PARTIÇÃO DE MATÉRIA SECA DA SOJA (GLYCINE MAX (L.) MERRILL) EM RESPOSTA AO ESTRESSE DE LUZ E ÁGUA. Francisca Zenaide de Lima 1 e Luiz Cláudio Costa 2



Documentos relacionados
INFLUÊNCIA DE PLANTAS DE COBERTURA DO SOLO NA OCORRÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS E NA PRODUTIVIDADE DE GRÃOS DE TRIGO

Doses de adubo para produção de mudas de tomate (Solanum lycopersicum)

NUTRIÇÃO MINERAL DAS HORTALIÇAS. LXXXVIII. EXTRAÇÃO DE NUTRIENTES EM ALHO-PORRÓ (Allium porrum)

AVALIAÇÃO DE PROGÊNIES DE MILHO NA PRESENÇA E AUSÊNCIA DE ADUBO

COMPORTAMENTO DE HÍBRIDOS EXPERIMENTAIS DE MILHO EM CONDIÇÕES DE ESTRESSES DE SECA

DESENVOLVIMENTO DE UM APLICATIVO COMPUTACIONAL PARA O CONTROLE DO MANEJO DA IRRIGAÇÃO 1

PRODUTIVIDADE DO CONSÓRCIO MILHO-BRAQUIÁRIA EM INTEGRAÇÃO COM PECUÁRIA E FLORESTA DE EUCALIPTO

BALANÇO HÍDRICO PARA A CULTURA DA MELANCIA EM CAMPOS SALES, CEARÁ

DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DA RADIAÇÃO SOLAR E TEMPERATURA DO AR NO ESTADO DO PIAUÍ

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE UMA SEMEADORA-ADUBADORA DE PLANTIO DIRETO NA CULTURA DA SOJA

MONITORAMENTO AGROCLIMÁTICO DA SAFRA DE VERÃO NO ANO AGRÍCOLA 2008/2009 NO PARANÁ

DESEMPENHO DE MUDAS CHRYSOPOGON ZIZANIOIDES (VETIVER) EM SUBSTRATO DE ESTÉRIL E DE REJEITO DA MINERAÇÃO DE MINÉRIO DE FERRO

CALAGEM, GESSAGEM E AO MANEJO DA ADUBAÇÃO (SAFRAS 2011 E

COMPARAÇÃO DE DIFERENTES FONTES DE CÁLCIO EM SOJA

10 AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE SOJA

RELATÓRIO FINAL. AVALIAÇÃO DO PRODUTO CELLERON-SEEDS e CELLERON-FOLHA NA CULTURA DO MILHO CULTIVADO EM SEGUNDA SAFRA

EFEITOS DAS VARIÁVEIS METEOROLÓGICAS SOBRE O CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DO FEIJÃO PÉROLA (Phaseolus vulgaris L.)

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 455

Número de plantas para estimação do plastocrono em feijão guandu

Efeito da colhedora, velocidade e ponto de coleta na qualidade física de sementes de milho

22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental II USO DE EFLUENTES DE LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO PARA

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 888

AVALIAÇÃO DE VARIEDADES DE ALGODÃO HERBÁCEO EM ESPAÇAMENTO ESTREITO COM CLORETO DE MEPIQUAT RESUMO

EQUAÇÕES DE INFILTRAÇÃO PELO MÉTODO DO INFILTRÔMETRO DE ANEL, DETERMINADAS POR REGRESSÃO LINEAR E REGRESSÃO POTENCIAL

Referências Bibliográficas

Uso de húmus sólido e diferentes concentrações de húmus líquido em características agronômicas da alface

Sistema Baseado em Regras Fuzzy para Avaliação do Efeito de Lâminas de Irrigação na Produtividade e Diâmetro da Raiz de Cultivares de Beterraba

DIAGNOSE NUTRICIONAL DE PLANTAS DE SOJA, CULTIVADA EM SOLO COM ADUBAÇÃO RESIDUAL DE DEJETOS DE SUÍNOS, UTILIZANDO O DRIS

Avaliação da influência de coberturas mortas sobre o desenvolvimento da cultura da alface na região de Fernandópolis- SP.

Influência do Espaçamento de Plantio de Milho na Produtividade de Silagem.

DENSIDADE DE SEMEADURA DE CULTIVARES DE MAMONA EM PELOTAS, RS 1

III PRODUÇÃO DE COMPOSTO ORGÂNICO A PARTIR DE FOLHAS DE CAJUEIRO E MANGUEIRA

UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS AGROINDUSTRIAIS COMO SUBSTRATO NA PRODUÇÃO DE MUDAS DE TOMATEIRO

Evapotranspiração e coeficiente de cultivo da pimenteira em lisímetro de drenagem.

RESPOSTAS FISIOLÓGICAS DA MAMONEIRA À DIFERENTES TENSÕES DE ÁGUA NO SOLO

EFEITO DO ESTRESSE HÍDRICO E DA PROFUNDIDADE DE SEMEADURA NA EMERGÊNCIA DE BRACHIARIA BRIZANTHA CV. MG-5

CRESCIMENTO DO RABANETE EM TÚNEIS BAIXOS COBERTOS COM PLÁSTICO PERFURADO EM DIFERENTES NÍVEIS DE PERFURAÇÃO

TITULO DO PROJETO: (Orientador DPPA/CCA). Para que se tenha sucesso em um sistema de plantio direto é imprescindível uma boa cobertura do solo.

SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO PARA AGRICULTURA FAMILIAR

AVALIAÇÃO DE SUBPRODUTOS AGRÍCOLAS COMO CONDICIONADORES DE SUBSTRATOS E/OU FERTILIZANTES ORGÂNICOS PARA MUDAS

DESENVOLVIMENTO DE ESTRUTURA EXPERIMENTAL PARA ESTUDOS DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS EM CULTURAS AGRÍCOLAS

SECAGEM DE GRÃOS. Disciplina: Armazenamento de Grãos

CAPÍTULO 10 BALANÇO HÍDRICO SEGUNDO THORNTHWAITE E MATHER, 1955

ART-01/12. COMO CALCULAMOS A EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE REFERÊNCIA (ETo)

EQUIPAMENTO PARA REGISTRO DO PERÍODO DE MOLHAMENTO FOLIAR

Culturas. A Cultura do Feijão. Nome Cultura do Feijão Produto Informação Tecnológica Data Maio Preço - Linha Culturas Resenha

PRODUTIVIDADE DO FEIJOEIRO COMUM EM FUNÇÃO DA SATURAÇÃO POR BASES DO SOLO E DA GESSAGEM. Acadêmico PVIC/UEG do Curso de Agronomia, UnU Ipameri - UEG.

PRODUÇÃO DE MUDAS PRÉ BROTADAS (MPB) DE CANA-DE-AÇUCAR EM DIFERENTE ESTRATÉGIAS DE IRRIGAÇÃO

CAPÍTULO 3 MATERIAL E MÉTODOS

EFEITO DE DIFERENTES QUANTIDADES DE HÚMUS DE MINHOCA CALIFÓRNIA VERMELHA INCORPORADOS AO SOLO E COM APLICAÇÕES DE BIOFERTILIZANTE NA CULTURA DO FEIJÃO

ENRAIZAMENTO DE ESTACAS DE AZALÉIA Rhododendron indicum: CULTIVAR TERRA NOVA TRATADAS COM ÁCIDO INDOL- BUTÍRICO, COM O USO OU NÃO DE FIXADOR

IT AGRICULTURA IRRIGADA. (parte 1)

VIGOR E DESEMPENHO DE CRESCIMENTO INICIAL DE PLANTAS DE SOJA: EFEITO DA PROFUNDIDADE DE SEMEADURA

EFICIENCIA DO USO DA RADIAÇAO PELA SOJA NAS CONDIÇOES DA REGIÃO AMAZONICA

Biologia Floral do Meloeiro no Ceará: Emissão, Duração e Relação Flores Masculinas / Hermafroditas.

STATUS HÍDRICO DE PROGÊNIES DE CAFÉ COMO INDICADOR DE TOLERÂNCIA À SECA

SSD - Single Seed Descent

FONTES RENOVÁVEIS E NÃO RENOVÁVEIS GERADORAS DE ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL

INFLUÊNCIA DO ESPAÇAMENTO ENTRE FILEIRAS NA CULTURA DO FEIJÃO CAUPI SOB CONDIÇÕES IRRIGADAS NO CARIRI CEARENSE

NÚCLEO DE ENGENHARIA DE ÁGUA E SOLO

ESTIMATIVA DA RADIAÇÃO SOLAR GLOBAL (RS) ATRAVÉS DA AMPLITUDE TÉRMICA DIÁRIA

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE CULTURAS IRRIGADAS COM ESGOTO TRATADO

Efeito da evapotranspiração da cultura do Feijão (IPR Colibri)

VIII Semana de Ciência e Tecnologia do IFMG- campus Bambuí VIII Jornada Científica

PRODUÇÃO DO ALGODÃO COLORIDO EM FUNÇÃO DA APLICAÇÃO FOLIAR DE N E B

RESPONSE FUNCTION OF MELON TO APPLICATION OF WATER DEPTHS FOR SOIL AND CLIMATIC CONDITIONS OF TERESINA-PI

3 Plantio e Semeadura

CRESCIMENTO DE PINHÃO MANSO SOB IRRIGAÇÃO COM ÁGUA SUPERFICIAL POLUIDA 1

CRESCIMENTO DE Plectranthus grandis SOB ESTRESSE SALINO E CONDIÇÕES DE LUMINOSIDADE

MUDANÇAS CLIMÁTICAS E SEUS IMPACTOS NAS PRODUTIVIDADES DAS CULTURAS DO FEIJÃO E DO MILHO NO ESTADO DE MINAS GERAIS

COMPORTAMENTO DE GENÓTIPOS DE FEIJOEIRO AO ATAQUE DE Bemisia tabaci (Genn.) BIÓTIPO B (HEMIPTERA: ALEYRODIDAE)

PRODUÇÃO E QUALIDADE DA FIBRA DO ALGODOEIRO (Gossypium hirsutum L.) EM FUNÇÃO DA ADUBAÇÃO FOLIAR COM NITRATO DE POTÁSSIO

FERTILIDADE E MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO EM DIFERENTES SISTEMAS DE MANEJO DO SOLO

TAXA DE LOTAÇÃO EM PASTAGEM DE TIFTON 85 SOB MANEJO DE IRRIGAÇÃO E SEQUEIRO NO PERÍODO DA SECA*

Aplicação de Nitrogênio em Cobertura no Feijoeiro Irrigado*

Rendimento de melão cantaloupe cultivado em diferentes coberturas de solo e lâminas de irrigação.

Oobjetivo do presente trabalho foi estimar e comparar a evapotranspiração

4 Avaliação Econômica

ABSORÇÃO DE MICRONUTRIENTES APÓS APLICAÇÃO DE BIOSSÓLIDO NO DESENVOLVIMENTO INICIAL DE EUCALIPTO

EFEITO DA ADUBAÇÃO FOSFATADA SOBRE O RENDIMENTO DE FORRAGEM E COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE PASPALUM ATRATUM BRA

Avaliação de clones de batata tolerantes ao calor.

MODELAGEM MATEMÁTICA DA ABSORÇÃO DE ÁGUA EM SEMENTES DE FEIJÃO DURANTE O PROCESSAMENTO DE ENLATADOS.

Avaliação dos Parâmetros Morfológicos de Mudas de Eucalipto Utilizando Zeolita na Composição de Substrato.

RELAÇÕES HÍDRICAS E AJUSTAMENTO OSMÓTICO DE GENÓTIPOS DE AMENDOIM SUBMETIDOS AO DÉFICIT HÍDRICO

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Exercício 1: Calcular a declividade média do curso d água principal da bacia abaixo, sendo fornecidos os dados da tabela 1:

055-Produção biomassa de adubos verdes no assentamento Paiolzinho, Corumbá, MS

Shutter: É o tempo de exposição da foto. Pode ser fixo ou automático.

DISTRIBUIÇÃO DOS VALORES MÉDIOS ANUAIS DA RADIAÇÃO SOLAR GLOBAL, PARA A CIDADE DE PELOTAS/RS

Evolução da área foliar da videira de vinho cv. Syrah pé franco e enxertada em Paulsen 1103, no período de formação do parreiral em Petrolina, PE

20 amostras de água. Figura 1- Resultados das amostras sobre a presença de coliformes fecais E.coli no bairro nova Canãa. sem contaminação 15%

ENSAIO COMPARATIVO AVANÇADO DE ARROZ DE VÁRZEAS EM MINAS GERAIS: ANO AGRÍCOLA 2004/2005

Avaliação do desempenho de substratos para produção de mudas de alface em agricultura orgânica.

TEOR DE UMIDADE DOS GRÃOS

TROCAS GASOSAS NA CULTURA DO TOMATE SOB FREQUÊNCIA DE IRRIGAÇÃO

Alocação de Recursos em Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária: uma abordagem da Teoria do Portfólio

NUTRIÇÃO FOLIAR (FATOS E REALIDADES) Prof. Dr. Tadeu T. Inoue Solos e Nutrição de Plantas Universidade Estadual de Maringá Departamento de Agronomia

Proposta de melhoria de processo em uma fábrica de blocos de concreto

Transcrição:

PARTIÇÃO DE MATÉRIA SECA DA SOJA (GLYCINE MAX (L.) MERRILL) EM RESPOSTA AO ESTRESSE DE LUZ E ÁGUA Francisca Zenaide de Lima 1 e Luiz Cláudio Costa 2 RESUMO: O objetivo deste trabalho foi o de avaliar os efeitos do estresse de luz e água, aplicados durante a fase vegetativa da soja (Glycine Max (L.) Merrill), na partição de matéria seca (MS) para os órgãos das plantas, ao longo do ciclo. A soja foi semeada, no dia 9/12/1998 e recebeu os seguintes tratamentos: Irrigado e não sombreado por todo período (); Não irrigado na fase vegetativa e não sombreado por todo período () e Irrigado por todo período e sombreado na fase vegetativa (). Cada tratamento teve 2 repetições com fileiras de plantas espaçadas de 7 cm e com 22 plantas.m -2. Os resultados mostraram que as plantas cultivadas sob estresse de luz tenderam a alocar menores percentuais de MS para as vagens e grãos enquanto que para os demais órgãos os percentuais são maiores ou iguais aos da testemunha. Os maiores percentuais de MS para as vagens e grãos, foram identificados nas plantas cultivadas sob estresse de água (). Palavras chaves: Soja, estresse de água e luz, partição de matéria seca. ABSTRACT: The objective of this study was to evaluate the effects of stress of light and water, during the vegetative phase of the soybean (Glycine Max. (L.) Merrill), in partitioning of dry matter (DM) for organs of the plant, along the cycle. The crop was sowed in day 12/9/1998 and it received the following treatments: Irrigated and not shaded for whole period (INSW), not irrigated in the phase vegetative and not shaded by the whole period (NVNW) and Irrigated by the whole period and shaded in the vegetative phase (IWSV). The treatments were two replications with arrays of spaced plants of 7 cm and with 22 plants.m -2 of them. The results indicate weak trends for the allocation of DM to beans and grains, of plants cultivated under stress light, while for the other organs the allocation are larger or same to the control. For the plants cultivated under water stress they tend to allocate larger DM for the beans and grains. Key words: Soybean, stress of water and light, partition of dry matter. INTRODUÇÃO 1 Pós-Doutoranda. Universidade Federal de Viçosa Centro de Ciências Agrárias - Departamento de Engenharia Agrícola/Meteorologia Agrícola. Av PH Rolfs, s/n : Campus Universitário Centro. 36.57-1, Viçosa-MG Brasil. (31)-3899192, Fax (31) 38992735 fzenaide@vicosa.ufv.br. 2 Prof. Adjunto. Universidade Federal de Viçosa Centro de Ciências Agrárias - Departamento de Engenharia Agrícola/Meteorologia Agrícola. Av PH Rolfs, s/n : Campus Universitário Centro. 36.57-1, Viçosa_MG Brasil. (31)-3899193, Fax (31) 38992735. l.costa@ufv.br.

Do ponto vista genético sabe-se que as culturas possuem um potencial máximo de produtividade, o qual encontra-se condicionado às restrições impostas pelo meio ambiente. Mas por outro lado, também é conhecido que quando as plantas ficam submetidas a algum tipo de estresse, são capazes de realizar alterações fisiológicos, morfológicas e anatômicos, que resultam em mudanças no seu metabolismo, visando alcançar uma redução dos efeitos do estresse na sua produtividade. Esse mecanismo de ajuste das plantas é conhecido como plasticidade vegetal (HUGHES, 1988). A soja (glycine max (L.) Merrill), por exemplo, é uma cultura com características de plasticidade (LIMA et al. 24; HEIFFIG, 22; COSTA et al., 1999). Assim, adquirindo-se informações de como as culturas respondem mediante condições ambientais desfavorável ao seu metabolismo de crescimento e desenvolvimento, pode-se identificar um meio seguro de se obter a sua máxima produtividade (JOHNSON et al., 1995; PACHEPSKY, 1996). A evolução temporal da fitomassa dos vegetais define o seu crescimento que é caracterizado pelo.surgimento de novas estruturas. Assim, o crescimento dos órgãos que compõem as plantas depende da quantidade de matéria seca que lhes é direcionada, sendo variável ao longo do ciclo da cultura (MEDEIROS et al., 2). O presente trabalho teve como objetivo analisar a partição de biomassa para os órgãos da cultura da soja, cultivada sob estresse de luz e de água durante a fase vegetativa. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no campus da Universidade Federal de Viçosa, localizada no município de Viçosa (2 45 S; 42 51 W e 65 m), Minas Gerais, Brasil. A semeadura da soja (Glycine Max (L.) Merrill), foi feita em 9/12/1998. Após a emergência, soja recebeu os tratamentos: Irrigado e não sombreado por todo período (); Não irrigado na fase vegetativa e não sombreado por todo período () e Irrigado por todo período e sombreado na fase vegetativa (), sendo que cada um teve 2 repetições. As fileiras de plantas ficaram espaçadas de 7 cm e utilizou-se 22 plantas.m -2. O solo da área recebeu uma aração, seguida de uma adubação (conforme recomendação) e finalizando-se com uma gradagem. A lâmina de água aplicada (ETc) foi calculada a partir da evaporação do tanque classe A, corrigida pelos coeficientes de tanque (Kt) e da cultura (Kc), utilizando-se os valores recomendados pela FAO (DOORENBOS e KASSAM, 1979). No, as plantas foram mantidas sob estresse hídrico por meio de coberturas de plástico (polietileno) transparente e no receberam coberturas de telas plásticas pretas (sombrite, com redução de 5%), ambas montadas em suporte de madeira com 2,5 m de altura. Ambas as coberturas foram colocadas no início da fase vegetativa da soja e retiradas somente após o término desta fase. Para avaliar a matéria seca dos órgãos das plantas de soja, em cada parcela, foram coletadas 1 plantas, em intervalos de 2 em 2 dias, nos 3 primeiros dias após a emergência (DAE)

e, a partir do 31 DAE, a amostragem foi feita de 7 em 7 dias. Depois de coletadas, raízes das plantas eram lavadas e, em seguida, cada órgão eram separados e colocados para secar em estufa a 75 o C, durante 72 horas. Decorrido este tempo, fez-se a pesagem da matéria seca em uma balança de precisão. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Figura 1 ilustra a evolução da matéria seca total acumulada (g.m -2 ) pela soja, em função do número de dias após a emergência (DAE), considerando-se os três tratamentos aplicados à soja. Observa-se que, tanto o efeito do estresse de luz () como o de água () diminuiram a produção de matérias seca da soja, sendo o efeito do estresse de luz notadamente maior. Não houve diferença significativa, entre tratamentos, ao 1% de probabilidade na matéria seca total produzida pela soja. M S (g.m -2 ) 16 14 12 1 8 6 4 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 11 12 Figura 1 Evolução da matéria seca total (MS) produzida pela soja. Não foi observada diferença significativa, entre tratamento, na partição de MS para os órgãos das plantas. Durante todo o ciclo da cultura os percentuais de MS para a raiz (Figura 2) do tratamento foram superiores aos do, sendo que, durante a fase vegetativa, esses valores foram próximos dos observados no e, nas demais fases, foram maiores. Partição de matéria seca para as raizes (%) 3 25 2 15 1 5 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 11 12 - DAE Figura 2 Partição de matéria seca para as raízes soja.

A partir do quarto DAE, os percentuais de matéria seca para os cotilédones (Figura 3) foram em torno de 35%,e em seguida, decresceram, atingindo valores mínimos aos 16 DAE. O foi o tratamento que apresentou os maiores percentuais em todo o ciclo da cultura. Durante o ciclo de vida da cultura os percentuais de matéria seca, destinados ao caule das plantas (Figura 4), nos três tratamentos, tiveram valores próximos. De modo geral, a configuração das curvas dos percentuais de matéria seca para o caule é simétrica. Assim, observa-se que, desde o início até a metade do ciclo da cultura (55 DAE) os percentuais recebidos por esse órgão foram crescentes, variando de 2% a 55%, e a partir de então, começaram a decrescer. Partição de matéria seca para os cotilédones (%) 4 35 3 25 2 15 1 5 2 4 6 8 1 12 14 16 18 Figura 3 Partição de matéria seca para os cotilédones da soja. Em todos os tratamentos, a partir do quarto DAE os percentuais de matéria seca nas folhas (Figura 5) foram em torno de 25% e os valores máximos, dependendo do tratamento, variaram entre 45% e 5%, sendo que ocorreram quando as plantas estavam em torno 2 DAE. Partição de matéria seca para o caule (%) 6 5 4 3 2 1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 11 12 Figura 4 Partição de matéria seca para o caule da soja. As plantas que ficaram sob algum estresse ( e ) receberam maiores quantidade de MS para as flores (Figura 6), sendo que os valores máximos foram de 1,4% (), 2,25% () e 2,4% ().

Nas curvas de evolução da MS distribuídas para as vagens (Figura 7), nos três tratamentos, observa-se que as plantas com estresse hídrico (), de um modo geral, foram as que receberam os maiores percentuais de MS para as vagens. Os percentuais de matéria seca da soja distribuídos para os grãos (Figura 8) revelaram que o estresse de luz reduziu consideravelmente os percentuais de MS para os grãos da soja. Partição de matéria seca para as folhas (%) 6 5 4 3 2 1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 11 12 Figura 5 Partição de matéria seca para as folhas da soja. Partição de matéria seca para as flores (%) 3, 2,5 2, 1,5 1,,5, 3 35 4 45 5 55 6 65 7 75 8 85 9 Figura 6 Partição de matéria seca para as flores da soja. % de MS para as vagens 22 2 18 16 14 12 1 8 6 4 2 5 55 6 65 7 75 8 85 9 95 1 15 11 (DAE) Figura 7 Partição de matéria seca para as vagens da soja.

Partição da matéria seca para os grãos 45 4 35 3 25 2 15 1 5 65 7 75 8 85 9 95 1 15 11 (DAE) Figura 8 Partição de matéria seca para os grãos da soja. CONCLUSÕES O estresse de luz na FV da soja fez com que a partição de MS para as diversas partes das plantas ficasse caracterizada por maiores percentuais de MS para as raízes, cotilédones e menores para as vagens e grãos. O estresse de água resulou num aumento na partição de matéria seca para as flores, vagens e grãos, em relação ao tratamento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COSTA, L. C.; CONFALONE, A. E.; PERREIRA, C.R. Effect of water stress on the efficiency of capture of water and radiation by soybean. Tropical Sci., v.39, n.1, p.1-7, 1999. DOORENBOS, J.; KASSAM, A. H. Yield response to water. Roma: FAO, 1979. 193 p. (FAO Irrigation and Drainage, 33). HEIFFIG, L.S. Plasticidade da cultura da soja (Glycine max (l.) Merrill) em diferentes arranjos espaciais. Piracicaba, SPESALQ. 22. 84p. Dissertação (mestrado em agronomia) Universidade de São Paulo, 22. HUGHES, G. Modelling the effect of spatially heterogeneous pest injury on crop yields. Crop Res. (Hot. Res.), v.28, p.137-144, 1988. JOHNSON, I.R.; RIHA, S.J; WILKS, D.S. Modelling daily net canopy photosynthesis and its adaptation to irradiance and atmospheric CO 2 concentration. Agricul. Systems, v.5, p.1-35, 1995. LIMA, F.Z.; COSTA, L.C.; PEREIRA, C.R. DOURADO NETO, D.; CONFALONE, A.E. Efeito do estresse de luz e água na cultura da soja (Glycine Max (L.) Merrill). Rev. Bras. de Agrometeorologia, v.12, n.1, p.1-7, 24. MEDEIROS, S.L.P.; GOSSE, G.; CHATLER, M.; MANFRON, P.A. Ajuste dos coeficientes de repartição de matéria seca do modelo CERES-Sorghum para simulação da cultura do sorgo sacarino. Ver. Brás. de Agrometeorologia, v.8, n.2, p.231-238, 2. PACHESPSKY, L. B. An adequate model of photosyntesis - I : Parameterization, validation and comparison of models. Agricult. Systems, v. 5, p. 29-225, 1996.