A EFETIVIDADE DO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PARA JOVENS E ADULTOS DO IFNMG EM MINAS GERAIS

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Transcrição:

A EFETIVIDADE DO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PARA JOVENS E ADULTOS DO IFNMG EM MINAS GERAIS JOÃO LEANDRO CÁSSIO DE OLIVEIRA ¹ Mestrando em Educação - UESB, Professor do IFNMG. E-mail; jlc.oliveira@yahoo.com.br FABIANA SANTOS FARIAS DA SILVA 2 Mestranda em Educação UESB, Professora de rede pública estadual da Bahia. E-mail; fariask25@yahoo.com.br Eixo Temático 4 Pesquisa em educação de jovens e adultos - tendências e perspectivas da pesquisa em eja em diferentes estados e no país RESUMO Este trabalho tem como objeto de estudo o papel do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais - IFNMG na educação de jovens e adultos em uma região com registros históricos de baixa alfabetização da população, o norte de Minas Gerais e o Vale do Jequitinhonha. De acordo com a Lei nº. 11.892/2008 os Institutos Federais têm também tem a missão de oferecer educação aos jovens e adultos, assim este trabalho tem como problematiza a efetividade do programa de EJA do IFNMG. O estudo objetiva levantar a atuação do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais como agente promovedor de políticas educacionais no combate ao analfabetismo. Foi feito uma pesquisa descritiva, através do estudo de caso e análise documental onde foi verificado o funcionamento do PROEJA/IFNMG. Dessa forma foi comprovado que, o IFNMG ainda carece de fortalecer e ampliar o programa de educação de jovens e adultos na região estudada. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Alfabetização; Instituto Federal do Norte de Minas Gerais. INTRODUÇÃO O Brasil até meados do século passado era considerado um país rural, onde a maioria da população vivia no campo. Essa população tinha muita dificuldade de acesso à alfabetização, o que em parte contribuiu para que uma parcela da população chegasse a idade adulta sem formação básica ou até mesmo sem alfabetização. Galvão e Di Pierro (2007, p. 16) salienta que o trabalho precoce na lavoura, as dificuldades de acesso ou a ausência de escolas na zona rural impediram ou limitaram os estudos dessas pessoas na infância e adolescência. 1

Para combater o analfabetismo no Brasil, foi criado a EJA, ou seja, educação para jovens e adultos. Para Soares (1996, p. 28) são demandatários da educação de jovens e adultos aqueles que não tiveram acesso à escola na idade própria, os que foram reprovados, os que evadiram, os que precisavam trabalhar para auxiliar a família. EJA é uma modalidade de alfabetização e por alfabetização Paulo Freire diz: Alfabetização é mais que o simples domínio mecânico de técnicas para escrever e ler. Com efeito, ela é o domínio dessas técnicas em termos conscientes. É entender o que se lê e escreve o que se entende.(...) Implica uma auto formação da qual se pode resultar uma postura atuante do homem sobre seu contexto. Para isso a alfabetização não pode se fazer de cima para baixo, nem de fora para dentro, como uma doação ou uma exposição, mas de dentro para fora pelo próprio analfabeto, apenas ajustado pelo educador. Isto faz com que o papel do educador seja fundamentalmente diálogos com o analfabeto sobre situações concretas, oferecendo-lhes os meios com que os quais possa se alfabetizar. (FREIRE, 1989, p.72) Segundo o Mapa do Analfabetismo no Brasil, o interior do país é onde se encontra os maiores índices de pessoas com analfabetismo. Os Institutos Federais são entidades de ensino que nasceram com o compromisso de interiorizar a educação, já que a maior parte das universidades estão concentradas nas regiões das grandes capitais. De acordo com a Lei de criação dos Institutos Federais nº. 11.892/2008, estas entidades tem o compromisso de oferecer programas de educação de jovens e adultos. Dessa forma, a proposta deste trabalho justifica-se como fundamental ao problematiza a seguinte questão: como se dá o funcionamento do programa de EJA do IFNMG? Objetivamos levantar a atuação do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais na educação de jovens e adultos no interior do estado de Minas Gerais, no caso das regiões do Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha. Especificamente pretendemos: Analisar a contribuição do programa EJA do IFNMG no combate ao analfabetismo; Descrever o funcionamento do EJA no IFNMG. REDE FEDERAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL: OS INSTITUTOS FEDERAIS E O PROGRAMA DE Segundo Manfredi (2002) a rede federal de educação profissional teve seu início no século passado, especificamente em 1909, as primeiras escolas foram as Aprendizes Artífices, passando pelas Escolas Técnicas e chegando aos CEFET s. 2

Manfredi (2002) ainda descreve que aproximadamente entre o final da década de 1930 e meados da década de 1940 foram criados os Liceus Industriais que vieram a substituir as Escolas de Aprendizes. Já em 1959, essas Escolas Industriais passam a ser classificadas como autarquias e recebem o nome de Escolas Técnicas Federais. Outro passo importante foi dado próximo aos anos 80, em 1978 houve uma grande evolução das Escolas Técnicas, dessa forma algumas delas se transformaram em Centros Federais de Educação Tecnológica, os chamados CEFETs, em Minas Gerais, Rio de Janeiro, e Paraná. Neste compasso a rede federal foi criando a sua caracterização e se consolidando no cenário nacional da educação. A Lei nº. 11.892, de 29 de dezembro de 2008 (BRASIL, 2008), veio institucionalizar oficialmente a rede no âmbito do sistema federal de ensino, como Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, com vinculação junto ao Ministério da Educação sendo composta por 38 Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia Institutos Federais, pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná, pelos Centros Federais de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca e de Minas Gerais e por 24 Escolas Técnicas Vinculadas a Universidades Federais. Otranto (2010) apresenta que através da lei 11.892/2008 os Institutos Federais devem ser considerados instituições de ensinos que apresentam uma estrutura diferenciada, uma vez que foram criadas pela agregação/transformação de antigas instituições profissionais de ensino. Assim a lei nº 11.892/08, em seu artigo 6º definiu os IFETs, como uma Instituição de Ensino com a finalidade de ofertar educação profissional e tecnológica em todos os níveis e modalidades e promover a integração e a verticalização da educação profissional, desde a educação básica até a educação superior, otimizando a infraestrutura física, os quadros de pessoal e os recursos de gestão. Segundo o MEC (BRASIL, 2015), atualmente os Institutos Federais cobrem todo o território nacional, contribuindo para a qualificação de profissionais para diversos setores da economia brasileira, produzindo pesquisa e serviços no fomento do setor produtivo. São 562 unidades espalhadas por todo Brasil. A Rede Federal, por meio dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia juntamente tem a responsabilidade gerir programas de auxílio a educação de 3

jovens e adultos. Assim, foi criado o PROEJA - Programa de educação de jovens e adultos. O PROEJA nasceu através do decreto 5.478 de 2005 sendo alterado por outro decreto, de número 5.480 de 2006, os dois decretos definiriam o PROEJA com articulação ao Ensino Médio e a Educação Básica. Dentro deste contexto de regulamentação podemos ressaltar a Lei Nº 11.741/2008, que altera dispositivos da Lei no 9.394/1996, para redimensionar, institucionalizar e integrar as ações da Educação Profissional Técnica de nível médio, da Educação de Jovens e Adultos e da Educação Profissional e Tecnológica. METODOLOGIA O presente trabalho se caracteriza como descritivo, pois busca fazer uma conexão entre a realidade e a literatura. Gil (1991), explicita que as pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis. Vergara (2005) complementa afirmando que neste tipo de pesquisa não existe o comprometimento de prestar explicações dos fatos descritos. O caráter exploratório se deve a carência de informações sobre o assunto abordado neste trabalho. Gil (1991) assegura que este tipo de metodologia permite criar maior familiaridade com o problema. Quantos aos procedimentos técnicos, a pesquisa é de caracterizada em estudo de caso, documental e bibliográfica. Yin (2002, p. 32) elucida que o estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos. Vergara (2005) confirma que este tipo de estudo é limitado a um ou poucos agentes. No que diz respeito ao delineamento documental, Gil (1991, p. 57) comenta que essa abordagem se assemelha com a bibliográfica, sendo a fonte de dados principal diferença. Nesta pesquisa, os dados primários foram coletados junto às informações nos documentos referentes à educação de Jovens e Adultos no Instituto Federal do Norte de 4

Minas Gerais, ao passo que os dados secundários foram coletados em outras fontes de publicações, tais como revistas e livros. RESULTADOS A Pesquisa por Amostra de Domicílios de Minas Gerais (PAD-MG), elaborada pela Fundação João Pinheiro e o Escritório de Prioridades Estratégicas do governo de Minas Gerais mostra a situação do analfabetismo no estado. A pesquisa apurou que em 2013, 7,6% das pessoas de 15 anos ou mais eram analfabetas em Minas Gerais. A tabela 1 a seguir mostra a taxa de analfabetismo por região do estado de Minas Gerais, ao qual podemos constatar as altas taxa de analfabetismo na região do Vale do Jequitinhonha e Norte de Minas. Tabela 1: Índices de analfabetismo em Minas Gerais Região Taxa (%) Região Metropolitana de BH 4,4 Região do Norte de Minas 11,7 Região do Rio Doce 11,9 Vale do Jequitinhonha e Mucuri 19,9 Fonte: Pesquisa por Amostra de Domicílios de Minas Gerais (PAD-MG) - 2014 De acordo com Plano de Desenvolvimento Institucional do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais, esta entidade tem compromisso de combater o analfabetismo. Para tanto, atualmente de acordo com a tabela 2 ela dispõe dos seguintes cursos em cidades de regiões do Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha: Tabela 2: Atuação do IFNMG na Educação de Jovens e Adultos Cidade Região Curso Januária Norte de Minas Gestão e Negócios Januária Norte de Minas Técnico em Comércio Salinas Vale do Jequitinhonha Fonte: Dados coletados na Pesquisa - 2015 Técnico em Manutenção e Suporte em Informática 5

O Instituto Federal do Norte de Minas Gerais tem sua área de abrangência em praticamente metade do estado de Minas Gerais, conforme apresenta a figura 1 abaixo: Figura 1: Mapa de abrangência do IFNMG Fonte: Portal IFNMG 2015 Esta figura mostra o quanto o IFNMG pode ser protagonista no combate ao analfabetismo no estado de Minas Gerais. Mas de fato isso não acontece, já que seus programas de Educação para Jovens e Adultos estão concentrados apenas em dois Campi, e mesmo assim com um número limitado de cursos oferecidos. CONCLUSÃO Neste estudo foi verificado que Instituto Federal do Norte de Minas Gerais não é efetivo no que tange as suas políticas de combate ao analfabetismo e consequentemente em seu programa de educação de jovens e adultos. O IFNMG é uma entidade de ensino federal, com corpo docente qualificado, em sua maioria mestres e doutores, possui boa estrutura, com laboratórios e bibliotecas e cursos desde o ensino técnico até o ensino superior. No Norte de Minas e Vale do 6

Jequitinhonha o instituto conta com dez campi. Todas estas características, em tese, facilitariam a aplicação de programas de EJA com mais efetividade e abrangência, mas não é o que acontece de fato, pois conforme apresentado nos resultados, apenas dois campi têm programa de educação de jovens e adultos. Portanto, diante do exposto na pesquisa, o problema de pesquisa foi respondido e nossos objetivos foram confirmados, já que o IFNMG precisa melhorar o olhar para programas de EJA, pois está inserido em região com uma demanda reprimida em relação à alfabetização, ou seja, com altos índices de analfabetismo. Assim, esta instituição, por seu porte, capacidade e estrutura disponível deveria assumir um papel de maior protagonismo na educação de jovens e adultos. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei nº. 11.892, de 29 de dezembro de 2008. Institui a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Seção 1, p. 1, 30/12/2008., MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Disponível em: <http://redefederal.mec.gov.br/expansao-da- 2rede-federal > Acesso em 29 set. 2015., Lei 9394/96 de 20.12.96 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília (DF): Diário Oficial da União. n 248 de 23.12.96.,.Lei 11.741 de 16 de julho de 2008. Altera dispositivos da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para redimensionar, institucionalizar e integrar as ações da educação profissional técnica de nível médio, da educação de jovens e adultos e da educação profissional e tecnológica.. Decreto nº 5.478, de 24 de junho de 2005. Institui, no âmbito das instituições federais de educação tecnológica, o Programa de Integração da Educação Profissional ao Ensino médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos Proeja. Brasília, DF. Decreto nº 5.840, de 13 de julho de 2006. Institui, no âmbito federal, o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica ao na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos Proeja. Brasília, DF FREIRE, A. M. A. Analfabetismo no Brasil: da ideologia da interdição do corpo à ideologia nacionalista, ou de como deixar sem ler e escrever desde as Catarinas 7

(Paraguaçu), Filipas, Madalenas, Anas, Genebras, Apolônias e Grácias até os Severinos. São Paulo: Cortez: Brasília: INEP, 1989. p. 233. (Biblioteca da Educação. Série 1. Escola; v. 4). GALVÃO, Ana Maria de Oliveira; DI PIERRO, Maria Clara. Preconceito contra o analfabeto. São Paulo: Cortez, 2007- (Preconceitos v. 2). GIL, A.C.. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991. IFNMG. Plano de Desenvolvimento Institucional do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais, 2014 a 2018. http://www.ifnmg.edu.br/arquivos/2014/pdi%202014-2018%2009-12-13.pdf. Acesso em: 11 de outubro de 2015. MANFREDI. S. M. Educação Profissional no Brasil. São Paulo: Cortez, 2002. OTRANTO, Celia Regina. Criação e Implantação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia IFETS. Revista RETTA (PPGEA/UFRRJ), Ano I, nº1, jan./jun. 2010, p. 89-110. PAD MG. Pesquisa por Amostra de Domicílios de Minas Gerais, 2014. http://www.fjp.mg.gov.br/index.php/indicadores-sociais/-pesquisa-por-amostra-dedomicilios-pad-mg. Acesso em: 10 de jul. 2015 SOARES, Leôncio José Gomes. A educação de jovens e adultos: momentos históricos e desafios atuais. Revista Presença Pedagógica, v.2, nº11, Dimensão, set/out 1996. VERGARA, S.C. Projetos e Relatórios de pesquisa em Administração. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2005. YIN, R.K.. Estudo de Caso: planejamento e métodos. 2 ed. Porto Alegre: Bookman, 2002. 8