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Transcrição:

fls. 167 23 de agosto de 2016 3ª Câmara Cível Apelação - Nº 0836456-49.2013.8.12.0001 - Campo Grande Relator Exmo. Sr. Des. Fernando Mauro Moreira Marinho Apelante : Seguradora Líder dos Consórcios do Seguro DPVAT S.A. Advogada : Luciana Veríssimo Gonçalves e Outros Apelantes : Altamiro Benedito Galeano e Outro Advogado : Bruno de Assis Sartori Apelados : Altamiro Benedito Galeano (Espólio) e Outro Apelado : Seguradora Líder dos Consórcios do Seguro DPVAT S.A. Interessado : Ariluci Boaventura Galeano Interessado : Lucia Boaventura Galeano Interessado : Ramiro Boaventura Galeano E M E N T A APELAÇÕES CÍVEIS COBRANÇA DE SEGURO DPVAT ACIDENTE DE TRÂNSITO ILEGITIMIDADE AD CAUSAM REJEITADA ESPÓLIO DA VÍTIMA DO ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO HERDEIROS PAGAMENTO EM VIA ADMINISTRATIVA QUITAÇÃO PRELIMINAR REJEITADA MÉRITO VALOR DA INDENIZAÇÃO MANTIDO GRADUAÇÃO CONFORME A LESÃO DO SEGURADO HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE RECURSO DA SEGURADORA DESPROVIDO RECURSO DOS AUTORES PROVIDO. 1) Os casos de indenização decorrentes do seguro DPVAT não são personalíssimos, possuem natureza patrimonial, razão pela qual os herdeiros têm legitimidade, pois o direito material alegado persiste, nos termos do art. 43 do CPC. 2) Há interesse processual quando a tutela jurisdicional se mostrar necessária à obtenção do bem perseguido e o provimento postulado for efetivamente útil ao demandante. 3) O pagamento parcial recebido, com a correspondente quitação, não torna o segurado carecedor de ação, visto que não teve nenhuma intervenção de vontade da sua parte no teor da negociação, vindo a firmar o recibo apenas como condição ao pagamento do valor parcial. 4) Os ônus sucumbenciais devem ser atribuídos, na íntegra, à seguradora, pois além de ter dado causa ao ajuizamento da ação, os autores decaíram de parte mínima do pedido. Os honorários advocatícios devem ser fixados de acordo com os critérios previstos no CPC/73, observados os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.

fls. 168 A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade, rejeitar as preliminares, negar provimento ao apelo da Seguradora e dar provimento ao recurso de Altamiro e Mariluci, nos termos do voto do relator. Campo Grande, 23 de agosto de 2016. Des. Fernando Mauro Moreira Marinho - Relator

fls. 169 R E L A T Ó R I O O Sr. Des. Fernando Mauro Moreira Marinho. Trata-se de procedimentos recursais de Apelação interpostos por Seguradora Líder dos Consórcios do Seguro DPVAT S.A. e por contra decisão proferida pelo M.M. Juízo da 14ª Vara Cível nos autos da ação de Cobrança Securitária movida pelo Espólio de Altamiro Benedito Galeano e Mariluci Monteiro Boaventura, que julgou parcialmente procedente o pedido para condenar a ré ao pagamento de indenização de R$ 13.500,00, corrigidos monetariamente pelo IGPM/FGV desde a data do acidente e acrescidos de juros moratórios de 1% ao mês a partir da citação, com o abatimento de R$ 7.256,25 já recebidos administrativamente, devidamente corrigidos, devendo o valor ser dividido na proporção de 50% para a viúva Mariluci Monteiro Boaventura e 50% divididos igualmente entre os filhos. A Seguradora alega, em síntese, preliminarmente ilegitimidade ad causam, pois conforme a Lei nº. 11.945/09, de 05.06.2009 o beneficiário é a própria vítima sendo vedada a cessão de direitos ainda que ao espólio e no mérito sustenta que já foi efetuado o pagamento, em sede administrativa, do valor de R$ 7.256,25 (sete mil duzentos e cinquenta e seis reais e vinte e cinco centavos) ao falecido, não sendo devido mais nada. Prequestiona a matéria legal debatida. Requer, in fine, o acolhimento da preliminar de ilegitimidade ativa e no mérito pelo provimento do recurso diante do pagamento da indenização em sede administrativa. Contrarrazões pelo desprovimento do recurso. Os autores sustentam, em síntese, que: Ainda que não tenham vencido em relação ao valor da condenação que pretendiam receber, os ônus da sucumbência devem ser arcados integralmente pela Seguradora diante do princípio da causalidade, bem como pugnam pela majoração dos honorários advocatícios tendo em vista sua natureza alimentar. Sem contrarrazões V O T O O Sr. Des. Fernando Mauro Moreira Marinho. (Relator) Trata-se de procedimento recursal de Apelação interposto por Seguradora Líder dos Consórcios do Seguro DPVAT S.A. contra decisão proferida pelo M.M. Juízo da 14ª Vara Cível nos autos da ação de Cobrança Securitária movida pelo Espólio de Altamiro Benedito Galeano e Mariluci Monteiro Boaventura, que julgou em parte procedente o pedido para condenar a ré ao pagamento de indenização de R$ 13.500,00, corrigidos monetariamente pelo IGPM/FGV desde a data do acidente e acrescidos de juros moratórios de 1% ao mês a partir da citação, com o abatimento de R$ 7.256,25 recebidos administrativamente, devidamente corrigidos, devendo o valor ser dividido na proporção de 50% para a viúva Mariluci Monteiro Boaventura e 50%

fls. 170 divididos por igual entre os filhos. O cerne da questão recursal cinge-se na concessão ou não da indenização do seguro DPVAT pelos herdeiros do autor Altamiro, vítima de acidente, que faleceu no curso do processo. Com relação ao direito personalíssimo, dispõe o art. 43 do Código de Processo Civil consigna: "Art. 43. Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a substituição pelo seu espólio ou pelos seus sucessores, observado o disposto no artigo 265." Ante tal, diante da morte de uma das partes ocorrerá a sucessão pelo espólio ou por seus sucessores, independentemente do consentimento da parte contrária. Referida norma somente não se aplicará quando a ação for intransmissível por expressa disposição legal, consoante o art 267, IX, do CPC. Os casos de indenização por invalidez decorrentes do seguro DPVAT não são personalíssimos, eis que possuem natureza patrimonial, razão pela qual deve ser rejeitada a preliminar, pois o direito material alegado persiste, nos termos do dispositivo retrotranscrito. Este é o entendimento desta Corte: "APELAÇÃO CÍVEL - (...) - PAGAMENTO DE SEGURO POR INVALIDEZ PERMANENTE - MORTE DA SEGURADA NO CURSO DA AÇÃO - LEGITIMIDADE DO ESPÓLIO PARA FIGURAR NO POLO PASSIVO DA DEMANDA - ARTIGO 43, DO CPC - INVALIDEZ COMPROVADA - CONTRATO VIGENTE - OBRIGATORIEDADE DO PAGAMENTO DA INDENIZAÇÃO - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS MANTIDOS - OBEDIÊNCIA À PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE - ATENÇÃO AO TRABALHO DESENVOLVIDO PELO ADVOGADO TEMPO E NATUREZA DA AÇÃO - RECURSO DO ESPÓLIO PROVIDO E RECURSO DA SEGURADORA NÃO CONHECIDO EM PARTE E NA PARTE CONHECIDA IMPROVIDO. (...) Nos termos do que vem previsto no artigo 43, do CPC, "ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a substituição pelo seu espólio ou pelos seus sucessores (...)." Estando comprovada a invalidez permanente por doença da segurada por meio de laudo e exames médicos, assim como de depoimentos testemunhais, mesmo que não haja perícia judicial, deve ser paga a indenização prevista no contrato de seguro. Seguindo a jurisprudência deste Tribunal e do STJ, o mero atraso no pagamento do prêmio não basta para desconstituir a relação contratual, sendo necessária a interpelação do segurado para a caracterização da mora. Não há que se falar em redução do valor fixado a título de honorários advocatícios, quando estabelecido levando-se em consideração o trabalho desenvolvido pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço, bem como a natureza da ação, e ainda, atento aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade." (Relator(a): Des. Claudionor Miguel

fls. 171 Abss Duarte; Comarca: Campo Grande; Órgão julgador: 4ª Câmara Cível; Data do julgamento: 05/03/2013; Data de registro: 12/03/2013) "APELAÇÃO CÍVEL AÇÃO DE COBRANÇA INDENIZAÇÃO DO SEGURO DPVAT FALECIMENTO DO AUTOR NO CURSO DA DEMANDA DIREITO DE CRÉDITO SUBSTITUIÇÃO DO PÓLO ATIVO PELOS HERDEIROS POSSIBILIDADE PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA REJEITADA PRESCRIÇÃO AFASTADA MÉRITO AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA INVALIDEZ PERMANENTE IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO INICIAL DEMAIS QUESTÕES DEVOLVIDAS PREJUDICADAS RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E PROVIDO. A indenização securitária de DPVAT não envolve direito da personalidade, mas direito de crédito, portanto, não se trata de direito personalíssimo, podendo ser pleiteado pelos herdeiros do credor falecido." (...) (TJMS. 5ª Câmara Cível. Apelação - Nº 0039037-12.2009.8.12.0001 - Campo Grande. Relator Des. Sideni Soncini Pimentel. J. 14/08/2014) Pontuado tal, rejeito a preliminar de ilegitimidade ativa. Assevera a seguradora que a diferença pretendida na inicial não poderia ser exigida pela parte recorrida, tendo em vista a quitação em sede administrativa por ocasião do pagamento do seguro. A Constituição Federal de 1988 em seu art. 5º, inciso XXXV dispõe sobre o princípio do amplo acesso à Justiça. Vejamos: "Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: ( ) XXXV a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;" Com efeito, sabe-se que interesse processual se faz presente quando a tutela jurisdicional se mostrar necessária à obtenção do bem da vida perseguido e o provimento postulado for efetivamente útil ao demandante, proporcionando-lhe melhora em sua situação jurídica. No caso dos autos, os requerentes buscam o recebimento de quantia complementar do seguro obrigatório, pois alegam que o valor recebido na via administrativa não seria suficiente para indenizar as sequelas decorrentes do acidente de trânsito. Assim, ainda que tenha havido pagamento em via administrativa, tal fato não implica carência de ação por falta de interesse de agir quando a vítima ou seus sucessores alegam fazer jus a valor maior do que o recebido, até porque aquele que se sentir prejudicado no exercício do seu direito tem amplo acesso à justiça, o contrário ocorreria afronta à garantia constitucional estabelecida no art. 5º, XXXV, da Constituição Federal ou seja ao princípio da inafastabilidade da jurisdição.

fls. 172 Portanto, não há que se falar em ausência do interesse de agir, pelo que os apelados possuem o direito de buscar, por meio judicial próprio, o reconhecimento da pretensão, independentemente de quitação de valor parcial em sede administrativa. Como bem elucidado pelo ilustre magistrado de primeiro grau "o laudo esclareceu a questão indene de dúvida, não havendo como dele divergir, notadamente à míngua de outros elementos que possam infirmar a conclusão nele lançada (art. 436 do Código de Processo Civil)." (f. 127) Aplicando a Lei 11.945/09, a indenização deve ser fixada nos casos de invalidez permanente parcial incompleta, pelas perdas anatômicas ou funcionais a serem enquadradas na forma prevista na tabela anexa àquela lei e em seguida à redução proporcional em razão da repercussão da perda, o que no caso diante da perda funcional de ambos os membros inferiores, o percentual a aplicado é de 100% do valor máximo da cobertura, ou seja, R$ 13.500,00, devendo ser descontado o valor já quitado administrativamente. Ponderado tal, demonstra-se escorreita a decisão de primeiro grau, devendo ser mantida in totum. Quanto ao prequestionamento, observo que a solução da lide não passa necessariamente pela restante legislação invocada e não declinada, seja especificamente, seja pelo exame dos respectivos conteúdos, não se fazendo necessária a menção explícita de dispositivos, consoante entendimento consagrado no Eg. Superior Tribunal de Justiça. Portanto, rejeito as preliminares e nego provimento ao apelo interposto pela Seguradora Líder dos Consórcios do Seguro DPVAT S.A, mantendo in totum a decisão vergastada. Passo ao apelo interposto pelo Espólio de Altamiro Benedito Galeano e Mariluci Monteiro Boaventura. Aduzem que mesmo que não tenham vencido em relação ao valor da condenação que pretendiam receber, os ônus da sucumbência devem ser arcados integralmente pela Seguradora diante do princípio da causalidade, bem como pugnam pela majoração dos honorários advocatícios tendo em vista a natureza alimentar. In casu, verifica-se que os autores obtiveram êxito no pedido principal condenatório, tendo sido julgado parcialmente procedente o pedido apenas porque do valor total foi determinando o abatimento da quantia recebida administrativamente. Assim, diante do princípio da causalidade, entendo que a ré deva responder integralmente pelo pagamento das custas processuais e honorários sucumbenciais, ex vi art. 21, parágrafo único, do Código de Processo Civil/1973. Nesse sentido, são os precedentes desta e. Corte: "RECURSO DE APELAÇÃO COBRANÇA DO SEGURO DPVAT PRESCRIÇÃO PREJUDICIAL DE MÉRITO REJEITADA INVALIDEZ PARCIAL PERMANENTE DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRÂNSITO INDENIZAÇÃO DEVIDA DATA DE INCIDÊNCIA DA CORREÇÃO MONETÁRIA E DOS JUROS DE MORA CUSTAS PROCESSUAIS E HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA

fls. 173 CAUSALIDADE CONDENAÇÃO DE PEQUENO VALOR ARBITRAMENTO DOS HONORÁRIOS POR EQUIDADE. (...) 6 - Por ter dado causa ao ajuizamento da ação, a seguradora tem o ônus de arcar com as custas processuais e honorários de sucumbência, mesmo quando o pedido é julgado parcialmente procedente. Nesses casos, considera-se que o autor decaiu em parte mínima do pedido, visto que a verdadeira característica da lesão só é apurada com a perícia judicial, o que impossibilita ou dificulta a especificação do valor efetivamente devido já petição inicial. (...)" (Apelação nº 0802603-49.2013.8.12.0001, Rel. Des. Vilson Bertelli, 2ª Câmara Cível, 23/02/2016) "RECURSO DE APELAÇÃO COBRANÇA DE SEGURO DPVAT INVALIDEZ PARCIAL PERMANENTE INDENIZAÇÃO FIXADA DE ACORDO COM A TABELA DA LEI 11.945/09 HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA. (...) 2- Por ter dado causa ao ajuizamento da ação, a seguradora tem o ônus de arcar com as custas processuais e honorários de sucumbência, mesmo quando o pedido é julgado parcialmente procedente. Nesses casos considera-se que o autor decaiu em parte mínima do pedido, visto que a verdadeira característica da lesão só é apurada com a perícia judicial, o que impossibilita ou dificulta a especificação do valor efetivamente devido já petição inicial. (...) Recurso parcialmente provido". (Apelação nº 0810157-35.2013.8.12.0001, Rel. Juiz Convocado Geraldo de Almeida Santiago, 24/11/2015) Dessarte, a sentença merece reforma, para ser atribuída integralmente à ré os ônus de sucumbência. Por fim, para justa remuneração do causídico, reputa-se razoável, à luz dos critérios do 4º, do art. 20, do Código de Processo Civil, então vigente, sejam fixados os honorários de sucumbência em R$ 1.300,00 (mil e trezentos reais). Assim, dou provimento ao apelo interposto por Espólio de Altamiro Benedito Galeano e Mariluci Monteiro Boaventura para que seja a sucumbência atribuída integralmente à parte ré, fixado-se os honorários advocatícios em R$ 1.300, 00 (mil e trezentos reais) em consonância com o art. 20, 4 do CPC. CONCLUSÃO: Ex positis, rejeito as preliminares e nego provimento ao apelo interposto pela Seguradora Líder dos Consórcios do Seguro DPVAT S.A e dou provimento ao apelo interposto por Espólio de Altamiro Benedito Galeano e Mariluci Monteiro Boaventura para que seja a sucumbência atribuída integralmente à parte ré, fixado-se os honorários advocatícios em R$ 1.300, 00 (mil e trezentos reais) em consonância com o art. 20, 4 do CPC.

fls. 174 D E C I S Ã O Como consta na ata, a decisão foi a seguinte: POR UNANIMIDADE, REJEITARAM AS PRELIMINARES, NEGARAM PROVIMENTO AO APELO DA SEGURADORA E DERAM PROVIMENTO AO RECURSO DE ALTAMIRO E MARILUCI, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR. Presidência do Exmo. Sr. Des. Marco André Nogueira Hanson Relator, o Exmo. Sr. Des. Fernando Mauro Moreira Marinho. Tomaram parte no julgamento os Exmos. Srs. Des. Fernando Mauro Moreira Marinho, Des. Marco André Nogueira Hanson e Des. Eduardo Machado Rocha. mi Campo Grande, 23 de agosto de 2016.