LITERATURA DA LÍNGUA INGLESA



Documentos relacionados
GRUPO IV 2 o BIMESTRE PROVA A

HISTÓRIA PRÉ-HISTÓRIA

Era uma vez, numa cidade muito distante, um plantador chamado Pedro. Ele

Os encontros de Jesus. sede de Deus

O FIM DO FEUDALISMO E A CENTRALIZAÇAO POLÍTICA

Unidade II Poder, Estudo e Instituições Aula 10

DAVI, O REI (PARTE 1)

Estudo Dirigido - RECUPERAÇÃO FINAL

Bíblia para crianças. apresenta O SÁBIO REI

SAMUEL, O PROFETA Lição Objetivos: Ensinar que Deus quer que nós falemos a verdade, mesmo quando não é fácil.

A VIDA DO REI SALOMÃO

1 O número concreto. Como surgiu o número? Contando objetos com outros objetos Construindo o conceito de número

HISTÓRIA REVISÃO 1. Unidade II Civilização Greco Romana e seu legado. Aula 9 Revisão e avaliação da unidade II

TEUS PENSAMENTOS Projeto 203

História. Programação 3. bimestre. Temas de estudo

Juniores aluno 7. Querido aluno,

Fascículo 2 História Unidade 4 Sociedades indígenas e sociedades africanas

Nº 8 - Mar/15. PRESTA atenção RELIGIÃO BÍBLIA SAGRADA

Selecionando e Desenvolvendo Líderes

MESOPOTÂMIA ORIENTE MÉDIO FENÍCIA ISRAEL EGITO PÉRSIA. ORIENTE MÉDIO origem das primeiras civilizações

Bíblia para crianças. apresenta O ENGANADOR

4ª FASE. Prof. Amaury Pio Prof. Eduardo Gomes

O Mistério dos Maias. O que aconteceu com os Maias?

Estudos bíblicos sobre liderança Tearfund*

DANIEL EM BABILÔNIA Lição Objetivos: Ensinar que devemos cuidar de nossos corpos e recusar coisas que podem prejudicar nossos corpos

O MUNDO MEDIEVAL. Prof a. Maria Fernanda Scelza

PROVA DE HISTÓRIA 2 o TRIMESTRE 2012

A TORRE DE BABEL Lição 06

Para a grande maioria das. fazer o que desejo fazer, ou o que eu tenho vontade, sem sentir nenhum tipo de peso ou condenação por aquilo.

PAGINA 1 BÍBLIA PASSO A PASSO NOVO TESTAMENTO

f r a n c i s c o d e Viver com atenção c a m i n h o Herança espiritual da Congregação das Irmãs Franciscanas de Oirschot

Carta de Paulo aos romanos:

Freelapro. Título: Como o Freelancer pode transformar a sua especialidade em um produto digital ganhando assim escala e ganhando mais tempo

No princípio era aquele que é a Palavra... João 1.1 UMA IGREJA COM PROPÓSITOS. Pr. Cristiano Nickel Junior

PARTE IV. O chamado para a especialização

Homens. Inteligentes. Manifesto

Relaxamento: Valor: Técnica: Fundo:

O povo da Bíblia HEBREUS

História da Música Ocidental

Duração: Aproximadamente um mês. O tempo é flexível diante do perfil de cada turma.

GRUPOS NO JUDAISMO NA ÉPOCA DE JESUS

Avaliação História 7º ano Unidade 1

E.E.I.E.F SÃO FRANCISCO ROTEIRO DO CURTA METRAGEM TEMA: A LENDA DA PEDRA DA BATATEIRA- MITO E REALIDADE 1ª PARTE

OS PRIMEIROS POVOADORES DA TERRA

Os Quatro Tipos de Solos - Coração

Newton Bignotto. Maquiavel. Rio de Janeiro

Usos e Costumes. Nos Dias Atuais TIAGO SANTOS

Como Estudar a Bíblia

Prof. Alexandre Goicochea História

Aula 3 de 4 Versão Aluno

Shusterman insere cultura pop na academia

A Cura de Naamã - O Comandante do Exército da Síria

Uma leitura apressada dos Atos dos Apóstolos poderia nos dar a impressão de que todos os seguidores de Jesus o acompanharam da Galileia a Jerusalém,

A Europa em poucas palavras

1º Domingo de Agosto Primeiros Passos 02/08/2015

Daniel fazia parte de uma grupo seleto de homens de Deus. Ele é citado pelo profeta Ezequiel e por Jesus.

AS VIAGENS ESPETACULARES DE PAULO

Mudança de direção RODRIGO MENEZES - CATEGORIA MARKETERS

Reconhecimento: Resolução nº CEE /85 - D.O. 04/05/85 Ent. Mantenedora: Centro Evangélico de Recuperação Social de Paulo Afonso

MUDANÇAS NO FEUDALISMO. Professor Sebastião Abiceu 7º ano Colégio Marista São José de Montes Claros - MG

Bom Crédito. Lembre-se de que crédito é dinheiro. Passos

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO HISTÓRIA FUNDAMENTAL CEEJA MAX DADÁ GALLIZZI PRAIA GRANDE - SP

RUTE, UMA HISTÓRIA DE AMOR

CAPÍTULO 06 - MESOPOTÂMIA. A palavra Mesopotâmia vem do grego e significa entre rios.

DATAS COMEMORATIVAS. CHEGADA DOS PORTUGUESES AO BRASIL 22 de abril

MENSAGEM DE NATAL PM

Psicologia das multidões

Arte Romana. 1º Ano Artes. Professor Juventino 2015

IIIDomingo Tempo Pascal- ANO A «..Ficai connosco, Senhor, porque o dia está a terminar e vem caindo a noite

ARTE PRÉ-HISTÓRICA. IDADE DOS METAISaproximadamente a a.c. aparecimento de metalurgia; invenção da roda;

O Jogo dos Espíritos

Desafio para a família

Grandes Santos de Deus.

Aprendendo a ESTUDAR. Ensino Fundamental II

ATIVIDADE DE ESTUDOS SOCIAIS 3ª S SÉRIES A-B-C-D

Estudo de Caso. Cliente: Rafael Marques. Coach: Rodrigo Santiago. Duração do processo: 12 meses

Todos Batizados em um Espírito

Caros irmãos e amigos. A graça e a paz do Senhor Jesus. Grandes coisas tem feito o Senhor por nós por isso estamos alegres.

LIÇÃO TRIMESTRE 2015 ISRAEL OS ÚLTIMOS5REIS. Preparado por: Pr. Wellington Almeida

Nesta nova série Os Discursos de Jesus vamos aprofundar as Palavras de Jesus :- seus discursos, suas pregações e sermões. Ele falou aos seus

Análise e Desenvolvimento de Sistemas ADS Programação Orientada a Obejeto POO 3º Semestre AULA 03 - INTRODUÇÃO À PROGRAMAÇÃO ORIENTADA A OBJETO (POO)

QUEM DESEJAR A PAZ, PREPARE-SE PARA A GUERRA. O Período republicano, foi marcado pelas conquistas territoriais que tornaram Roma a cidade-mundo

SAUL, UM REI BONITO E TOLO

...E os discípulos puderam finalmente crer...

IGREJA DE CRISTO INTERNACIONAL DE BRASÍLIA ESCOLA BÍBLICA

PROVA BIMESTRAL História

SAMUEL, O MENINO SERVO DE DEUS

Professor Sebastião Abiceu 6º ano Colégio Marista São José de Montes Claros - MG

História/15 6º ano Turma: 2º trimestre Nome: Data: / / RECUPERAÇÃO FINAL 2015 HISTÓRIA 6º ano

Os aparelhos de GPS (Sistema de Posicionamento Global) se tornaram

Menu. Comidas típicas. Contribuições para o Brasil e Ijuí. Significado da bandeira Árabe. Costumes

O céu. Aquela semana tinha sido uma trabalheira!

11 Segredos para a Construção de Riqueza Capítulo II

O NASCIMENTO DE JESUS

Educação de Filhos de 0 a 5 anos. Edilson Soares Ribeiro Cláudia Emília Ribeiro 31/03/2013

Empresário. Você curte moda? Gosta de cozinhar? Não existe sorte nos negócios. Há apenas esforço, determinação, e mais esforço.

Ano de 5000 a.c. em várias localidades do território chinês, já havia grupos humanos dedicados a caça, a coleta, a pecuária e a agricultura.

Apocalipse. Contexto:

A origem dos filósofos e suas filosofias

Transcrição:

LITERATURA DA LÍNGUA INGLESA *Profª Amanda Fratea de Lucca * Docente Amanda Fratea de Lucca possui graduação em Letras pela Universidade de Mogi das Cruzes (1999) com habilitação em Tradução, pós-graduada em Metodolgia do Ensino da Língua Inglesa pela Universidade Braz Cubas. Atualmente é diretora do Centro Paulista de Cultura Anglo Americana Ltda, CCAA unidade de Mogi das Cruzes e professora titular da Universidade Braz Cubas. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em LÍNGUA INGLESA.

SUMÁRIO APRESENTAÇÃO 7 INTRODUÇÃO 9 UNIDADE I THE OLD ENGLISH PERIOD OR ANGLO-SAXON AGE (450 A 1066 D.C.) 11 1.1 CONTEXTO HISTÓRICO 11 1.2 CONTEXTO SOCIAL E LITERÁRIO 17 1.2.1 A SOCIEDADE ANGLO-SAXÔNICA 17 1.2.2 A TRADIÇÃO ORAL 18 1.2.3 BEOWULF 19 1.3 CONSIDERAÇÕES DA UNIDADE I 24 UNIDADE II THE MIDDLE-ENGLISH PERIOD OU THE MIDDLE AGES (1066 A 1485) 27 2.1 O CONTEXTO HISTÓRICO 28 2.2 O CONTEXTO SOCIAL 33 2.3 O CONTEXTO LITERÁRIO 34 2.4 GEOFFREY CHAUCER (1340 1400) 36 2.4.1 THE CANTERBURY TALES THE PROLOGUE 37 2.4.2 THE CANTERBURY TALES THE WIFE OF BATH 40 2.4.3 THE CANTERBURY TALES THE FRIAR 44 2.4.4 MIDDLE ENGLISH LANGUAGE GRAMMAR AND PRONUNCIATION 51 2.5 CONSIDERAÇÕES DA UNIDADE II 53 3 SUMÁRIO 3

UNIDADE III THE RENAISSANCE - A RENASCENÇA (1485 A 1625) 57 3.1 O CONTEXTO HISTÓRICO 58 3.1.1 HENRY VII E HENRY VIII 58 3.1.2 A REFORMA 59 3.1.3 CONFLITO RELIGIOSO 62 3.1.4 ELIZABETH I 62 3.1.5 A POLÍTICA EXTERNA 64 3.1.6 JAMES I 65 3.2 O CONTEXTO SOCIAL 66 3.2.1 RICOS E POBRES 66 3.3 ENTRETENIMENTO 67 3.4 EDUCAÇÃO 68 3.5 O CONTEXTO LITERÁRIO 69 3.6 CONSIDERAÇÕES DA UNIDADE III 71 UNIDADE IV WILLIAM SHAKESPEARE (1564-1616) 75 4.1 O TEATRO DE SHAKESPEARE 80 4.2 AS PEÇAS DE SHAKESPEARE 83 4.2.1 AS COMÉDIAS 84 4.2.1.1 A COMÉDIA DOS ERROS (THE COMEDY OF ERRORS) 85 4.2.2 AS TRAGÉDIAS 89 4.2.2.1 HAMLET 89 4.2.2.2 ROMEU E JULIETA (ROMEO AND JULIET) 94 4.2.3 AS PEÇAS ROMÂNTICAS 100 4.2.3.1 A TEMPETADE (THE TEMPEST) 101 4.2.4 AS PEÇAS HISTÓRICAS 104 4 SUMÁRIO

4.3 CONSIDERAÇÕES DA UNIDADE IV 106 REFERÊNCIA 109 5 SUMÁRIO 5

APRESENTAÇÃO Olá, caro aluno! Seja bem-vindo à disciplina Literatura da Língua Inglesa. A modalidade EAD é, atualmente, a mais procurada por estudantes brasileiros. Isso se deve ao fato de ser um curso mais flexível para o aluno, uma vez que ele não precisa ir às aulas diariamente e pode fazer todas as atividades de seu curso pelo computador. No entanto, para se ter sucesso nessa modalidade é necessário ter muita disciplina com os estudos. Nossa disciplina de Literatura da Língua Inglesa A está dividida em quatro unidades. Cada uma delas será apresentada aqui no livro didático juntamente às teleaulas, que serão assistidas nos polos de cada região e também disponibilizadas na plataforma de estudos. Os dois materiais se complementam. Nas teleaulas, as unidades terão uma diferente abordagem e foco nos principais tópicos, contarão também com muitos exemplos para facilitar a compreensão. Aqui, no livro didático, você encontrará a explicação completa, mas com exemplos e exercícios para refletir e verificar o que foi apresentado. Além das teleaulas, há atividades no AVA (ambiente virtual de aprendizagem), onde também estarei à disposição para esclarecer dúvidas sobre o conteúdo das unidades estudadas. As atividades a serem feitas no AVA têm como objetivo completar seus estudos sobre cada unidade. É muito importante prestar atenção à data limite de entrega das atividades propostas e evitar enviá-las no último dia para não acontecer nenhum imprevisto como falta de energia de seu bairro, queda de conexão da internet, entre outros. Tenho certeza de que você irá aprender bastante e que poderei contar com sua dedicação à nossa disciplina. Não deixe de me procurar se tiver dúvidas. Um grande abraço e nos vemos nas teleaulas e no AVA. Profa. Amanda Lucca 7 APRESENTAÇÃO 7

8 APRESENTAÇÃO

INTRODUÇÃO Se a história de uma nação é a sua biografia, então, a literatura de uma nação constitui sua autobiografia. Em uma, podemos ler os feitos de seu povo, as histórias de sucesso e de insucesso; em outra, ouvimos seu povo recontar, com sua voz característica, a história de suas ideias e seus sonhos. A História, sem dúvida alguma, é feita por todo um povo enquanto que a literatura é escrita por indivíduos. Uma vez que uma nação é composta por muitos indivíduos, cada qual com sua razão e seus ideais, a história e a literatura de uma nação podem divergir e essa divergência pode ser muito grande. Não há uma relação direta entre história e literatura. No entanto, nenhum escritor vive no vazio, e até mesmo os autores mais subjetivos não podem deixar de se influenciar pelo mundo que o rodeiam. Para entender um autor, muitas vezes é preciso entender o mundo em que ele viveu, o modo como as pessoas viviam e o que as influenciavam. A literatura inglesa é dividida em três que correspondem às fases histórica e linguística: the Old-English period (de 500 a 1066), the Middle-English period ou (de 1066 a 1485) e a fase moderna (de 1485 até hoje). A literatura do período Old English foi escrita em Anglo-Saxão e, embora seja o principal ancestral do Modern English, é tão diferente do inglês que é falado e escrito nos dias de hoje que precisa ser estudado como uma língua estrangeira pelos ingleses. O Middle English é bem mais parecido com o Modern English, mas também apresenta inúmeras dificuldades linguísticas, principalmente para o aluno de inglês como língua estrangeira. Até mesmo a literatura do Modern English em seus primeiros estágios pode frustrar o aluno, uma vez que língua tenha se modificado significativamente desde o início do período moderno, da época de Shakespeare até os dias de hoje. Em nossa primeira unidade estudaremos brevemente o Old English e o épico Beowulf. Na segunda unidade veremos o Middle English e estudaremos Geoffrey Chaucer e algumas das histórias de Canterbury Tales. Já na terceira unidade discorreremos a respeito da Renascença e da Revolução Inglesa e também do período Elizabetano. E para finalizarmos nossos estudos de literatura A, estudaremos Shakespeare e algumas de suas peças mais famosas. 9 INTRODUÇÃO 9

10 INTRODUÇÃO Você está pronto para começar a nossa viagem através da literatura?

1U NIDADE I THE OLD ENGLISH PERIOD OR ANGLO-SAXON AGE (450 A 1066 D.C.) OBJETIVOS DA UNIDADE Apresentar o período da literatura conhecido como Old English; Compreender os contextos históricos, sociais e literários do período; Mostrar algumas imagens relacionadas à época estudada; Estudar o épico Beowulf. HABILIDADES E COMPETÊNCIAS Compreensão da história do período conhecido como Old English; Reflexão acerca dos contextos históricos, sociais e literários do período estudado; Conhecimento do poema mais importante do período acima estudado: Beowulf. 1.1 CONTEXTO HISTÓRICO É comum pensarmos na Grã-Bretanha como uma ilha, mas na verdade ela se separou da grande porção de terra da Europa apenas no final do período da última Era do Gelo, há 10.000 anos a.c. Nesta época a população da Bretanha consistia em pequenos grupos nômades de caçadores e pescadores. Houve muitas ondas de invasores antes da ocupação romana. Um grupo de povos neolíticos vindos da UNIDADE I - THE OLD ENGLISH PERIOD OR ANGLO-SAXON 11 AGE (450 A 1066 D.C.) 11

Península Ibérica atravessou o mar da Europa em pequenos barcos por volta de 3000 a.c., estabelecendo-se a oeste da Bretanha e Irlanda. Na sequência, em 2400 a.c, veio o povo conhecido como Beaker people, assim chamados por terem o costume de enterrar seus mortos em covas individuais decorados com grandes potes de porcelana. Assim, a civilização inglesa é muito mais antiga que a literatura inglesa. Os primeiros habitantes da Bretanha que se tem conhecimento foram os Celtas, também conhecidos como bretões ou povo pintado por causa de seus hábitos de guerra de pintar o corpo. Eles chegaram à Bretanha por volta de 700 a.c., presumivelmente da Europa oriental ou sul da Rússia. Não se sabe muito sobre os Celtas, mas alguns traços de sua cultura podem ser vistos nos dias de hoje. Na planície de Salisbury a Oeste da Inglaterra ficam as ruínas de uma enorme estrutura antiga chamada de Stonehenge. Acredita-se que Stonehenge tenha sido um templo celta. Abaixo uma ilustração de como era no início, hoje já não está mais completo, restando poucos blocos dele. Stonehenge 12 UNIDADE I - THE OLD ENGLISH PERIOD OR ANGLO-SAXON AGE (450 A 1066 D.C.)

Os Celtas eram fortes e guerreiros destemidos e conquistaram uma parte extensa da Europa. Eles eram também especialistas em trabalhar com metal e faziam armas, ferramentas e armaduras de ferro. Com o ouro e o bronze eles criaram moedas, espelhos, ornamentos, pequenas estátuas e belas joias. Os Celtas não escreveram sua própria história, mas felizmente os gregos e os romanos o fizeram. Procure na Internet um modelo de um espelho celta. Você irá observar que a superfície do espelho é feita de metal polido, mas a parte de trás (como mostrado aqui) é muito mais interessante. Feito de bronze, o espelho foi esculpido com um instrumento afiado para produzir efeitos decorativos em padrões ondulados e finalizado com motivos arredondados. A arte celta foi abstrata em sua grande parte, baseada em padrões curvos. Os Celtas não tinham interesse em pinturas e esculturas representativas (reproduções da realidade, especialmente o corpo humano), que eram muito populares na arte grega e romana. O amor dos celtas aos padrões lineares e a decoração pura continuou a florescer por séculos na arte britânica, muito depois da conquista romana, e veio a formar uma de suas características distintas. Os romanos chegaram à Bretanha em 55 a.c., mas a ocupação militar total durou de 43 d.c a 410 d.c. Durante os 400 anos de sua ocupação, seus famosos engenheiros e soldados bem disciplinados fundaram cidades como Londres. Trouxeram suas leis, sua religião, sua língua escrita e números escritos. Eles trouxeram uma civilização urbana e construíram boas estradas, que foram usadas durante séculos após a desocupação e algumas existem ainda nos dias de hoje. Um monumento em particular foi tão importante que veio a simbolizar a Bretanha Romana. Hadrian s Wall ou o muro de Hadrian, um dos maiores feitos da engenharia romana no mundo, mede 80 milhas romanas (120 km). Corta o país de ponta a ponta, de Solway Firth UNIDADE I - THE OLD ENGLISH PERIOD OR ANGLO-SAXON 13 AGE (450 A 1066 D.C.) 13

até o rio Tyne. CONHEÇA MAIS Hadrian visitou a colônia britânica em 122 d.c. e foi o primeiro imperador na história romana a construir uma muralha para separar os bárbaros (tribos rebeldes que não conseguiam controlar) dos romanos. A muralha foi feita basicamente de pedra com fortes e intervalos regulares, e marca uma mudança fundamental em como o Império Romano era visto. No século V d.c., o império romano já estava enfraquecido por um sistema econômico moribundo, corrupção interna e uma série de imperadores inaptos. Quando partiram, a população da Bretanha estava em torno de cinco milhões de pessoas, graças ao longo período de paz e prosperidade. A partir da desocupação dos romanos, tribos germânicas conhecidas como Jutos, Anglos e Saxões começaram a invadir e a se estabelecerem na Bretanha, sendo as duas últimas as maiores tribos e falavam uma língua comum: o Anglo- Saxão ou Old English. De 513 d.c. a 537 d.c, aproximadamente, um líder Celta chamado Arthur lutou bravamente contra os invasores Anglo-Saxões e tornou-se a figura lendária conhecida por Rei Arthur. A resistência dos Celtas foi pouco a pouco sendo quebrada e estes se refugiaram nas áreas remotas e montanhosas do oeste (País de Gales, Cornuália e Escócia). Embora não pudessem se vangloriar de ter uma civilização tão avançada quanto a dos romanos, os povos Anglo-Saxões tinham uma sociedade organizada baseada na pesca e na agricultura, um forte respeito pelas leis tribais, e uma literatura oral que, embora tivesse nascido na Europa, formou raízes na nova terra dos Anglos, land of the Angles ou England. Ainda não havia um rei na Inglaterra, mas por volta de 650 d.c. o país estava dividido em vários pequenos reinos como Wessex (o reino dos Saxões do oeste, uma área que cobria a maior parte do sul e do sudoeste da Inglaterra), Mercia (as atuais terras médias ou Midland) e Northumbria (o norte da Inglaterra). Noel, ilustrar o mapa abaixo sem os detalhes de texto, apenas com os nomes 14 UNIDADE I - THE OLD ENGLISH PERIOD OR ANGLO-SAXON AGE (450 A 1066 D.C.)

das três grandes áreas. Mapa da Bretanha Anglo-Saxônica Durante os últimos anos da ocupação romana, o Cristianismo já havia se espalhado e se estabelecido em toda a Bretanha, mas os Anglo-Saxões acreditavam em antigos deuses germânicos. Podemos ver um pouco disso nos nomes da semana no inglês moderno. Todos vieram dos principais deuses Anglo-Saxões Thursday (quintafeira), por exemplo, era o Thor s Day ou Dia de Thor (Thor era o rei do trovão), Friday (sexta-feira) era o dia de Freya (Freya era a deusa da fertilidade) e Sunday (domingo) era o dia do deus Sol. Gradualmente, ao longo de muitos anos, a religião pagã foi perdendo força e morrendo. Uma Igreja Católica forte se estabeleceu na Inglaterra e foi através da igreja Celta que o cristianismo sobreviveu. No entanto, graças a um monge, Santo Agostinho, que foi enviado pelo Papa em 597 d.c. para restabelecer a religião cristã na Bretanha, e aos esforços dos bispos celtas, quase todo o país foi convertido ao cristianismo em 660 d.c. Santo Agostinho chegou em Kent e fundou uma igreja Cristã em Canterbury, onde tornou-se o primeiro arcebispo de Canterbury. No entanto, a Igreja Católica trouxe um grande benefício à literatura britânica: a arte UNIDADE I - THE OLD ENGLISH PERIOD OR ANGLO-SAXON 15 AGE (450 A 1066 D.C.) 15

da escrita. Durante este período monastérios, onde monges estudavam e copiavam livros religiosos, estavam sendo construídos em toda Bretanha. Os livros religiosos feitos pelos monges são tesouros artísticos e religiosos onde o espírito da antiga decoração Celta floresce. A primeira pessoa a clamar em ser rei da Inglaterra foi o Rei Offa de Mercia (757-796) que, com o intuito de proteger o seu reino contra as invasões celtas, construiu o famoso dique de Offa, uma parede de terra enorme ao longo do que é hoje a fronteira do País de Gales e que ainda deixa vestígios. Uma das inovações mais importantes dos Saxões foi o Conselho Real, que consistia em um grupo de líderes guerreiros e figuras religiosas que aconselhavam o rei em assuntos difíceis e mais tarde veio a escolher os reis e a declarar leis. Por volta de 800 d.c. a Bretanha sofre uma nova onda de invasões. Os Vikings, vindos do que é hoje a Noruega e a Dinamarca, começaram a invadir e a ocupar grandes porções de terra no norte e no leste da Inglaterra, bem como a Irlanda. Os Vikings eram excelentes navegadores e bravos guerreiros. Foi graças à habilidade e bravura do rei Alfredo, o Grande (849-900), que a paz foi reconquistada, mas após sua morte em 899 os Vikings voltaram a atacar e logo a Bretanha estava sob as leis dos reis Vikings. Um deles foi o rei Canute, um rei esperto e honesto que trouxe paz e prosperidade ao seu povo. Em 1040 sobe ao trono o rei Saxão Edward (conhecido como the Confessor porque era muito ligado a assuntos religiosos, às vezes mais que em seu próprio reinado). Ele tinha grandes laços familiares com a Normandia ao norte da França e, na verdade, passou a maior parte de sua vida lá. Quando morreu, em 1066, não deixou nenhum candidato à sucessão. O Conselho Real escolheu Harold Godwinson, de uma família poderosa em Wessex, mas William, duque da Normandia também clamou pelo trono. Harold foi espremido entre duas frentes: os Vikings que estavam atacando o norte e Harold foi para lá para defender suas terras e ganhou uma batalha histórica na Ponte Stamford, mas, ao mesmo tempo, William da Normandia desembarcou na Inglaterra com um exército e ganhou a batalha de Hastings. William the Conqueror foi coroado rei da Inglaterra no Natal de 1066. 16 UNIDADE I - THE OLD ENGLISH PERIOD OR ANGLO-SAXON AGE (450 A 1066 D.C.)

1.2 CONTEXTO SOCIAL E LITERÁRIO 1.2.1 A SOCIEDADE ANGLO-SAXÔNICA A vida social Anglo-Saxônica era organizada em unidades bem menores que a civilização urbana romana. Tipicamente, os Anglo-Saxões viviam em pequenas comunidades de cabanas, construídas em torno da casa do senhor. Eram fazendeiros ou pescadores. Os valores que prevaleciam na sociedade Anglo-Saxônica eram lealdade a um só senhor (morrer pelo seu senhor em uma batalha era uma virtude suprema) e hospitalidade. As guerras eram tão frequentes que determinavam o modo da sociedade Anglo-Saxônica. No centro da sociedade havia um rei ou um príncipe e seus guerreiros. Os guerreiros juravam ser leais ao príncipe que, em troca, guiava seu grupo em batalha e dava ricos presentes para os guerreiros que se destacavam por sua bravura. A relação do príncipe com seu guerreiro não era uma relação de mestre para servo, mas sim de pai para filho. Nenhum rei ou príncipe conseguiu unificar toda a Inglaterra Anglo-Saxônica que, por isso, permanecia dividida em vários reinos fracos. Esses reinos entravam em guerra constantemente, unindo-se apenas quando o inimigo comum, os terríveis Vikings Escandinavos, atacava a costa da Inglaterra. Pouco mudou desde que o historiador romano Tacitus escreveu em seu trabalho sobre as tribos germânicas chamado de Germania, no primeiro século d.c.: Sair de uma batalha vivo depois de seu chefe ter sido derrubado significa uma vida de infâmias e vergonha. Protegê-lo e defendê-lo, dar a seu chefe seus créditos de heroísmo isso é o que chamamos de aliança. Os chefes lutam por vitória, os guerreiros por seu chefe. Quando não estavam guerreando, um príncipe e seus guerreiros se entretinham com festas no palácio real. Nessas festas, músicas eram cantadas com o acompanhamento de um instrumento que era parecido com um violão. Essas músicas contavam histórias de grandes feitos de lendários heróis do passado. Para os Anglo- Saxões essas histórias representavam tanto entretenimento quanto história. Como seriados de uma televisão moderna, histórias mais longas eram contadas em partes, noite após noite e, assim como hoje, as histórias eram repletas de cenas de violência. UNIDADE I - THE OLD ENGLISH PERIOD OR ANGLO-SAXON 17 AGE (450 A 1066 D.C.) 17

Os Anglo-Saxões viviam num mundo violento. Uma consequência importante da invasão Anglo-Saxônica foi o uso da tecnologia em agricultura: o arado pesado favorecido pelos Anglos-Saxões levou a preferência da divisão dos campos em longas linhas e cooperação entre as famílias da vila para fazer melhor uso de seus escassos recursos. Eles também instituíram o sistema de plantação rotativa em três campos (uma para cada primavera e outono e outra sem plantio), que foi a base da agricultura da Inglaterra até quase o final do século dezoito. 1.2.2 A TRADIÇÃO ORAL As primeiras literaturas Anglo-Saxônicas foram certamente poesia oral sobre episódios heróicos e legendários das histórias das tribos germânicas e podia ser falada por um menestrel acompanhado por uma harpa em festividades. Eram compostas por poetas anônimos e passadas de geração a geração apenas pela oralidade. Um exemplo de sua visão de mundo resignada e fatalista é a celebrada imagem gravada quando o Rei Edwin (de Northumbria) e seus conselheiros debatiam se deveriam se converter ao cristianismo no século VII: Sua majestade, quando comparamos a vida dos homens de hoje em dia ao tempo em que não tínhamos nenhum conhecimento, parece-me o voo veloz de um solitário pardal no salão de banquete onde o senhor senta em meses de inverno para jantar com seus conselheiros. Dentro, um fogo reconfortante para aquecer o salão; lá fora, as tempestades de neve e chuva caindo em fúria. O pardal voa veloz para dentro por uma porta do salão e para fora por outra porta. Enquanto está dentro, ele está seguro das tempestades do inverno; mas depois de alguns momentos de conforto, ele foge de nossa visão para a escuridão de onde veio. Da mesma forma o homem vem ao mundo por um tempo, sem saber nada do que aconteceu antes desta vida e o que virá a seguir. Assim, se esse novo ensinamento pode nos revelar mais algum conhecimento, parece-me certo que devamos segui-lo. 18 UNIDADE I - THE OLD ENGLISH PERIOD OR ANGLO-SAXON AGE (450 A 1066 D.C.)

Esta passagem foi escrita em History of the English Church and People, que foi escrita em latim no início do século VIII pelo monge Beneditino de Northumbria (673 735). O que temos da literatura Anglo-Saxônica atualmente foi primeiramente escrita por monges católicos, possivelmente centenas de anos após sua criação. Os modestos escribas do monastério prestaram um serviço valioso, pois sem o trabalho de transcrever músicas e histórias Anglo-Saxônicas da forma oral para a forma escrita, nenhuma delas teria sobrevivido até os dias de hoje. Mesmo assim, muito da literatura Anglo-Saxônicas foi perdida, esquecidas antes que fossem transcritas, ou, mais provavelmente destruídas quando grupos bárbaros de guerreiros escandinavos, conhecidos como Vikings saquearam o monastério e queimaram todos os manuscritos. 1.2.3 BEOWULF A melhor história Anglo-Saxônica é contada em um poema chamado Beowulf, nome de seu grande herói guerreiro. No início da história um monstro enorme chamado Grendel tem atacado todas as noites o salão de um velho rei chamado Hrothgar e devorado seus guerreiros. Beowulf vem de reino vizinho para ajudar o velho rei, e após uma luta violenta mata o temível monstro. A mãe de Grendel, no entanto, ataca o palácio de Hrothgar para vingar a morte de seu filho e Beowulf também tem que enfrentá-la. A história então avança: Hrothgar é morto, seu palácio é incendiado durante um ataque furioso por um reino que já havia sido aliado e Beowulf, agora rei de seu próprio povo, tornou-se um homem velho, de barbas grisalhas. Uma terceira criatura da escuridão aparece de repente e começa a devastar as terras de Beowulf. O velho rei luta contra o dragão, mas seus jovens guerreiros fogem em pânico e o deixam ao léu, entregue a seu destino. No combate final Beowulf e o dragão morrem e o poema termina com o funeral de Beowulf. Beowulf contém muito dos temas principais da literatura Anglo-Saxônica: a luta contra forças malignas que aparecem repentinamente e atacam, na escuridão da noite, a traição de um bom homem por seus amigos e seguidores e, acima de tudo, o ideal heroico. Como herói, Beowulf possui poderes sobrenaturais e coragem UNIDADE I - THE OLD ENGLISH PERIOD OR ANGLO-SAXON 19 AGE (450 A 1066 D.C.) 19

ímpar. Além disso, ele não usa seus poderes para ganhos pessoais, mas para defender o seu povo ou qualquer um que precise de sua ajuda. Nesta questão, ele se parece aos super heróis das histórias em quadrinhos modernas. Ainda, Beowulf representa um ideal heroico mais sofisticado, pois os super heróis modernos sempre vencem no final, mas Beowulf morre tragicamente. Em Beowulf, assim como na vida real, o bem nem sempre prevalece. E Beowulf é o príncipe Anglo-Saxão ideal, um guerreiro que prontamente dá a sua vida para proteger o seu reino. Sua determinação para continuar lutando mesmo em face à derrota é uma característica Anglo-Saxônica que sobreviveu até os dias de hoje. Abaixo está um excerto do final do poema de Beowulf (em inglês moderno, tradução de Michael Alexander) em que o povo de Beowulf, chamados de Geats, celebra seu funeral, e em um certo sentido, o fim de sua civilização. O que você espera encontrar em um funeral na época do Old English? The Geat race then reared up 1 for him a funeral pyre. It was not a petty mound 2, but shining mail-coats 3 and shields of war and helmets hung upon it, as he had desires. Then, the heroes, lamenting, laid out in the middle their great chief, their cherished 4 lord. On top of the mound the men then kindled 5 the biggest of funeral-fires. Black wood-smoke arose from the blaze, and the roaring of flames 1 Reared up: erected 2 Petty mound: small, unimpressive 3 Mail-coats: armour 4 Cherished: dear 5 Kindled: lit 20 UNIDADE I - THE OLD ENGLISH PERIOD OR ANGLO-SAXON AGE (450 A 1066 D.C.)

mingled 6 with weeping 7. The winds lay still as the heat at the fire s heart consumed the house of bone 8. And in heavy mood they uttered their sorrow 9 at the slaughter 10 of their lord A woman of the Geats in grief 11 sang out The lament for his death. Loudly she sang, Her hair bound up 12, the burden 13 of her fear That evil days were destined her troops cut down, terror of armies, bondage 14, humiliation. Heaven swallowed 15 the smoke. Then the Storm-Geat nation constructed for him a stronghold 16 on the headland 17, so high and broad 18 that seafarers 19 might see it from afar. The beacon 20 to that battle-reckless 21 man 6 Mingled:mixed 7 Weeping: crying 8 House of bone: body 9 Sorrow: sadness 10 Slaughter:violent death 11 Grief: sadness 12 Bound up: tied up 13 Burden: weight 14 Bondage: slavery 15 Swallowed: consumed 16 Stronghold: fortness 17 Headland: promontory 18 Broad: wide 19 Seafarers: sailors 20 Beacon: signal fire 21 Battle-reckless: courageous UNIDADE I - THE OLD ENGLISH PERIOD OR ANGLO-SAXON 21 AGE (450 A 1066 D.C.) 21

they made in ten days. What remained from the fire they cast a wall around, of workmanship 22 as fine as their wisest men could frame for it. They placed in the tomb both torques 23 and the jewels, all the magnificence that the men had earlier taken from the hoard 24 in hostile mood. They left the earls wealth 25 in the earth s keeping, the gold in the dirt. It dwells 26 there yet, of no more use to men than in ages before. Then the warriors rode around the barrow, 27 Twelve of them in all, athelings 28 sons. They recited a dirge 29 to declare their grief, spoke of the man, mourned 30 their King. They praised31 his manhood and the prowess,,,,, of his hands. They raised his name; it is right a man should be lavish32 in honouring his lord and friend, 22 Workmanship: manufacture 23 Torques: rings 24 Hoard: the dragon s treasure 25 Wealth: riches 26 Dwells: lives, remains 27 Barrow: tomb 28 Athelings: noblemen 29 Dirge: funeral song 30 Mourned: lamented 31 Praised: complimented 32 Lavish: generous 22 UNIDADE I - THE OLD ENGLISH PERIOD OR ANGLO-SAXON AGE (450 A 1066 D.C.)

should love him in his heart when the leading-forth 33 from the house of flesh 34 befalls 35 him at last. This was the manner of the mourning of the men of the Geats, Sharers in the feast, at the fall of their lord: they said that he was of all the world s kings the gentlest of men, and the most gracious, the kindest to his people, the keenest 36 for fame. Veja uma parte do poema Beowulf em sua escrita original: Alegdon tha tomiddes maerne theoden Haeleth hiofende hlaford leofne Ongunnon tha on beorge bael-fyra maest Wigend weccan wudu-rec astah Sweart ofer swiothole swogende leg Wope bewunden. TRADUÇÃO: Os tristes soldados então deitaram o glorioso príncipe, seu querido senhor, no meio. Então no monte, os guerreiros começaram a acender o maior fogo de todos os funerais. A fumaça da madeira erguia-se negra sobre as chamas, o fogo 33 Leading-forth: going from 34 House of flesh: the body 35 Befalls: happens to 36 Keenest: most ambitious UNIDADE I - THE OLD ENGLISH PERIOD OR ANGLO-SAXON 23 AGE (450 A 1066 D.C.) 23

ruidoso misturado com gritos de dor. A língua antiga não pode ser lida hoje em dia, exceto por aqueles que estudaram para isso. Entre os críticos que não conseguem ler o Old English, há alguns que não simpatizam com o poema, mas Beowulf tem seu próprio valor. Ele nos dá uma visão interessante da vida nos tempos antigos. Ele nos fala sobre lutas violentas e grandes feitos, dos discursos dos líderes e o sofrimento de seus homens. Descreve a vida no palácio, as terríveis criaturas com as quais tinham que lutar e de seus barcos e suas viagens. Eles tinham uma vida árdua tanto na terra quanto no mar. 1.3 CONSIDERAÇÕES DA UNIDADE I Chegamos ao fim de nossa primeira unidade que foi cheia de belas histórias sobre a luta entre povos para a conquista de uma nova terra. Porém, este conteúdo não se esgota aqui. Para complementar esta unidade, assista à primeira teleaula e faça as atividades propostas no AVA ambiente virtual de aprendizagem. Você ainda pode usar o AVA para fazer perguntas, comentários e tirar dúvidas em nosso Fórum de Dúvidas. Conte comigo para o que precisar! Em nossa próxima unidade daremos continuidade à história da Grã-Bretanha e veremos toda a influência dos reis e da Igreja Católica naquela época. 24 UNIDADE I - THE OLD ENGLISH PERIOD OR ANGLO-SAXON AGE (450 A 1066 D.C.)

TESTE SEU CONHECIMENTO UNIDADE I - THE OLD ENGLISH PERIOD OR ANGLO-SAXON 25 AGE (450 A 1066 D.C.) 25

RESPOSTAS COMENTADAS 1. b) - A cidade de Londres foi fundada pelos Romanos, por seus habilidosos e famosos engenheiros que, além de cidades construíram estradas que existem ainda nos dias atuais. 2. c) - Em visita à colônia britânica o imperador Hadrian manda construir uma muralha com o intuito de separar os romanos dos bárbaros. A muralha é tão extensa que corta o país de leste a oeste, medindo 120 km. Ela leva o nome de quem a criou sendo chamada a muralha de Hadrian. 3. d) - Além do cristianismo, a Igreja Católica trouxe o maior dos benefícios à literatura britânica: a arte da escrita. Anteriormente à Igreja, a literatura era apenas uma tradição oral com histórias passadas de geração em geração. 26 UNIDADE I - THE OLD ENGLISH PERIOD OR ANGLO-SAXON AGE (450 A 1066 D.C.)

2U NIDADE II THE MIDDLE-ENGLISH PERIOD OU THE MIDDLE AGES (1066 A 1485) OBJETIVOS DA UNIDADE Apresentar o período da literatura conhecido como Middle English ou The Middle Ages; Compreender os contextos históricos, sociais e literários do período; Mostrar algumas imagens relacionadas à época estudada; Estudar o principal poeta da época, Geoffrey Chaucer, e alguns de seus contos de Canterbury. HABILIDADES E COMPETÊNCIAS Compreensão da história do período conhecido como Middle English ou The Middle Ages; Reflexão acerca dos contextos históricos, sociais e literários do período estudado; Conhecimento do principal poeta da época: Geoffrey Chaucer e algumas de suas famosas histórias contidas nos Contos de Canterbury ou The Canterbury Tales. UNIDADE II - THE MIDDLE - ENGLISH PERIOD OU THE 27 MIDDLE AGES (1066 A 1485) 27

2.1 O CONTEXTO HISTÓRICO Um evento importante na história britânica aconteceu em 1066: a batalha de Hastings. Edward the Confessor, rei da Inglaterra, era meio normando e meio anglo-saxão. Ele não tinha filhos e em 1051 prometeu seu trono ao duque William da Normandia, que era seu primo por parte de mãe. Edward enviou Harold Godwinsson, que era filho de Earl de Essex, um dos mais importantes e poderosos nobres anglosaxões, para fazer um juramento a William. No entanto, em 1066 quando morre o rei Edward, Harold tomou a coroa britânica com o apoio da aristocracia anglo-saxônica. Quando William da Normandia ficou sabendo dos fatos ficou muito furioso e decidiu invadir a Inglaterra com um exército de 7 mil homens. No entanto, seu maior problema era montar uma frota grande o suficiente. Quando a frota ficou pronta, os normandos embarcaram suas armas. As armaduras eram tão pesadas que precisavam de duas pessoas para carregá-las. Os normandos também levaram cavalos, comida, vinho e outros suprimentos. Os navios normandos chamados de drakkars atravessaram o Canal da Mancha e aportaram na costa de Sussex. Em 14 de outubro de 1066 os normandos lutaram contra os anglo-saxões em Hastings. Foi uma batalha longa e difícil. Embora os anglo-saxões tenham lutado bravamente, eles eram em menor número. Eles estavam também muito cansados, pois antes de lutar em Hastings eles haviam derrotado os invasores noruegueses ao norte. Depois de oito horas de batalha Harold Godwinsson foi morto com uma lança 28 UNIDADE II - THE MIDDLE - ENGLISH PERIOD OU THE MIDDLE AGES (1066 A 1485)

que atravessou seu olho. Após sua morte, os saxões foram derrotados e depois de sua vitória William foi chamado de William the Conqueror ou William o conquistador. Ele se tornou rei da Inglaterra no dia de Natal em 1066. Os normandos vieram da Normandia ao norte da França e quando conquistaram a Inglaterra eles impuseram suas leis, o sistema normando de governo e até mesmo a língua normando francesa. A coroação de William the Conqueror em 1066 marcou o início de uma nova era para a Inglaterra. O rei William considerava toda a Inglaterra sua propriedade particular e ele tinha poder militar para reforçar esta presunção. O poder militar era baseado no cavaleiro, que era diferente dos guerreiros Anglo- Saxônicos pela qualidade de sua armadura e seu treinamento e no fato de que eles usavam cavalos. O cavaleiro montado era o tanque de guerra da era medieval e um guerreiro a pé tinha poucas chances contra o cavaleiro montado. Com seus cavaleiros, o rei William conseguiu fazer o que nenhum outro rei Anglo-Saxão havia conseguido: unir toda a Inglaterra sob as regras de um único rei. O novo rei conseguiu quebrar a resistência dos Anglo-Saxões que ainda continuavam nas terras e distribuiu terras aos nobres normandos, organizando o país de acordo com o sistema feudal: a terra era garantida para aqueles que trabalhassem e servissem seu senhor. William reinou até a morte em 1087. Então seus filhos tornaram-se reis e seu bisneto foi Henry II. Os normandos construíram fortes e castelos nas montanhas, perto de rios ou estradas para que pudessem controlar o território. O castelo mais famoso foi a White Tower em Londres, hoje parte do complexo da Torre de Londres. CONHEÇA MAIS O complexo de torres que hoje é chamado de Tower of London, ou Torre de Londres, começou por William the Conqueror por volta de 1076. Enquanto os primeiros castelos normandos foram feitos de terra e vigas de madeira, a estrutura marcante perto do rio Tâmisa foi construída de pedra e suas paredes foram cobertas de cal e por isso o nome de White Tower ou Torre Branca. Logo a construção tornou-se um símbolo da supremacia militar dos normandos. Durante sua longa história esta construção já serviu de forte, de palácio, de prisão e de prédio governamental. UNIDADE II - THE MIDDLE - ENGLISH PERIOD OU THE 29 MIDDLE AGES (1066 A 1485) 29

Quando pensamos nos tempos medievais a primeira imagem que nos vem à cabeça é a de um castelo com altas torres. Foram os normandos que trouxeram esta arquitetura, chamada de Romanesca, para a Inglaterra (o salão Anglo-Saxônico era uma estrutura bem menor feita em madeira). Do século X ao século XII a arquitetura ocidental europeia era Romanesca e os arquitetos normandos construíram igrejas e catedrais neste estilo na Inglaterra. E se pensarmos no castelo por um instante, podemos ver as características essenciais do feudalismo. Dentro do castelo moravam o rei, os nobres e suas famílias, além dos cavaleiros que pertenciam aos nobres. Havia ainda os servos. Toda a terra pertencia ao rei, mas ele as deu aos nobres em troca de parte da produção das mesmas e a promessa de que o serviriam na guerra por um determinado período todos os anos. Os nobres, por sua vez, davam parte de suas terras a cavaleiros ou outros homens livres, que contribuíam nos serviços militares ou, em alguns casos, com um aluguel. Os últimos desta cadeia eram os servos que trabalhavam na terra, mas não eram livres para deixá-la; eram como escravos. Assim, o sistema feudal era uma troca de deveres e responsabilidades entre o rei e os nobres e entre os nobres e seus cavaleiros. O sistema se estendia para fora dos muros do castelo onde vivia a maior parte da população. Uma das maiores conquistas de William foi uma pesquisa econômica completa de seu país feita em 1086, popularmente conhecida por Domesday Book. Sua 30 UNIDADE II - THE MIDDLE - ENGLISH PERIOD OU THE MIDDLE AGES (1066 A 1485)

intenção era saber exatamente o que ele e os senhores feudais tinham de fato: quanta terra, quanto de área, quantos animais, quantos castelos, quantas igrejas e quantas pessoas. O resultado foi um retrato completo da sociedade inglesa, em que quase toda a população trabalhava na agricultura, com pouco ou nenhum comércio ou indústria. A pesquisa mostrou que um quinto da terra pertencia a William, um quarto pertencia a Igreja e o restante pertencia aos nobres normandos. Durante o período medieval um dos fatores mais importantes era o relacionamento entre a Inglaterra e a França: pelo casamento, guerra ou herança, os reis da Inglaterra, de tempos em tempos, podiam clamar a posse de grandes áreas da França. Em particular, no reinado de Henry II (1154 1189) este império se estendeu da fronteira sul da Escócia ao sul da França, fazendo com que o rei da Inglaterra controlasse uma área maior que o rei da França. Havia grandes conflitos entre a Igreja e o Estado nesse período: o rei tentava ganhar mais controle da Igreja, mais particularmente dos bispos. A Igreja também tinha uma organização hierárquica estando o Papa em Roma no topo desta organização e na sequência os grandes cardeais e bispos nas cidades onde havia catedrais até os padres responsáveis por pequenas paróquias. O amigo de Henry, Thomas à Becket, tornou-se Arcebispo de Canterbury em 1162, mas logo discutiu com Henry por não concordar com sua política e deixou o país. Ele retornou em 1170, mas no mesmo ano quatro cavaleiros do rei o assassinaram na Catedral de Canterbury. O resultado é que Thomas tornou-se um santo e Canterbury um santuário internacional, atraindo peregrinos de toda a Europa. A Igreja podia se gabar de uma fonte de poder que era menos visível que a espada, mas mais efetiva, um poder a que reis e nobres se curvavam a crença de que Deus trabalhava pela autoridade de Sua Igreja. O poderoso rei Henry II, por exemplo, foi obrigado a ajoelhar-se na frente do túmulo de Becket e ser açoitado. Henry foi sucedido por Richard I (o coração de leão ou Lionheart) que passava a maior parte de seu tempo lutando nas Cruzadas e morreu em 1199. Foi sucedido por seu irmão John, um rei nada popular que cobrava do povo altos impostos. Em 1215 foi obrigado a assinar o documento histórico conhecido como Magna Carta, que limitava os poderes do rei e mostrava que o feudalismo estava entrando em declínio (embora ainda demorasse mais 300 anos para o seu completo desaparecimento). Uma forma rudimentar de Parlamento, um conselho de nobres que tomaram UNIDADE II - THE MIDDLE - ENGLISH PERIOD OU THE 31 MIDDLE AGES (1066 A 1485) 31

o controle das finanças, teve início em 1265, incitado por Simon de Montfort, em oposição a Henry III, mas foi no reinado de Edward I (1272 1307) que foi criada a primeira instituição real, incluindo dois homens livres de cada cidade ou condado com o objetivo de arrecadar fundos ao rei por meio de impostos. Edward também conseguiu colocar o país de Gales sob seu controle e iniciou uma longa batalha com a Escócia, sem sucesso. Ele morreu em 1307 a caminho de outra batalha. O século XIV foi um século muito difícil para a Inglaterra por causa da Morte Negra (peste bubônica) e por causa de uma longa sequência de guerras que tiveram efeitos desastrosos na economia e levou a existência de gangues armadas que aterrorizavam o campo e desestabilizava a situação política. Os reis eram constantemente mortos ou destituídos do poder. A guerra dos Cem Anos contra a França que durou de 1337 a 1453 teve muitos altos e baixos, mas o resultado da guerra foi que a Inglaterra perdeu todas as suas posses na França além do porto de Calais. A peste que surgiu por volta de 1348 provavelmente tenha matado um terço de toda a população da Bretanha e foi seguida por outras epidemias menores. No século XIV a população caiu de 4 milhões para menos de 2 milhões. Esse declínio no número populacional, no entanto, favoreceu os trabalhadores mais pobres: a queda de mão de obra significava que eles podiam vender seus serviços por um preço mais alto e a vida dos camponeses passou a ser mais confortável, pois eles substituíram as casas de madeira por casas feitas de pedra. O rei e o Parlamento tentaram sem sucesso e por repetidas vezes controlar o aumento do valor da mão de obra. No final da era Medieval, os grandes senhores das terras haviam praticamente desaparecido e uma nova classe conhecida por yeomen ou pequenos fazendeiros se tornara a espinha central da sociedade inglesa. A população também estava insatisfeita com a Igreja, que era corrupta, gananciosa e cruel. O aparecimento de trabalhos religiosos em inglês, que circulavam amplamente, era também uma ameaça à autoridade da Igreja, uma vez que tais trabalhos permitiam as pessoas pensarem e rezarem de forma independente. 32 UNIDADE II - THE MIDDLE - ENGLISH PERIOD OU THE MIDDLE AGES (1066 A 1485)

2.2 O CONTEXTO SOCIAL Por muitos anos depois da conquista normanda, a Inglaterra ficou dividida entre duas sociedades, cada uma falando sua própria língua. A maior parte dos servos e homens livres destituídos de títulos era da raça Anglo-Saxônica e continuava a falar sua língua germânica. Os nobres e cavaleiros normandos, por outro lado, falavam um dialeto do francês. Parcialmente como resultado desta confusão, o Latim, a língua internacional da Igreja, tornou-se a língua oficial e era usada nas escolas. Ainda, a literatura na língua nativa do povo continuou a ser composta. Dentro das muralhas dos grandes castelos, os nobres e suas damas preferiam romances, histórias longas e fantásticas de feitos cavalheirescos e seus romances com grandes damas. O mais famoso dos romances tem como tópico central o lendário Rei Arthur e seus famosos Cavaleiros da Távola Redonda. O histórico Arthur foi um rei inglês do século V que lutou bravamente contra as invasões Anglo-Saxônicas, mas o rei Arthur dos romances era um rei idealizado da idade média, um homem distinto por sua sabedoria, lealdade e idealismo. Ele morava num magnífico castelo (no melhor estilo normando) e presidia os Cavaleiros da Távola Redonda os quais enviava a várias missões. Os cavaleiros resgatam damas em perigo ou buscam o milagroso Santo Graal, a taça usada por Cristo na última Ceia antes de ser crucificado. Há literalmente centenas de romances diferentes sobre Arthur, a rainha Guenevere, Sir Galahad, Sir Gawain, Sir Launcelot, entre outros. Sua popularidade se estende até os dias de hoje. A maioria dos romances arturianos foi escrita em francês. A língua usada nos castelos. Nos vilarejos e campos, crescia um tipo diferente de literatura, com lendas e heróis diferentes. Esta literatura popular (oposta à literatura aristocrata de romances) consistia em músicas com letras falando da primavera ou de uma bela doma ou baladas contando histórias de amores trágicos e guerras. Um dos heróis das baladas famosos até os dias de hoje é o Robin Hood, que levou seu bando de saxões foras da lei para a floresta de Sherwood para encontrarem liberdade das duras leis normandas. A população da Inglaterra estava em cerca de 1,5 a 2 milhões de pessoas na época da conquista normanda, com 90% morando na zona rural. A vida era dura. As pessoas moravam em pequenos vilarejos em casas simples e viviam a base de cereais, UNIDADE II - THE MIDDLE - ENGLISH PERIOD OU THE 33 MIDDLE AGES (1066 A 1485) 33

legumes e raramente comiam carne, trabalhando todas as horas do dia. Mais de três quartos da população rural eram servos e não podiam abandonar o serviço ao senhor ou a terra sem permissão. Eles tinham que trabalhar um número fixo de dias nas terras do senhor e produzir comida para suas famílias em algumas faixas comuns de terra. Por pelo menos 150 anos houve ódio e ressentimento entre a população Anglo-Saxônica e seus novos mestres normandos, que não se consideravam ingleses, mas franceses. Um longo tempo se passou até que o inglês passasse a ser a língua das classes dominantes. No final do século XIV o uso do inglês pela classe dominante gerou o florescimento da literatura em inglês medieval. 2.3 O CONTEXTO LITERÁRIO É importante mencionar que as formas faladas de uma língua são sempre mais fluidas e sujeitas a mudanças que as formas escritas. Naquele tempo, quando poucas pessoas sabiam ler e escrever, o Old English e o francês normando, que eram as línguas faladas, gradualmente se misturaram para formar o inglês medieval, uma língua muito mais próxima tanto em estrutura quanto em vocabulário ao inglês moderno que a língua anglo-saxônica. Pouco foi preservado da literatura em inglês do primeiro século após a conquista normanda. Presumivelmente havia uma tradição de se escrever no vernáculo, mas poucos exemplares sobreviveram. Manuais de instruções religiosas em prosa continuaram a ser escritas. É certo que houve muita interação entre o inglês, francês (a língua da classe dominante normanda) e o latim (a língua universal da educação e da Igreja), e um grande leque de literatura clássica e teoria literária tornaram-se disponíveis em inglês. Outro gênero emergente foi o romance métrico, exemplificado no Brut de Layamon, que lida com histórias do lendário rei Arthur que acreditava ser descendente de Brutus (que supostamente descobriu a Bretanha). Esses romances, precursores dos romances como os conhecemos atualmente, mostram uma mudança nos valores dos 34 UNIDADE II - THE MIDDLE - ENGLISH PERIOD OU THE MIDDLE AGES (1066 A 1485)

grandes épicos como Beowulf. O aparecimento de um código de cavalheiros significava que havia menos bravura em batalha. Escritores e filósofos começaram a explorar a natureza do amor, da religião e do profano. Formas poéticas da França como as carolas (um tipo de música dançante) e os poemas alegóricos como o Romance of the Rose que foi traduzido por Geoffrey Chaucer começaram a aparecer. Chaucer dominou o período e foi chamado de Pai da Poesia. Sua inteligência permitiu que ele unisse os vários tipos de literatura europeia medieval e enriquecesse diversas fontes com sua própria humanidade e fundisse tudo em um estilo expressivo. Ele uniu o Old English e influências francesas e delas forjou uma linguagem poderosa e única. O século XV foi considerado um tanto improdutivo no que tange a literatura. Nessa época os poetas tentam tornar o inglês mais expressivo. Os poetas escoceses Dunbar e Henryson talvez representem as figuras mais originais do período. Uma evolução extremamente importante foi o aumento de peças que falavam sobre a moral e sobre mistérios. Estas peças serviam inicialmente para instruir os ignorantes sobre assuntos religiosos e o conteúdo estava baseado na Bíblia, de Gênesis ao Apocalipse. Logo assumiram uma existência independente, mostrando, assim, muitas características originais. Foram a semente da comédia dramática que estava por vir. O período finalmente se fecha com William Caxton e a primeira máquina de impressão na Inglaterra, fato que modificou a literatura de forma radical; particularmente Caxton lutou para a padronização do inglês em uma forma refinada e universal. Um dos livros que imprimiu foi Morte D Arthur de Malory que é uma versão massiva em prosa do ciclo arturiano de lendas que foi uma conclusão apropriada ao período em que valores de um sistema aristocrático já estavam em declínio e novas influências europeias começavam a surgir culminando com o Renascimento, um dos períodos mais ricos da história da literatura inglesa. UNIDADE II - THE MIDDLE - ENGLISH PERIOD OU THE 35 MIDDLE AGES (1066 A 1485) 35

2.4 GEOFFREY CHAUCER (1340 1400) Não se sabe a data exata do nascimento de Chaucer, mas ele nasceu em Londres de pais de classe média seu pai era comerciante de vinhos, e cresceu na casa de poderosos nobres. Ele casou-se ao menos uma vez e supõe-se que seja o pai de dois filhos. Entrou na corte ainda garoto para ser pajem da princesa Elizabeth, enteada de Edward III. Enquanto jovem lutou com o exército inglês na França em 1359 na Guerra dos Cem Anos, foi capturado e aprisionado até o ano seguinte. Mais tarde tornou-se um diplomata a serviço do rei. Participou das negociações de paz com a França em 1360. Ele viajava muito a serviços diplomáticos pela Itália e pela França onde aprendeu muito das literaturas medievais sofisticadas desses países. Emprestando enredos e técnicas de mestres italianos e franceses, Chaucer virtualmente criou o inglês enquanto língua literária e fundou a tradição literária inglesa. Morreu em 1400 e foi enterrado na Abadia de Westminster. Sua obra de arte, uma coleção de histórias chamada de The Canterbury Tales, presenteia-nos não apenas com um grupo de histórias de todos os tipos, mas também com personagens que são muito reais, desde a descrição detalhada de suas roupas, suas alternâncias de humor, seriedade e espíritos de briga. Embora Chaucer conhecesse o Decameron de Boccacio, de onde ele emprestou a ideia da coleção de histórias por pessoas diferentes, o resultado final é bem diferente. As histórias são contadas por um grupo de peregrinos vindos de todas as classes e área sociais e representa quase todo tipo de andarilhos e personagens da Idade Média um cavaleiro, um mercador, um estudante, um fabricante, vários representantes do clero, um arador e muitos outros. Eles estão fazendo uma peregrinação de Londres ao santuário de Saint Thomas à Becket em Canterbury, e eles decidem se divertir no caminho contando histórias pelo caminho. Os peregrinos convidam o dono de uma taverna para ser o anfitrião do grupo e julgar a melhor história. O vencedor ganharia um jantar que seria pago por todos os outros. Ele usa os pontos de conexão entre as histórias, assim como no Prólogo com uma descrição de todos os peregrinos para nos dar um retrato detalhado da vida do século XIV. Na maior parte, as histórias se encaixam com quem as contam e iluminam sua visão particular do mundo com ênfase nas divisões sociais e crenças populares da época. Chaucer inclui até mesmo um 36 UNIDADE II - THE MIDDLE - ENGLISH PERIOD OU THE MIDDLE AGES (1066 A 1485)

autorretrato irônico: um peregrino hesitante que conta uma história clichê em verso e outra, mais chata ainda, em prosa antes de ser interrompido pelo anfitrião, o Host, o líder do grupo. A humanização de Chaucer e sua observação detalhada do meio social da época são muito evidentes. Ele particularmente critica os membros da Igreja que estão entre os peregrinos que não são exatamente aquilo que eles pregam ser. Da mesma forma ele critica a classe média emergente (a esposa de Bath, o Mercador, o homem da lei). Mas o método de Chaucer é usar a ironia e deixar que os próprios personagens se condenem por meio de suas palavras e seus comportamentos. O trabalho está incompleto, pois a ideia era que cada um dos trinta peregrinos contassem duas histórias na ida e outras duas histórias na volta. Ao invés disso, apenas vinte e quatro histórias foram feitas. The Canterbury Tales totaliza 17.000 linhas e pode-se observar que há cinco marcações principais em cada linha, além disso, a aliteração do Old English é substituída pela rima, como podemos ver no exemplo abaixo: She was a worthy womman al hir lyve: Housboundes at chirche dore she hadde fyve. 2.4.1 THE CANTERBURY TALES THE PROLOGUE Um grupo de peregrinos deixando Canterbury UNIDADE II - THE MIDDLE - ENGLISH PERIOD OU THE 37 MIDDLE AGES (1066 A 1485) 37