das pessoas que doam tempo, trabalho e talento, de maneira voluntária, para causas de interesse social e para o bem da comunidade. Para se adequar às exigências desse voluntariado moderno, em 1995, o Presidente da república Federativa do Brasil, Fernando Henrique Cardoso 3, cria o Conselho da Comunidade Solidária. No ano seguinte, o Conselho se une à Fundação ABRINQ 4 criando o Programa de Estímulo ao Trabalho Voluntário no Brasil para promover o conceito e a prática da cidadania no país, oferecendo canais organizados para ação voluntária, por meio da criação de núcleos de voluntários em grandes cidades do país, os chamados Centros de Voluntários. Em 1998, institui-se a Lei Federal n 9.608, de 18 de Fevereiro, que dispõe sobre o serviço voluntário e dá outras providências. Em 2000, é lançado o Portal do Voluntário 5, fruto de uma parceria entre o Programa Voluntários da Comunidade Solidária, Globo.com e TV Globo. Esta ferramenta visa promover uma nova cultura de trabalho voluntário no Brasil. O Portal busca resgatar e destacar as experiências dos que já atuam em causas voluntárias e oferecem conhecimentos, oportunidades e alternativas para os que desejam começar. 3 Fernando Henrique Cardoso (Rio de Janeiro, 18 de junho de 1931) é um sociólogo, professor universitário e político brasileiro. Foi o trigésimo quarto presidente da República Federativa do Brasil, cargo que exerceu por dois mandatos consecutivos, de 1 de janeiro de 1995 a 1 de janeiro de 2003. Foi também o primeiro presidente reeleito da História do país. 4 Fundação ABRINQ (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos), Instituição sem fins lucrativos, foi criada em 1990 - ano da promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente - com o objetivo de mobilizar a sociedade para questões relacionadas aos direitos da infância e da adolescência. 5 Portal do Voluntário, lançado em 05 de dezembro de 2000, o Portal surgiu como plataforma de continuidade do Programa Voluntários, da Comunidade Solidária. Criado em parceira com a Rede Globo, a Globo.com e a IBM Brasil, o Portal agora é V2V Brasil e usa a ferramenta de gestão de voluntariado corporativo em diversas empresas.

10 2 O SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA HUMANITÁRIA E A PRESTAÇÃO DE SERVIÇO VOLUNTÁRIO Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos. 6 Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás. Reparte com sete e ainda com oito, porque não sabes que mal sobrevirá à terra. Estando as nuvens cheias, derramam aguaceiro sobre a terra; caindo a árvore para o sul ou para o norte, no lugar em que cair, aí ficará. 7 De acordo com o Ministério das Relações Exteriores do Brasil 8, a Assistência humanitária é toda e qualquer ação que contribua, de forma imediata e eficaz, para minimizar o efeito de catástrofes naturais, conflitos armados ou convulsões sociais numa determinada região. O Grupo Interministerial sobre Assistência Humanitária Internacional - GIAHI foi criado pelo decreto de 21 de junho de 2006 e reúne 11 Ministérios que atuam na área de assistência humanitária. Seus principais objetivos são os de coordenar os esforços brasileiros de ajuda humanitária internacional; e formular propostas de projetos de lei que visem autorização lato-sensu para ações humanitárias internacionais empreendidas pelo Brasil. À semelhança, a Defesa Civil está mobilizando e organizando o GRUPO INTERSETORIAL SOBRE ASSISTÊNCIA HUMANITÁRIA MUNICIPAL - GIAHM para reunir segmentos organizados da sociedade e voluntários para atuarem na área de assistência humanitária na Cidade do Rio de Janeiro. Seus principais objetivos são os de coordenar os esforços intersetoriais de ajuda humanitária municipal; e formular propostas de projetos que visem empreender ações humanitárias em toda Cidade do Rio de Janeiro. 6 Autor Mateus, o discípulo de Jesus Cristo. Livro O Evangelho Segundo Mateus, capítulo 5, verso 6. Bíblia de Estudos de Genebra, edição Revista e Atualizada da tradução de João Ferreira de Almeida. 7 Autor deste texto foi, provavelmente, rei Salomão. A passagem trata sobre o procedimento prudente do sábio. Está registrada no Livro Eclesiastes, capítulo 11, versos 1 a 3. Bíblia de Estudos de Genebra, edição Revista e Atualizada da tradução de João Ferreira de Almeida. 8 Disponível em: <http://www.assistenciahumanitaria.mre.gov.br/sobre-a-assistencia>. Acesso em: 10 mai 2010.

11 2.1 AS AÇÕES DE ASSISTÊNCIA HUMANITÁRIA Com o objetivo de minimizar os efeitos danosos e prejudiciais deixados por desastres, a Assistência Humanitária integra as ações de Resposta aos Desastres, na fase de Assistência à População Vitimada por desastre. (PNDC 9, 2004) As ações de Assistência às Populações Vitimadas por desastres compreendem as atividades: Logísticas; de Segurança e Proteção; Assistenciais (de vestuário, alimentação, água potável e outros); de Promoção da Saúde. Os Projetos de Assistência às Populações Vitimadas compreendem as seguintes atividades logísticas principais: estruturação e organização de depósitos de suprimentos; controle dos meios de transportes e dos serviços de abastecimento; 9 PNDC, Política Nacional de Defesa Civil aprovada pelo Conselho Nacional de Defesa Civil (CONDEC) através da Resolução MIN n 2, de 12/12/1994, publicada na Seção I do Diário Oficial de 02/01/1995. Disponível em: <www.defesacivil.gov.br>. Acesso em 22 Mai 2010.

12 estruturação e organização de serviços de tratamento e purificação de água, de triagem (identificação, separação e validade para consumo) de alimentos perecíveis e não-perecíveis; estruturação e organização de sistemas de parqueamento de veículos motorizados e não-motorizados; estruturação e organização de sistemas de recebimento, armazenamento e de distribuição de gêneros alimentícios ou não; suprimento de água potável e provisão de alimentos; suprimento de donativos, como: roupas, agasalhos e outros; organização e administração de abrigos temporários; prestação de serviços de retirada de 2ª Via de Documentos essenciais; prestação de serviços, especialmente corte de cabelo, banho, lavanderia e passaderia. Quanto às atividades principais de Segurança, esses projetos compreendem: identificação e cadastramento das vítimas do desastre; controle de pessoal e de material; instalações adequadas e em boas condições ocupacionais de segurança e proteção; controle e gerenciamento das informações; implementação do serviço de guarda-volumes; segurança e vigilância patrimonial; segurança e/ou policiamento ostensivo.

13 Quanto às atividades principais assistenciais, esses projetos compreendem: triagem socioeconômica e cadastramento das famílias vítimas do desastre; manutenção e reforço dos laços familiares e das relações de vizinhança; estruturação e organização do serviço de apoio às famílias das vítimas desaparecidas no desastre; estruturação e organização de serviços para a assistência de idosos, dos portadores de necessidades especiais e de crianças perdidas; instalação de Centros de Informações Comunitárias e de Comunicação Social; mobilização comunitária e desenvolvimento de mutirões para apoio ao serviço de assistência humanitária. Quanto às atividades principais relacionadas com a promoção da saúde, esses projetos compreendem: arrumação, limpeza e higienização dos abrigos temporários; saneamento básico emergencial; controle de vetores, pragas e hospedeiros;

14 controle epidemiológico; educação para a saúde; proteção da saúde mental e bucal; atividades recreativas e/ou de exercícios laborais; assistência médica primária e transferência de hospitalização, quando necessário. Todo o Serviço de Assistência Humanitária é implementado com base no Sistema de Coordenação de Incidentes (ICS 10 ), de modo que todo o processo de desenvolvimento e implementação das ações é orientado, monitorado (presencialmente e por relatórios), avaliado internamente e submetido à apreciação das autoridades competentes, e por fim, divulgado os seus resultados à população. 2.2 SOBRE A PRESTAÇÃO DE SERVIÇO VOLUNTÁRIO, PRECISAMOS DEFINIR BEM, ALGUMAS QUESTÕES: Todo o MISSIONÁRIO pode ser VOLUNTÁRIO. Mas, nem todo o VOLUNTÁRIO é MISSIONÁRIO. O Missionário e o Voluntário possuem papéis muito diferentes na assistência humanitária. 10 ICS, Incident Command Sistem (Sistema de Comando de Incidente), um modelo (Norte-americano) com alto potencial de eficiência e eficácia nos resultados, adaptado para o Sistema de Coordenação de Incidentes na Cidade do Rio de Janeiro que vem sendo utilizado na defesa civil municipal desde 2009.

15 O Missionário (pessoa com uma missão) é aquele que assume uma responsabilidade de participar de uma tarefa (executando ou gerenciando), do início até o seu cumprimento, ou até o seu término. O Voluntário, a princípio, é aquele que NÃO tem a responsabilidade de participar integralmente de uma tarefa (do início ao fim). Mas, ele dá a sua contribuição (executando tarefas) em algum momento da missão, desejando que esta chegue ao seu final com sucesso. Nem todo o Missionário pode exercer um trabalho voluntário. Como também, há Voluntário que NÃO pode assumir o compromisso integral de participação de uma missão, como o Missionário. 2.3 PRESTADOR DE SERVIÇO VOLUNTÁRIO: QUAL É A SUA RELAÇÃO COM O DESASTRE? Nos dias atuais, tornou-se muito importante para aquele que tem uma missão (missionário), seja esta voluntária ou não, aprender a discernir bem o cenário de risco de desastre que o seu campo de trabalho (região, meio ambiente, costume, etc.) está inserido, no que é referente ao grau de risco da população vulnerável a desastres naturais, humanos e mistos.

16 A análise e a avaliação de risco nos cenários permitirão ao missionário (prestador de serviço voluntário - membro de equipe): Desenvolver, com qualidade, a sua percepção de risco de desastre; Reduzir o amadorismo para participar de ações preventivas, assistenciais, de socorro e recuperativas de proteção civil; Elaborar ou participar de planos operativos, de contingência e de escape ou evacuação; Atuar e cumprir os seus objetivos e metas ministeriais, com maior probabilidade de sobrevivência nas regiões de alta vulnerabilidade. 2.4 PRESTADOR DE SERVIÇO VOLUNTÁRIO: QUAL É A SUA CONDIÇÃO NO DESASTRE? SOCORRISTA OU VÍTIMA? Ainda que um missionário venha se preparando durante muitos anos para atuar em favor das vítimas de desastres. O que irá, realmente, definir se a oportunidade tão esperada chegou, é o seu estado de necessidade no pósdesastre. O socorrista não pode ser vítima! Importante! Aquele que pretende prestar socorros às vítimas de um desastre, não pode depender dos recursos locais de assistência humanitária, nem estar envolvido emocionalmente com o cenário.

17 Portanto, o missionário deverá, nas circunstâncias adversas, avaliar-se, a fim de identificar o seu verdadeiro estado de necessidade após a ocorrência de um desastre. Nunca deixando de lembrar a Escala de Prioridades da Vida Cristã na Emergência 11 : 1 ) Deus Não esquecer de amar a Deus sobre todas as coisas e sob todas as adversidades. Isto te ajudará a manter o bom ânimo e renovar as esperanças. (Mt 22:37; Jo 16:33) 2 ) Eu Estando bem resolvido com o primeiro item. Caso você tenha sofrido ferimentos leves ou graves, ou perdas materiais relacionadas à sobrevivência; você deve dedicar-se a prover para si, tratamento de saúde, reservas de alimento e água potável. Caso esteja, emocionalmente, afetado pelo desastre; você deve, respectivamente: a) procurar assistência médica e/ou deixar-se ser tratado pelos agentes de saúde; b) procurar e/ou deixar-se ser assistido por psicólogos. (Fp 4:10-20) 3 ) Família - Estando bem resolvido com o primeiro e segundo itens. Caso, a sua família tenha sofrido ferimentos leves ou graves, e/ou esteja, emocionalmente, afetada pelo desastre; você deve procurar assistência médica para ela e permanecer presente junto a ela, para auxiliá-la no que se fizer necessário; (Sl 68:6a; Gl 6:10) 4 ) Trabalho - Estando bem resolvido nos 03 (três) primeiros itens. Mesmo em situações de emergência, nem todos os segmentos de trabalho interrompem as suas atividades de trabalho, parando de funcionar. Você não pode esquecer que assumiu um compromisso de prestação de serviço, do qual você recebe remuneração e tem condições de garantir o sustento e a segurança da sua família. É 11 A Escala de Prioridades da Vida Cristã na Emergência é uma estratégia adotada pelo Serviço Nacional de Capelania Pós- Desastre no treinamento de capelães no serviço de voluntariado cristão nas emergências. Disponível em: <www.sencapbrasil.blogspot.com>. Acesso: xxx.

18 pelo fruto do seu trabalho que você também: a) obedece a Deus; b) leva os dízimos e as ofertas que mantêm a obra de Deus; c) dá bom testemunho; d) fortalece as alianças de amizade e confiança com seus colegas e chefias; e) garante o seu próprio sustento e a manutenção de suas próprias necessidades; f) abençoa a sua família no suprimento de suas necessidades. (1Ts 4:11) 5 ) Igreja - Estando bem resolvido nos 04 (quatro) primeiros itens. Neste momento, você está apto para servir a Deus e ao Seu reino, por intermédio dos seus dons e talentos profissionais, em favor das vítimas de desastre. (At 20:35) 3 O VOLUNTÁRIO E A DOUTRINA DE VOLUNTARIADO O serviço voluntário pode ser prestado que qualquer ramo de atividade na sociedade, tanto no período de normalidade social quanto no período de anormalidade. Antes de sabermos como se aplica e orienta a doutrina de voluntariado, importa saber se você, hoje, pode exercer este atividade.

19 3.1 VOCÊ SERVE PARA PRESTAR UM SERVIÇO VOLUNTÁRIO? Alguns indícios: É bom filho? Tem tempo? Alguém está te esperando em casa? Sabe fazer bem alguma coisa? Já trabalhou de graça? É necessário que cada pessoa faça uma autoavaliação de suas condições atuais para decidir se pode assumir compromisso com alguém de prestar um serviço voluntário. 3.1.1 OUTROS QUESTIONAMENTOS NECESSÁRIOS Há também, pelo menos, mais 05 (cinco) outras questões que 01 (um) voluntário precisa responder: 1. Quem eu sou? 2. Qual é o meu objetivo nisso? Por que ir? 3. Estou preparado para fazer o quê? 4. Eu sei onde estou pisando? Estou consciente dos riscos? 5. A quem eu devo me submeter? Importante! Primeiramente, todo o Voluntário deve ingressa num serviço para ofertar, gratuitamente, sua mão-de-obra ou seus conhecimentos e talentos. Portanto, o Voluntário NÃO CHEFIA, nem lidera qualquer atividade de trabalho para o qual se ofereceu.

20 3.2 A FUNDAMENTAÇÃO LEGAL DO SERVIÇO VOLUNTÁRIO Lei n 9.608, de 18 de fevereiro de 1998 - dispõe sobre o serviço voluntário e dá outras providências. Art.1 - Considera-se serviço voluntário, para fins desta Lei, a atividade não remunerada, prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza ou a Instituição privada de fins não lucrativos, que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social, inclusive mutualidade. Parágrafo único. O serviço voluntário não gera vínculo empregatício, nem obrigação de natureza trabalhista, previdenciária ou afim. Art. 2 - O serviço voluntário será exercido mediante a celebração de Termo de Adesão entre a entidade, pública ou privada, e o prestador do serviço voluntário, dele devendo constar o objeto e as condições de seu exercício. Art. 3 - O prestador de serviço voluntário poderá ser ressarcido pelas despesas que comprovadamente realizar no desempenho das atividades voluntárias. Parágrafo único. As despesas a serem ressarcidas deverão estar expressamente autorizadas pela entidade a que for prestado o serviço voluntário. Art. 3o-A. Fica a União autorizada a conceder auxílio financeiro ao prestador de serviço voluntário com idade de dezesseis a vinte e quatro anos integrante de família com renda mensal per capita de até meio salário mínimo. (Incluído pela Lei nº 10.748, de 22.10.2003) (Regulamento) 1o O auxílio financeiro a que se refere o caput terá valor de até R$ 150,00 (cento e cinqüenta reais) e será custeado com recursos da União por um período máximo de seis meses, sendo destinado preferencialmente: (Incluído pela Lei nº 10.748, de 22.10.2003) I - aos jovens egressos de unidades prisionais ou que estejam cumprindo medidas sócioeducativas; e (Incluído pela Lei nº 10.748, de 22.10.2003) II - a grupos específicos de jovens trabalhadores submetidos a maiores taxas de desemprego. (Incluído pela Lei nº 10.748, de 22.10.2003) 2o O auxílio financeiro poderá ser pago por órgão ou entidade pública ou instituição privada sem fins lucrativos previamente cadastrados no Ministério do Trabalho e Emprego, utilizando recursos da União, mediante convênio, ou com recursos próprios. (Redação dada pela Lei nº 10.940, de 2004) 3o É vedada a concessão do auxílio financeiro a que se refere este artigo ao voluntário que preste serviço a entidade pública ou instituição privada sem fins lucrativos, na qual trabalhe qualquer parente, ainda que por afinidade, até o 2o (segundo) grau. (Redação dada pela Lei nº 10.940, de 2004) 4o Para efeitos do disposto neste artigo, considera-se família a unidade nuclear, eventualmente ampliada por outros indivíduos que com ela possuam laços de parentesco, que forme um grupo doméstico, vivendo sob o mesmo teto e mantendo sua economia pela contribuição de seus membros. (Incluído pela Lei nº 10.748, de 22.10.2003) Art. 4 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 5 - Revogam-se as disposições em contrário. Lei assinada pelo Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, em Brasília, no dia 18 de fevereiro de 1998. Esta Lei ainda NÃO foi Regulamentada.

21 3.2.1 UM IMPORTANTE INSTRUMENTO PARA COMEÇAR A ORGANIZAR O SERVIÇO VOLUNTÁRIO A pessoa que deseja prestar serviço voluntário, após receber os esclarecimentos necessários sobre uma missão específica, para ser ADMITIDA, é, primeiramente, convidada a celebrar o TERMO DE ADESÃO, onde esta manifesta, formalmente, o seu desejo voluntário e a sua disponibilidade para ser mobilizado e empregado pela instituição gestora do serviço, de acordo com a legislação vigente. O Modelo do Termo de Adesão pode ser observado no Anexo 1 no final desta Aula. 3.3 PARADIGMAS QUE APOIAM À PROMOÇÃO DO SERVIÇO VOLUNTÁRIO NO BRASIL Lei Federal nº 7.352, de 28 de agosto de 1985, que institui o Dia NACIONAL do Voluntariado; o qual é comemorado no mesmo dia e mês de sua publicação. Assembléia Geral das Nações Unidas convida aos governos a celebrar todos os anos, o dia 05 de dezembro, o Dia INTERNACIONAL do Voluntário para o Desenvolvimento Econômico e Social, com o objetivo de incentivar a participação voluntária em todo o mundo.

22 Importante! Nesse convite a Organização das Nações Unidas (ONU) os exorta a adotar medidas para que se cobre maior consciência sobre a importância da colaboração dos voluntários, a qual estimulará mais pessoas de todos os níveis sociais a oferecer seus serviços como voluntários, tanto em seus países de origem como no estrangeiro. Dia INTERNACIONAL de Redução de Desastre é celebrado sempre na SEGUNDA Quarta-feira do mês de Outubro e foi estabelecido pela ONU por meio da Secretaria de Estratégia Internacional para Redução de Desastre (ONU/EIDR). O objetivo é estimular ações de prevenção em todo o mundo. 3.4 QUEM SÃO OS ATORES NO SERVIÇO VOLUNTÁRIO? Há 03 (três) tipos de atores num Serviço Voluntário: Voluntário; Membro da Equipe; Funcionário.

23 3.5 A EMPREGABILIDADE DOS RECURSOS HUMANOS NO SERVIÇO VOLUNTÁRIO Nº TIPO CARACTERÍSTICAS 1. Voluntário 2. 3. Prestador de Serviço Voluntário (Missionário / Membro da Equipe) Prestador de Serviço (Funcionário) Participante de uma Equipe de Trabalho; NÃO remunerado; Atende a convocação somente quando puder; Profissional, responsável e comprometido com a Execução; Assina o Termo de Adesão. Membro de uma Equipe Gestora de Trabalho; NÃO remunerado; Tem compromisso com a Agenda e Rotina do Serviço ou Trabalho Voluntário; Tem o dever de atender às convocações; Profissional, responsável e comprometido com a Gestão. Assina o Termo de Adesão. Membro de uma Equipe Gestora ou Executora de Trabalho; Remunerado; Tem horário regimental e compromisso com a Agenda e Rotina do Serviço ou do Trabalho Voluntário; Tem o dever de atender às convocações; Profissional, responsável e comprometido com o Serviço. Assina um Contrato de Prestação de Serviço ou a Carteira de Trabalho e Previdência Social. 4 AS PECULIARIDADES DA ARREGIMENTAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS PARA O SERVIÇO VOLUNTÁRIO Temos que arregimentar pessoas para o serviço voluntário com muita clareza e tranquilidade. Nem todos que estão ou atuam no serviço de assistência humanitária são (ou podem ser) Voluntários.

24 O fato de trabalhar sem receber salário (oferecer mão-de-obra não remunerada), ainda NÃO é o suficiente para ser enquadrado como um voluntário. O Membro da Equipe (ME) na Assistência Humanitária é um Prestador de Serviço. Ele pode trabalhar na condição de voluntário ou não. VOLUNTÁRIO: não remunerado, não depende de recursos de qualquer natureza, para que possa realizar o seu trabalho. NÃO tem vínculo empregatício, nem funcional. O Prestador de Serviço: Ex: Líder do Serviço de Cadastramento, Missionário de tempo parcial. NÃO VOLUNTÁRIO: remunerado, depende de recursos para realizar o seu trabalho. Normalmente, admitido sob contrato de trabalho. Tem vínculo empregatício ou funcional. Ex: Coordenador de Abrigo Temporário, Missionário de tempo integral 12. O Prestador de Serviço Voluntário, que é Membro da Equipe, tem todos os direitos e deveres (responsabilidade profissional, moral e legal) de um funcionário qualquer (com exceção das questões remuneratórias, trabalhistas, previdenciárias e afins) perante a instituição ou a sociedade que firmou acordo. 12 Pode haver exceções. Nem todos os Missionários de tempo integral são remunerados.

25 Importante! O Voluntário NÃO PODE depender de nenhum recurso do Governo ou da Agência arregimentadora para que ele possa prestar o seu serviço (transporte, lanche, água, etc). Exemplo: A: - Amigo, a Defesa Civil vai ativar uma campanha de recolhimento e distribuição de donativos. Você vai participar? B: - Claro, meu irmão! A SUBDEC vai dar o almoço? A: Não. Cada um ficará responsável pela sua própria alimentação. B: Como assim? Cada um terá que pagar ou levar a própria refeição?! B: Ah, não!!! Mas, isso não é um trabalho de assistência humanitária da Defesa Civil? A: É..., é sim. B: Então?! A SUBDEC deve bancar tudo isso. Se a defesa civil quer que agente trabalhe, ela tem que dar as condições. B: Amigo, quem trabalha de graça é relógio! Importante! A Defesa Civil NÃO fica impedida de (quando quiser) custear as despesas de um voluntário; caso tenha recursos para fazê-lo. Ela só não é obrigada a fazê-lo. Importante! O Voluntário (que NÃO é Membro de Equipe) PODE deixar de atender, em qualquer momento, qualquer convocação para trabalho.

26 4.1 PARA A ADMISSÃO AO SERVIÇO VOLUNTÁRIO Ser admitido para prestar um serviço voluntário NÃO é difícil, nem complexo. Mas, recomendamos a liderança convidante que se preocupe em transmitir todas as informações possíveis sobre o perfil e a postura servil de um voluntário, a fim de se evitar surpresas negativas, decepções e desconfortos nas missões. Portanto, a pessoa convidada precisa saber... 4.2 O QUE É SER VOLUNTÁRIO? DEFESA CIVIL ESTADUAL / RJ VOLUNTÁRIO: É o cidadão que espontaneamente, presta serviço não remunerado, dedicando parte de seu tempo disponível às necessidades de uma causa ou de uma comunidade, comprometendo-se a dispor de seus conhecimentos e talentos, de forma solidária, desinteressada e responsável, a fim de exercer ações de defesa civil destinadas a evitar ou minimizar os desastres. Em resumo, eis o perfil e valores que buscamos num voluntário: PERFIL DO VOLUNTÁRIO comprometimento tempo disponível solidariedade espontaneidade responsabilidade conhecimentos talento PROFISSIONAL

27 4.3 O QUE MUDOU NO PERFIL DO VOLUNTÁRIO? ANTES: voluntário não remunerado, sem comprometimento. ATUALMENTE: permanece não remunerado, mas busca realizações, satisfação e comprometimento. NOVA VISÃO DO VOLUNTÁRIO AMADOR BEM- INTENCIONADO TRANSFORMAÇÃO Participante de uma EQUIPE PROFISSIONAL TREINADO CONCLUSÃO Conhecer bem os paradigmas que estruturam e organizam o serviço de assistência humanitária com a participação de voluntários será de significativa importância para a redução de problemas no exercício de chefia e liderança, durante o processo de mobilização de recursos humanos e a implementação dos serviços. PENSAMENTO O ÚNICO LUGAR EM QUE SUCESSO VEM ANTES DE TRABALHO É NO DICIONÁRIO. Albert Einstein 13 13 Albert Einstein ( 1879 1955), foi um físico alemão radicado nos Estados Unidos mais conhecido por desenvolver a teoria da relatividade. Ganhou o Prêmio Nobel de Física de 1921.

28 Aula 02 Paradigmas da Chefia e Liderança.

29 PARADIGMAS DA CHEFIA E LIDERANÇA. FINALIDADE Ampliar a visão do participante para alguns aspectos relevantes no conceito de liderança, enfatizando a necessidade da participação, do comprometimento e da preparação para alcançar o sucesso na liderança de grupos. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Ao terminar desta aula o participante será capaz de: Citar os 02 (dois) principais fatores na relação de liderança. Citar os 03 (três) tipos de liderança. Citar 01 (uma) diferença entre o chefe e o líder. ANOTAÇÕES:

30 1 LIDERANÇA Consiste na relação de 02 (dois) principais fatores: Líder e Liderado. 1.1 O QUE É LIDERANÇA? Liderança é o processo de conduzir um grupo de pessoas. É a habilidade de motivar e influenciar os liderados para que contribuam, voluntariamente, da melhor forma com os objetivos do grupo ou da organização. A liderança é um tema importante para os gestores devido ao papel fundamental que os líderes representam na eficiência e na eficácia do grupo e da organização. Liderar não é uma tarefa simples. Pelo contrário. Liderança exige paciência, disciplina, humildade, respeito e compromisso, pois a organização é um ser vivo, dotado de colaboradores dos mais diferentes tipos. Os líderes são responsáveis pelo sucesso ou fracasso da organização. ANOTAÇÕES:

31 2 TEORIAS DA LIDERANÇA Segundo Chiavenato 14, a Teoria das Relações Humanas constatou a influência da liderança sobre o comportamento das pessoas. Existem 03 (três) principais teorias sobre a liderança: 1) Traços da personalidade. Segundo esta teoria, já desacreditada, o líder possuiria características marcantes de personalidade que o qualificariam para a função. 2) Estilos de liderança. Esta teoria aponta 03 (três) estilos de liderança: autocrática, democrática e liberal. 3) Situações de liderança. Nesta teoria o líder pode assumir diferentes padrões de liderança de acordo com a situação e para cada um dos membros da sua equipe. Para Araújo 15, liderar envolve influenciar pessoas para que trabalhem num objetivo comum. Meta traçada, responsabilidades definidas, será preciso neste momento uma competência essencial, qual seja, a de influenciar pessoas de forma que os objetivos planejados sejam alcançados. (ARAÚJO, 170, 2004) ANOTAÇÕES: 14 Idalberto Chiavenato, nascido em 1936 no interior do Estado de São Paulo, é autor brasileiro na área de administração de empresas e de recursos humanos tendo seus livros utilizados por administradores no Brasil, países de América Latina, Portugal, Espanha e países africanos de língua portuguesa. 15 Luis César G. de Araújo, Doutor em Administração pela EAESP/FGV. Mestre em Administração Pública pela UCLA University of California in Los Angeles (EUA). Bacharel em Administração pela EBAP/FGV. Professor da área de estudos organizacionais.

32 Para Lacombe 16, os líderes influenciam as pessoas graças ao seu PODER, que pode ser o: PODER LEGÍTIMO, obtido com o exercício de um cargo; PODER DE REFERÊNCIA, em função das qualidades e do carisma do líder; PODER DO SABER, exercido graças a conhecimentos que o líder detém. 3 TIPOS DE LIDERANÇA Liderança AUTOCRÁTICA: Na Liderança autocrática o líder é focado apenas nas tarefas. Este tipo de liderança também é chamado de liderança autoritária ou diretiva. O líder toma decisões individuais, desconsiderando a opinião dos liderados. Liderança DEMOCRÁTICA: Chamada ainda de liderança participativa ou consultiva, este tipo de liderança é voltado para as pessoas e há participação dos liderados no processo decisório. Liderança LIBERAL ou Laissez faire: Laissez-faire é a contração da expressão em língua francesa laissez faire, laissez aller, laissez passer, que significa literalmente "deixai fazer, deixai ir, deixai passar". 16 Francisco José Masset Lacombe, autor e professor de Administração. Autor do Livro - Recursos Humanos: princípios e tendências. São Paulo: Saraiva, 2005.

33 Importante! Neste tipo de liderança o líder ou o grupo atingiu a maturidade e não mais precisa de supervisão extrema de seu líder maior, os liderados ficam livres para por seus projetos em prática sendo delegado pelo líder liberal. 4 PECULIARIDADES DA LIDERANÇA John Maxwell 17, em sua publicação O Livro de Ouro da Liderança, diz que a liderança é exigente e complexa. E destaca algumas razões como: Liderança é a disposição de assumir riscos. Liderança é se sentir incomodado com a realidade. Liderança é assumir responsabilidades enquanto outros inventam justificativas. Liderança é enxergar as possibilidades de uma situação enquanto outros só conseguem ver as dificuldades. Liderança é a capacidade de subjugar o ego em benefício daquilo que é melhor. Liderança é inspirar outras pessoas com uma visão clara da contribuição que elas podem oferecer. Liderança é o poder de potencializar muitas vidas. Pode-se também, definir liderança como o processo de dirigir e influenciar as atividades relacionadas às tarefas dos membros de um grupo. 17 John C. Maxwell - É fundador das organizações Injoy Stewardship Services e EQUIP, que já treinaram mais de um milhão de líderes ao redor do planeta. Autor também de As 21 irrefutáveis leis da liderança.

34 Há 03 (três) implicações importantes nesta definição: Primeira: A liderança envolve outras pessoas, o que contribuirá na definição do status do líder. Exemplo: - Cláudio, você é o Presidente da Comissão. Ok? Segunda: A liderança envolve uma distribuição desigual de poder entre os líderes e os demais membros do grupo. Exemplo: - Senhores, somente o Presidente da Comissão poderá dirigir-se a mesa. Ok? Terceira: A liderança é a capacidade de usar diferentes formas de poder para influenciar de vários modos os seguidores. Exemplo: - O Cargo de Presidente da Comissão terá a vigência de 12 meses. Após isto, poderei nomear outra pessoa para este cargo.

35 Quem obtiver o melhor desempenho nas missões viajará comigo para EUA no próximo ano. 5 DIFERENÇAS NA LIDERANÇA De fato, os líderes influenciam seguidores. Por este motivo, muitos acreditam que os líderes têm por obrigação considerar a ética de suas decisões. Apesar de a liderança ser importante para o melhor desempenho da função e estreitamente relacionada a ela, liderança e chefia (gerência) NÃO SÃO OS MESMOS CONCEITOS. Planejamento, orçamento, controle, manutenção da ordem, desenvolvimento de estratégias e outras atividades fazem parte do gerenciamento. Gerência é o que fazemos. Liderança é quem somos.

36 5.1. O CHEFE E O LÍDER 1. CHEFE é alguém designado formalmente para coordenar um grupo. Seu principal instrumento para conseguir que os subordinados trabalhem é a autoridade hierárquica. 2. O LÍDER é alguém que se sobressai por possuir uma capacidade nata ou inata de fazer com que as pessoas o sigam. Nem sempre é nomeado formalmente. Seu principal instrumento para fazer com que os liderados trabalhem é sua capacidade de motivação. O líder influencia as pessoas. Uma pessoa pode ser um gerente eficaz, um bom planejador e um gestor justo e organizado e, mesmo assim, NÃO ter as capacidades motivacionais de um líder. Ou simplesmente, pode ocorrer o contrário. Uma pessoa pode ser um gerente ineficaz, porém, em contrapartida, ter as habilidades necessárias para um bom líder CONCLUSÃO Entre os desafios apresentados pelo ambiente mutável, as organizações estão valorizando cada vez mais os gerentes que possuem habilidades de liderança. Qualquer pessoa que aspire a ser um gerente eficaz deve também se conscientizar de praticar e desenvolver suas habilidades de liderança.

37 PENSAMENTO Quem não escolhe o árduo caminho da liderança, deve ser sábio para escolher a que líder seguir. Alfredo Martini 18 18 Alfredo Martini Júnior. - Executivo de Área Comercial e Recursos Humanos, Pós-graduado em Sistemas de Energia pela Universidade Federal de Uberlândia.

38 Aula 03 As Relações de Poder na Chefia e Liderança.

39 AS RELAÇÕES DE PODER NA CHEFIA E LIDERANÇA. FINALIDADE Ampliar a visão do participante para os principais aspectos e formas de poder nas relações interpessoais; como também, para a necessidade de se conhecer como pessoa e aprender a usar esta importante ferramenta para um fim proveitoso de abençoar pessoas. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Ao terminar desta aula o participante será capaz de: Citar os 02 (duas) formas de poder. Citar o nome do Capital de Confiança, importante para uma boa relação com o poder. Citar 02 (dois) aspectos necessários para usar bem o poder.

40 1 O PODER Poder é toda probabilidade de impor a própria vontade numa relação social, mesmo contra resistências, seja qual for o fundamento desta probabilidade. Max Weber 19 Poder (potere, no latim) é, literalmente, o direito de deliberar, agir e mandar; e também, dependendo do contexto, a faculdade de exercer a autoridade, a soberania, ou o império de dada circunstância ou a posse do domínio, da influência ou da força. A sociologia define poder, geralmente, como a habilidade de impor a sua vontade sobre os outros, mesmo se estes resistirem de alguma maneira. Existem, dentro do contexto sociológico, diversos tipos de poder: o poder social, o poder econômico, o poder militar, o poder político, entre outros. Dentre as principais teorias sociológicas relacionadas ao poder podemos destacar a teoria dos jogos, o feminismo, o machismo, o especismo 20 (racismo), etc. 19 Max Weber ( 1864 1920), foi um intelectual alemão, jurista, economista e considerado um dos fundadores da Sociologia. É um autor deslumbrado fundamentalmente pelo poder político, ou, se quisermos entendê-lo de uma maneira mais ampla, por toda a forma de dominação. 20 Especismo, é a discriminação baseada em espécies, que envolve atribuir animais sencientes (que possuem a capacidade de sentir, ou seja, possuem sentimento de prazer, felicidade, sofrimento e outros) diferentes valores e direitos baseado na sua espécie.

41 1.1 FORMAS DE PODER Uma forma de se verificar a intensidade do poder que alguém possa ter em relação a você. É avaliando-se o potencial de danos e prejuízos que este alguém pode te causar. Silva Costa Eis algumas formas de poder: Poder Social, que está em meio à sociedade. É a capacidade de um coletivo realizar influência social, ou seja, influenciar uma ou mais pessoas, de forma comunicativa, afetiva, harmônica, ou até repressiva. Poder Econômico é a possibilidade de exercício de uma influência notável e a princípio previsível pela empresa dominante sobre o mercado, influindo na conduta das demais concorrentes ou, ainda, subtraindo-se à influência dessas últimas, através de uma conduta indiferente e delas independente em grau (Nusdeo, 2002, p. 240-241). Poder Militar é o controle factual dos recursos de força (tecnologia, armamento e tropa), sob uma base normativa constitucional-legal, visando à manutenção da ordem estatal interna e a defesa dos interesses externos de qualquer país formalmente soberano e independente; o poder militar, colocase desta forma, como um elemento fundamental para a busca do bem comum em se tratando de qualquer sociedade nacional, minimamente, organizada. Poder Político é um poder governamental, ou seja, de quem governa. O governo exerce poder político quando influencia seus governados. Outras instituições, e até pessoas, exercem poder político na medida que são capazes de influenciar ações governamentais. Normalmente, a natureza de quem governa é o uso da força. O poder político é o poder de usar a força através do governo. Um assaltante que usa a força diretamente contra sua vítima NÃO está exercendo o poder político. Mas, um

42 sindicato ao promover uma lei que obriga os trabalhadores a entregar-lhes parte de seus rendimentos está. Poder Eclesiástico é um poder espiritual, ou seja, o sacerdócio conferido por Cristo aos ministrados da igreja para dispensarem os sacramentos aos fiéis. (Quidort 21, 1989, p. 48) Quidort considera o poder eclesiástico a partir dos meios gratuitos oferecidos por Deus para levar o homem à salvação (Quidort,1989, p. 28), portanto, as ações do homem possui a ética cristã, baseada na razão e na vontade de encontrar a salvação. O sujeito dos sacramentos que possui o poder espiritual é Cristo que institui os sacramentos e tem o poder da graça. Então os sacerdotes desde o sumo pontífice até o mais humilde sacerdote são ministros de Cristo, isto é, representam o poder de Deus na terra, onde podem ser chamados de agentes secundários, pois Cristo é causa eficiente, o sacramento é a causa instrumental, e o sacerdote é o ministro (Quidort, 1989, p. 28) 21 Jean Quidort ou João de Paris, o Surdo ( 1255 1306) foi um Monge dominicano, filósofo e teólogo nascido em Paris, que avançou em importantes e controvertidas idéias a respeito da autoridade papal e a separação entre igreja e estado.

43 1.2 REFLEXÕES NECESSÁRIAS Há algumas questões que 01 (um) voluntário precisa conhecer: 6. O Poder é bom? 7. Você gosta do Poder? 8. Daria tudo de sua vida pelo Poder? 9. Você pode ter Poder? 10. Que tipo de pessoa você é, quando está no Poder? 11. As pessoas te amariam mais com ou sem Poder? 12. Você, realmente, pode ter o Poder nas mãos? Todo o ato de bondade é demonstração de poder. Jeremy Betham 22 O dinheiro deve ser apenas o mais poderoso dos nossos escravos. Abel Bonnard 23 1.3 PODER REAL x PODER ECLESIÁSTICO Ao mesmo tempo em que defendia que a Igreja deveria retornar à primitiva pobreza dos tempos apostólicos, John Wycliffe 24 também entendia que o poder 22 Jeremy Bentham ( 1748 1832), foi um filósofo e jurista inglês. Juntamente com John Stuart Mill e James Mill, difundiu o utilitarismo, teoria ética que responde todas as questões acerca do que fazer, do que admirar e de como viver, em termos da maximização da utilidade e da felicidade. 23 Abel Bonnard ( 1883 1968) foi um poeta e romancista francês membro da Academia Francesa. Foi Ministro da Educação de Vichy (um governo fantoche da influência nazista), a sudeste de Paris/França. 24 John Wycliffe (ou Wyclif) ( 1320 1384) foi professor da Universidade de Oxford, teólogo e reformador religioso inglês, considerado precursor das reformas religiosas que sacudiram a Europa nos séculos XV e XVI. Trabalhou na primeira tradução da Bíblia para o idioma inglês, que ficou conhecida como a Bíblia de Wycliffe.

44 da Igreja devia ser limitado às questões espirituais, sendo o poder temporal exercido pelo Estado, representado pelo rei. Seu livro De officio regis defendia que o poder real também era originário de Deus, encontrava testemunho nas Escrituras Sagradas, quando Cristo aconselhou dar a César o que é de César. Era pecado, em sua opinião, opor-se ao poder do rei e todas as pessoas, inclusive o clero, deveriam pagar-lhe tributos. O rei deve aplicar seu poder com sabedoria e suas leis devem estar de acordo com as de Deus. Das leis de Deus se deriva a autoridade das leis reais, inclusive daquelas em que o rei atua contra o clero, porque se o clero negligencia seu ofício, o rei deve chamá-lo a responder diante de si. Ou seja, o rei deve possuir um controle evangélico e quem serve à Igreja deve submeter-se às leis do Estado. Segundo Wycliffe, os arcebispos ingleses deveriam receber sua autoridade do Rei (não do Papa). Especialmente interessantes são também os ensinamentos que Wycliffe endereça aos reis, para que protejam seus teólogos. Ele sustentava que, já que as leis do rei devem estar de acordo com as Escrituras, o conhecimento da Bíblia é necessário para fortalecer o exercício do poder real. O rei deveria cercar-se de teólogos para aconselha-lo na tarefa de proclamar as leis reais.

45 2 SENTIMENTOS DE PODER Compreendo que uns querem conquistar o Poder, outros... combatê-los. O que não compreendo é que se possa subestimar o Poder. Gerard Lebrun 25 Ao fazer o bem e mal, exercemos o nosso poder sobre aqueles a quem se é forçado a fazê-lo sentir; porque o sofrimento é um meio muito mais sensível, para esse fim, do que o prazer: sofrimento procura sempre a sua causa enquanto o prazer mostra inclinação para se bastar a si próprio e a não olhar pra trás. (Friedrich Nietzsche 26 ) Quando estou no Poder sou seduzido a viver... Autoridade Liderança Hierarquia Ordem Dominação Razão Força Sucesso Potência Ganhar sempre Quando estou no Poder sou seduzido a NÃO viver... Equilíbrio Justiça Sensibilidade Perdão Liberdade Ceder Perder Negociar Dividir Respeitar 25 Gerard Lebrun, nasceu em 1930, em Paris. Formado em Filosofia na Sorbonne, foi convidado em 1960 a ocupar a cátedra de filosofia mantida pelo governo francês na Universidade de São Paulo. 26 Friedrich Wilhelm Nietzsche ( 1844 1900), foi um influente filósofo alemão do século XIX. Em 1870, compromete-se como voluntário (enfermeiro) na guerra franco-prussiana. A experiência da violência e o sofrimento chocam-no profundamente.

46 2.1 UMA ANÁLISE DO PODER EM RELAÇÃO À POTÊNCIA Potência é a capacidade de efetuar um desempenho determinado, ainda que o ator nunca passe ao ato. (Gérard Lebrun) Exemplo: Policial: - O senhor acabou de avançar o sinal de trânsito. Motorista: Quem? Eu?! Policial: Sim, senhor. Vou te aplicar uma multa. Motorista: Puxa, seu guarda! O senhor tem razão. Perdoe-me! Estou com o meu filho, aqui no carro, passando muito mal. Estou indo para o hospital. Policial: Ok. Desta vez, eu não vou proceder com a multa. Motorista: Obrigado! Desculpe. Policial: Pode ir. Tenha mais atenção. No diálogo supracitado, observamos que o Policial tinha a POTÊNCIA de aplicar uma multa (punição) no Motorista, que naquele momento se tornara um transgressor da lei de trânsito. O Motorista pode ter tido a dúvida de ter cometido a transgressão, mas NÃO teve dúvida quanto àquele (policial) que tinha o PODER para exercer o ato de aplicá-lo uma punição.