Apresentado no XLIII Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola - CONBEA 2014 27 a 31 de julho de 2014- Campo Grande- MS, Brasil



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Transcrição:

XLII Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola - CONBEA 2014 Centro de Convenções Arquiteto Rubens Gil de Camillo - Campo Grande -MS 27 a 31 de julho de 2014 ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE AFLUENTES E EFLUENTES DE CAMAS DE FRANGOS DE CORTE QUE RECEBERAM DIETAS CONTENDO PROBIÓTICO E ENZIMAS EXÓGENAS TRATADAS EM BIODIGESTORES BATELADAS Apresentado no XLIII Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola - CONBEA 2014 27 a 31 de julho de 2014- Campo Grande- MS, Brasil Maria F. F. M. Praes¹, Jorge de Lucas Jr², Rafael Hermes³, José O. B. Sorbara 4 ¹Zootecnista,Docente no Centro Universitário de Rio Preto, UNIRP, Brasil, menegucci2002@yahoo.com.br ² Eng. Agrônomo, prof. Titular, Dep. Eng. Rural Unesp Jaboticabal SP, jlucas@fcav.unesp.br ³DSM Nutritional Products, São Paulo, Brasil 4 DSM Nutritional Products, São Paulo, Brasil Resumo: Quantificaram-se coliformes totais e termotolerantes de afluentes e efluentes de biodigestores abastecidos com cama de frangos alimentados com dietas contendo probiótico e enzimas exógenas: controle (CN); CN + 500 ppm do probiótico contendo Bacillus subtilis e licheniformis (PRO); dieta com 20 ppm da enzima fitase (0,15% de fósforo disponível e 0,12% de cálcio), 200 ppm de protease (3,8% de proteína bruta; 3,8% de arginina digestível; 1,2% de lisina digestivel; 3,6% de metionina + cistina digestível; 7,9% de treonina digestível; e 3% de triptofano digestível) e 200 ppm de xilanase (energia metabolizável 40 kcal/kg de ração) ENZ; ENZ + 500 ppm do probiótico (P+E). Os resultados evidenciaram a eficiência do tratamento. Evidenciou-se a presença de coliformes totais (CN- 17,00 108; PRO- 0,68 108; ENZ- 0,83 108; P+E- 0,004 108) e termotolerantes (CN- 17,00 108; PRO- 0,45 108; ENZ- 0,83 108; P+E- 0,004 108) nos afluentes de todos os tratamentos. O tratamento P+E apresentou menor quantidade de coliformes no afluente e nos efluentes e 100% de eficiência do tratamento microbiológico em biodigestores bateladas. Pode-se concluir que a adição de enzimas na dieta de aves reduz o número de micro-organismos presentes nos afluentes de camas de frangos. Palavras-chaves: biodigestor, Coliformes totais e termotolerantes, Bacillus subtilis MICROBIOLOGICAL ANALYSIS OF INFLUENT AND EFFLUENT OF BEDS BROILERS FED THE PROBIOTIC TREATED AND EXOGENOUS ENZYMES IN BATCH DIGESTERS

Abstract:Were quantified total and fecal coliform influent and effluent of the digesters supplied with double broilers fed diets containing probiotics and exogenous enzymes: control (CN), CN + 500 ppm probiotic containing Bacillus subtilis and licheniformis (PRO); diet with 20 ppm of phytase (0.15 % available phosphorus and 0.12 % calcium), 200 ppm of protease (3.8 % crude protein,3.8 % of arginine,1.2 % of digestible lysine; 3.6 % methionine + cystine, 7.9 % of threonine and 3 % digestible tryptophan) and 200 ppm of xylanase (40 kcal metabolizable energy/kg diet) ENZ; ENZ + 500 ppm probiotic (P + E). The results showed the efficiency of the treatment. Showed the presence of total coliforms (17.00 CN-108, PRO-108 0.68, 0.83 ENZ - 108, E - P + 0.004 108) and thermophilic (17.00 CN-108, PRO - 0, 45 108; ENZ-108 0.83, P+0.004 E-108) in the tributaries of all treatments. The P+E treatment showed a lower amount of coliforms in the influent and effluent and 100 % efficiency of microbiological treatment in batch digesters. It can be concluded that the addition of enzymes in the diet of poultry reduces the number of microorganisms present in chicken bedding tributaries. Keywords: Digester, total and fecal coliforms, Bacillus subtilis 1. INTRODUÇÃO A expansão da atividade avícola no país e o incremento tecnológico nos sistemas de produção, têm resultado em grandes gerações de resíduos avícolas que são, muitas vezes, lançados ao ambiente. Os altos índices de contaminação dos recursos naturais e a redução da qualidade de vida nos grandes centros produtores são indicativos de que boa parte dos efluentes da produção das aves está aportando direta ou indiretamente no solo e nos recursos d água, sem receber tratamento adequado. Quando bem escolhido e conduzido, o manejo adotado permite o aproveitamento integral dos dejetos, dentro das condições estabelecidas em cada propriedade (ANGONESE et al., 2006). A redução do impacto ambiental das atividades pecuárias tem sido tema altamente discutido no cenário mundial. Devido à sua grande importância na produção de alimentos, vêm buscando-se alternativas, em várias áreas do conhecimento, que garantam a produção com menor impacto ambiental possível. O destino adequado desses resíduos avícolas, como a cama de frango é uma preocupação geral dos pesquisadores, pois, além do grande volume produzido, as excretas das aves comerciais podem contaminar o meio ambiente em decorrência da má utilização dessas. Um dos principais destinos deste material era seu uso como fonte de nutrientes em rações animais, mais especificamente para bovinos. Com a proibição desta atividade, a principal utilização dos dejetos avícolas se faz como fertilizantes na agricultura, o que pode levar à contaminação dos lençóis freáticos pela lixiviação dos minerais presentes nas excretas. Assim, os profissionais da área devem unir esforços para buscar práticas adequadas de manejo dos resíduos gerados na avicultura, afim de que a indústria avícola cresça e se desenvolva dentro das condições de restrições legais existentes. A biodigestão anaeróbia é uma alternativa eficaz que pode ser usada no tratamento de resíduos sólidos ou líquidos, promovendo a redução do poder poluente dos dejetos, tendo como subproduto, além do biogás, o biofertilizante com várias aplicações práticas na propriedade rural. O processo tem demonstrado resultados na redução do impacto ambiental de dejetos animais, não somente pela diminuição dos

sólidos presentes, mas também pela redução de micro-organismos indesejáveis nos efluentes. Pouco se sabe da influência de aditivos adicionados à dieta de frango de corte sobre a cama de frango no processo de biodigestão. No entanto, o presente estudo busca avaliar a eficiência do tratamento, em biodigestores bateladas, de cama de frangos que receberam aditivo na sua dieta. 1. MATERIAL E METODOS Foi realizado um experimento, no Setor de Avicultura da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - campus de Jaboticabal - São Paulo, utilizando-se 900 pintos de corte (Cobb 500 ), provenientes de um mesmo lote de matrizes, com idade e linhagem iguais, alojados em um galpão de alvenaria com 36 boxes, com cobertura de telha de barro, piso de concreto, paredes laterais com 0,30 m de altura, completados com tela de arame até o telhado e cortinado externo móvel, dividido em boxes de 3,2 x 1,4m, separados por muretas de alvenaria de 0,40 m de altura e completadas com tela de arame até uma altura de 1,80 m. Cada boxe recebeu 25 aves, sendo que a densidade foi a mesma em todos os boxes (5,58 aves/m 2 ). A cama utilizada foi a maravalha com uma quantidade de 0,7 kg de matéria seca/ave alojada, de modo que todos os tratamentos tiveram a mesma quantidade adicionada em todos os boxes (20 kg de MN e 17,5 de MS). Antes de sua distribuição foi realizada a análise de matéria seca da cama (87,5%). Durante o período de criação, todas as aves receberam água e ração ad libitum. O manejo adotado foi o mesmo para todas as aves. Após a coleta das camas de frango, as mesmas foram identificadas por tratamento e levadas para o Departamento de Engenharia Rural da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - Campus de Jaboticabal / UNESP, realizando-se o abastecimento de biodigestores do tipo batelada de bancada experimentais. Os substratos utilizados para o abastecimento dos biodigestores foram as camas de frango advindas de aves criadas de 1 a 42 dias de idade, alimentadas com probiótico e enzimas. O volume da carga (1,8 kg) foi o mesmo para todos os biodigestores. Em cada abastecimento o substrato foi preparado com teor de sólidos totais próximo a 4,0%, segundo modelo proposto por Lucas Junior (1994). Na Tabela 1 encontram-se as quantidades de substrato adicionado (cama+água) ao biodigestor do tipo batelada. Tabela 1. Quantidade de substratos, em kg, adicionados aos biodigestores bateladas. Tratamento Cama Água Total CN 0,090 1710 1800 PRO 0,095 1705 1800 ENZ 0,082 1718 1800 P+E 0,080 1720 1800 Os biodigestores do tipo batelada (Figura 1) foram constituídos por três cilindros retos de PVC com diâmetros de 7,5, 10 e 15 cm, acoplados sobre um cap de PVC com capacidade operacional de 2 litros de substrato em fermentação, cada. Os cilindros de 10 e 15 cm foram inseridos um no interior do outro, de tal forma que o espaço existente entre a parede externa do cilindro interior e a parede interna do cilindro exterior comportasse um volume de água ( selo de água ), atingindo profundidade de 50 cm. O cilindro de diâmetro intermediário teve uma das extremidades vedadas, conservando-se

apenas uma abertura para descarga do biogás, e emborcado no selo de água, para propiciar condições anaeróbias e armazenar o gás produzido. Figura 1. Digestor tipo batelada de bancada. As rações foram formuladas à base de milho e farelo de soja, suplementadas com minerais, vitaminas e aminoácidos, para atenderem às exigências nutricionais de cada fase de criação das aves (inicial, crescimento e final) de acordo com as recomendações de Rostagno et al. (2011). Não foi utilizado promotor de crescimento. O delineamento foi inteiramente cazualizado com 4 tratamentos, consistindo, de camas de frangos de corte que receberam diferentes tipos de dietas: controle (CN); CN + 500 ppm do probióticos contendo Bacillus subtilis e Bacillus licheniformis (PRO); dieta formulada com 20 ppm da enzima fitase (0,15% de fósforo disponível e 0,12% de cálcio), 200 ppm de protease (3,8% de proteína bruta; 3,8% de arginina digestível; 1,2% de lisina digestivel; 3,6% de metionina + cistina digestível; 7,9% de treonina digestível; e 3% de triptofano digestível) e 200 ppm de xilanase (energia metabolizável 40 kcal/kg de ração) (ENZ); ENZ + 500 ppm do probiótico (P+E), com 4 repetições de biodigestores. As camas foram separadas por tratamento e armazenadas para utilização no abastecimento único dos biodigestores do tipo batelada. As cargas foram únicas e preparadas, utilizando-se como substrato as camas de frango, diluidas em água. O substrato foi adicionado nos biodigestores (1,8 litros de carga/biodigestor), com o tempo de retenção hidráulica de 162 dias. Para as análises de coliformes totais e termotolerantes, foram coletadas amostras do afluente no inicio e do efluente no final do experimento, de cada tratamento. Foi utilizada as técnica de tubos múltiplos descrita por Silva et al. (1997). Os resultados foram expressos em NMP/100ml de afluente e efluente, e a % de eficiência do tratamento em biodigestores bateladas. Os dados foram analisados pelo programa SAS (SAS Institute, 2002) e em caso de significância estatística, as médias foram comparadas pelo teste de Tuckey a um nível de 5% de probabilidade.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante a etapa do tratamento em biodigestores do tipo batelada (162 dias de TRH) observou-se redução dos NMP de coliformes totais e termotolerantes, alcançando a eliminação de 100% em tais grupos de bactérias ao final do experimento (Tabela 2). Esse resultado pode estar associado ao processo de biodigestão anaeróbia, e, principalmente, ao tipo de biodigestor utilizado, visto que o biodigestor tubular batelada se caracteriza por apresentar elevada produção de ácido no interior do biodigestor, tendo a ação do ph no processo, reduzindo, assim, a população de coliformes no material de entrada. O biofertilizante obtido a partir da biodigestão anaeróbia de afluente de cama de frango apresenta características microbiológicas favoráveis ao seu uso na irrigação de hortaliças e de frutas que se desenvolvem rente ao solo, pois, de acordo com resolução CONAMA 357 (2005), admitem-se como concentração permissível para a irrigação dessas culturas, quantidades inferiores a 200 coliformes 100 ml -1 de biofertilizante. Em estudos para avaliar a eficiência de remoção de coliformes totais e termotolerantes em biodigestores, realizados por Gannoun et al. (2009), que avaliaram diferentes tempos de retenção hidráulica (TRH) e níveis de material orgânico, observaram redução média de coliformes totais e termotolerantes de 99,9%. Tabela 2. Número mais provável de coliformes totais e termotolerantes (NMP/100 ml) e eficiência do tratamento de camas de frango de corte que receberam uma dieta com probióticos e enzimas, em biodigestores bateladas. Tratam entos* Coliformes Totais Efic iência % Coliformes termotolerante s Efic iência % Afl uente Ef luente Afl uente Ef luente CN 17, 00x10 8 00x10 8 PRO 0,6 8x10 8 5x10 8 ENZ 0,8 3x10 8 3x10 8 P+E 0,0 04x10 8 04x10 8 *CN= controle; PRO= CN+500 ppm do probiótico; ENZ= dieta formulada com 20 ppm da enzima fitase, 200 ppm de protease e 200 ppm de xilanase; P+E= ENZ + 500 ppm de probiótico. 4. CONCLUSÃO O tratamento de cama de frango em biodigestores bateladas é eficiente pois elimina 100% dos coliformes presentes no efluente. 5. AGRADECIMENTOS

A DSM pela doação do probiótico e enzimas exógenas. A FAPESP pela bolsa de estudo e e financiamento do projeto. 6. REFERÊNCIAS ANGONESE, A. R.; CAMPOS, A. T.; ZACARKIM, C. E.; MATSUO, M. S.; CUNHA, F. Eficiência energética de sistema de produção de suínos com tratamento de resíduos em biodigestor. Rev. Bras. Eng. Agríc. Ambient., Campina Grande, v. 10, n. 3, p. 745-750, 2006. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. CONAMA. Resolução n 357, de março de 2005. Estabelece classificação para as águas doces, salobras e salinas do Território Nacional. Diário Oficial [da] União, Brasília, DF, v. 53, p. 58, mar. 2005 Seção 1. GANNOUN, H.; BOUALLAGUI, H.; OKBI, A.; SAYADI, S.; HAMDI, M. Mesophilic and thermophilic anaerobic digestion of biologically pretreated abattoir wastewaters in an upflow anaerobic filter. J. Hazard. Mater., Amsterdam, v. 170, n. 1, p. 263-271, 2009. LUCAS JR, J. Algumas Considerações sobre o uso do estrume de suínos como substrato para três sistemas de biodigestores anaeróbios. 1994. 137 f. Tese (Livre- Docência Construções Rurais) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 1994. ROSTAGNO, H.S.; ALBINO, L.F.T.; DONZELE J.L.; GOMES, P.C.; OLIVEIRA, R.F.; LOPES, D.C.; FERREIRA, A.S.; BARRETO, L.S.T.; EUCLIDES, R.F. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. 3.ed. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2011. 252p. SAS INSTITUTE. SAS user guide: statistics. Cary, NC, 2002. SILVA, N.; JUNQUEIRA, V. C. A.; SILVEIRA, N. F. A. Manual de métodos de análise microbiológica de alimentos. São Paulo: Varela, 1997. 295 p.