Direito Penal III. Aula 10 04/04/2012. Exercícios de Revisão para a prova 11/04/2012 1ª V.A. Aula 11 18/04/ Difamação art.

Documentos relacionados
Direito Penal Material de Apoio Professor Antonio Pequeno.

Rixa. Rixa Participar de rixa, salvo para separar os contendores

CRIMES CONTRA A HONRA. (continuação)

CRIMES CONTRA A PESSOA

Atuando em favor da vítima. Prof. Rodrigo Capobianco Legale

Direito Penal. Art. 130 e Seguintes

BuscaLegis.ccj.ufsc.br. Injúria racial. Gilbran Queiroz de Vasconcelos. 1. Considerações iniciais

PONTO 1: Introdução PONTO 2: Crimes contra honra PONTO 3: Crimes contra honra em espécie. 1. Introdução:

DIREITO ELEITORAL. Crimes Eleitorais Parte V. Prof. Rodrigo Cavalheiro Rodrigues

Direito Penal CERT Regular 5ª fase

Homicídio (art. 121 do cp) Introdução...2 Classificação doutrinária...2 Sujeitos...3 Objeto material...3 Bem juridicamente protegido...

DIREITO CONSTITUCIONAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL IV

Nº da aula 03 CRIMES CONTRA A HONRA

Temas de hoje, Crimes contra a honra: Calúnia, Difamação e Injuria, bem como o crime de ameaça.

É o dolo, direto ou eventual. Não há previsão de modalidade culposa.

Conteúdo: Ação Penal nos Crimes contra a Honra: Pedido de explicações, audiência de conciliação, exceção da verdade. Jurisdição: Conceito, Princípios.

DOS CRIMES CONTRA A HONRA

DIREITO ELEITORAL. Crimes Eleitorais - Parte 4. Prof. Karina Jaques

CURSO DE DIREITO 1 PLANO DE ENSINO. Disciplina Carga Horária Semestre Ano Direito Penal I 80 4º Carga Horária Sub-unidade

Direito Penal. Da Ação Processual Penal

Objeto Material Os próprios contendores (rixosos) que participam da agressão tumultuária, praticando condutas contrapostas uns contra os outros.

CURSO DE DIREITO 1 PLANO DE ENSINO. Disciplina Carga Horária Semestre Ano Direito Penal I 80 4º 2015

23/09/2012 PROCESSO PENAL I. PROCESSO PENAL ii

Caros amigos, trago hoje a resolução da prova de Direito Penal aplicada pela Fundação Carlos Chagas no último domingo, dia 4 de março de 2007.

MANUAIS PARA CONCURSOS E GRADUAÇÃO Volume 8

UMA ABORDAGEM CONCEITUAL E DESCOMPLICADA SOBRE OS CRIMES CONTRA A HONRA

Prof. Fernando Antunes Soubhia

QUAIS SÃO OS DIREITOS DAS PESSOAS COM EPIDERMÓLISE BOLHOSA? Inclusão escolar, social e no trabalho

DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

Direito Penal. Lesão Corporal

Dos Crime Contra a Honra Parte III. Aula 10

Direito Penal TEORIA DO CRIME TEORIA DO CRIME. Professor Rafael Machado. Culpabilidade: grau de reprovabilidade da conduta.

Número:

AULA 08. Critérios utilizados pelo legislador para escolher que ação penal de um delito será privada.

Direito Penal. Introdução aos Crimes Contra a Dignidade Sexual e Delito de Estupro

XINGAMENTOS EM RAZÃO DA COR À UMA PESSOA. CARACTERIZAÇÃO DE INJÚRIA RACIAL DO ART º DO CP. NÃO INCIDÊNCIA DA LEI 7716/89

Crimes de Periclitação de Vida e Saúde (continuação)

UMA ABORDAGEM CONCEITUAL E DESCOMPLICADA SOBRE OS CRIMES CONTRA A HONRA

- INQUÉRITO POLICIAL -

UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI URCA CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS DEPARTAMENTO DE DIREITO DISCIPLINA: DIREITO PENAL I

DIREITO PENAL - AULA 5 CRIMES CONTRA A HONRA QUESTÕES COMENTADAS

PONTO 1: Prisão 1. PRISÃO. Quanto às espécies de prisão, podemos falar em:

ROTEIRO DE ESTUDO DIREITO PENAL : PARTE ESPECIAL. Prof. Joerberth Pinto Nunes. Crimes contra a Administração Pública

SUMÁRIO. Parte I Introdução

DIREITO PENAL IV TÍTULO VI - CAPÍTULO II DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA O VULNERÁVEL. Prof. Hélio Ramos

Tratado nos artigos a a do d o CP C. P

Sumário. Coleção Sinopses para Concursos Guia de leitura da Coleção... 19

Prof. Luis Fernando Alves

Direito Penal. Penas privativas de liberdade. Dosimetria da pena privativa de liberdade Noções gerais. Prof.ª Maria Cristina

CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER. Processo Penal. Período:

Direito Processual Penal CERT Promotor de Justiça 6ª fase

Ponto 6: A honra da pessoa natural e da pessoa jurídica como bem jurídico digno de guarida penal: condutas criminalizadas (CP, arts. 138 a 140).

A pederastia é crime no CPM!!!

Legislação Penal Especial Lei de Tortura Liana Ximenes

CALÚNIA (art. 138, CP) DIFAMAÇÃO (art. 139, CP) INJÚRIA (art. 140, CP)

Aula 2- Art. 129 a 154 do Código Penal. Livro Base: Guilherme Souza Nucci Curso de Direito Penal volume 2 (págs: 123/149, 199/246)

Sumário INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PARTE ESPECIAL DO CÓDIGO PENAL 1. DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PARTE ESPECIAL DO CÓDIGO PENAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL I AULA DIA 04/05/2015. Docente: TIAGO CLEMENTE SOUZA

Professor Wisley Aula 06

PREPARATÓRIO PARA OAB DISCIPLINA: DIREITO PENAL

Rixa e Crimes contra Honra

Capítulo 1 Introdução...1. Capítulo 2 Inquérito Policial (IP)...5

Direito Penal. Crimes Contra a Dignidade Sexual III

Na forma escrita, contudo, é possível o conatus. Exemplo: bilhete contendo imputação ofensiva à honra alheia que se extravia. Exceção da verdade Como

DECRETO-LEI Nº 2.848/1940 CÓDIGO PENAL

NOÇÕES DE DIREITO PENAL PROFESSOR: ERNESTIDES CAVALHEIRO. AULAS 1 e 2:

Contravenção Penal (Decreto nº 3.688/41) Crime anão Delito liliputiano Crime vagabundo

PARTE ESPECIAL crimes contra a pessoa integridade corporal

Professor Wisley Aula 08

Dos Direitos Individuais (I) Profª Me. Érica Rios

AÇÃO PENAL. PROF. VILAÇA

Direito Penal. Crimes Contra a Administração Pública

Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Procedimento especial: crimes contra a honra

07/09/2012 DIREITO PENAL III. Direito penal III

direito penal e processo penal

7.3 Crime doloso Teorias sobre o dolo Espécies de dolo Outras categorias Mais classificações 7.4 Crime culposo 7.4.

A hipótese dos autos é de absolvição sumária, por evidente atipicidade das condutas descritas na queixa.

SUMÁRIO INTRODUÇÃO Nova denominação do Título VI A Súmula 60S do STF Direito intertemporal.. 25

Direito Penal III. Os crimes pertencentes a este capítulo protegem a liberdade individual das pessoas. O capítulo é dividido em quatro seções:

JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA IV

Direito Penal. Ação Penal Pública no crime de lesão corporal. Prof.ª Maria Cristina

CURSO TROPA DE ELITE PREPARAÇÃO PARA A GUERRA

Direito Processual Penal

CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL

Provas escritas individuais ou provas escritas individuais e trabalho(s)

Registro: ACÓRDÃO

TABELA COMPARATIVA ENTRE A LEI DE IMPRENSA (LEI 5250/67) E A LEI DA RADIODIFUSÃO CONTIDA NO CÓDIGO BRASILEIRO DE TELECOMUNICAÇÕES (LEI 4117/62)

D I S C I P L I N A D E M E D I C I N A L E G A L U N I V E R S I D A D E D E M O G I D A S C R U Z E S F A C U L D A D E D E D I R E I T O

Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso do Sul

07/10/2012 PROCESSO PENAL I. Processo penal I

Ponto 9 do plano de ensino

Pós Penal e Processo Penal. Legale

Pós Penal e Processo Penal. Legale

DIREITO PENAL. Crimes decorrentes de preconceito de raça ou cor. Lei nº 7.716/1989. Parte 2. Prof.ª Maria Cristina.

Conteúdo Edital PMGO

Transcrição:

Aula 10 04/04/2012 Exercícios de Revisão para a prova 11/04/2012 1ª V.A Aula 11 18/04/2012 2.5.2 Difamação art. 139 a) Objeto jurídico honra objetiva. b) Tipo Objetivo Difamar é o ato imputar a alguém fato ofensivo à sua reputação (fama). Imputar atribuir. A imputação tem que ser determinada e verossímil. Exige a descrição do fato ofensivo à reputação. Exemplo, chamar alguém de vagabundo é injúria, ao contrário que dizer que essa pessoa faltou determinado dia ao trabalho para ficar no bar consumindo bebidas alcoólicas, visando ofender-lhe a honra, é crime de difamação. Crime de forma livre; É irrelevante ser o fato narrado verdadeiro ou falso. c) Tipo Subjetivo dolo específico. d) Sujeito ativo qualquer pessoa. Quem propaga ou divulga a difamação também é sujeito ativo. Exceto aqueles que tem imunidade, por exemplo, os parlamentares e os advogados no desempenho de suas atividades (art. 7º, 2º do Estatuto da OAB). e) Sujeito passivo qualquer pessoa, desde que determinada. Não há difamação contra os mortos, exceto quando reflexamente se pretenda atingir os vivos. Também podem ser sujeitos passivo do crime os menores e os doentes mentais. Admite-se também que a pessoa jurídica pode ser sujeito passivo do crime de difamação. f) Consumação quando terceiro toma conhecimento da imputação.

g) Tentativa não se admite, exceto quando puder fracionar o inter criminis, como nos casos de difamação escrita. h) Exceção da verdade somente será cabível quando a difamação for contra funcionário público no exercício de suas funções, admite-se esta para fim de apuração de medida administrativa. Principais semelhanças da difamação com a calúnia: - em ambas exige-se a reputação de um fato determinado; - ambos delitos atingem a honra objetiva e por tal razão só se consumam quando 3ª pessoa toma conhecimento da imputação. Principais diferenças: CALÚNIA O fato imputado é definido como crime; Só existe se a imputação for falsa DIFAMAÇÃO Ocorre a imputação de qualquer outra espécie de fato desonroso Existe ainda que a imputação seja verdadeira 2.5.3 Injúria art. 140 a) Objeto jurídico honra subjetiva, ou seja, a opinião que a pessoa tem de si, de seus atributos físicos, morais e intelectuais. b) Tipo objetivo a injúria se dá com a ofensa a outrem atingindo-lhe em sua dignidade ou decoro. Dignidade: sentimento de honorabilidade ou valor moral, exemplos: desonesto, corrupto, egoísta, canalha. Decoro: refere-se à consciência de nossa respeitabilidade pessoal, exemplos: lesado mental, anta, imbecil. Dignidade ou decoro ofensa à dignidade se refere a atributos morais, como por exemplo, chamar alguém de safado, canalha, corrupto, prostituta (sem narrar fato concreto). Ofensa ao decoro é aquela que se refere aos atributos físicos ou intelectuais da vítima. Pode se dar por ação ou omissão (quando que, de maneira ostensiva, se recusa a cumprimentar quem lhe estendeu a mão). É crime de forma livre: exemplos: Imitar som de gases intestinais durante a fala de um orador; Entregar milho a alguém e dizer: coma;

Mimetizar o ornejo de asno; Espécies de injúria: A injúria pode ser imediata ou mediata; direta ou indireta (reflexa); oblíqua; explícita e equívoca. Imediata quando praticada pelo próprio agente. Mediata quando se usa algum meio para cometê-la, exemplo, criança ou papagaio. Direta atinge a vítima unicamente. Indireta ou reflexa além da pessoa a que se dirige a ofensa, atinge terceiro, por exemplo, chamar alguém de CORNO. Oblíqua quando atinge pessoa diversa do ofendido, mas que lhe é muito querida, exemplo: seu filho é um vagabundo. Explícita é a que não da margem à dúvida quanto à ofensa. Equívoca a que contém dois sentidos, não sendo clara a intenção do agente (chamar uma mulher de cara). Distinção com outros crimes Desacato (art. 331) exige que o funcionário público esteja presente no ato do desacato. Ultrage a culto (art. 208) exige que a ofensa seja contra o sentimento religioso e que ainda seja praticado publicamente. c) Tipo Subjetivo dolo específico. d) Sujeito ativo mesmo que calúnia e difamação. e) Sujeito passivo mesmo que calúnia e difamação. Os mortos e pessoas jurídicas não possuem honra subjetiva e por isso não podem ser sujeito passivo. Menores de idade e deficientes mentais podem ser sujeito passivos de injúria, desde que tenham capacidade de entender o significado, pois só assim sua honra subjetiva pode ser ofendida. f) Consumação ocorre quando o ofendido toma conhecimento da imputação. g) Tentativa de regra, não se admite, exceto quando na forma escrita. h) Curiosidades Exceção da Verdade não é cabível na injúria. Art. 141, 1º - Perdão Judicial poderá ocorrer quando houver provocação e retorsão. Nesses casos não será faculdade do juiz e sim dever de conceder o perdão judicial. Art. 141, 2º - Injúria Real ocorre quando a ofensa à honra da vítima é feita por meio de violência ou vias de fato, por exemplo, quando alguém dá um tapa da cara de outro, quando cospe na face etc. Art. 141, 3º - Injúria qualificada pelo preconceito Raça divisão dos seres humanos segundo critérios político-sociais de deficiência. Exemplo: Raças arianas, judia, negra, branca. Chamar alguém, com intenção de injuriar, chamar outro de judeuzinho.

Nestes a ação será pública condicionada à representação do ofendido. Diferença com o racismo: na injúria qualificada pelo preconceito há a ofensa por expressões ofensivas (atinge a autoestima da vítima), já no racismo o agente nega exercício de algum direito ao ofendido por motivo de raça, cor, religião, etnia, ou procedência nacional ou ainda, quando incita o preconceito (Lei 7.716/89). Ou seja, na injúria é ofensa a determinada pessoa, já no racismo é contra um grupo de pessoas. Art. 141 - Causas de aumento de pena a) Contra Presidente da República e Chefes de governo estrangeiro o aumento de pena se dá em proteção à pessoa ofendida, mas principalmente à dignidade de seu cargo, indiretamente ao país que represente. Na lei de segurança nacional (7.170/83) há a tipificação a ofensa à honra destes ofendidos, mas exige-se que a conduta seja dirigida com o objetivo de atingir a segurança nacional. b) Contra funcionário público em razão de suas funções protege-se a dignidade da função exercida. A ação será pública condicionada à representação, podendo o ofendido, optar pela ação penal privada, conforme a súmula 714 do STF. c) Quando praticado na presença de várias pessoas ou por meio que facilite a divulgação do crime a doutrina diz que deve ser no mínimo três pessoas, não se incluindo a vítima e pessoas incapazes de entender o ato. d) Contra maior de 60 anos ou pessoa portadora de deficiência e) Mediante paga ou promessa de recompensa. Art. 142 Imunidades Na CF há outras imunidades, como as de deputados federais e senadores, a qual abrange qualquer infração penal, porém, desde que seja imprescindível a relação com a atividade. Da mesma forma, gozam de imunidades os deputados estaduais e vereadores nos limites de suas circunscrições. Tais imunidades não abrangem a calúnia. Quanto ao inciso I é necessário que as ofensas tenham estrita vinculação com a discussão da causa. O advogado, por força do Estatuto da OAB, possui imunidade no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, o que também se aplica aos membros do MP. Art. 143 Retratação exiges-se que seja durante a ação penal e antes da sentença de primeira instância. Art. 145 Ação Penal Regra: a ação é privada.

Exceções: 1. Se a ofensa for contra Presidente da República ou contra Chefe de Governo estrangeiro a ação é pública condicionada a requisição do Ministro da Justiça. 2. Se a ofensa for contra funcionário público e referente ao desempenho de suas funções, a ação é pública condicionada à representação. Entende-se que nessa hipótese o legislador estabeleceu que a ação é pública para que o funcionário público ofendido não tenha que arcar com as despesas processuais. Acontece que o STF abriu mão dessa prerrogativa e ingressar com a ação privada e é por isso que a Súmula 714 do STF diz que nesses casos a legitimidade é concorrente, ou seja, do MP, mediante representação ou do ofendido. 3. Se da injúria real resulta lesão corporal, a ação é pública incondicionada. A finalidade do dispositivo é que a espécie de ação penal fosse a mesma para o delito, de modo que após o advento da lei 9.099/95, passou a ser feita a seguinte destinção: Se a lesão causada for leve, ambos os delitos dependem de representação; Se a lesão for grave, a ação será incondicionada para os dois crimes.