AVALIAÇÃO DA HIDRÓLISE DA PALHA E SABUGO DE MILHO PARA PRODUÇÃO DE ETANOL 2G.

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Transcrição:

AVALIAÇÃO DA HIDRÓLISE DA PALHA E SABUGO DE MILHO PARA PRODUÇÃO DE ETANOL 2G. L. L. M. de CARVALHO 1, R. M. R. G. ALMEIDA 1, W. R. O. PIMENTEL 1, M. C. S. SILVA 1 1 Universidade Federal de Alagoas, Centro de Tecnologia, Departamento de Engenharia Química E-mail para contato: livia.luisa@hotmail.com RESUMO Durante anos os produtos derivados de petróleo tornaram-se fonte de geração de energia e a principal base das indústrias químicas. Visando a possibilidade do esgotamento desses recursos fósseis, resíduos provenientes da agroindústria estão sendo explorados como fonte de biomassa lignocelulósica para obtenção de produtos como o etanol 2G. Neste sentido, o objetivo desse estudo foi avaliar a etapa do processo de hidrólise enzimática para produção de etanol 2G utilizando resíduos de milho. Esses resíduos foram pré-tratados com H 2 SO 4 0,5% a 121ºC por 15 minutos. Os ensaios de hidrólise enzimática foram realizados variando a carga de biomassa, tempo de hidrólise e tipo de biomassa de acordo com o planejamento experimental, utilizando 20FPU/mL de enzima Cellic Ctec 2. As amostras foram colocadas em mesa incubadora rotativa tipo Shaker à 50ºC e 150 rpm. Em seguida foram realizadas análises nos hidrolisados, onde a melhor condição encontrada em termos de ART foi para a palha com 5 g de biomassa por 48 horas obtendo-se 30,68g/L. 1. INTRODUÇÃO O uso intensivo dos combustíveis fósseis para o suprimento das necessidades energéticas da humanidade acarretou uma diminuição considerável das suas reservas mundiais (Palacio et al., 2012). Devido ao alto consumo destes combustíveis, alternativas que ofereçam flexibilidade e economia desses recursos vêm sendo procuradas, as quais surgem para mitigar a pressão exercida pelos combustíveis fósseis e seus derivados (Hinrich et al., 2010; Gonçalves et al., 2011). Uma alternativa para suprir tais necessidades é a de produção de etanol de segunda geração a partir de biomassa lignocelulósica, como a palha e o sabugo de milho. As matérias-primas lignocelulósicas são as mais abundantes do planeta, compostas por celulose, hemicelulose, lignina, extrativos e vários inorgânicos (Taherzadeh e Karimi, 2007; Lucia, 2008). Segundo Cinelli (2012), o Brasil é o país que mais possui vantagens para liderar a agricultura de energia, com o maior potencial de desenvolvimento na produção de energia renovável, como o etanol, devido à: disponibilidade de solos agricultáveis; disposição geográfica e clima bastante favorável e grande competitividade internacional na produção de álcool. Mais de 42% da energia e

13% dos combustíveis consumidos em transporte no Brasil são renováveis. No resto do mundo, em média, apenas 13,2% da energia vem de fontes renováveis (ANP, 2015). A biomassa lignocelulósica é, portanto, uma fonte potencial de materiais de partida para muitos processos industriais. A grande vantagem deste bio-material é que não afetará o abastecimento de alimentos e todos os produtos químicos derivados terá impacto ambiental menor do que a petroquímica (Lucia, 2008). Nesse âmbito, o objetivo do estudo foi avaliar a etapa do processo de hidrólise para produção de etanol de segunda geração. Tal tecnologia compreende basicamente as etapas de pré-tratamento, hidrólise, fermentação e destilação. Em virtude da complexa estrutura do material lignocelulósico, algumas técnicas de prétratamentos têm sido propostas com o intuito de romper a estrutura e facilitar a bioconversão (Carvalho, 2011). Além disto, outra etapa de grande importância e objeto deste estudo é a hidrólise enzimática, a qual permite que enzimas convertam celulose da biomassa pré-tratada em açúcares fermentescíveis para posterior fermentação e destilação. 2. MATERIAIS E MÉTODOS A metodologia consistiu com o pré-tratamento dos resíduos de milho, seguida de hidrólise. 2.1. Matéria-Prima Utilizada A palha e o sabugo de milho usados nesse estudo foram cedidos pelo Laboratório de Tecnologia de Bebidas e Alimentos (LTBA)/UFAL, adquiridos anteriormente nas feiras livres da cidade de Maceió. Os mesmos já se encontravam devidamente sanitizados, secos e triturados sem ajuste de granulometria obtidos em trabalhos anteriores. O teor de umidade da palha e do sabugo de milho foi avaliado de acordo com o método de aquecimento direto a 105 C até peso constante, empregando determinador de umidade. Esta avaliação se baseia na quantificação do peso, devido à perda de água por evaporação. Foram realizadas quatro determinações a cada 10min, usando-se como resultado final o valor médio das amostras. 2.2. Pré-Tratamento Químico dos Resíduos de Milho Para a etapa de pré-tratamento, a palha e o sabugo de milho foram pesados em balança analítica e logo após, colocados em Erlenmeyer juntamente com solução de H 2 SO 4 0,5% na proporção de 1:10 (massa de sólido/volume de solução ácida). O procedimento foi conduzido em autoclave à 121ºC durante 15 minutos. Após autoclavagem, toda a suspensão foi filtrada em papel de filtro. A fração sólida resultante foi então recolhida e mantida em estufa a 40ºC, com o propósito de se obter um material seco ( 10% de umidade). Após o processo de pré-tratamento, a fração sólida resultante é conceituada como o rendimento mássico e pode ser determinado de acordo com a Equação 1.

(1) onde, m inicial = massa inicial submetida ao pré-tratamento e m final = massa final após secagem 2.3. Estudo da Hidrólise Enzimática dos Pré-Tratados dos Resíduos de Milho Através da Técnica de Planejamento Experimental O procedimento foi conduzido pela rota enzimática na hidrólise dos resíduos pré-tratados utilizando a enzima comercial Cellic CTec 2, gentilmente cedida pela Novozymes. De acordo com a carga experimental a ser explorada, foi necessário executar um planejamento experimental e utilizar o software STATISTICA. Os parâmetros de interesse foram: carga de biomassa, o tempo de hidrólise e tipo de biomassa, como se apresenta na Tabela 1. Tabela 1 Efeitos e níveis escolhidos para a realização da hidrólise para ambas as biomassas Efeitos estudados Nível inferior ( - ) Nível superior ( + ) 1: carga de sólidos (g) 1 5 2: tempo (hs) 24 48 3: biomassa (tipo) S P onde, S e P correspondem a sabugo e palha, respectivamente. A escolha dos efeitos e níveis seguiram alguns critérios, tais como: conhecer a influência da carga de biomassa; diminuir o tempo de hidrólise devido aos custos operacionais (insumos químicos, serviços e principalmente, energia) e investigar qual das biomassas estudadas melhor corresponde às condições aplicadas. Os ensaios submetidos à hidrólise enzimática foram preparados na proporção: carga de sólidos (g)/ 110 ml de solução, porém de acordo com o planejamento experimental, colocados em Erlenmeyer e levados para Shaker a 50ºC e 150 rpm. A solução continha tampão citrato (50mM), ph 4,8 e 0,5mL de enzima. Após a hidrólise enzimática, foi determinado o ART do hidrolisado utilizando o método de DNS. A partir das determinações e análise pelo software STATISTICA, obtém-se as melhores condições para as etapas subsequentes. A análise de ART foi obtida por espectrofotometria, através do método do ácido 3,5- dinitrossalicílico (DNS), proposto por Miller (1959). O método se baseia na redução de um de seus grupos nitro ao mesmo tempo em que o grupo aldeído do açúcar é oxidado a grupo carboxílico, com a formação de um composto (ácido 3-amino-5-nitrosalicílico) de uma coloração avermelhada com forte absorção em 540nm (Carvalho, 2011; Maldonade et al., 2013). O valor de ART é obtido através da Equação 2. (2)

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES 3.1. Determinação de Umidade dos Resíduos de Milho In natura Na Tabela 2, é apresentado o teor de umidade, determinado mediante metodologia descrita. Tabela 2 Teor de umidade Material In natura 1ª 2ª 3ª 4ª Média Palha 8,3 8,68 8,44 8,55 8,49 ± 0,12 Sabugo 6,20 6,47 6,80 6,83 6,58 ± 0,24 Foram realizadas quatro determinações, as quais permaneceram constantes, indicando que os resíduos estão livres de umidade. O teor de umidade apresentado está relacionado ao fato das amostras se encontrarem in natura, mas é considerado aceitável visto que são valores menores que 10%. Valores acima deste pode acarretar perdas por degradação biológica. Os valores encontrados nesse trabalho estão de acordo com a literatura, pois estudos realizados por Vieira et al. (2014) sobre a umidade dos resíduos de milho in natura demonstraram 6,76% e 6,87% para o sabugo e palha de milho, respectivamente. 3.2. Rendimento Mássico Após Pré-Tratamento Os valores dos rendimentos mássicos da fração sólida do pré-tratamento são apresentados na Tabela 3 e determinados em triplicata de acordo com o procedimento e equação já descritos. Tabela 3 Rendimento mássico Pré-tratamento ácido rendimento (%) sabugo 73,25 palha 74,10 Em termos de rendimento mássico para ambas as biomassas de resíduos de milho os resultados foram bons, indicando assim que o pré-tratamento empregado foi efetivo. Carli (2011) reportou em seus estudos rendimentos mássicos para bagaço de cana-de-açúcar pré-tratado de várias formas, onde o menor valor foi de 35% para bagaço in natura explodido autoclavado com solução de H 2 SO 4 1% seguido de autoclavagem com solução de NaOH 4% e o maior valor foi de 59% para bagaço explodido autoclavado com água. 3.3. Matriz de Planejamento da Hidrólise Enzimática

Os efeitos e níveis foram organizados numa matriz de planejamento 2 3 juntamente com a combinação dos efeitos e sua correspondente resposta, como ilustrado na Tabela 4. Tabela 4 Matriz de planejamento com duplicata ensaio efeito 1 efeito 2 efeito 3 Resposta ART (g/l) Média 1 - - - 7,80 7,90 7,85 2 + - - 16,53 21,11 18,82 3 - + - 8,32 8,01 8,17 4 + + - 24,96 17,26 21,11 5 - - + 9,57 9,57 9,57 6 + - + 27,66 28,28 27,97 7 - + + 11,64 8,42 10,03 8 + + + 30,57 30,78 30,68 onde, efeito 1 é a carga de sólidos (g), efeito 2 é o tempo de hidrólise (hs) e efeito 3 é a biomassa (tipo). Observando a Tabela 4, a melhor condição em termos de ART foi o ensaio 8, com 30,68 g/l. Porém, houve mais três ensaios (2, 4 e 6) com resultados promissores que devem ser levados em consideração, podendo ser posteriormente fermentados. Esse fato reforça a importância da carga de sólidos utilizada que corresponde ao efeito mais significativo. O ensaio 8 que apresentou, além do melhor resultado de todo o planejamento, também a melhor condição para a palha. No entanto, o ensaio 6 apresentou ART aproximadamente 10% menor, mas utilizando a metade do tempo do ensaio 8. Isto significa que talvez não seja viável manter uma hidrólise por mais tempo devido ao consumo de energia, insumos e serviços, uma vez que o tempo não se mostrou significativo na faixa investigada. Outra condição promissora foi apresentada pelo sabugo com o ensaio 4, obtendo-se 21,11g/L de ART. Similarmente à palha, o sabugo apresentou uma segunda condição (ensaio 2) com ART aproximadamente 12% menor, mas também com a metade do tempo. Os valores de ART obtidos neste trabalho foram melhores do que os estudos de Santos (2014), no qual foi utilizado 1 g de biomassa (palha e sabugo de milho) pré-tratados com 0,5% de H 2 SO 4 à 120 C por 15 minutos para hidrolisar com 2mL de enzima comercial Accellerase 1500 à 50 C, 150rpm por 72hs obtendo concentração de ART no hidrolisado de 19,6g/L e 6,1g/L para a palha e sabugo, respectivamente. Os resíduos de milho mostraram-se mais promissores do que os resultados de Gomes (2015) para o bagaço de cana-de-açúcar. O bagaço foi pré-tratado com 0,5% de H 2 SO 4 à 120 C por 15 minutos e para o processo de hidrólise usou 1g de bagaço e 1mL de enzima comercial Cellic Ctec2 à 50 C, 150rpm por 72hs obtendo 13,70g/L de ART. 3.4. Análise da Variância do Modelo Estatístico É possível observar na Figura 1, que dois efeitos principais foram significativos, destacandose a carga de sólidos como o mais significativo, uma vez que em maiores quantidades de biomassa implica numa maior liberação de açúcares. O outro efeito significativo foi o tipo de biomassa, onde a

palha corresponde melhor aos experimentos para a faixa estudada, talvez por ela in natura já se apresentar mais rica que o sabugo com 36,7% de celulose e 34,2% de hemicelulose enquanto o sabugo possui 35,4% de celulose e 26,9% de hemicelulose, aliada ao pré-tratamento que se mostrou efetivo (Santos, 2014). (1)carga de sólidos (g) 13,18773 (3)biomassa (tipo) 4,671005 1by3 3,169162 (2)tempo (hs) 1,208596 1by2,88393 2by3,1172988 1*2*3,0565548 p=,05 Figura 1 Gráfico de Pareto Para o tratamento das respostas, foi utilizada equação do modelo linear para os cálculos dos parâmetros estatísticos para verificar se o modelo aplicado é adequado ao sistema, como mostra a Equação 3. Dessa forma, foi necessária a construção da análise de variância, tabela ANOVA, proposta por Neto et al. (2001),apresentada na Tabela 5. (3) Tabela 5 ANOVA para o modelo linear em ART Fonte de variação Soma quadrática Nº graus de liberdade Média quadrática regressão 1172,54 3 390,85 resíduos 58,46 12 4,87 falta de ajuste 12,87 4 3,22 erro puro 45,58 8 5,70 total 6096,37 15 % de variação explicada: 95,25 % máxima de variação explicável: 96,30 De acordo com os resultados da análise da variância da tabela ANOVA, é feito o teste F para julgar se o modelo escolhido representa bem as observações, ou se é preciso modificá-lo. O teste F é

baseado nos graus de liberdade, onde a razão entre a média quadrática da regressão e a média quadrática do resíduo deve ser maior, se possível dez vezes mais, do que o ponto de distribuição F, com o propósito de obter um maior grau de confiabilidade. Assim, para esse sistema, MQ R /MQr = 80,23 > (10 x F 3,12 ); F 3,12 = 3,49 para 95% de confiança. Outro teste F também é realizado, desta vez é a razão entre a média quadrática devido ao erro puro e a média quadrática devido à falta de ajuste deve ser menor do que o ponto de distribuição F. Logo, para esse sistema, MQ faj /MQ ep = 0,56 < F 4,8 = 3,84 para 95% de confiança (NETO et al., 2001). Isto quer dizer que o modelo linear define um ajuste altamente significativo, portanto, desnecessário a procura por outro modelo. 4. CONCLUSÕES Com base nos resultados apresentados, foi possível concluir que ambas as biomassas podem ser empregadas na linha de produção de etanol como fonte de celulose. O pré-tratamento ácido diluído utilizado se mostrou efetivo para os resíduos de milho. O planejamento experimental viabilizou o estudo das melhores condições de operação da hidrólise, através da observação dos efeitos e combinações dos parâmetros, onde o melhor índice de ART (g/l) foi para a palha com 5 g de biomassa por 48 horas obtendo 30,68g/L, na faixa investigada. Portanto, a produção de etanol a partir dos resíduos de milho se mostrou promissora. Agradecimentos Agradecientos ao auxílio financeiro e bolsa CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - e ao CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - pelo apoio financeiro, Projeto casadinho /PROCAD, CNPq/ CAPES (nº06/2011) - Processo no. 552595/2011-0, uma cooperação entre a UFAL, UFSCar e UFRJ. 5. REFERÊNCIAS ANP Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Biocombustíveis no Brasil. Disponível em: http://www.anp.gov.br. Acesso em: 12 de Fevereiro de 2015. CARLI, C. M. Hidrólise e Fermentação do Bagaço de Cana-de-Açúcar em Escala de Bancada para Produção de Etanol 2G. Dissertação (Mestrado em Engenharia Química) Universidade Federal de São Carlos, São Carlos - SP, 2011. CARVALHO, M. L. Estudo Cinético da Hidrólise Enzimática de Celulose de Bagaço de Cana-de-Açúcar. 2011. 102p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Química) Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2011.

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