Artigo científico. Leticia de Souza Quirino Pereira (1) Marcos Eduardo Paron (2) Guilherme Augusto Canella Gomes (2)

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Transcrição:

15 Artigo científico O manejo de sistema agroflorestal para a recuperação da área degrada ao entorno da nascente do IFSP campus São Roque Agro-forestry system management to recover the degraded area around de water source, IFSP campus Sao Roque, Sao Paulo State, Brazil Leticia de Souza Quirino Pereira (1) Marcos Eduardo Paron (2) Guilherme Augusto Canella Gomes (2) Resumo. O presente trabalho teve por objetivo avaliar a diversidade arbórea do fragmento de Floresta Estacional Semidecidual do IFSP no município de São Roque SP (23 31 S, 47 6 W). Para a realização do levantamento da vegetação, o campus foi separado por áreas (1-4) para facilitar a coleta e observação dos dados. Em cada área foram amostrados todos os indivíduos; as espécies foram identificadas com nome popular, nome científico e família botânica. Foi levantada a quantidade de indivíduos em cada área e assinalada a origem de cada espécie (nativos ou exóticos da Mata Atlântica). Somente a área 2 fez parte da a- nálise (área que compreende o Sistema Agroflorestal - SAF). Por meio dos dados desta área, foi feito o comparativo de mortalidade das espécies que foram plantadas ao longo de três anos (2010-2013) para que possa haver, então, a recuperação da área degradada no entorno da nascente presente no IFSP campus São Roque. Com o levantamento de todo o campus, foi possível observar as famílias que obtiveram maior representatividade: Fabaceae (23,10%), Myrtaceae (18,75%) e Anacardiaceae (15,60%). Juntas, o total é de 56,45%, sendo o restante das famílias representadas com 43,55%. Palavras-chave: Recuperação de área degradada; floresta semidecidual; mata atlântica. Abstract. The present paper aimed to assess the arboreal diversity of the semi-deciduous forest within IFSP in Sao Roque, Sao Paulo State, Brazil (23 31 S, 47 6 W). To survey vegetation, the campus was split into four areas (1-4) so that data collection and observation were enhanced. In each area, all individuals were surveyed; species were identified with their common names, scientific epithets, and botanical families. Individuals in each area were counted, and their origin was mentioned (indigenous or exotic to the Atlantic Rain Forest). Only area 2 was analyzed (where the Agro-forestry System is located). With the data from this area, we compared species mortality in terms of species planted throughout three years (2010-2013) so that the degraded area around the water source (IFSP campus Sao Roque) might be recovered. We could observe families with higher representativeness: Fabaceae (23.10%), Myrtaceae (18.75%), and Anacardiaceae (15.60%). All together, these families count for 56.45%; the remaining families stand for 43.55% of the total amount. Keywords: Degraded area recovery; semi-deciduous forest; Atlantic Rain Forest. (1) Aluna de Graduação em Tecnologia de Gestão Ambiental do IFSP campus São Roque. Correspondência: Rod. Pref. Quintino de Lima, 2.100, Paisagem Colonial, São Roque - SP; e-mail: leticiasqp@gmail.com (2) Professor adjunto do IFSP campus São Roque. (Recebido em: 30 set. 2013; aceito em: 15 out. 2013; publicado em: 09 jul. 2014). Introdução A cidade de São Roque encontra-se no âmbito da Floresta Estacional Semidecidual e da Área de Proteção Ambiental Itupararanga (APA Itupararanga). O curso d água que forma o reservatório é o Rio Sorocaba, localizado no Estado de São Paulo na denominada UGRHI 10 Sorocaba/Médio Tietê. Esse rio (e o reservatório) é responsável por grande parte do abastecimento de água dos seguintes municípios: Sorocaba, Votorantim, Mairinque, Alumínio, Ibiúna e São Roque, sendo considerado um manancial com boa qualidade de água em sua maior parte (QUEIROZ & IMAI, 2009). Portanto, é importante que São Roque possua uma diversidade biológica nos entornos de rios e córregos, como é o caso do IFSP, localizado no entorno do Ribeirão Carambeí.

16 Antes de a área do campus ser ocupada pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), nela funcionava uma fábrica de blocos; o terreno foi prejudicado por essas atividades antrópicas, sendo que até os dias de hoje é possível encontrar resquícios de materiais de construção dessa época. Por meio de um checklist é possível observar alguns aspectos relevantes para análises biológicas, tais como famílias botânicas com maior representatividade, número de espécies, mortalidade em comparação com a lista de espécies que foram plantadas ao longo de três anos (2010-2013) e que sobrevivem até o momento, além da disposição das árvores no local. Outro fato relevante é o da perda de habitat das espécies nativas, uma vez que plantas exóticas invasoras tendem a produzir alterações em propriedades ecológicas essenciais como ciclagem de nutrientes e produtividade vegetal, cadeias tróficas, estrutura, dominância e distribuição (MIRANDA & CARVALHO, 2009). A área do Sistema Agroflorestal (SAF) área 2 compreende 21 espécies nativas e oito exóticas. Por ser um terreno com não mais que um hectare de área, essa diferença pode ser prejudicial já que pode haver problemas no crescimento das espécies nativas e, possivelmente, também na nascente que existe dentro do campus. No interior do SAF foram plantadas 20 espécies, totalizando 94 indivíduos. Este projeto de replantio objetivou alterar a característica do campus como sendo uma á- rea degradada. Material e métodos O levantamento arbóreo foi realizado na área do IFSP campus São Roque. Foram escolhidos alguns critérios de pesquisa: o campus foi dividido em áreas (1-4) para facilitar a coleta de dados e a compilação dos resultados. A Fig. 1 mostra a separação das áreas por círculos, diferenciados pelas cores e com as respectivas legendas. Figura 1. IFSP campus São Roque dividido em quatro áreas para amostragem dos dados (Fonte: GoogleEarth ). Após a identificação por áreas, foi realizado o trabalho de campo com a coleta de dados das espécies. A área 1 compreende a menor área do campus, com apenas quatro espécies. O SAF do campus está na área 2 e, portanto, possui algumas árvores que ainda se encontram na fase de mudas, visto que o recuperação da área tem ocorrido há apenas três anos com o plantio de 94 indivíduos. Na área 3, encontra-se o arboreto do campus com suas espécies nativas da Mata Atlântica, abrangendo a área com maior quantidade de árvores com porte de mudas. Na área 4 observa-se que a maioria das árvores é da

17 espécie Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit (Fabaceae), que é exótica, mas com boa adaptação local. As espécies foram identificadas com base em bibliografia especializada (LORENZI, 2008). Um checklist traz seus respectivos nomes populares e suas famílias botânicas. Resultados e discussão Por meio do levantamento, foi possível organizar uma tabela contendo a quantidade de indivíduos das espécies por área do campus, seus nomes científicos e famílias botânicas; contudo, para efeito de estudo, está presente apenas a relação da área 2 (SAF), pois foi nesta área que foi realizada a recuperação da área degradada ao entorno da nascente e analisada a mortalidade das espécies plantadas até o momento de publicação dos dados. A Tab. 1 contém a lista com a quantidade, nomes popular e científico e família botânica das mudas plantadas para a recuperação. A Tab. 2 traz os dados relativos ao levantamento florístico das árvores em 2013. Analisou-se o total de indivíduos que sobreviveram, sendo possível, assim, o cálculo da porcentagem de mortalidade presente na área de recuperação da nascente. Tabela 1. Mudas de árvores plantadas para recuperação no IFSP campus São Roque. Quantidade Nome popular Nome científico Família botânica 5 Araçá amarelo Psidium cattleyanum Myrtaceae 2 Araçá roxo Psidium rufum Myrtaceae 4 Bugreiro Lithraea molleoides Anacardiaceae 2 Canafístula Albizia inundata Fabaceae 3 Canela-salsa Ocotea puberula Lauraceae 2 Canudo de pito Carpotroche brasiliensis Flacourtiaceae 2 Capixingui Croton floribundus Euphorbiaceae 6 Goiabeira Psidium guajava Myrtaceae 2 Guaçatonga Casearia sylvestris Flacourtiaceae 2 Ingá Inga vera Fabaceae 5 Ipê amarelo Tabebuia serratifolia Bignoniaceae 3 Ipê roxo Tabebuia avellanedae Bignoniaceae 1 Mirindiba rosa Lafoensia glyptocarpa Lythraceae 20 Palmeira juçara Euterpe edulis Arecaceae 9 Pata de vaca Bauhinia forficata Fabaceae 5 Pau d alho Gallesia integrifolia Phytolaccaceae 6 Pau-viola Citharexylum myrianthum Verbenaceae 10 Pitangueira Eugenia uniflora Myrtaceae 2 Sibipiruna Caesalpinia peltophoroides Fabaceae 8 Uvaia Eugenia pyriformis Myrtaceae A espécie presente em maior número de indivíduos das áreas do IFSP é Hovenia dulcis (Rhamnaceae), conhecida vulgarmente como uva Japonesa, que representa 7,65% do total das espécies; a segunda espécie de maior incidência é Syagrus romanzoffiana (Arecaceae), conhecida como jerivá, com 6,50% do total de 170 indivíduos levantados nesse estudo. Dentre as famílias, Fabaceae foi a que apresentou maior representatividade (com número de espécies e não quantidade de indivíduos, pois ocor-

18 re uma inversão da colocação das famílias nesse caso) com 23,10%, seguida por Myrtaceae com 18,75%; Anacardiaceae com 15,60%; as famílias com três espécies presentes no campus, representando cada uma delas 9,37% do total das famílias, foram Bignoniaceae, Lauraceae e Moraceae; as outras famílias com duas ou uma espécie presentes no campus totalizaram 95,90% do total de famílias. As famílias que possuem as maiores representatividades em quantidade de indivíduos são demonstradas pelo Quadro 1. Tabela 2. Indivíduos presentes na área do SAF do IFSP campus São Roque. Quantidade Nome popular Nome científico Família botânica 5 Abacateiro Persea americana Lauraceae 4 Ameixa amarela Eriobothrya japonica Rosaceae 4 Amoreira Morus nigra Moraceae 3 Araçá amarelo Psidium cattleyanum Myrtaceae 1 Araçá roxo Psidium rufum Myrtaceae 4 Aroeira pimenta Schinus terebinthifolius Anacardiaceae 1 Acácia Acacia mangium Fabaceae 2 Bugreiro Lithraea molleoides Anacardiaceae 1 Canudo de pito Carpotroche brasiliensis Flacourtiaceae 1 Capixingui Croton floribundus Euphorbiaceae 2 Cinamomo Melia azedarach Meliaceae 1 Figueira branca Ficus guaranitica Moraceae 1 Fruta-de-pomba Allophylus edulis Sapindaceae 8 Goiabeira Psidium guajava Myrtaceae 3 Ipê amarelo Tabebuia serratifolia Bignoniaceae 2 Ipê roxo Tabebuia avellanedae Bignoniaceae 1 Jaqueira Artocarpus heterophyllus Moraceae 3 Paineira sumaúma Ceiba speciosa Bombacaceae 5 Jabuticabeira Plinia trunciflora Myrtaceae 1 Jatobá Hymenaea courbaril Fabaceae 1 Jequitibá branco Cariniana legalis Lecythidaceae 10 Jerivá Syagrus romanzoffiana Arecaceae 1 Jurubeba cuvitinga Solanum paniculatum Solanaceae 6 Limoeiro Citrus x Limon Rutaceae 1 Mangueira Mangifera indica Anacardiaceae 9 Pata de vaca Bauhinia forficata Fabaceae 2 Pau d alho Gallesia integrifolia Phytolaccaceae 1 Pau viola Citharexylum myrianthum Verbenaceae 6 Pitangueira Eugenia uniflora Myrtaceae 1 Urucum Bixa orellana Bixaceae 11 Uva japonesa Hovenia dulcis Rhamnaceae 1 Uvaia Eugenia pyriformis Myrtaceae

19 Quadro 1. Famílias com maior número de indivíduos em todo o campus do IFSP São Roque. Família Quantidade de indivíduos Myrtaceae 29 Fabaceae 20 Rhamnaceae 14 Anacardiaceae 14 Arecaceae 12 Rutaceae 8 O Quadro 2 apresenta a mortalidade das mudas plantadas para a recuperação (algumas espécies não possuem mais nenhum exemplar na área de estudo). Apenas Psidium guajava (Myrtaceae), conhecida como goiabeira, foi que apresentou um número de indivíduos maior que o plantado, enquanto as outras espécies apresentaram menor quantidade ou nenhum indivíduo. Apenas duas espécies continuaram com todos os seus indivíduos vivos: Lithraea molleoides (Anacardiaceae), conhecido como bugreiro, e Bauhinia forficata (Fabaceae), conhecida como pata de vaca, respectivamente com quatro e nove exemplares. No total, de 94 mudas plantadas, 17 foram perdidas. Quadro 2. Porcentagem de mudas perdidas em relação ao total de mudas plantadas no IFSP campus São Roque. % em relação ao total plantado Perda de 1 muda Perda de 2 mudas Perda de 3 mudas Perda acima de 4 mudas 5,31 10,63 9,57 38,29 Considerações finais Este trabalho apresenta a relação das espécies que foram plantadas para a recuperação da área ao entorno da nascente e a mortalidade de indivíduos do IFSP campus São Roque. Vale salientar que é o primeiro trabalho desta natureza realizado. Nesta análise de biodiversidade, é relevante a separação por espécies e famílias; pode-se observar o quanto a área foi antropizada durante vários anos de ocupação. Após este levantamento, serão realizadas ações para o enriquecimento da área do SAF, além de práticas agroecológicas de manejo dos ambientes do campus. Agradecimentos Agradecemos ao técnico agrícola Ramiéri Moraes pela ajuda na identificação das espécies do IFSP campus São Roque. Referências LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do Brasil. E.ed. vol. 1. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008. MIRANDA, T. O.; CARVALHO, S. M. Levantamento quantitativo e qualitativo de indivíduos arbóreos presentes nas vias do bairro da Ronda em Ponta Grossa, PR. REVSBAU, Piracicaba SP, v. 4, n. 3, p. 143 157, 2009. QUEIROZ, R. P.; IMAI. N. N. Mapeamento das atividades antrópicas na área de entorno do reservatório de Itupararanga SP: uma abordagem baseada na diminuição gradativa do grau de complexidade da cena interpretada. Anais. XIII Simpósio Brasileiro de

20 Sensoriamento Remoto, Florianópolis, Brasil, 21-26 abril 2007, INPE, p. 1039-1045. Como citar este artigo científico PEREIRA, L. de S. Q; PARON, M. E.; GOMES, G. A. C. O manejo de sistema agroflorestal para a recuperação da área degrada ao entorno da nascente do IFSP campus São Roque. Scientia Vitae, vol. 2, n. 5, ano 2, jul. 2014, p. 15-20. Disponível em: </>; acesso em: / /.